O desenvolvimento do conceito de crenças cognitivas e suas implicações na prática da Terapia cognitivo-comportamental

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1 O desenvolvimento do conceito de crenças cognitivas e suas implicações na prática da Terapia cognitivo-comportamental Auxiliatrice Caneschi Badaró Crenças são representações simbólicas, com base nas línguas naturais, que têm origem nas experiências pessoais e define uma relação entre objetos (abstratos ou concretos) e entre propriedades atribuídas a eles (Kruger, 1995). Beck (1997) afirma que desde a infância as pessoas desenvolvem crenças sobre si mesmas, outras pessoas e o mundo. Essas crenças se tornam conhecimentos centrais do indivíduo e mediadoras de suas interações. De acordo com a Terapia Cognitivo-Comportamental, ao alterar um pensamento, e se questionar sobre uma crença cognitiva, o sentimento diante de determinada situação ou objeto muda, mudando também o comportamento gerado por eles, uma vez que fazem parte de uma tríade (Beck, 1997). Portanto, é através da reestruturação de um conjunto de crenças que alcançamos mudanças no que sentimos e em nossos comportamentos geradores de conflitos (internos ou externos). Muito mais do que interação entre mente e meio social, as funções cerebrais estão intimamente ligadas ao processo de formação de crenças e definições de comportamento. Exames de PET-SCAN demonstraram que existem alterações metabólicas significativas durante o processo de alteração de estilos de pensamentos, e dessa forma, alterando transtornos como depressão e transtorno obsessivo-compulsivo (Nabuco, 2014). Estudos sobre definições e reflexões sobre crenças cognitivas têm se tornado mais escassos, porém aqueles que tratam de suas influências nos transtornos mentais ou situações de saúde estão em destaque no meio científico. Muito mais que aplicar os conceitos de crenças e trabalhá-las a partir de técnicas pré-estabelecidas, entender suas funções e formações é base para qualquer intervenção cognitiva de sucesso. Para um estudo mais aprofundado do tema, será trabalhado no curso uma bibliografia que nos permita fazer um apanhado histórico e filosófico, desde a origem do conceito até suas aplicações práticas, passando também pela neurociência e teorias de intervenções clínicas.

2 Objetivos geral: O mini curso tem como objetivo abordar de forma mais profunda as crenças cognitivas e como sua reestruturação pode afetar o indivíduo do ponto de vista psicológico, neurológico e social, bem como apresentar as diferentes formas que a Terapia Cognitivocomportamental oferece para se alcançar essas mudanças. Objetivos específicos: -Apresentar um levantamento realizado em artigos e livros, sobre as definições e classificações de crenças cognitivas. Autores de relevância histórica, pensadores contemporâneos e influências que resultaram nos conceitos atuais de crenças. -Apresentar e discutir como são formadas as crenças cognitivas, mecanismos que as mantém e reforçam, suas implicações na vida do indivíduo, quando são funcionais e quando são disfuncionais -Apresentar um estudo sobre as crenças cognitivas envolvidas em três transtornos psicológicos de grande relevância em nosso contexto atual. Ansiedade social, transtornos de ansiedade e depressão, considerando que os dois últimos caracterizam a maioria das demandas clínicas nos últimos anos. -Apresentar os conceitos de reestruturação cognitiva, e suas relevâncias no campo psicológico, neurológico e social -Discutir casos clínicos e exemplos da prática clínica. Metodologia: Para se passar os conteúdos propostos e alcançar os objetivos do curso, serão utilizados exposição em data show e quadro (ou cavalete e papel) e pincel, para que as apresentações sejam mais dinâmicas. O mini curso será ministrado por apenas uma pessoa, apesar do trabalho exposto ter sido realizado por uma equipe, e terá duração de 4 horas. Todas as informações apresentadas e materiais trabalhados são resultados de um trabalho mais amplo que inclui revisão de literatura científica, grandes autores da área e experiência clínica. Resumo: Conhecer a fundo o conceito de crenças cognitivas e suas implicações no funcionamento mental é a base da terapia cognitivo-comportamental. Esse mini-curso propõe uma passagem pelo campo histórico e filosófico para melhor entender esse conceito. Busca discutir suas relevâncias clínicas a partir da neurociência e de intervenções psicoterápicas, além da importância de alterações nas crenças para se alcançar mudanças significativas em outros

3 aspectos da vida. Serão discutidas as principais técnicas de intervenção e casos clínicos para exemplificação da parte teórica Bibliografia: Antona, C.J.& lópez, L.J.G. (2008). Repercursión y Reestructuración Cognitiva sobra la Ansiedade Social. Revista Latinoamericana de Psicología, año/vol. 40, número 002 Baptista, M.N. (2004). Sobre a Depressão. In: Baptista, M.N (Ed.): Suicídio e Depressão: atualizações. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan,. Barlow, H. (1972) Single units and sensation: a neuron doctrine for perceptual psychology? Journal of Physiology 119:69-78 Bear, M. F.; Connors, B. W. & Paradiso, M. A. (2002) Neurociências: Desvendando o Sistema Nervoso. Coord. Trad. Jorge Alberto Quillfeldt [et al.]. Porto Alegre: Artmed. Beck, J.S. (1997). Terapia Cognitiva: teoria e prática. Porto Alegre, RS: Artmed. Beck, A.T. & Alford, B.A (2011). Depressão causas e tratamento. 2ª edição.porto Alegre, RS: Artmed.

4 Ellis, A. (1973). Humanistic psycology: the rational emotive approuch. New York: Julian. Eysenck, M. W.; Keane, M. T. (2005) Cognitive Psychology: A Student s Handbook. Taylor & Francis Group, New York: Psycholog Flavell, John H.; A psicologia do desenvolvimento de Jean Piaget; trad.: Maria Helena Souza Patto. 4ª ed. São Paulo: Pioneira, (Biblioteca Pioneira de ciências sociais. Psicologia) Hume, D. (2000). A Treatise of Human Nature. (Ed. by David Fate Norton and Mary J. Norton) Oxford (Original work published in ): Oxford University Köhler, W. (1968). Psicologia da Gestalt. Belo Horizonte: Itatiaia Limitada. Kruger, H. (1995). Psicologia das crenças.. perspectivas teóricas. Tese de concurso para professor titular de psicologia social - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil. Leahy, R.L. (2011). Livre de ansiedade. Porto Alegre, RS: Artmed

5 Sternberg, R.J.,(2000). Psicologia Cognitiva. - Porto Alegre: Artmed Wright, J.H., Basco, M.R. & Thase, M.E. (2008). Aprendendo a terapia cognitivo-comportamental. Porto Alegre, RS: Artmed. Young, J.E., Klosko, J.S. & Weishaar, M.E. (2008). Terapia dos esquemas. Porto Alegre, RS:Artmed.