Panorama Econômico do Brasil e os Impactos no Setor Madeireiro

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1 Panorama Econômico do Brasil e os Impactos no Setor Madeireiro Wood Trade Brazil Flávio Castelo Branco Gerente-Executivo de Política Econômica / CNI Curitiba - Março de 2015

2 Situação atual da economia

3 Onde estamos 1. A economia brasileira atravessa momento complexo e conturbado, com forte recessão. 2. Equívocos de política econômica, queda do preço do petróleo, desdobramentos da operação Lava-jato e o processo de impeachment têm impactos na economia e nas instituições. 3. As correções se iniciaram pela área fiscal, mas pouco avançaram. Há necessidade de aprofundar a agenda pró competitividade. 4. Política e economia se entrelaçam e tornam mais complexo o ambiente e a construção de soluções. 3

4 O estado da economia brasileira Causas conjunturais e estruturais determinam a dimensão da recessão Causas conjunturais Causas estruturais Incerteza política Inflação Baixa produtividade Custo Brasil Ajuste fiscal / Monetário Desequilíbrio fiscal de longo prazo 4

5 Um sinal da necessidade de ajuste: os déficit gêmeos Déficit público nominal ,23 % PIB 10,34% PIB Déficit em conta corrente ,30 % PIB 3,32% PIB 5

6 Dívida do setor público se aproxima de 70% Evolução da dívida líquida e dívida bruta do Setor público % do PIB A Dívida Bruta do atingiu 66,2% do PIB em dez/ Dívida Líquida Dívida Bruta 70 66, ,0 Já a relação Dívida Líquida do Setor Público/PIB alcançou 36,0% Fonte: IBGE 6

7 Onde cortar? Evolução dos gastos públicos não financeiros da União, excluindo transferências para estados e municípios (% do PIB) Pessoal 4,4% 4,0% INSS 5,4% 7,35% Subsídios 0,2% 1,8% Custeio administrativo 1,4% 1,6% 1,95 p.p. 1,6 p.p. Custeio saúde e educação 1,8% 2,0% Custeio c/ gastos sociais 0,6% 2,0% Investimentos s/ Minha Casa Minha Vida 0,5% 0,6% 1,4 p.p. Fonte: CNI, a partir dos dados da STN/MF e do SIAFI 7

8 Os passos do ajuste de curto prazo Fase I Realismo tarifário Adequação da taxa de câmbio Ajuste das contas públicas Reformulação dos benefícios sociais Racionalização dos subsídios Política monetária contracionista 8

9 Ajustes estruturantes Fase II Crédito financeiro do PIS/COFINS (IVA Federal) Nova rodada do Programa de Concessões Agenda Plano Nacional de Exportação Reforma do ICMS (IVA Estadual) Desburocratização Fortalecimento dos mercados de capitais 9

10 Política econômica e crescimento O ajuste macroeconômico não é suficiente. É necessário uma estratégia conjunta de ajuste macroeconômico e de medidas pró competitividade. Ajuste macroeconômico Agenda da competitividade 10

11 Perspectivas econômicas

12 Economia brasileira está em profunda recessão Crescimento do PIB brasileiro Variação anual (%) 7,5 PIB brasileiro caiu 3,8% em 2015 e deve cair mais 3,1% em ,0 6,1 5,1-0,1 3,9 1,9 3,0 0,1-3,8-3,1* *Estimativa CNI Fonte: IBGE e elaboração CNI 12

13 Indústria perde espaço na economia brasileira Participação da Indústria % do PIB 30 Indústria de transformação Indústria Em 2015, a indústria contribuiu com menos de 20% do PIB ,5 9, I 1997.IV 1999.III 2001.II 2003.I 2004.IV 2006.III 2008.II 2010.I 2011.IV 2013.III 2015.II Fonte: IBGE 13

