A Assembleia Legislativa do Estado do Paraná decretou e eu sanciono a seguinte lei:

Transcrição

1 PROJETO DE LEI nº Súmula: Estabelece diretrizes gerais a serem observadas quando da confecção de Resolução para distribuição de aulas e funções aos professores do quadro Próprio do Magistério QPM, do Quadro único de Pessoal QUP e aos professores contratados em regime especial PSS, nas instituições Estaduais de Ensino no Estado do Paraná. Bases: Lei Complementar 6.174/70 (Estatuto dos Servidores Públicos Civis do Paraná), Lei Complementar 103/2004 (Plano de Carreira do Professor da Rede Estadual de Educação Básica do Paraná), Lei Complementar 108/2005 (Contratação de pessoal por tempo determinado), e Resoluções 182/2016 e 113/2017 da Secretaria de Estado da Educação. A Assembleia Legislativa do Estado do Paraná decretou e eu sanciono a seguinte lei: Art. 1º - As aulas e funções serão distribuídas/atribuídas aos ocupantes do cargo efetivo, ocupantes de cargo efetivo em forma de aulas extraordinárias ou acréscimo de jornada e aos contratados em regime especial mediante processo seletivo simplificado. Art. 2º - Para fins de classificação/atribuição de aulas, não poderão ser considerados/descontados os afastamentos legais previstos nos artigos 128, incisos I à XIX, e 251, 1º, 2º e 3º, da Lei Complementar 6.174/70, bem como nos casos de adoção prevista na Lei 1.176/2009, PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional), previsto na Lei Complementar 130/2010, afastamentos para dedicação a cursos de Pós Graduação, Mestrado, Doutorado e Pós doutorado, conforme Lei Complementar 103/2004, afastamentos previstos no artigo 10, inciso IV, alíneas - a,b,c,d, da Lei Complementar 108/2005. Art. 3º - As aulas extraordinárias ou acréscimo de jornada, serão mantidas aos professores que durante o período ou ano letivo, tenham sido afastados ou licenciados legalmente de suas funções, enquanto perdurar o afastamento/licença. 1º - O professor legalmente afastado/licenciado poderá participar do processo de distribuição de aulas nos Estabelecimentos de Ensino do Estado do Paraná, conservando o direito de assumi-las após o término da licença/afastamento. 2º - O professor designado para assumir aulas extraordinárias e/ou acréscimo de jornada em substituições temporárias, por período determinado, que legalmente seja afastado de função ou licenciado, mantém o direito a manutenção das aulas/acréscimo, até o término da licença/afastamento. Art. 4º Esta lei entra em vigor na data da sua publicação. Curitiba, 30 de agosto de 2017.

2 Justificativa: Este projeto de lei se justifica porque entre as mudanças ocorridas no último processo de distribuição de aulas, o critério adotado pela Resolução nº 113/2017 foi o de discriminar os servidores que ficaram doentes. Destacamos os artigos n 33, 34 e 35, inciso I, alínea a, e também o artigo 39, que alteram o critério de atribuição das aulas extraordinárias e acréscimo de jornada aos professores QPM e QUP, e contratados mediante Processo Seletivo Simplificado, incluindo em seu texto a seguinte disposição: a) maior percentual de dias de exercício em Instituição de Ensino, em caráter efetivo, em relação ao tempo de carreira nos últimos 5 (cinco) anos (22/12/2011 a 21/12/2016), descontados os afastamentos de qualquer natureza, à exceção de Licenças Maternidade/Adoção e Férias; Trata-se de previsão nova que afronta direito já conquistado pelos educadores paranaenses, eis que esta previsão não constou nas resoluções que regulamentaram as distribuições de aulas dos últimos anos. Assim se verifica na Resolução de 2016, que em nenhum momento o Estado retirou direito de quem estava em tratamento de saúde, por exemplo. Mesmo afastados, os trabalhadores em educação sempre puderam participar da classificação para atribuição de aulas extraordinárias, sem punição. A Resolução n 113/2017, deixou de considerar as disposições constantes do artigo 128 da Lei 6.174/70 (Estatuto dos servidores Públicos Civis do Paraná), no que diz respeito aos afastamentos dos servidores, ao incluir o inciso I alínea a, senão vejamos: A Lei 6.174/70 dispõe em seu artigo 128: Art Será considerado de efetivo exercício o afastamento em virtude de: I - férias; II - casamento, até oito dias; III - luto por falecimento do cônjuge, filho, pai, mãe e irmão, até oito dias; IV - trânsito; V - convocação para o serviço militar; VI - júri e outros serviços obrigatórios por lei;

