A Cultura e as Indústrias Criativas enquanto polos geradores de riqueza e emprego

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Clara Lagos Fonseca
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1 Moção Sectorial A Cultura e as Indústrias Criativas enquanto polos geradores de riqueza e emprego Numa realidade mundial globalizada e marcada, nos últimos anos, pelos efeitos das restrições e mutações económico-financeiras que foram surgindo, na qual a palavra crise assumiu o papel principal do nosso quotidiano, verifica-se a tendência, até consubstanciada por algumas opções políticas, de dar, à cultura e a todas as áreas por ela abrangidas, uma interpretação redutora do seu âmbito e das suas potencialidades, nomeadamente no campo económico. Quando se assiste, de uma forma generalizada, ao reconhecimento da importância, por parte do setor empresarial, da criatividade, não só como matéria-prima de vários campos de produção, mas também como motor de transformação do próprio sistema produtivo e tecido empresarial; as políticas públicas de incentivo ao fomento da cultura e de investimento nas indústrias criativas, enquanto setor agregador de valor acrescentado para as empresas, deverão refletir esta crescente importância. No contexto financeiro e económico atual, no qual, aos fatores externos à região, se somam os condicionalismos intrínsecos à realidade arquipelágica dos Açores, a cultura e as indústrias a ela associadas devem ser entendidas e constituir uma hipótese e apoio válidos na superação dos principais desafios que se colocam e colocarão, nos próximos anos, a toda a sociedade e, em especial, aos agentes políticos da região criação de riqueza e emprego, em particular emprego entre os mais jovens. Num mercado que é global, a criatividade, quer seja no sentido mais estrito do nicho das indústrias criativas, quer em forte associação às áreas empresariais mais tradicionais nas nossas ilhas (agricultura, pecuária, pesca e turismo), poderá ser determinante na criação de projetos inovadores e diferenciadores, que possam trazer mais- valias competitivas à economia da região face aos seus principais concorrentes nos mercados em que se insere; contribuindo para a geração de novos postos

2 de trabalho, com especial enfoque, pelo seu natural potencial inovador e criativo, para os jovens. Deste modo, e apesar do caminho que tem sido feito, até agora, pela região com o governo do Partido Socialista, na promoção e incentivo à produção cultural e no apoio ao seu empreendedorismo (indústrias criativas), há, ainda, muito a ser feito, pretendendo, a JS Açores, com esta moção, dar alguns contributos nesse sentido. Conforme referido anteriormente, a criatividade tem um importante papel a desempenhar na geração de riqueza per si, por meio das suas indústrias, e, também, em ligação a outros setores, valorizando e transformando os seus produtos e trazendo-lhes valor. Por um lado, deverá procurar-se desenvolver incubadoras de indústrias culturais e criativas baseadas na procura do objetivo económico da cultura, como mais um meio de geração de riqueza e emprego, dando oportunidade a um conjunto de jovens criativos, com uma formação cada vez mais sólida, de colocar o seu potencial ao serviço da economia local. Por outro lado, a promoção da articulação dos agentes criativos e das próprias indústrias criativas com o tecido empregador e formativo da região, deverá ser outro dos eixos prioritários de intervenção, procurando-se, sempre, adequar a oferta e desenvolvimento de produtos às efetivas necessidades dos mesmos, contribuindo para que os diferentes agentes económicos vejam reforçado o teor identitário e inovador dos seus produtos. Neste ponto, em específico, deverá ser apoiada a interligação dos agentes criativos com os restantes agentes económicos, podendo-se destacar, pelas suas características, o turismo, fazendo com que estes últimos percecionem a cultura e os seus produtores como aliados fundamentais à catalisação do seu desenvolvimento, enquanto geradores de mais-valias e valor acrescentado às suas ofertas ao mercado. Esta aliança deverá, igualmente, contribuir para a profunda afirmação da marca e identidade açoriana nos mais diversos produtos a nível nacional e internacional. Nesta consciencialização, o Governo Regional deverá assumir um importante papel interventivo e promotor de pontes de ligação entre os diversos agentes. Atendendo a que o setor da cultura poderá constituir uma oportunidade de empreendedorismo e de criação do próprio emprego, nomeadamente entre os jovens,