14 Retomada não sustentável: problema é doméstico Resposta à crise não enfrentou o problema da falta de competitividade Produção da indústria de transformação Índice de base fixa com ajuste sazonal (Base 2008=100) 95 A recuperação da indústria foi 90 rápida no Brasil, 85 mas não se 80 sustentou. jan/05 jan/06 jan/07 jan/08 jan/09 jan/10 jan/11 jan/12 jan/13 jan/14 jan/15 Fonte: Banco Mundial 14

15 Investimento: chegamos ao fundo do poço? ICEI índice de confiança do empresário industrial Indústria total (extrativa, de transformação e da construção) Intenção de investimento Indústria extrativa, de transformação e da construção ,1 30 fev/11 fev/12 fev/13 fev/14 fev/15 Fev/16 Indicador varia de zero a 100. Valores acima de 50 pontos indicam empresários confiantes. Fonte: Índice de Confiança do Empresário Industrial /CNI Extrativa 44,8 40,6 Transformação 24,5 20 Construção dez/13 abr/14 ago/14 dez/14 abr/15 ago/15 Fonte: Sondagem Industrial e da Construção/CNI O Índice de Intenção de Investimento varia de 0 a 100 pontos. Quanto maior o índice, maior a propensão a investir da indústria 15

16 Investimento cai pelo terceiro ano consecutivo Taxa de Investimento % do PIB 25 Investimento em trajetória de queda , IV 1999.III 2001.II IV 2006.III 2008.II IV 2013.III 2015.II Fonte: IBGE 16

17 Ajuste da economia com forte recessão... Fatores de contração na absorção doméstica em 2015 seguem presentes para 2016 Consumo seguirá em contração devido a aumento do desemprego, inflação e endividamento das famílias Dificuldades de 2015 deverão prosseguir em 2016 Baixa confiança, horizonte de incertezas e elevada ociosidade reduzem intenção de investir do setor privado Restrições fiscais impedem a expansão dos investimentos do setor público Demanda externa é única fonte de estímulos Retração das importações se mostra mais forte pela recessão e mudança cambial Desvalorização do real deve estimular as exportações (mas há um hiato no tempo de resposta) 17

18 ... que deve marcar o ano de 2016 Nova queda do PIB (3,1% estimativa CNI) Forte retração da indústria pelo terceiro ano consecutivo Indústria e investimento são os principais locus da recessão. Queda acumulada do investimento entre 2014 e 2016 deve se aproximar de 30% Demanda externa contribuirá para reduzir a queda do PIB Queda das importações deverá ser mais intensa que a das exportações Exportações ainda se contraem, mas há sinais de possível retomada 18

19 Impactos diferenciados em 2016 Segmentos voltados ao mercado doméstico serão mais atingidos Efeitos da recessão e da recuperação serão heterogêneos entre os setores da industrial. Bens de consumo durável e de investimento com maiores quedas; mesmo consumo básico sente efeitos Segmentos com potencial exportador (ou com forte competição com importados) devem iniciar recuperação Estratégias empresariais devem buscar eficiência e aumento da produtividade para atenuar a perda de demanda 19

20 Pontos de atenção Mudanças tributárias: Receio de aumento da carga devido as mudanças tributárias (ex: definição de alíquotas) Incertezas dificultam tomada de decisão e adaptação ao novo ambiente. Pouca transparência na discussão das mudanças de tributos em ambiente de ajuste fiscal (ex: PIS-Cofins) Aumento de carga tributária e criação de novos tributos (ex: CPMF) Incertezas quanto a extensão do ajustes fiscal e monetário (ajuste incompleto em 2015) Definição do valor do salário mínimo em ambiente recessivo e mecanismos de indexação 20

21 Análise setorial: Indústria da Madeira

22 Produção do setor em tendência de queda... Produção da indústria de transformação caiu 9,9% em Já a da indústria da madeira caiu 4,6% em Evolução da produção física Índice de base fixa com ajuste sazonal (Base: 2012=100) Indústria da Madeira Indústria da Transformação 70 jan/02 jan/03 jan/04 jan/05 jan/06 jan/07 jan/08 jan/09 jan/10 jan/11 jan/12 jan/13 jan/14 jan/15 Fonte: PIM-PF/IBGE 22

