O PROGRAMA BOLSA FAMILIA NA VIDA ESCOLAR DAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES A PARTIR DA VISÃO DOS PROFESSORES
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1 O PROGRAMA BOLSA FAMILIA NA VIDA ESCOLAR DAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES A PARTIR DA VISÃO DOS PROFESSORES Joyce Mara Mota Ferreira Prof. Ms Arlete da Costa Resumo: Este estudo objetiva compreender os impactos do PBF na vida escolar dos alunos da Escola Municipal Doraci de Freitas Fernandes, quais as possibilidades e desafios são detectados nos processos de aprendizagem a partir do olhar dos professores, em relação a estes alunos beneficiários do PBF. Foram utilizados questionários, aplicado aos professores com intuito de coletar informações e através dos resultados encontrados, espera-se poder contribuir com debate e reflexão acerca da temática em estudos, na perspectiva pedagógica dos professores da escola Municipal Doraci de Freitas Fernandes situada na Rua Pedro Alvares Cabral, 760 no Município de Juti MS. A pobreza interfere na vida escolar dos alunos beneficiários gerando problemas, que poderão ser identificados, e através desses dados pode-se compreender quais os mecanismos para a melhoria da aprendizagem e identificar que caminhos o professor busca para sanar tal situação. Palavras-chave: Educação, Bolsa Família, Professor, Aprendizagem. 1 INTRODUÇÃO O Presente estudo tem como ideia central compreender qual a relação de pobreza no processo de ensino aprendizagem, de qual maneira está interfere no aprendizado do aluno, quais as possibilidades de o Programa Bolsa Família ter reflexos positivos na vida e na aprendizagem dos alunos. Propõe observar a concepção dos professores em relação ao programa de transferência de renda, Bolsa Família. Os professores são atores fundamentais para que se consiga compreender os impactos nos processos de aprendizagens, para este propósito será utilizado questionários com os professores visando identificar se o Programa traz avanços na educação e aprendizagem dos alunos, se tem influência de alguma maneira no processo escolar e quais são elas. O estudo também visa entender se os professores têm conhecimento dos conceitos, desafios e limites do programa bolsa família, segundo Janete Azevedo (2004, 59p) que se concretizam as definições sobre a política e o planejamento que as sociedades estabelecem para si próprias, como projeto ou modelo educativo que se tenta pôr em ação.
2 O Bolsa Família é um programa de transferência de renda destinado às famílias em situação de pobreza e extrema pobreza, cujo benefício financeiro permite o acesso aos direitos sociais básicos, saúde, alimentação, educação e assistência social. Segundo Olive/ira & Duarte (2005, p. 294): Apesar desses programas, no Brasil, estarem diretamente associados à educação, este aspecto tem sido traduzido somente na cobrança da frequência às aulas, o que pode ser eficaz no sentido de retirar as crianças das ruas, pelo menos por um período do dia. Segundo o Ministério de Desenvolvimento Social o Bolsa Família é um programa que contribui para o combate à pobreza e à desigualdade no Brasil. Ele foi criado em outubro de 2003 e possui três eixos principais: Complemento da renda todos os meses, as famílias atendidas pelo Programa recebem um benefício em dinheiro, que é transferido diretamente pelo governo federal. Esse eixo garante o alívio mais imediato da pobreza. Acesso a direitos as famílias devem cumprir alguns compromissos (condicionalidades), que têm como objetivo reforçar o acesso à educação, à saúde e à assistência social. Esse eixo oferece condições para as futuras gerações quebrarem o ciclo da pobreza, graças a melhores oportunidades de inclusão social. Importante as condicionalidades não têm uma lógica de punição; e, sim, de garantia de que direitos sociais básicos cheguem à população em situação de pobreza e extrema pobreza, portanto, o poder público, em todos os níveis, também tem um compromisso: assegurar a oferta de tais serviços. Articulação com outras ações o Bolsa Família tem capacidade de integrar e articular várias políticas sociais a fim de estimular o desenvolvimento das famílias, contribuindo para elas superarem a situação de vulnerabilidade e de pobreza. 2 O BOLSA FAMÍLIA E A POBREZA Segundo a Constituição Federal no Art. 205, a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho, o ponto de partida para que ocorra a aprendizagem é que seja ofertado um ensino de qualidade para todos independente de classe social.
