BIODIVERSIDADE DE MOSCAS-DAS-FRUTAS NO CÂMPUS DO INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE, RIO DO SUL, SANTA CATARINA

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1 BIODIVERSIDADE DE MOSCAS-DAS-FRUTAS NO CÂMPUS DO INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE, RIO DO SUL, SANTA CATARINA Dalprá, Leandro 1 ; Campos, Fernando Joly 2 Instituto Federal Catarinense, Rio do Sul/SC INTRODUÇÃO O cultivo de fruteiras de clima temperado no Brasil concentra-se nos estados do Sul do Brasil, sendo que em algumas regiões também se destacam pelo cultivo de fruteiras de clima subtropical como citros, principalmente no oeste de Santa Catarina, mas também no Alto Vale do Itajaí. Dentre os diversos problemas de ordem tecnológica que limitam a exploração econômica da fruticultura de clima temperado e subtropical no Brasil, aquele relacionado ao ataque de pragas destaca-se como altamente relevante devido à interferência direta desses organismos na qualidade final do produto. Dentre estas pragas destacam-se as moscas-dasfrutas. O conhecimento da diversidade de espécies em uma determinada região é fundamental para estabelecer métodos de manejo desta praga. As moscas-das-frutas compõem um complexo de mais de. espécies pertencentes à família Tephritidae com ampla distribuição por todo o mundo sendo que aproximadamente 2 espécies são responsáveis por enormes perdas na produção, sendo as principais pragas destruidoras de frutos em todo o mundo (MARTINS, 22). Em Santa Catarina a incidência de moscas-das-frutas causa problemas econômicos de fruteiras causando perdas na produção e aumentando os custos devido ao custo de utilização de inseticidas para o seu controle (Nora et al., 2). Dentre as espécies de tefritídeos, a espécie Anastrepha fraterculus predomina sobre todas as outras espécies e tem sido registrada como a principal praga de fruteiras de caroço e citros no sul do Brasil (HICKEL, 1993; SALLES, 199; NORA et al., 2, GARCIA et al., 23). Em trabalhos realizados no estado de Santa Catarina foram capturadas diversas outras espécies de tefritídeos, tais como A. amita, A. bistrigata, A. daciformis, A. nigripalpis, A. 1 Graduando do curso de Agronomia 2 Eng. Agr. Dr. - Instituto Federal Catarinense Câmpus Rio do Sul

2 xanthochaeta em pomares de macieiras (ORTH et al., 1986; NORA & ORTIZ, 1996). Das espécies de Anastrepha, cerca de 17 são encontradas frequentemente na região Sul do Brasil (ORTH et al., 1986; NORA & HICKEL, 22), sendo a espécie A. fraterculus predominante, correspondendo normalmente a mais de 9% das espécies coletada nas regiões produtoras de frutíferas nesta região. As moscas-das-frutas causam sérios danos às frutíferas. Estes insetos possuem um grande número de hospedeiros, sendo que espécies de plantas, pertencentes a 18 famílias vegetais são hospedeiras de alguma espécie de Anastrepha (MALAVASI & ZUCCHI, 2). Este grande número de hospedeiros representa um problema no manejo desta praga em pomares comerciais, pois normalmente o estabelecimento destas espécies ocorre em áreas adjacentes aos pomares comerciais, principalmente em áreas com mata nativa. Este estudo tem por objetivo fornecer subsídios para o programa de controle de moscas-das-frutas nas áreas que abrangem o câmpus do Instituto Federal Catarinense, bem como nas áreas produtoras de frutíferas da região do Alto Vale do Itajaí. Assim, neste trabalho será estudada a composição específica das moscas da família Tephritidae. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no Instituto Federal Catarinense - Câmpus Rio do Sul em duas áreas de produção de laranja, uma localizada distante 7 km da sede da instituição (Latitude: S, longitude W e altitude 66 metros) e o outra na Unidade Sede (Latitude S, longitude W e altitude de 64 metros). Para a coleta de moscas-das-frutas foram utilizadas quatro armadilhas plásticas do tipo McPhail (duas em cada pomar) contendo 3 ml de proteína hidrolisada (Isca Mosca )diluída em água a % v/v. As armadilhas foram colocadas a aproximadamente 1, metros de altura junto à copa das plantas e nas bordaduras dos pomares (MONTES et al 211). As coletas e o reabastecimento das armadilhas foram realizadas semanalmente durante o período de setembro de 212 a julho de 213. As moscas coletadas foram armazenadas em potes contendo álcool 7% e posteriormente identificadas no Laboratório de Entomologia do IFC-Rio do Sul, com base no acúleo do aparelho ovipositor segundo ZUCCHI (2), com auxilio de microscópio estereoscópio e óptico. 2