23 ... a produção do setor caiu 4,6% em 2015 Desempenho da produção da indústria de madeira foi negativo como em outros segmentos da indústria. Indústria extrativa Papel e celulose Alimentos Produtos de limpeza e perfumaria Produtos diversos Madeira Outros produtos químicos Bebidas Derivados do Petróleo Couro Minerais não-metálicos Indústria geral Manutenção e instalação de máquinas e equipamentos Metalurgia Borracha e material plástico Fumo Outros equipamentos de transporte Indústria de transformação Vestuário Produtos de metal Máquinas, aparelhos e materiais elétricos Farmoquímicos e farmacêuticos Têxteis Máquinas e equipamentos Móveis Reprodução e gravações Veiculos Equipamentos de informática -9,9-8,3-4,6 3,9 Fonte: PIM-PF/IBGE 23

24 Faturamento real oscilou ao longo de 2015,... O faturamento real da indústria de transformação caiu 8,6% em Contudo, o da indústria da madeira cresceu Evolução do Faturamento real Índice de base fixa com ajuste sazonal (Base: 2012=100) Indústria da Madeira Indústria da Transformação 5,2% em jan/03 jan/04 jan/05 jan/06 jan/07 jan/08 jan/09 jan/10 jan/11 jan/12 jan/13 jan/14 jan/15 Fonte: INDICADORES INDUSTRIAIS/CNI 24

25 ... contudo cresceu 5,2% em 2015 Outros equipamentos de transporte Químicos Celulose e papel Madeira 5,2 Apesar da produção negativa, o faturamento real da indústria da madeira cresceu em Farmacêuticos Alimentos Minerais não metálicos Couros e calçados Indústrias de Transformação Máquinas e materiais elétricos Bebidas Borracha e plástico Derivados de petróleo e biocombustíveis Têxteis Metalurgia Produtos de metal Impressão e reprodução Móveis Máquinas e equipamentos Vestuário Veículos automotores -8,6 Produtos diversos Fonte: INDICADORES INDUSTRIAIS/CNI 25

26 Forte redução no emprego da indústria Emprego na indústria de transformação Variação anual (%) 5,9 O emprego na indústria de transformação teve diminuição superior à observada após a crise de ,8 3,6 2,0 4,2 4,7-3,3 2,1-0,5 0,7-0,8-6, Fonte: INDICADORES INDUSTRIAIS/CNI 26

27 Emprego cai menos no setor madeireiro 7,5 Emprego na indústria de madeira Variação anual (%) A redução do emprego na indústria de madeira foi menor que a da indústria de transformação -7,4-0,7 3,0-3,9-4,2 1,8 0,9-0,2-13,2-10,7-11, Fonte: INDICADORES INDUSTRIAIS/CNI 27

28 Ociosidade aumentou nós últimos 3 anos Utilização da Capacidade Instalada Percentual médio anual A ociosidade da indústria da madeira é menor que a da indústria da transformação. Indústria da Madeira Indústria da Transformação 86,6 86,8 85,6 85,6 84,4 83,4 81,9 81,9 82,5 81,2 79,7 78,9 Contudo, vem aumentando Fonte: INDICADORES INDUSTRIAS/CNI 28

29 Preços das exportações caem e quantum sobe,... Em 2015, o preço dos produtos exportados de madeira caiu 7,4%. Contudo, o quantum cresceu 8,9% Índices de preço e quantum da exportação de produtos de Madeira Índice de base fixa com ajuste sazonal (Base: 2012=100) Preço Quantum 20 jan/06 jan/07 jan/08 jan/09 jan/10 jan/11 jan/12 jan/13 jan/14 jan/15 jan/16 Fonte: FUNCEX e IBGE 29