3 Neste sentido, referenciamos a importância desta proposta de pesquisa em analisar as interferências do PBF, e sua relação com a pobreza e dificuldades de aprendizagem dos alunos beneficiários, o que nos desafia investigar, quais as melhores estratégias a serem construídas, na perspectiva de minimizar possíveis dificuldades, potencializar capacidades cognitivas e sociais, através da ação de políticas públicas Inter setoriais, na luta por melhores condições de vida, tendo como objetivo a emancipação e a autonomia social das famílias beneficiárias do PBF. Segundo Aguiar & Araújo (2002, p.35): os beneficiários são crianças de famílias muito pobres, que se evadiriam do sistema consequentemente, no futuro ingressando no mercado de trabalho, na melhor das hipóteses, nas mesmas condições da maioria de suas famílias. A lógica é elevar o grau de escolaridade das crianças para aumentar e mesmo equilibrar as oportunidades. 3 ANÁLISE DE DADOS Segundo GIL (1994, p. 79) O questionário constitui hoje uma das mais importantes técnicas disponíveis para obtenção de dados nas pesquisas sociais. A pesquisa foi aplicada a 8 professores do 1 ao 8 ano da Escola Municipal Doraci de Freitas Fernandes, com objetivo de entender o conhecimento dos professores em relação ao PBF. Tabela 1 Comentários sobre o conhecimento dos professores em relação ao PBF: É um programa para atender famílias com baixa renda e vulnerabilidade social. Destinado para famílias de baixa renda. Atender famílias carentes. tem conhecimento do PBF a secretaria não informou. Criança recebe uma bolsa de acordo com a frequência e rendimento escolar. Recebe o BF que o cadastrador do PBF deduz que precise. Alunos com necessidades especiais recebem o Benefício e também alunos com baixa renda. O Bolsa Família é uma renda extra para ajudar na casa.
4 Segundo o MDS O Programa Bolsa Família atende às famílias que vivem em situação de pobreza e de extrema pobreza, é possível perceber que a maioria dos professores tem algum conhecimento em relação ao PBF, porem os mesmos almejam mais conhecimento. Tabela 2 Comentários sobre o conhecimento as condicionalidades do PBF Sim pois a criança não pode ultrapassar a 25 % de falta na escola Mulheres que cuidam dos filhos, separadas que não tem condições de criar seus filhos com seu trabalho. Ajudar as mães que são carentes. tem conhecimento das condicionalidades mas ao invés de cobrar somente presença deveria cobrar aprendizagem. Frequência rendimento. Filhos na escola Salário mínimo. Abaixo de 1 salário mínimo. De acordo com o MDS as Condicionalidades do PBF na educação: Garantir frequência escolar de 85% para crianças e adolescentes até 15 anos; garantir frequência escolar de 75% para jovens de 16 e 17 anos. Na saúde: manter em dia o calendário de vacinação e do crescimento e desenvolvimento de crianças de até 7 anos; realizar Pré natal das gestantes; acompanhar as mães que estão amamentando. Na assistência Social: garantir a frequência mínima de 85% das crianças e adolescentes de até 16 anos que foram retiradas do trabalho infantil nas atividades do Serviço Socioeducativo. Sendo assim após analisar o quadro 2 é possível perceber que a maioria dos professores não tem conhecimento das condicionalidades e o pouco que conhecem se referem somente a educação. Tabela 3 Quantidade de alunos do PBF em sala tem conhecimento na sala e nem na escola respondeu respondeu respondeu
5 respondeu tem conhecimento sabe Na questão três os professores ressaltam que não tem conhecimento quantos alunos em sala e até mesmo na escola são Beneficiárias do PBF. Tabela 4 Na percepção do professor os alunos do PBF tem mais dificuldade no processo de ensino aprendizagem. Sim, acredito que mesmo com o benefício ainda assim não há um interesse claro de querer aprender sei quais são do PBF respondeu respondeu Sim, pais somente assinam boletins não participa da vida escolar professores abonam falta para não perderem o beneficio respondeu. igual Na visão dos professores sobre a dificuldade de aprendizagem dos alunos do PBF 4 não responderam 2 disseram que não tem diferença no processo de aprendizagem, e 2 responderam que sim enfocam que tem diferença no processo de aprendizagem, pois os pais não se preocupam com a aprendizagem e sim com frequência para não perder o benefício. Tabela 5 Ocorre diferença no comportamento dos alunos beneficiários. pois na sala de aula todos são tratados iguais Acredito que não sei quem são do PBF. respondeu respondeu Ocorre sim, acredito que todos tem comportamento diferente e os do BF são mais retraídos Sim, as crianças do PBF são mais tranquilas
