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1 Conselho Nacional de Justiça PJe - Processo Judicial Eletrônico 21/07/2017 Número: Classe: PEDIDO DE PROVIDÊNCIAS Órgão julgador colegiado: Plenário Órgão julgador: Gab. Cons. Carlos Eduardo Oliveira Dias Última distribuição : 23/02/2017 Valor da causa: R$ 0.0 Assuntos: Providências Objeto do processo: TJSE - Providências - Desconstituição - Concessão - Licença-Prêmio - Pagamento - Indenização - Magistrados. Segredo de justiça? NÃO Justiça gratuita? NÃO Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM Partes Tipo ADVOGADO TERCEIRO INTERESSADO ADVOGADO REQUERIDO ADVOGADO REQUERENTE TERCEIRO INTERESSADO REQUERENTE Nome EMILIANO ALVES AGUIAR ASSOCIAÇÃO DOS MAGISTRADOS BRASILEIROS - AMB ALBERTO PAVIE RIBEIRO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SERGIPE - TJSE MARCIO MACEDO CONRADO GEORGEO ANTONIO CESPEDES PASSOS ASSOCIACAO DOS MAGISTRADOS DE SERGIPE - AMASE HEBERT CARLOS SANTOS PEREIRA PASSOS Id Data da Assinatura Documento Documentos 21/07/ :39 Decisão Decisão Tipo

2 Conselho Nacional de Justiça Autos: PEDIDO DE PROVIDÊNCIAS Requerente: GEORGEO ANTONIO CESPEDES PASSOS e outros Requerido: TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SERGIPE - TJSE DECISÃO TERMINATIVA Trata-se de PEDIDO DE PROVIDÊNCIAS apresentado por GEORGEO ANTONIO CESPEDES PASSOS e HEBERT CARLOS SANTOS PEREIRA PASSOS em face do TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SERGIPE, por meio do qual se insurgem contra atos e decisões administrativas editados por aquela Corte Estadual de Justiça que dispõem sobre a concessão de licença-prêmio ou sua eventual indenização a magistrados. Alegam, em síntese, que: i) O TJSE, há alguns anos, vem concedendo aos seus magistrados o direito ao gozo de licença prêmio, apesar de o mesmo inexistir no rol de direitos e vantagens para magistratura nacional, previstos na Lei Complementar n 35/1979 (LOMAN) ; ii) as concessões têm sido fundamentadas em dispositivos constantes em Leis estaduais, a saber: o art. 96 c/c o art. 208 da Lei Complementar (estadual) n 16/94 (Estatuto do Magistério Público do Estado de Sergipe), o art. 1, 1, da Lei (estadual) n 2.148/1977 (Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado de Sergipe e o art. 90 da Lei Complementar (estadual) n 88/2003 (Código de organização Judiciária do Estado de Sergipe. Ou seja, dispositivos que supostamente estendem aos membros da magistratura estadual direitos dos servidores civis e profissionais do magistério, dentre eles, a licença-prêmio ; iii) O TJ/SE também aprovou a Resolução n 21, de 28 de outubro de 2016, através da qual regulamenta o gozo da licença prêmio, bem como a possibilidade de sua o o Num Pág. 1

