GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS
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- Afonso Amorim Campos
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1 pode causar contaminação do solo, do lençol freático e de cursos d água por possuírem elevadas quantidades de proteína, cálcio e gorduras e devem ser tratados como subprodutos do abate para o seu reaproveitamento. Não foi especificado no processo qual o receptor dos subprodutos do abate. Foi informada somente qual a forma de acondicionamento seguido da seguinte sentença: para encaminhamento correto. Questiona-se: Se o encaminhamento é correto, a comprovação do mesmo não deveria estar juntada aos autos do processo, seguida do nome do receptor e informando se o mesmo possui o devido licenciamento ambiental? O sangue assim como os subprodutos e um poluente que causa grande preocupação devido a sua alta carga poluidora, de forma similar aos subprodutos não foi informado de maneira clara nos estudos ambientais qual a destinação do mesmo. Ainda serão gerados recipientes de plástico e vidro, papéis, papelões e plásticos de embalagens, potenciais poluidores do meio ambiente, quando dispostos inadequadamente. Estes resíduos, no caso, foi informado que os mesmos são destinados a coleta municipal. Ainda foi informado que as cinzas da caldeira são destinadas para adubação de hortas, pertencentes a terceiros Emissão Atmosférica As emissões atmosféricas detectadas no empreendimento são de gases e material particulado, resultante da queima de lenha na caldeira modelo GEZA com capacidade de geração de vapor de 300 kg/hora. A falta de um bom controle operacional da caldeira pode liberar na atmosfera, grandes quantidades de gás carbônico e material particulado. Foi verificado em vistoria que a mesma não possui sistema de controle de emissões atmosféricas e nem foi apresentado nos autos do processo laudo que demonstre que a mesma encontra-se em condições operacionais para lançar materiais particulados e outros poluentes sem a necessidade da instalação de equipamentos de controle. 4. MEDIDAS MITIGADORAS 4.1. Efluentes líquidos Não foi apresentado no processo nenhum tipo de proposta do sistema de tratamento de efluentes industriais e sanitários. O processo de licenciamento ambiental para obtenção de licença de operação em caráter corretivo preconiza que estas propostas já constem no processo no momento da formalização do mesmo. A ETE instalada atualmente no empreendimento não possui estruturas básica primordiais tais como, impermeabilização das lagoas, medição de vazão de efluente bruto e tratado e emissário. No caso o emissário da ETE, na realidade é um valo escavado no solo, esta estrutura não pode ser considerada um emissário Resíduos sólidos Foi apresentado parte do inventário de resíduos sólidos, porém não foi comprovada qual a destinação dos mesmos. De forma similar a proposta de destinação dos resíduos sólidos bem como a sua comprovação quando for o caso deve ser realizada previamente e constar nos estudos ambientais. Página: 7/12
2 4.3. Emissões atmosféricas Não foi apresentada nos estudos ambientais proposta de mitigação dos impactos ambientais referentes ás emissões atmosféricas. Ou análise que comprove que as mesmas estão sendo lançadas dentro dos padrões estabelecidos por lei sem a necessidade de equipamentos de controle. 5. DISCUSSÃO Conforme literatura técnica, CETESB GUIA TÉCNICO AMBIENTAL DE ABATE (BOVINO E SUÍNO) - SÉRIE P+L. Em abatedouros há um alto consumo de água acarretando grandes volumes de efluentes - 80 a 95% da água consumida é descarregada como efluente líquido (UNEP; DEPA; COWI, 2000). Estes efluentes caracterizam-se principalmente por: Alta carga orgânica, devido à presença de sangue, gordura, esterco, conteúdo estomacal não-digerido e conteúdo intestinal; Alto conteúdo de gordura; Flutuações de ph em função do uso de agentes de limpeza ácidos e básicos; Altos conteúdos de nitrogênio, fósforo e sal; Flutuações de temperatura (uso de água quente e fria). Desta forma, os despejos de abatedouros possuem altos valores de DBO 5 (demanda bioquímica de oxigênio) e DQO (demanda química de oxigênio) parâmetros utilizados para quantificar carga poluidora orgânica nos efluentes, além de sólidos em suspensão, graxas e material flotável. Destacamos que no processo em tela, não houve a correta quantificação desses parâmetros para o dimensionamento do sistema de tratamento, de forma a atender a legislação vigente. Ainda foi informado pelo empreendedor em vistoria que o sistema instalado no empreendimento nunca fora monitorado. Também nesse tipo de indústria de abate é comum e usual os efluentes líquidos serem divididos em duas linhas, denominadas de linha verde, que contém os efluentes líquidos gerados em áreas sem presença de sangue (por exemplo, recepção lavagens de pátios, caminhões, pocilgas, condução/ seringa, bucharia e triparia) e a linha vermelha, com os efluentes que contêm sangue (de várias áreas do abate em diante). A segregação das linhas é realizada para facilitar e melhorar seu tratamento primário, permitindo remover e segregar mais e melhor os resíduos em suspensão destes efluentes, de forma a facilitar e aumentar possibilidades para sua destinação adequada. Como conseqüência, também se diminui a carga poluente a ser removida nas etapas de tratamento posteriores de forma mais efetiva, o que é desejável (atendimento aos padrões legais de emissões, com custos menores). Página: 8/12