3 deverá ser impulsionada, pelo Governo Regional, a criação de um gabinete de apoio ao jovem criativo que faculte o esclarecimento de todos os sistemas de apoio regionais, nacionais e europeus na área da cultura. Da mesma forma, deve ser assumida, pelo governo regional, a defesa, junto do Governo da República, do acesso de todos os Açorianos, em especial dos jovens criativos, aos incentivos na área da cultura promovidos pelo Governo da República, eliminando a segregação a que os Açorianos estiveram votados, até agora, no concurso a esses apoios. Por último, e ainda no que aos jovens e à sua dotação de competências diz respeito, e tendo em conta o contexto e prática cultural da região, defende-se uma contínua criação de novos públicos através do apoio regular a instituições culturais na promoção de hábitos saudáveis de leitura e de escrita e de contato com manifestações artísticas, de audiovisual, entre outras; bem como a criação de um sistema que possibilite, por exemplo, a certificação de competências e validação de conteúdos para os alunos que estiveram em filarmónicas, podendo estes fazer uso dessa certificação para acesso ao Ensino Artístico. Ainda na área da Cultura, e reconhecendo-se a importância da procura pela melhoria contínua da produção cultural feita nos Açores, torna-se imperioso promover e apoiar a mobilidade dos agentes e produtos culturais e criativos desenvolvidos na região dentro e fora da mesma. Deste modo, e no que concerne ao âmbito intrarregião, deverão ser desenvolvidos programas de promoção da produção cultural e criativa, sendo estes efetivados por medidas de otimização dos recursos existentes e da mobilidade, promovendo-se, através da procura da redução dos seus custos, uma maior mobilidade dentro do arquipélago para produtos culturais e criativos originários da região. A nível externo, e entendendo-se que só através de uma atitude cosmopolita e de abertura ao diálogo com realidades externas, a cultura feita na região poderá ter um permanente processo de renovação e melhoria e obter outros mercados, deverá ser assumida uma aposta real na promoção de uma maior proximidade entre os agentes criativos da região e os agentes criativos europeus e internacionais. Esta proximidade, comunicação, e inserção em novos mercados poderá ser consubstanciada através de: - apresentação de projetos europeus no âmbito do programa Europa Criativa; - inserção das instituições culturais da região em

4 redes internacionais de mobilidade e apoio à produção cultural dos agentes criativos; - defesa de uma maior produção cultural no âmbito audiovisual e sua exportação e integração em mercados audiovisuais; e, ainda, pela defesa da criação de canais fixos de exportação dos produtos culturais açorianos para Portugal Continental, Europa, diáspora e novos mercados internacionais. Desde sempre a Cultura e os seus atores Açorianos, de Antero a Nemésio, de Natália Correia a João de Melo, de Canto da Maia a Domingos Rebelo, entre tantos e tantos outros, projetaram uma dimensão da nossa região que suplantou, em muito, a sua dimensão geográfica. Animados pela infinita inspiração do nosso verde e do nosso azul, contribuíram para a construção de uma identidade única e muito própria destas gentes que teimam em resistir no meio do Atlântico. Hoje, tal como no passado, ao Partido Socialista dos Açores, partido, por mérito, da liberdade, cabe honrar todos quantos fizeram da Cultura o seu modo de vida nestas ilhas, fazendo com que esta, para além do contributo fundamental na defesa e reforço da identidade dos Açores e sua Autonomia, seja parte importante da nossa própria viabilidade económica e social enquanto Autonomia, dando novas oportunidades aos jovens Açorianos e à sua criatividade. Viva aos Açores! Viva o Partido Socialista dos Açores! Viva a Juventude Socialista dos Açores! Subscritores: Hélder Almeida 1.º subscritor Guido Silva Teles Rui Ataíde Tiago Branco Andreia Carreiro Ana Vitória Couto Emiliana Gaspar

5 Henrique Carreiro Isabel Correia João Paulo Ávila Luís Leal Ricardo Ribeiro Tibério Dinis

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