AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE MINHOCAS DA ESPÉCIE Eudrilus eugeniae CRIADAS EM DIFERENTES DILUIÇÔES DE DEJETOS DE SUÍNOS COM CASCA DE ARROZ.

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1 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE MINHOCAS DA ESPÉCIE Eudrilus eugeniae CRIADAS EM DIFERENTES DILUIÇÔES DE DEJETOS DE SUÍNOS COM CASCA DE ARROZ. Adriana Augusta Neto 1 ; Antonio José Peron 1 Aluno do Curso de Agronomia; Campus de Gurupi; adrianaugusta@hotmail.com PIBIC/CNPq 2 Orientador(a) do Curso de Agronomia; Campus de Gurupi; peronaj@uft.edu.br RESUMO Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento de minhocas (Eudrillus eugeniae) em diferentes diluições de dejeto suíno, sob condições de sombreamento natural em mata de cerrado e umidade controlada com irrigação manual. O experimento foi realizado entre os meses de Agosto de 2013 a julho de As avaliações ocorreram após 30 e 60 dias, quando se comparou as quantidades de nascimentos e mortes de minhocas em três tipos de substratos: T1 = Dejeto de suíno puro; T2 = 80% Dejeto suíno + 20% casca de arroz, T3 = 70% Dejetos suíno + 30% casca de arroz, T4 = 60 % Dejetos suíno + 40% casca de arroz, T5 = 50% Dejeto suíno + 50% casca de arroz, mantidas com 80% de umidade através de irrigação artificial. A maior quantidade de nascimentos ocorreu no tratamento T1 e T2 aos 30 dias e T1, T2 e T3 aos 60 dias, foram observadas diferenças de biomassa, nascimentos e quantidade de minhocas nos tratamentos T3 e T4 nas duas épocas épocas avaliadas. Observou-se uma tendência em aumentar a biomassa das minhocas conforme se diluiu as concentrações de lodo de esgoto. Palavras-chave: Minhocultura; Vermicompostagem; Eudrillus eugeniae; Dejetos suínos; Palha de arroz. INTRODUÇÃO A expansão da suinocultura intensiva no Brasil nas últimas décadas tem como principal característica a alta concentração de animais por área, visando atender o consumo interno e as exportações deste tipo de carne, produtos e derivados. Contudo, tem-se como conseqüência, demasiada poluição dos corpos hídricos (alta carga orgânica e presença de coliformes fecais) proveniente dos Página 1

2 dejetos, que agregado a outros tipos de resíduos mal gerenciados de origem doméstica e industrial, vem causando sérios problemas ambientais (OLIVEIRA, 2002). A vermicompostagem tem sido apresentada como alternativa eficiente na tentativa de solucionar a problemática da destinação dos resíduos, sob o ponto de vista econômico e ambiental, por ser de custo relativamente baixo, promovendo o aumento de substâncias húmicas, a reciclagem da matéria orgânica, e dos micro e macronutrientes presentes no material (LAVELLE E SPAIN, 2001; MORALES, 2011). O composto resultante da vermicompostagem pode ser descartado em qualquer lugar no ambiente, como também pode ser utilizado como fertilizante orgânico na agricultura e na produção de mudas de plantas ornamentais já que é rico em matéria orgânica e mineral, melhora as características físicas, químicas e biológicas do solo (Lavelle e Spain, 2001) além de diminuir a contaminação dos solos por helmintos, nematoides e outros patógenos. Minhocas das espécies Eisenia andrei e Eudrilus eugeniae tem sido utilizadas na vermicompostagem por serem facilmente colonizadas em diversos tipos de resíduos orgânicos (DOMINGUEZ, 2004; EDWARDS E ARANCON, 2004). O composto originado dos dejetos suínos se apresenta como uma massa compacta que dificulta a aeração e a movimentação das minhocas, sendo necessário a adição de algum material que melhore o ambiente para as minhocas. Dominguez et al. (2000) utilizou materiais estruturantes como serragem, papelão e papel picado em experimentos com lodo de esgoto, e descreve que com essas misturas a reprodução das minhocas foi potencializada. Segundo Souza (1993), no processamento do arroz para indústria, as cascas correspondem a aproximadamente 20% da massa total dos resíduos, que se apresentam como um problema ambiental. O presente trabalho tem como objetivo avaliar o desempenho da espécie Eudrilus eugeniae, criadas em dejeto suíno com diferentes diluições de casca de arroz. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi realizado na estação experimental do Campus Universitário de Gurupi, da Universidade Federal do Tocantins, ao sul do estado do Tocantins, localizado na latitude 11º45 S; Página 2