3 Quanto aos resíduos gerados pela atividade não é informada de maneira clara a destinação dos mesmos, conforme bibliografia técnica, segue tabela abaixo: Página: 9/12
4 Devido ao exposto acima a equipe interdisciplinar de análise desse processo, entende que não há condições necessárias para concessão da Licença de Operação em caráter Corretivo, uma vez que o empreendimento não possui e não foi apresentado de forma sustentável as medidas mitigadoras necessárias para minimizar os impactos gerados pela atividade, sugerindo desta forma, portanto, o INDEFERIMENTO do processo. 6. CONTROLE PROCESSUAL O processo não se encontra formalizado e instruído com toda documentação exigível. Conforme item há intervenção em área de preservação permanente, a qual não foi corretamente caracterizada no FCE (item 6.6), não sendo, consequentemente, formalizado a documentação para sua regularização. Ainda, a equipe interdisciplinar da SUPRAM SM verificou ao longo deste parecer, que os estudos apresentados são insuficientes para uma correta análise. A Licença Ambiental, como todo ato administrativo denominado licença, é "o ato administrativo unilateral e vinculado pelo qual a Administração faculta àquele que preencha os requisitos legais o exercício de uma atividade" (Maria Sylvia Zanella Di Pietro). Assim, para que o empreendedor adquira a licença ambiental, é fundamental que o mesmo preencha todos os requisitos legais existentes para a atividade. Sendo ato vinculado, o qual a lei estabelece que, perante certas condições, a Administração deve agir de tal forma, sem liberdade de escolha, caso seja preenchido os requisitos, a licença deve ser concedida e, caso não seja preenchido os requisitos, a licença deve ser negada. Os empreendimentos potencialmente poluidores estão obrigados a procederem, dentre outras obrigações, a identificação dos impactos ambientais; a caracterização dos efeitos negativos e; a definição de ações e meios para mitigação dos impactos negativos. Tais obrigações são trazidas aos órgãos ambientais através dos Estudos Ambientais. Casos os Estudos Ambientais não tragam ou omitem informações que dizem respeito à identificação dos impactos ambientais, a caracterização de seus efeitos negativos e a definição de ações e meios para mitigação, não resta, senão ao órgão ambiental, negar a licença, tendo em vista o não preenchimento dos requisitos legais. Não há custos a serem quitados, tendo em vista o empreendimento enquadrar-se como microempresa. No FCE consta informação de operação do empreendimento desde 2002, não se verificando junto a Sistema Integrado de Informação Ambiental SIAM qualquer procedimento administrativo iniciado, caracterizando assim o beneficio denúncia espontânea, conforme determina o artigo 15 e parágrafos do Decretos Estadual nº44.844/08; Página: 10/12
5 Art. 15. Será excluída a aplicação da penalidade decorrente da instalação ou operação de empreendimentos ou atividades ambientais e hídricas, anteriores a publicação deste Decreto, sem as Licenças Ambientais, ou AAF ou outorga de uso de recursos hídricos, pela denúncia espontânea, se o infrator, formalizar pedido de LI ou LO ou AAF, em caráter corretivo, ou outorga pela utilização de recursos hídricos e demonstrar a viabilidade ambiental do empreendimento ou atividade. 1º Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo junto à SEMAD e às suas entidades vinculadas ou medida de fiscalização relacionados com o empreendimento ou atividade. 2º A denúncia espontânea na forma do caput não exclui a responsabilidade administrativa pelas demais infrações cometidas em decorrência da instalação ou operação do empreendimento ou atividade. 3º A denúncia espontânea opera efeitos desde a data da caracterização do empreendimento ou atividade, por meio de Formulário de Caracterização do Empreendimento - FCE, até a data de vencimento do Formulário de Orientação Básica - FOB, no caso de não formalização tempestiva do processo. 4º Na hipótese de formalização tempestiva do processo, os efeitos da denúncia espontânea operarão até obtenção da Licença Ambiental, AAF e outorga. Desta forma, a equipe interdisciplinar desta SUPRAM é pelo indeferimento da Licença pleiteada, em função da insuficiência dos estudos apresentados e da incoerência das informações contidas ao longo do processo em questão, na qual não dão subsídio à elaboração de parecer interdisciplinar favorável, devendo ainda, o empreendimento ser autuado. DE ACORDO COM PREVISÃO DO DECRETO ESTADUAL Nº /2008, EM SEU ANEXO I, CÓDIDO 124, CONFIGURA INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA GRAVÍSSIMA DEIXAR DE COMUNICAR A OCORRÊNCIA DE ACIDENTES COM DANOS AMBIENTAIS ÀS AUTORIDADES AMBIENTAIS COMPETENTES. NÚCLEO DE EMERGENCIA AMBIENTAL NEA. Página: 11/12
6 7. CONCLUSÃO Diante do exposto, este parecer sugere o INDEFERIMENTO da Licença de Operação em caráter Corretivo LOC para o empreendimento SILVÉRIO ALVES & CIA LTDA. ME para a atividade de abate de animais de médio e grande porte (suínos), processo COPAM n.º 08159/2012/001/2012, localizado no município de Baependi/MG. Data: 20/09/2012 Equipe Interdisciplinar: Registro de classe Assinatura Daniel Iscold A de Oliveira MASP Original Assinado Gizele Lourenço MASP Original Assinado Anderson Ramiro de Siqueira MASP Original Assinado Ciente: Josiane de Freitas Diretora Regional de Apoio Técnico SUPRAM SM MASP Original Assinado Página: 12/12
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