Adaptabilidade da cultura da Goiabeira Serrana em Sistema Agroecológico na Região do Alto Vale Do Itajaí/SC
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- Ana Beatriz César Canto
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1 Adaptabilidade da cultura da Goiabeira Serrana em Sistema Agroecológico na Região do Alto Vale Do Itajaí/SC Adaptability of Feijoa culture in agroecological system in the region of Alto Vale do Itajaí. GUTZ, Tainá 1 ; EGER, Henrique 2 ; IELER³, Jeferson; SOUZA 4, Alexandra G.; NEVES 5, Leonardo O. 1 Instituto Federal Catarinense Campus Rio do Sul, Rio do Sul, SC, tiihgutz@gmail.com; 2 Instituto Federal Catarinense Campus Rio do Sul, Rio do Sul, SC, rike-eger@hotmail.com; 3 Instituto Federal Catarinense Campus Rio do Sul, Rio do Sul, SC, : jefersonptr2@hotmail.com; 4 Instituto Federal Catarinense Campus Rio do Sul, Rio do Sul, SC, alexandra@ifc-riodosul.edu.br; 5 Instituto Federal Catarinense Campus Rio do Sul, Rio do Sul, SC, leonardo.neves@ifc-riodosul.edu.br. Resumo: O objetivo do trabalho foi avaliar a adaptabilidade da cultura da goiaba serrana nas condições edafoclimáticas do Alto Vale do Itajaí/SC. O pomar experimental com 15 cruzamentos, foi implantado em áreas do Instituto Federal Catarinense Campus - Rio do Sul em sistema agroecológico. Foram avaliados os atributos de altura total de planta, diâmetro do caule principal, circunferência da copa e número de frutos na primeira frutificação no ano de As medições foram realizadas com trena e paquímetro digital. Para os atributos de altura de planta, diâmetro de caule e circunferência de copa não houve diferenças. Os valores médios de altura total, diâmetro de caule e circunferência de copa foram 199,2 cm, 3,4 cm e 464,2 cm, respectivamente. A primeira frutificação correu com cinco anos de idade das plantas, porém nem todos os cruzamentos frutificaram. O número médio de frutos foi de 9,1. Os resultados indicam que a cultura da goiaba serrana apresenta boas características de adaptação para a região do Alto Vale do Itajaí. Palavras-chave: Acca sellowiana. Cruzamentos. Diâmetro de caule. Circunferência de copa. Abstract: The objective was to evaluate the adaptability of the feijoa culture at conditions of Alto Vale do Itajaí / SC. The experimental orchard with 15 crossings was implemented in areas of the Instituto Federal Catarinense Campus Rio do Sul in agroecological system. It was evaluated the height s plants, diameter of the main stem, crown circumference and number of fruits in the first fruiting in The measurements were performed with measuring tape and digital caliper. For plant height attributes, stem diameter and circumference of canopy there were no differences. The mean values of total height, stem diameter and circumference of canopy were cm, 3.4 cm and cm, respectively. The first fruiting was with five-year-old plant, but not all fruitful crossings. The average number of fruits was 9.1. The results indicate that the culture of feijoa culture has good characteristics to adapt to the region of Alto Vale do Itajaí. Keywords: Acca sellowiana. Crossings. Stem diameter. Circumference canopy.
2 Introdução A goiabeira serrana (Acca sellowiana (Berg.)), família Myrtaceae, também conhecida como araçá-do-rio-grande, goiaba-do-campo, goiaba-silvestre, goiaba-crioula, goiaba-da-serra e goiaba-ananás é nativa do Planalto Meridional brasileiro e nordeste do Uruguai. Na região Sul, a espécie apresentou ótima adaptabilidade ao clima frio, ocorrendo com maior frequência em áreas com altitudes superiores a 800 m (AMARANTE; SANTOS, 2012). O interesse no estudo desta espécie deve-se principalmente ao potencial organoléptico dos frutos. O cultivo e a exploração comercial da goiaba-serrana podem ainda permitir a oferta à população de uma nova alternativa de frutos, com propriedades nutracêuticas desejáveis. Isto demonstra a importância de trabalhos de pesquisa que contribuem para implementar a exploração econômica desta espécie em regiões de altitude no Sul do Brasil (AMARANTE; SANTOS, 2012). A espécie vem ganhando atenção nas regiões serranas de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, por ser uma espécie nativa, com um significativo papel ecológico e ambiental, bem como por apresentar um alto potencial frutífero, mostrando-se como uma alternativa de renda para a agricultura familiar dessas regiões. Pesquisas em andamento, têm mostrado que a goiabeira-serrana tem exigências climáticas específicas, coincidindo no Brasil com as regiões preferenciais de cultivo da macieira, o que indica limitações de seu cultivo às regiões mais frias, como a região Serrana Catarinense e as áreas mais altas da Serra do Nordeste Riograndense (BARNI et al., 2004). Nas áreas mais quentes provavelmente os danos causados pelo fungo Colletotrichum gloeosporioides e pela mosca-das-frutas (Anastrepha fraterculus) podem limitar grandemente seu cultivo (ANDRADE; DUCROQUET, 1992). A possibilidade de manejo sustentável em base ecológica da goiaba serrana e outras espécies pode ainda oferecer excelente oportunidade para comércio de frutos em nicho de mercado de produtos orgânicos, no momento em que a lei de produção orgânica foi recentemente regulamentada (Lei Federal n de 2003 e Decreto Federal n de 2007) (SANTOS, 2009). A região do Alto Vale do Itajaí apresenta condições edafoclimáticas favoráveis para a produção da goiabeira-serrana, contando com temperaturas e altitude adequadas para a sua grande adaptabilidade e posterior desenvolvimento de frutos. Além disso, torna-se uma alternativa de renda para a agricultura familiar dessa região, tendo um importante papel ecológico e ambiental. Diante disso, o presente trabalho tem como objetivo avaliar a adaptabilidade de diferentes cruzamentos da goiaba serrana nas condições edafoclimáticas da região do Alto Vale do Itajaí, SC.
