do Comércio do Estado do Rio de Janeiro FECOMÉR-

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1 TRIBUNAL DE JUSTIÇA ÓRGÃO ESPECIAL AGRAVO REGIMENTAL NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONA- LIDADE Nº RELATOR: DESEMBARGADOR CLAUDIO DE MELLO TAVARES AGRAVO REGIMENTAL. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI ESTADUAL Nº 6.702/2014 QUE INSTITUIU VALORES DE PISO SALARIAL PARA DIVERSAS CATE- GORIAS DE EMPREGADOS. DISCUSSÃO ACERCA DO TERMO QUE O FIXE A MAI- OR NO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL EM AÇÃO FUNDAMENTADA NA LEI Nº 6.402/13. REEDIÇÃO ANUAL DAS NOR- MAS. DETERMINAÇÃO DE APENSAÇÃO AOS AUTOS DA AÇÃO DIRETA EM QUE SE DISCUTE A INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI Nº 6.402/13 E DE SUSPENSÃO DO FEITO ATÉ A DELIBERAÇÃO DEFINITIVA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL ACER- CA DA MATÉRIA. A REEDIÇÃO DA LEI IM- PLICA, NECESSARIAMENTE, NA REITERA- ÇÃO DO SUPOSTO VÍCIO DE INCONSTI- TUCIONALIDADE, JUSTIFICANDO-SE A CONCESSÃO DA LIMINAR, COM A SUS- PENSÃO DO PROCESSO, ATÉ QUE A COR- TE SUPREMA SE MANIFESTE SOBRE O AS- SUNTO. RECURSO PARCIALMENTE PROVI- DO.

2 Vistos, relatados e discutidos esses autos de Agravo Regimental na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº , em que é agravante Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro FECOMÉRCIO RJ. ACORDAM os Desembargadores que compõem o Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, por unanimidade, em dar parcial provimento ao Agravo Regimental, nos termos do voto do Desembargador Relator. Cuida-se de Agravo Regimental interposto pela Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro FECOMÉR- CIO RJ contra a decisão de fl. 26, que determinou a apensação dos autos aos da Ação Direta de Inconstitucionalidade nº , em razão da conexão entre as demandas, bem como a suspensão da tramitação do feito até a deliberação definitiva pelo Supremo Tribunal Federal na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº Alega a agravante, às fls. 29/34, que, ainda que se discuta a mesma expressão que fixe a maior, esta Ação combate outra norma estatal, ou seja, outro objeto desta legislação de 2014, sobre a qual não existe ação perante o Supremo Tribunal Federal, que analisa a suposta inconstitucionalidade da Lei editada em Acrescenta que a preliminar de conexão requerida na inicial buscava apenas o reconhecimento da prevenção do Juízo, não o apensamento dos processos.

3 Enfatiza, ainda, que, na Representação nº , foi concedida liminar, que deve ser estendida a este processo, sob pena de coexistirem decisões divergentes envolvendo exatamente a mesma matéria. Requer a reforma da decisão. É o relatório. A própria agravante, ao mencionar a existência de conexão entre as demandas e a impossibilidade de coexistência de decisões conflitantes sobre a mesma matéria, justifica a manutenção da decisão agravada. Destacou a FECOMÉRCIO na inicial da Ação: Preliminarmente, insta destacar a existência de conexão, por prevenção, da relatoria desta Representação de Inconstitucionalidade ao Desembargador Claudio de Mello Tavares, visto a necessidade de julgamento conjunto e, principalmente, por tratarse de demandas que possuem pedidos análogos, qual seja: afastar a expressão que fixe a maior prevista nos artigos primeiros das Leis Estaduais 6.402/13 e 6.702/14 (fl. 02). Pretende, pois, a agravante o reconhecimento da conexão apenas para fins de prevenção, não para apensamento

4 dos feitos, o que não se justifica, dada a necessidade de reunião dos processos. Em nota de nº 1c ao artigo 105, esclarece Theotônio Negrão, em seu Código de Processo Civil e Legislação Processual em vigor, 43ª edição, que: Caracterizada a afinidade entre as demandas, mostrando-se conveniente a reunião dos processos e estando eles em trâmite perante a mesma instância, a sua reunião é impositiva, a fim de que haja coerência na solução das causas e se atenda à economia processual. Objetiva a Ação Direta de Inconstitucionalidade a retirada do sistema jurídico vigente de lei ou ato normativo incompatível com a ordem constitucional, sendo que as decisões proferidas possuem efeito vinculante. A Lei nº 6.402/13 foi reeditada pela Lei nº 6.702/14. Consequentemente, os supostos vícios de inconstitucionalidade foram reiterados. Nesta perspectiva, não se revela razoável o prosseguimento de ação conexa à outra, que foi suspensa, já que a mesma questão está sendo objeto de discussão no Supremo Tribunal Federal. O pedido de extensão da liminar concedida na Representação nº não merece gua-

5 rida, na medida em que se trata, aqui, de outro processo no qual foi formulado novo pedido liminar. Cabe, porém, a liminar também neste processo para determinar a suspensão cautelar da Lei nº 6.702/14. Se a suspensão cautelar da Lei nº 6.402/13 foi mantida mesmo com o sobrestamento ulterior do processo, não se justifica que a Lei nº 6.702/14, de mesmo teor, permaneça aplicável no ordenamento jurídico. Além disso, o Supremo Tribunal Federal, embora não tenha ainda se pronunciado com relação à Lei de 2013, na ADI 4391/RJ, já havia decidido pela inconstitucionalidade do termo que o fixe a maior contido no caput do artigo 1º da Lei Estadual nº 5.627/09. Note-se que o STF, na ADIN 4958, que impugna a Lei nº 6.402/13, aplicou o procedimento abreviado previsto no artigo 12 da Lei nº 9.868/99, segundo o qual: Art. 12. Havendo pedido de medida cautelar, o relator, em face da relevância da matéria e de seu especial significado para a ordem social e a segurança jurídica, poderá, após a prestação das informações, no prazo de dez dias, e a manifestação do Advogado-Geral da União e do Procurador-Geral da República, sucessivamente, no prazo de cinco dias, submeter o pro-

6 cesso diretamente ao Tribunal, que terá a faculdade de julgar definitivamente a ação. Verifica-se, assim, que, adotado tal procedimento, preferiu o Relator, em face da relevância da matéria e de seu especial significado para a ordem social e a segurança jurídica, proceder ao julgamento definitivo da ação. Nessas circunstâncias, por prudência, mantém-se a suspensão liminar da norma até que a Suprema Corte se manifeste novamente a respeito da matéria. Diante de tais fundamentos, dá-se parcial provimento ao Agravo Regimental para determinar a suspensão da Lei nº 6.702/14 até o ulterior pronunciamento do Excelso Supremo Tribunal Federal. Rio de Janeiro, 28 de abril de DESEMBARGADOR CLAUDIO DE MELLO TAVARES Relator