30 ... com isso o valor das exportações cresceu. Valor FOB das exportações da indústria de madeira Em milhões de US$ Valor das exportações cresceu 0,82%. Mesmo com as sucessivas quedas dos preços dos bens exportados jan/10 jan/11 jan/12 jan/13 jan/14 jan/15 jan/16 Fonte: FUNCEX e IBGE 30

31 Empresários estão pessimistas ICEI Índice de Confiança do Empresário da Indústria Índice de (0 a 100 pontos)* 80 Indústria da Madeira Indústria da Transformação A falta de confiança se mantém intensa e disseminada no começo de ,1 34,7 20 jan/10 jan/11 jan/12 jan/13 jan/14 jan/15 jan/16 *Valores abaixo de 50 pontos indicam falta de confiança do empresário. Quanto mais abaixo de 50 pontos, maior e mais disseminada é a falta de confiança. Fonte: ICEI/CNI 31

32 Os cenários de resposta à crise

33 Quanto tempo levará a recuperação? RECUPERAÇÃO RÁPIDA RECUPERAÇÃO MODERADA RECUPERAÇÃO LENTA Requisitos: Requisitos: Requisitos: Estímulo ao consumo Crédito barato e acessível Espaço fiscal Recuperação das exportações Recuperação gradual do consumo interno e do investimento Mudanças estruturais Recuperação lenta das exportações Recuperação lenta do consumo interno e do investimento Mudanças estruturais 33

34 As janelas de saída da crise: o que é viável? CONSUMO INTERNO EXPORTAÇÕES INVESTIMENTO EM INFRAESTRUTURA AÇÕES ESTRUTURANTES GASTOS DO GOVERNO 34

35 A possível dinâmica virtuosa W/ P e câmbio P^ Energia Recomposição Margens Exportações Política monetária Taxa de juros Menor pressão sobre custos R E C U P E R A Ç Ã O? 35

36 A estratégia de longo prazo

37 Competitividade: ações articuladas 37

38 O problema é a baixa produtividade Custo unitário do trabalho em dólares reais da indústria brasileira cresceu 136% entre 2002 e 2012 Componentes do custo unitário da trabalho em dólares reais Taxa média de crescimento entre 2011 e

39 Questão estrutural: baixa competitividade Indústria brasileira começou a perder mercado antes da crise internacional Participação dos importados no consumo doméstico de manufaturados Participação brasileira nas exportações mundiais de manufaturados ,3 20,8 21,7 0,90 0,85 0,80 0,85 0, ,5 0,75 0,70 0,65 0,67 0,68 0,70 0,71 0, , Fonte: CNI/Funcex Fonte: OMC 39

40 Determinantes da competitividade A produtividade é um dos determinantes da competitividade Competitividade Preço Qualidade Produtividade Custo 40

41 Determinantes da competitividade Custo Transação Infraestrutura Fatores de produção Trabalho Capital Energia Insumos e matérias-primas Tributação Relações de trabalho Financiamento Segurança jurídica Burocracia Estrutura de mercado 41

42 Determinantes da competitividade Eficiência Marketing Durabilidade Qualidade Reputação Design Inovação 42

43 As janelas de saída da crise Exportação Investimento privado em infraestrutura Ações regulatórias e desburocratizantes Gestão empresarial 43

44 A agenda da Indústria Diretrizes de longo prazo Propostas para as eleições de 2014

45 A agenda da Indústria 2015 Agenda de curto prazo Foco em regulação e desburocratização

46 A agenda da Indústria Ações Deter as pressões para ajustes via aumento da carga tributária Promover o investimento em infraestrutura Priorizar ações de desburocratização Atuar sobre as questões regulatórias Desenvolver a agenda tributária (eg. PIS/Cofins) Mobilizar ações pro exportação Manter o foco na eficiência e na produtividade 46

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