3 longitude, 49º03 W e altitude de 287 m. As matrizes de minhocas Eudrillus eugeniae foram adquiridas da empresa MINHOBOX de Juiz de Fora, Minas Gerais e foi utilizado como alimento para sua produção resíduo sólido suíno que foi adquirido da suinocultura do Sr. Eduardo Sakay, localizada no município de Cariri, Estado do Tocantins. O dejeto suíno passou por um pré-tratamento com lavagem de água para eliminação dos sais presentes na urina dos suínos e adição de 10% (em volume) de sulfato de cálcio para diminuição da volatização da amônia conforme metodologia descrita por Chan e Griffths, Em seguida, foi amontoado e revirado a cada 3 dias durante um período de 30 dias para que ocorresse sua bioestabilização, possibilitando a sobrevivência de minhocas. A casca de arroz ficou exposta ao ambiente, em local coberto, por um período de 30 dias. Em seguida, dejeto e casca de arroz foram misturados nas proporções dos tratamentos. O estudo foi desenvolvido entre os meses de agosto de 2013 a julho de 2014 em área sombreada por árvores em mata de cerrado, dentro da reserva do Campus de Gurupi. Foram comparados 5 diluições do substrato: T1 = dejeto suíno puro ; T2 = 80% dejeto suíno + 20% de casca de arroz; T3 = 70% dejeto suíno + 30% casca de arroz; T4 = 60% dejeto suíno + 40% casca de arroz; T5 = 50% dejeto suíno + 50% de casca de arroz, avaliados em duas épocas, 30 e 60 dias onde se avaliou as características reprodutivas, desenvolvimento e biomassa das minhocas remanescentes nestes intervalos de tempo. Foi ultilizado como recipiente de criação de vasos de polietileno de 5 litros, devidamente preparados para evitar acumulo de água, fuga das minhocas e invasão de predadores. Foram realizadas três repetições por tratamento. Em cada vaso foi colocado quatro litros do substrato e cinco minhocas adultas em idade reprodutiva, sendo estas pesadas em balança de precisão. Os vasos foram mantidos em área sombreada naturalmente por árvores. A umidade dos vasos foi mantida através de irrigação manual, mantendo-se um nível em torno de 80% de umidade conforme metodologia de Geisler (2000). Foi ultilizado um delineamento experimental inteiramene casualizado com esquema fatorial 5x2, sendo cinco tratamentos, duas épocas e três repetições, totalizando 30 unidades experimentais. Os dados foram submetidos á análise de variância com os dados das reproduções e quantidades de minhocas nascidas transformados para raiz quadrada e as médias comparadas pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade, utilizando o programa SISVAR (Ferreira, 2011). Página 3