3 VII - exercício de função do governo ou administração em qualquer parte do território estadual, por nomeação do Chefe do Poder Executivo; VIII - exercício de cargo ou função do governo ou administração, por designação do Presidente da República ou através de mandato eletivo, na administração pública federal, estadual e municipal, inclusive autarquias sociedades de economia mista, empresas públicas e fundações instituídas pelo Poder Público; IX - missão ou estudo no exterior ou em qualquer parte do território nacional, quando o afastamento houver sido autorizado pelo Chefe do Poder Executivo; X - exercício de mandato legislativo da União, dos Estados e dos Municípios; XI - licença especial; XII - licença para tratamento de saúde; XIII - licença a funcionário que sofrer acidente no trabalho ou for atacado de doença profissional, na forma dos parágrafos 1º, 2º, 3 e 4, deste artigo; XIV - licença à funcionária gestante; XV - faltas até o máximo de três durante o mês, por motivo de doença comprovada na forma regulamentar; XVI - licença para o trato de interesses particulares, desde que estas licenças não ultrapassem de noventa dias durante um qüinqüênio; XVII - licença por motivo de doença em pessoas da família: cônjuge, filhos, pai mãe ou irmão, até noventa dias num qüinqüênio; XVIII - licença compulsória; XIX - faltas não justificadas, não excedentes de sessenta dias, durante um qüinqüênio. Afastamento decorrente de licença médica, conforme estabelecido no art. 128 do Estatuto dos Servidores Públicos do Estado do Paraná, também é considerado de efetivo exercício do cargo, portanto, não pode o Estado do Paraná restringir direito quando a própria lei não restringe.

4 Assim, o disposto nos artigos 33, I a, 34, I a e 35, I a, da Resolução nº 113/2017, deixa de considerar os afastamentos legais, tidos como de efetivo exercício para todos os fins, considerando apenas a Licença Maternidade/Adoção e Férias, na contramão da legislação Estadual, bem como em afronta a Constituição Federal. A Constituição Federal, reza em seu artigo 37, que: ART. 37 A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também ao seguinte: (...) O princípio da LEGALIDADE traz a submissão da Administração, ás leis, provenientes do poder legislativo, assim, não pode aquela praticar qualquer ato atentatório a direito fundamental dos cidadãos sem autorização legal. Embora a Resolução n 113/2017, possa ser considerada lei entre as partes, sendo que a Administração e o servidor a ele devem obediência, no caso em tela temos que a consideração elencada no inciso I, alínea a, dos artigos 33, 34 e 35 é ilegal, pois desconta os afastamentos de qualquer natureza do servidor, salvo a licença maternidade/adoção e férias, em total desacordo com a Lei estadual 6.174/70 - Estatuto dos Servidores públicos Civis do Estado do Paraná. Pelo princípio da MORALIDADE a Administração está obrigada a agir com lealdade e boa-fé, devendo abster-se de praticar qualquer ato que confunda, dificulte e diminua o exercício de direitos. Conforme já explanado, a Resolução n 113/2017, está dificultando/obstando a atribuição de aulas extraordinárias aos professores efetivos, ao priorizar o maior percentual de dias de exercício na Instituição de Ensino, com a previsão ilegal de desconto de afastamentos de qualquer natureza, inclusive, os professores que foram afastados da sala de aula por motivo de doença. A título de exemplo: Servidor acometido de doença que necessita de afastamento por imposição da própria Divisão médica do Estado; Servidor público que perde um ente querido pela Lei (6.174/70), tem direito a 8 dias de luto;

5 Servidor convocado para ser jurado ou outro serviço obrigatório por lei. Nos exemplos citados, o servidor que vivenciar uma das hipóteses do artigo 128 incisos I, a, XIX, da Lei Complementar n 6.174/70, mesmo contra sua vontade, será penalizado, pois os dias de afastamento serão descontados para fins de classificação/distribuição de aulas extraordinárias, em total afronta aos princípios da legalidade/moralidade. O direito a saúde é direito consagrado pela Carta Magna e previsto no inciso XII, do art. 128 da Lei Complementar n 6.174/70. Ninguém escolhe data e hora para ser acometido de moléstia e se afastar do local de trabalho para realizar tratamento de saúde. Ao descontar os dias em que o servidor esteve em tratamento de saúde, para fins de classificação, para atribuição de aulas extraordinárias, fere de morte o direito a saúde e o Estado do Paraná caminha para o retrocesso, mitigando o princípio da dignidade da pessoa humana, podendo, ainda, a postura adotada ter reflexo negativo direto na prestação do serviço público de ensino. O servidor, para assegurar sua classificação entre os primeiros colocados, evitará realizar tratamento de saúde, o que, a longo prazo, poderá gerar um colapso na eficiência do ensino em todo o Estado do Paraná. O Paraná terá mais servidores doentes. Dada a apresentada abrangência do teor desta lei, que incidirá sobre a vida do servidor público do nosso Estado do Paraná, notadamente porque atinge seu estado de saúde, é imperioso que esta casa de leis reconheça o caráter democrático deste projeto de lei e o aprove, porque assim o fazendo, estará justificando seu importante papel no cenário político atual. Curitiba, 30 de agosto de 2017.