3 Metodologia A área experimental de goiaba serrana foi implantada no Instituto Federal Catarinense Campus Rio do Sul ( ,3 S; ,8 W e Alt. 690 m), no ano de 2011 utilizando o sistema agroecológico. O experimento é composto por 110 mudas de goiabeira-serrana provindas de diferentes cruzamentos: 1001 x Helena, 1004 x 1035, 1006 x Helena, 1006 x Pomar, 1013 x 1051, 1013 x Pomar, 1051 x 1035, 1079 x Branca, Alcântara x Helena, Helena x Mattos, Helena x Nonante, Nonante x Alcântara, Nonate x Helena e Nonante x Nonante. Foram divididas em cinco linhas, onde cada linha constituída de um bloco contendo duas plantas dos cruzamentos com 10 progênies e uma planta dos cruzamentos com cinco progênies (unidades experimentais - parcelas), totalizando 19 plantas do experimento, mais duas de bordadura em cada linha. O espaçamento utilizado foi de 5 m x 3,5 m. Foi feita a aplicação de cama de aviário na implantação do pomar e a festuca (Festuca arundinacea), para adubação de cobertura no plantio. As medições da altura das plantas foram realizadas utilizando uma trena, medindo da altura do solo até a ponta da folha mais elevada das plantas. O diâmetro foi medido no caule principal da planta com auxílio de um paquímetro digital. Foram realizadas duas medidas e utilizada a média. A circunferência da copa foi calculada a partir da medição do diâmetro da copa das plantas. Também foi realizada a contagem dos frutos da primeira frutificação. Todas as avaliações foram realizadas no primeiro semestre de Os dados foram submetidos a análise de variância e os resultados comparados pelo teste de Tukey a 5% de significância com auxílio do programa SASM Agri. Resultados e discussões Na tabela 1 estão apresentados os dados referentes à avaliação realizada no primeiro semestre de Para os atributos de altura total da planta, diâmetro do caule e circunferência da copa das plantas de goiaba serrana, independente do cruzamento, não apresentaram diferenças significativas. Para altura de planta, a média obtida foi de 199,2 cm (Tabela 1), indicando plantas que já apresentam boa estatura, uma vez que com cerca de oito anos, elas apresentam em torno de 4 a 5 metros de altura (THORP; BIELESKI, 2002). As plantas apresentaram diâmetro médio de 3,4 cm e circunferência de copa de 464,2 cm (Tabela 1).
4 Estes resultados demonstram que todas as plantas oriundas dos cruzamentos se adaptaram igualmente as condições edafoclimáticas da região do Alto Vale do Itajaí, onde a temperatura média anual é em torno de 18 ºC, estando de acordo com o zoneamento agroclimático realizado pela EPAGRI, que é de 20 ºC para áreas preferenciais da cultura (SANTOS, 2010).