3 indenização para magistrados e servidores no âmbito do Poder Judiciário do Estado de Sergipe ; iv) evidente que em nenhum momento foi obscura a impossibilidade da aplicação de normas estaduais ou administrativas como fundamento legal para a concessão da licença-prêmio ou respectivas indenizações aos magistrados sergipanos ; v) esta prática tem sido comum e já foi rechaçada pelo Conselho Nacional de Justiça CNJ em outros estados da federação e no âmbito das justiças especializadas ; vi) a Resolução do CNJ que dispôs sobre a simetria entre Magistratura e o Ministério Público, equiparando as vantagens, não consignou em seu rol taxativo (art. 1 ) a licença-prêmio, em consonância com a própria LOMAN. Os Requerentes indicam vasta jurisprudência no sentido de que a LOMAN não previu o gozo da licença-prêmio para magistrados, não podendo outra lei federal ser aplicada para concessão de tal direito. Asseveram que a concessão de licença-prêmio aos magistrados do Tribunal de Justiça de Sergipe, além de desprovida de amparo legal, é inegavelmente prejudicial ao Erário. Primeiramente porque, durante o período da licença, os eventuais beneficiários gozam de sua respectiva remuneração sem a devida contraprestação de serviço. Em segundo lugar, por serem comuns os pagamentos de licenças-prêmio sob forma indenizada por suposta necessidade do serviço. Diante disso, requerem a concessão de medida liminar para que seja determinada a SUSPENSÃO IMEDIATA DE TODOS OS ATOS OU DECISÕES ADMINISTRATIVAS NO ÂMBITO DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SERGIPE QUE CONCEDAM LICENÇA-PRÊMIO OU SUA EVENTUAL INDENIZAÇÃO A MAGISTRADOS. (grifos no original) No mérito, pleiteiam o provimento deste Pedido de Providências a fim de ANULAR TODOS OS ATOS E DECISÕES administrativas no âmbito do Tribunal de Justiça de Sergipe QUE CONCEDAM LICENÇA-PRÊMIO OU SUA EVENTUAL INDENIZAÇÃO a magistrados, e vedando novas concessões. (grifos no original) Intimado, o Tribunal Requerido trouxe aos autos as informações constantes do ID Fez consignar, em síntese, que: i) o TJSE com base na legislação estadual (Lei 2.148/77 - Estatuto do Servidor Público do Estado de Sergipe; Lei Complementar n 19/94 - Estatuto do Magistério; e Lei Complementar n 88/ Código de Organização Judiciária do Estado o Num Pág. 2

4 de Sergipe), garantiu aos magistrados o direito ao gozo de licença-prêmio pelo exercício ininterrupto de 05 (cinco) anos de serviço público ; ii) em 28/10/2016, foi publicada a Resolução n 21/2016, a qual regulamentou o gozo da licença-prêmio, bem como a possibilidade de sua indenização no âmbito do Poder Judiciário do Estado. A vantagem foi estendida a magistrados e servidores; iii) a atual gestão do Tribunal é contrária à concessão de gozo ou indenização de licença-prêmio, pois entende que o rol taxativo de direitos e vantagens para magistratura nacional estatuído no art. 65, da LOMAN, não prevê a licença especial ou a licença-prêmio assiduidade, razão por que não se aplicam aos magistrados as normas que conferem esse mesmo direito aos servidores públicos em geral ; iv) caso sejam deferidos todos os pedidos de indenização de licença-prêmio formulados por servidores e magistrados, pendentes de análise, sofrerá um impacto financeiro na monta de R$ ,96 (quarenta e dois milhões, trezentos e quarenta e sete reais mil, cento e vinte e um reais e noventa e seis centavos). Após análise, entendi pelo deferimento da medida de urgência, nos termos do que consignado no ID Em 14/3/2017, determinei a inclusão deste procedimento na pauta de julgamento do Plenário, para a ratificação de liminar. No entanto, até a presente data, a medida não foi apreciada. Em 1/6/2017, a Associação dos Magistrados Brasileiros - AMB requereu de extinção desse procedimento, uma vez que a questão de mérito - simetria com o MP - está posta em debate no STF. Afirma que, em razão da judicialização da matéria perante a Suprema Corte, a pretensão aduzida nos presentes autos não merece ser conhecida (ID ). Asseverou que: com efeito, como pode verificar esse CNJ, em feitos que estão tramitando perante o STF, que versam sobre a pretensão de magistrados de obter, com base na simetria com os membros do MP, direitos remuneratórios e/ou indenizatórios previstos exclusivamente na Lei Orgânica do Ministério Público, tem os Ministros daquela Corte determinado o SOBRESTAMENTO (dos REs ou de AREs) até a conclusão do julgamento da ADI n Se no âmbito dos processos judiciais o STF tem determinado o sobrestamento dos recursos extraordinários, porque a decisão proferida na ADI refletirá necessariamente no julgamento dos processos onde há direito Num Pág. 3

