Amar a Deus e ao Próximo. Ano C XV Domingo do Tempo Comum

Transcrição

1 Amar a Deus e ao Próximo. Ano C XV Domingo do Tempo Comum

2 A Palavra de Deus, que vamos escutar, aponta-nos o caminho para encontrarmos a felicidade da vida eterna. É no amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos que descobrimos a verdadeira vida. Estes dois amores estão tão unidos que não é possível viver um sem o outro: não se pode amar a Deus se não se ama o próximo, nem se consegue amar verdadeiramente o próximo se não se ama a Deus. Neste único mandamento se resume o conteúdo de toda a lei e da mensagem de todos os profetas.

3 Na 1ª leitura (Deuteronómio 30,10-14), Moisés convida o Povo a ouvir a voz do Senhor e observar todos os seus Mandamentos. E acrescenta: "Esta lei não está acima de tuas forças; ela está bem perto de ti, está na tua boca e no teu coração. Os Mandamentos de Deus não são prescrições impostas, que tolhem a nossa liberdade. Eles correspondem aos nossos anseios, são um caminho seguro para a felicidade eterna. Esta lei não é imposta de fora, mas esta inscrita no nosso coração.

4 Na 2ª leitura (Colossensses 1, 15-20), São Paulo apresenta-nos um hino que propõe Cristo como o centro à volta do qual se constrói a história e a vida de cada crente. O texto foge, um tanto, à temática geral das outras leituras. No entanto, a catequese sobre a centralidade de Cristo levanos a pensar na importância do que Ele nos diz. Se Cristo é o centro a partir do qual tudo se constrói, convém escutá-lo atentamente e fazer do amor a Deus e aos outros uma exigência fundamental da nossa caminhada.

5 O Evangelho (Lucas 10, 25-37) sugere que a vida plena não está no cumprimento de determinados ritos, mas no amor a Deus e aos irmãos. Como exemplo, apresenta-se a figura de um samaritano um herege, um infiel, segundo os padrões judaicos, mas que é capaz de deixar tudo para estender a mão a um irmão caído na berma da estrada.

6 A parábola situa-nos numa estrada entre a cidade de Jerusalém e o oásis de Jericó. Na época de Jesus, era uma estrada perigosa, sempre infestada de bandos armados. Ora um homem não identificado (não se diz quem é, de que raça é, nem qual a sua religião, embora, pelo contexto, possa depreender-se que é judeu) foi assaltado e deixado caído na berma da estrada. Trata-se, portanto (e isso é que é preponderante), de um homem ferido, necessitado de ajuda.

7 Pela estrada passaram um sacerdote (que conhecia a Lei e exercia funções litúrgicas no templo) e um levita (que exercia, também, funções no templo). Ambos passaram adiante: ou o medo de enfrentar a mesma sorte, ou a preocupação com a pureza legal (que impedia contactar com um cadáver), ou a pressa, ou a indiferença diante do sofrimento alheio, impede-os de parar. Apesar dos seus conhecimentos religiosos, não têm qualquer sentimento de misericórdia por aquele homem.

8 Pela estrada passou, finalmente, um samaritano. Trata-se de um desses que a religião tradicional de Israel considerava um inimigo, um infiel, longe da salvação e do amor de Deus No entanto, foi ele que parou, sem medo de correr riscos ou de adiar os seus esquemas e interesses pessoais, que cuidou do ferido e que o salvou. Apesar de ser um herege, um excomungado, mostra ser alguém atento ao irmão necessitado, com o coração cheio de amor e, portanto, cheio de Deus.

9 Jesus conclui a parábola dizendo: vai e faz o mesmo. A verdadeira religião que conduz à vida plena passa pelo amor a Deus, traduzido em gestos de amor pelo irmão. Recordemos que a pergunta inicial era: o que fazer para alcançar a vida eterna? A conclusão é óbvia: para alcança-la é preciso amar a Deus e o próximo. O próximo é qualquer um que necessita de nós, seja amigo ou inimigo, conhecido ou não.

10 À pergunta o que fazer para chegar à verdadeira felicidade? A resposta é: faz de Deus o centro da tua vida, ama-o e ama também os outros irmãos. Trata-se, portanto, de fazer com que o amor percorra as duas coordenadas fundamentais da nossa existência a vertical (relação com Deus) e a horizontal (relação com os outros homens).