3 A frequência de indivíduos foi determinada por meio da porcentagem de indivíduos de cada espécie coletada, em relação ao total de adultos de moscas-das-frutas obtidas nas armadilhas em cada local, sendo classificadas, segundo Thomazini & Thomazini (22), em pouco frequentes, frequentes e muito frequentes. A dinâmica populacional das espécies coletadas foi correlacionada com dados de clima obtidos na estação meteorológica do Instituto Federal Catarinense (temperatura e precipitação). RESULTADOS E DISCUSSÃO Nas quatro armadilhas instaladas (duas na Fazenda Experimental e duas na unidade Sede do IFC) foram capturados um total de 112 exemplares de moscas-das-frutas, sendo todas pertencentes ao gênero Anastrepha. Na sexagem foram identificados 32 exemplares machos e 8 fêmeas que foram identificadas utilizando a chave ilustrada para espécies de Anastrepha de Zucchi et al. (211) (Tabela 1). Tabela 1 - Espécies de Anastrepha capturadas em armadilhas McPhail no câmpus do IFC, Rio do Sul, Santa Catarina (setembro/212 a junho/213). Grupo Espécies Moscas (nº) Total (%) Frequência da espécie Fraterculus A. fraterculus 72 87, Muito frequênte A. zenildae 2 2, Pouco frequênte A. obliqua 2 2, Pouco freqüente A. distincta 1 1,2 Pouco frequênte Pseudoparallela A. dissimilis 2 3,7 Pouco frequênte Do total de fêmeas de Anastrepha coletadas no câmpus do IFC, 72 fêmeas foram identificadas como pertencentes à espécie A. fraterculus, duas como A. disticta, uma como de A. obliqua, duas como de A. dissimilis, duas como A. zenildae e uma espécie que foi enviada para identificação pelo Dr. Miguel de Souza-Filho. A. fraterculus corresponde a 87,% das fêmeas coletadas nas armadilhas. Não houve diferença de indivíduos coletados entre as duas áreas experimentais. A baixa infestação ocorrida no Câmpus deve-se principalmente à altitude nas áreas da realização do experimento, fato já relatado por outros pesquisadores. Analisando os efeitos da temperatura e da pluviosidade sobre o número de espécies de tefritídeos coletados foi verificado que não houve correlação entre os fatores climáticos e 3

4 set/12 out/12 nov/12 dez/12 jan/13 fev/13 mar/13 abr/13 mai/13 jun/13 set/12 out/12 nov/12 dez/12 jan/13 fev/13 mar/13 abr/13 mai/13 jun/13 número de insetos, conforme Figuras 1 e 2. O maior número de Anastrepha coletado ocorreu nos meses de janeiro e junho de 213. O maior número em junho também foi observado por Garcia et al. (23) quando avaliou a flutuação populacional de A. fraterculus em citrus na região oeste de Santa Catarina , 2, 1, 1,,, moscas temp.med. Figura 1 - Variação do número de moscas das frutas do gênero Anastrepha coletados no câmpus do IFC, Rio do Sul, Santa Catarina, com relação à temperatura média ( C) moscas Pluviosidade (mm) Figura 2 - Variação do número de moscas das frutas do gênero Anastrepha coletados no câmpus do IFC, Rio do Sul, Santa Catarina, com relação à a pluviosidade. CONCLUSÕES Pelos dados obtidos no presente trabalho foi verificado que a espécie A. fraterculus predomina na cultura de citros no câmpus do IFC de Rio do Sul. A utilização da isca composta por solução de proteína hidrolisada a % mostrou-se eficiente para o monitoramento de tefritídeos. 4

5 REFERÊNCIAS ALVES, S.B. Fungos entomopatogênicos. In: ALVES, S.B. (Ed.).Controle Microbiano e Insetos,2ª edição. Piracicaba: FEALQ, 1163p., GARCIA, F.R.M.; CAMPOS, J.V.; CORSEUIL, E. Flutuação populacional de Anastrepha fraterculus (Wiedemann 183) (Diptera, Tephritidae) na região oeste de Santa Catarina, Brasil. Revista Brasileira de Entomologia, São Paulo, v.47, n.3, set, p , 23. HICKEL, E.R. Pragas das fruteiras de clima temperado no Brasil: Guia para o manejo integrado de pragas. Florianópolis: EPAGRI, 28, 17p. HICKEL, E.R. Pragas do pessegueiro e da ameixeira e seu controle no estado de Santa Catarina. Boletin técnico nº66, Florianópolis: EPAGRI, 1993, 3p. MALAVASI, A.; ZUCCHI, R.A. Moscas-das-frutas de importância econômica no Brasil: conhecimento básico e aplicado. Ribeirão Preto: Holos, 2, 327p. MARTINS, D.S. Manejo integrado de moscas-das-frutas. In: ZAMBOLIN, L. (Ed.) Manejo integrado de fruteiras tropicais: doenças e pragas. Viçosa: UFV, 22, p MONTES, M. N. M. S. et al. Dinâmica Populacional e Incidência de Moscas-das-frutas e Parasitoides em Cultivares de Pessegueiros (Prunus persica l. batsch) no Município de Presidente Prudente-sp. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal - SP, v. 33, n. 2, p , 211. NORA, I.; HICKEL, E.R.; PRANDO, H.F. Moscas-das-frutas nos estados brasileiros: Santa Catarina. In: MALAVASI, A.; ZUCCHI, R.A. Moscas-das-frutas de importância econômica no Brasil: conhecimento básico e aplicado. Ribeirão Preto: Holos, 2, 327p. ORTH, A.; RIBEIRO, L.G.; REIS FILHO, R. Manejo de pragas. P In: Empresa Catarinense de Pesquisa Agropecuária. Manual da cultura da macieira. Florianópolis, 1989, 62p. SALLES, L.A.B. Bioecologia e controle da mosca-das-frutas sul-americana. Pelotas: EMBRAPA (Cpact), 199, 8p. THOMAZINI, M.J. & THOMAZINI, B.W. Diversidade de abelhas (Hymenoptera: Apoidea) em inflorescências de Piper hispidinervum (C.D.C.). Neotropical Entomology, v.31, p.27-34, 22. ZUCCHI, A. R. Taxonomia. p In: MALAVAZI, A.; ZUCCHI, A. R. Moscas-dasfrutas de Importância Econômica no Brasil conhecimento Básico e Aplicado. Ribeirão Preto SP: Holos, p.