5 subjetivo em debate, no âmbito desse CNJ a consequência jurídica deve ser outra, qual seja, a do não conhecimento do Pedido de Providência, em razão da judicialização da matéria. (destaques no original). Diante do fato, as partes foram devidamente intimadas, vindo aos autos apenas a manifestação do TJSE (ID ). É o relatório. Decido. Conforme relatado, os Requerentes, membros da Assembleia Legislativa do Estado de Sergipe, se insurgem contra a concessão de vantagem não prevista na Lei Orgânica da Magistratura Nacional, no caso concreto a licença prêmio por tempo de serviço. Tem-se que a vantagem é concedida aos magistrados da Corte Estadual Sergipana com esteio, entre outros normativos, na Resolução nº 133 do CNJ, que disciplinou, no âmbito deste Conselho, a simetria constitucional entre Magistratura e Ministério Público. Todavia, conforme noticiado pela Associação dos Magistrados Brasileiros AMB, admitida como terceira interessada neste feito, a matéria encontra-se judicializada no STF, ainda pendente de julgamento a evidenciar prejudicialidade insuperável. Isso porque, a teor de reiterados precedentes desta Casa, o CNJ não conhece matérias judicializadas, notadamente perante o STF. Confira-se: PROCEDIMENTOS DE CONTROLE ADMINISTRATIVO. INSTAURAÇÃO EX OFFÍCIO PELO CNJ. TRIBUNAIS DE JUSTIÇA. AJUDA DE CUSTO PARA TRANSPORTE E MUDANÇA DE MAGISTRADOS RECÉM INGRESSOS NA CARREIRA, APÓS APROVAÇÃO EM CONCURSO PÚBLICO. NOMEAÇÃO OU PRIMEIRA INVESTIDURA. MATÉRIA JUDICIALIZADA PERANTE O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. NÃO CONHECIMENTO. 1. Procedimentos instaurados de ofício pelo Plenário do CNJ com o objetivo de analisar a validade de pagamento de ajuda de custo a magistrados por ocasião do ingresso na carreira, nos termos do decidido no PCA O STF já reconheceu a sua competência para processar e julgar a controvérsia sobre o alcance do artigo 65, I, da LOMAN, aplicável a toda a magistratura (ACO 1569). Num Pág. 4

6 3. A existência da Ação Ordinária em trâmite no STF, na qual se discute o direito à ajuda de custo em razão da posse na magistratura, com fundamento no artigo 65, I, da LOMAN e na simetria com a carreira do Ministério Público (Resolução CNJ n. 133 c/c art. 227, I, a, da LC n. 75/1993), revela a judicialização da matéria em discussão nestes procedimentos, pelo que não cabe manifestação do CNJ a respeito. 5. Procedimentos não conhecidos. (PCA n , Rel. Cons. Rubens Curado, 203ª Sessão Ordinária, j ) RECURSO ADMINISTRATIVO. MATÉRIA JUDICIALIZADA. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. MOMENTO DA JUDICIALIZAÇÃO. IRRELEVÂNCIA. PRECEDENTES. DESPROVIMENTO. 1. O momento da judicialização de matéria submetida ao Conselho Nacional de Justiça, se prévio ou posterior à sua provocação, só é relevante para determinar a prejudicialidade às competências do Conselho no caso das ações judiciais propostas perante outros órgãos do Poder Judiciário que não o Supremo Tribunal Federal, competente para o controle preventivo e repressivo dos atos praticados pelo CNJ. Art. 102, I, alínea r da Constituição. Precedente do CNJ. 2. Se o mérito do procedimento proposto perante o CNJ exerce influência no exercício da atividade jurisdicional do STF, impõe-se o não conhecimento do feito. 3. Recurso Administrativo conhecido e improvido. (CNJ. PP n , Rel. Cons. Gisela Gondin, 178ª Sessão Ordinária, j ). PROCEDIMENTO DE CONTROLE ADMINISTRATIVO. LICENÇA-PRÊMIO. MAGISTRADOS. LEI ESTADUAL ASSEGURADORA. MATÉRIA JUDICIALIZADA NO STF. NÃO-CONHECIMENTO. 1. Estando a matéria judicializada no Supremo Tribunal Federal, nos autos da ação originária n /SC, não cabe manifestação pelo CNJ. Precedentes: PCA , DJU de 24/08/2009; e PCA , DJ-e de 12/11/2009. (CNJ. PCA n , Rel. Cons. Tourinho Neto, 134ª Sessão Ordinária, j ). Por todo o exposto, não conheço do pedido e determino o arquivamento do presente procedimento, nos termos do art. 25, inciso X, do Conselho Nacional de Justiça. Regimento Interno do Num Pág. 5

7 Fica, em consequência, revogada a liminar concedida, tornando-se desnecessária sua ratificação pelo Plenário. Comunique-se à Presidência. À Secretaria Processual para providências. Após as comunicações de praxe, ao arquivo. Brasília-DF, data registrada no sistema. CARLOS EDUARDO OLIVEIRA DIAS Conselheiro Num Pág. 6