6 De acordo com a maioria dos professores não ocorre diferença no comportamento das crianças Beneficiarias pois todos são tratadas de maneira igual, e alguns professores nem sabe quem são os beneficiários, contudo é possível perceber que os professores e alunos não associam nenhuma forma de diferença entre seus alunos. Tabela 6 O educador tem conhecimento da escolaridade dos pais. Na maioria sim, são analfabetos ou com pouca escolaridade A maioria fundamental incompleto a maioria pouca escolaridade Sim a maioria sabe o básico Abaixo do 5 ano A maioria dos professores destacam a falta de escolaridade dos pais, destacando que a maioria tem conhecimento do básico somente o necessário pois tiveram uma vida difícil deixando cedo os estudos para trabalhar fora e sustentar a família, Segundo a Constituição Federal art A educação, direito de todos e dever do Estado e d a família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Tabela 7 A escolaridade dos pais interfere no processo de aprendizagem dos filhos Sim, pois os pais não tem interesse nos estudos e sempre espera do sistema educacional que resolva por eles Sim plenamente os pais não conseguem ajudar os filhos pois não entendem Sim Os pais com maior escolaridade cobram mais Sim com maior aprendizagem os pais teria mais facilidade para ajudar nas tarefas depende da criação e não da escolaridade, tem pais carentes que cobram mais. Sim, pois como vão cobrar os filhos se não tem conhecimento
7 Sim, pois chegam com a tarefa sem fazer pois os pais não ajudam A maioria dos professorem enfatizam que a escolaridade dos pais interfere no processo de aprendizagem dos filhos, pois como vão cobra dos filhos se não sabem ler e escrever, como vão cobrar o que eles mesmos não entendem, somente um professor acha que a escolaridade não interfere pois depende muito da criação e que os pais com menos estudos cobram mais, pois não querem que os filhos passem pelo que eles possam na vida, e almejam sempre uma vida mais digna para os filhos. Tabela 8 A pobreza tem alguma interferência no processo de aprendizagem. Sim pois são carentes e demonstram pouco interesse em querem mudar Sim Sim Na maioria das vezes falta oportunidade Sim tem menos condições de acesso a conhecimento e alguns por falta de alimentação não conseguem produzir. Sim, pois as vezes os pais não conseguem suprir as necessidades básicas, como material e alimentação. Dos professores entrevistados 5 consideram que a pobreza interfere no processo de ensino aprendizagem, pois tem menos condições de acesso ao conhecimento, e falta de suprir as necessidades básicas como por exemplo alimentação entre outros. 2 professores acham que a pobreza não tem nenhuma interferência, e 1 professor enfoca que na maioria das vezes falta oportunidade. Tabela 9 Qual a concepção dos professores em relação a necessidade de alunos do PBF Tem servido para atender as necessidades básicas das famílias carentes. È um programa bastante valido pois muitas famílias precisam Ajuda bastante as famílias É importante, mas deveria ter uma forma diferente de cobrança pois tem que cobrar aprendizagem. sou a favor, pois falta interesse dos pais em ajudar os filhos,
8 muitos não querem trabalhar. Tem famílias que realmente precisam mais algumas não. É um programa bom, porem nem todos que necessitam são beneficiados. Programa ótimo pois ajuda na renda familiar auxiliando na compra de material escolar e roupas. A maioria dos professores ressaltam a importância do PBF, enfatizando que é um programa bastante interessante, pois teve um papel fundamenta no desenvolvimento econômico, sendo que diminuiu bastante a pobreza, o benefício tem ajudado bastante as famílias carentes auxiliando tanto nas necessidades básicas quanto na compra de roupas e material escolar. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS A questão da qualidade educacional, está relacionada a qualidade de vida, a escola não pode estar neutra das questões sociais, é importante que a escola tenha ciência que a pobreza existe e está inserida no espaço escolar, essa pesquisa foi possível entender a necessidade da articulação dos setores ligados ao PBF visando que todos os envolvidos conheçam e entendam o PBF, sendo importante compreender que a renda do PBF gera diversos embates no combate à pobreza e a desigualdade. Visando um trabalho intersetorial ou que tenha uma equipe multidisciplinar nas escolas para atender as necessidades encontradas, ainda não se omitindo de suas responsabilidades, auxiliando os estudantes na busca de valores, e de sua autonomia, propondo maneiras de convivência no ambiente escolar. Esse estudo possibilitou a compreensão do que é pobreza, e alguns desafios das famílias com maior vulnerabilidade social, as barreiras que os professores enfrentam em seu cotidiano para proporcionar um estudo de qualidade, lembrando que a pobreza é complexa para uma definição, com isso aumenta a dificuldade para combate-la, o PBF se tornou o mais eficiente na diminuição e combate a pobreza.
9 6 REFERÊNCIAS AGUIAR, M.; ARAÚJO, C.H. Bolsa-Escola: Educação para enfrentar a pobreza. Brasília: AZEVEDO, Janete M. Lins de. A educação como política pública: Polemicas do nosso tempo. 3 Ed. Campinas: Autores Associados, BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado, GIL, A. C. Métodos e Técnicas de Pesquisas Sociais. 4 ed. São Paulo: Atlas, MDS. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Disponível em em jun OLIVEIRA, D.A.; DUARTE, A. Política educacional como política social: uma nova regulação da pobreza. Perspectiva, Florianópolis, v. 23, n. 02, p , jul./dez Disponível em: Acesso em: 10 de jun UNESCO, nov. 2002, p 152. Disponível em: Acesso em: 10 de jun
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