5 Tabela 1- Avaliação da altura, diâmetro de caule e circunferência da copa de planta de goiaba serrana maio de Diâmetro de Circunferência Cruzamentos Altura (cm) caule (cm) de copa (cm) 1001 X HEL 233,3 ns* 4,8 ns 672,8 ns 1,0 Nº de frutos/planta 1004 X ,0 4,1 591, X HEL 213,0 4,0 581,2 44, X POMAR 208,0 3,9 561,6 7, X ,5 3,8 559, X POMAR 207,3 3,7 532, X ,0 3,5 491, x ,0 3,4 417,5 3, X BRANCA 197,8 3,2 408,4 - ALC x HEL 193,7 3,2 402,5 - HEL x MAT 189,3 3,1 384,1 5,5 HEL x NON 183,0 3,0 375,0 2,6 NON x ALC 182,8 2,9 367,2 2,5 NON x HEL 178,3 2,6 356,6 6,4 NON x NON 159,8 2,5 261,9 - Média Total 199,2 3,4 464,2 9,1 CV (%) 20,8 35,4 37,0 - *Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%. ns não significativo. O inicio da frutificação da goiaba serrana nas condições do experimento, ocorreu após cinco anos da implantação, período semelhante aos apresentados por Thorp e Bieleski (2002). No entanto, a frutificação não ocorreu para todos os cruzamentos (8 cruzamentos frutificaram), indicando que as diferenças genéticas podem estar contribuindo no atributo de inicio de frutificação, uma vez que as condições de clima e manejo são iguais para todas as plantas. Os frutos foram colhidos entre os meses de março a abril, variando de acordo com o genótipo. Segundo Ducroquet et al. (2000), a maturação dos frutos ocorre entre o final de fevereiro até final de maio, de acordo com o material genético na região Sul do Brasil, corroborando com as dados obtido neste experimento. O número de frutos obtidos na primeira frutificação foi em média de 9,1 frutos por planta (Tabela 1) (não permitindo análise estatística adequada). Espera-se que com o desenvolvimento das plantas, a produção de frutos nos próximos anos aumente, chegando a máxima capacidade de produção aos oito anos (THORP; BIELESKI 2002). Os resultados apresentados até o presente indicam que a cultura da goiaba serrana apresenta boa adaptabilidade às condições do Alto Vale do Itajaí, podendo ser uma Cadernos de Agroecologia ISSN V. 11, N. 2,
6 boa opção de cultivo para os pequenos produtores rurais da região. No entanto, para obter informações mais consistentes a cerca desta cultura, no que se refere a sua adaptação às condições propostas neste experimento, bem como de produção, o acompanhamento do desenvolvimento da área experimental deve ser realizado de forma contínua. Conclusões As plantas dos diferentes cruzamentos de goiaba serrana apresentam boas características de adaptação nas condições do Alto Vale do Itajaí, SC. Os atributos de altura, diâmetro de caule e circunferência de copa apresentaram valores satisfatórios para a cultura. A frutificação iniciou aos cinco anos de idade das plantas, período dentro do esperado para a cultura. São necessários mais avaliações para geração de dados mais consistentes a cerca da cultura da goiaba serrana. Agradecimentos Ao FNDE (Fundação Nacional de Desenvolvimento da Educação), pelo apoio financeiro e aos colegas petianos, pela ajuda no desenvolvimento deste trabalho. Referências bibliográficas AMARANTE, C.V.T; SANTOS, K.L. Goiabeira-serrana (Acca sellowiana). Revista Brasileira de Fruticultura, v.33, n. 1 p , ANDRADE, E. R. de e DUCROQUET, J. P. Antracnose em goiabeira serrana. In: BARNI, E. J.; DUCROQUET, J. P.; SILVA, M. C.; BEPPLERNETO, R.; PRESSER, R. F. Potencial de mercado para a goiaba serrana catarinense. Florianópolis: EPAGRI, p. (Doc, 212). CAPPUA, D.; OLIVEIRA, J.G.M.T.F.; RECH, T.D. Avaliação da implantação de espécies nativas em pomar de Acca sellowiana (O. Berg) Burret, para conversão em sistema agroflorestal. Cadernos de Agroecologia, v.6, n.2, p.1-5, CARDOSO, J.H. Cultivo e Conservação da Feijoa: Uma homenagem a um Agricultor Guardião. Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS, p.14, DUCROQUET, J.P.H.J.; HICKEL, E.R.; NODARI, R.O. Goiabeira serrana (Feijoa sellowiana). Série Frutas Nativas 5; Jaboticabal: Funep, 2000, 66p. DUCROQUET, J.P.H.J.; RIBEIRO, P. A goiabeira serrana: velha conhecida, nova alternativa. Agropecuária Catarinense, Florianópolis, v.4, n.3, p.27-29, Cadernos de Agroecologia ISSN V. 11, N. 2,
7 EPAGRI. Zoneamento agroecológico e socioeconômico do Estado de Santa Catarina: versão preliminar. Florianópolis: Epagri,1999. CDROM. MANICA, I.; ICUMA, I.M.; JUNQUEIRA, N.T.V.; SALVADOR, J.O.; MOREIRA, A.; MATTOS, J.R. A goiabeira serrana. Porto Alegre; Instituto de Pesquisas de Recursos Naturais Renováveis, Publicação IPRNR 19, 1986, 84p. SANTOS, H.A.A. Dinâmica populacional de moscas-das-frutas associadas a feijoa (Acca sellowiana (O.Berg) Burret) em diferentes habitats e sua implicação no manejo de pragas. Tese (Doutorado). Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis, p.23, SANTOS, K.L. dos. Orientações para o cultivo da goiabeira-serrana (Acca Sellowiana). Florianópolis: Epagri, p. (Epagri. Boletim Técnico, 153). THORP, T. G.; BIELESKI, R. L. Feijoas: Origins, cultivation and uses. David Bateman Ltda, Auckland, New Zealand, 87 p., Cadernos de Agroecologia ISSN V. 11, N. 2,
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