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 25 a 28 de novembro de 2014 Câmpus de Palmas A espécie E. eugeniae se adapta bem a estas condições ambientais dos trópicos, diferentemente e da espécie Eisenia fetida, amplamente utilizadas por vermicultores de climas temperados. Foram observadas diferenças significativas na biomassa das minhocas nos tratamentos T2, T3 e T4 aos 30 dias. Nos demais tratamentos e épocas de avaliação não houve diferenças, como demonstra a Tabela 1. Tabela 1 Peso em gramas na biomassa das minhocas nos tratamentos T1 ( 100% de dejeto suíno), T2 (80% de dejeto suíno + 20% de palha de arroz), T3 ( 70% de dejeto suíno + 30% de palha de arroz), T4 (60% de dejeto suíno + 40% de palha de arroz), T5 ( 50% de dejeto suíno + 50% de palha de arroz), aos 30 e 60 dias* TRATAMENTO 30 DIAS 60 DIAS T1 9,81 ab 9,94 a T2 12,81 b 7,30 a T3 13,29 b 7,02 a T4 11,55 b 8,47 a T5 6,15 a 6,74 a CV% 15,37 24,94 *Letras minúsculas na mesma linha não diferem estatisticamente entre si (p<0,05). No tratamento com maior diluição do substrato (50%) aos 30 dias, as minhocas tiveram um desenvolvimento menor visto ter havido diminuição na biomassa das mesmas. Redução acentuada nas biomassas de todos os tratamentos aos 60 dias, comparado às biomassas das minhocas aos 30 dias foram observadas, porém, essas diferenças não se mostraram estatisticamente diferentes. Experimento semelhante com dejetos suínos e casca de arroz in natura foi realizado por Morales (2011), onde se verificou melhores valores quanto a biomassa e reprodução de minhocas nos tratamentos com diluições de casca de arroz a 50%. Na Tabela 2, se observa diferenças significativas na quantidade de minhocas nos tratamentos aos 30 dias, já aos 60 dias não foi encontrada diferença significativa em nenhum dos tratamentos. Página 4

5 Tabela 2 Quantidade de minhocas remanescentes nos tratamentos T1 (100% de dejeto suíno), T2 (80% de dejeto suíno + 20% de palha de arroz), T3 (70% de dejeto suíno + 30% de palha de arroz), T4 (60% de dejeto suíno + 40% de palha de arroz), T5 (50% de dejeto suíno + 50% de palha de arroz), aos 30 e 60 dias*. TRATAMENTO 30 dias 60 dias T1 2,15 ab 2,22 a T2 2,23 ab 1,90 a T3 2,30 b 2,07 a T4 2,44 b 2,44 a T5 1,91 a 2,07 a CV% 6,39 9,65 Dados transformados para x.* letras minúsculas na mesma linha não diferem estatisticamente entre si (p<0,05). Os tratamentos T3 e T4 obtiveram maiores quantidades de minhocas remanescentes que os demais, o que pode ter ocorrido devido a diluição do dejeto ter proporcionado melhor aeração do substrado, favorecendo a alimentação e a reprodução das minhocas. Já o tratamento T1 se mostrou com menor aptidão para o desenvolvimento das minhocas. Resultados de Dominguez (2004), usando materiais com maiores quantidade de matéria orgânica mostraram dificuldade de movimentação e sobrevivência das minhocas. Os tratamentos T1 e T2 aos 30 dias (Tabela 3), apresentaram maiores nascimentos, demonstrando que as minhocas se reproduziram melhor nas condições, já aos 60 dias os tratamentos que obtiveram mais nascimentos foram os T1,T2 e T3, sendo o T3 e T1 com índices superiores e estatisticamente diferentes. Resultados semelhantes foram encontrados por Steffen et al. (2010), onde ela observou melhores reproduções de minhocas Eisenia andrei em diluições de esterco bovino com 25% de casca de arroz. Tabela 3 Quantidade de minhocas nascidas nos tratamentos T1 ( 100% de dejeto suíno), T2 (80% de dejeto suíno + 20% de palha de arroz), T3 ( 70% de dejeto suíno + 30% de palha de arroz), T4 (60% de dejeto suíno + 40% de palha de arroz), T5 ( 50% de dejeto suíno + 50% de palha de arroz), aos 30 e 60 dias*. Página 5

6 TRATAMENTO 30 dias 60 dias T1 3,93 b 6,85 b T2 3,41 b 6,24 ab T3 2,81 ab 7,04 b T4 2,45 ab 2,45 a T5 0,47 a 5,76 ab CV% 38,36 25,68 Dados transformados para x.* letras minúsculas na mesma coluna não diferem estatisticamente entre si (p<0,05). Pode-se concluir que os tratamentos com menores quantidades de casca de arroz se mostraram superiores quanto a reprodução, biomassa e desenvolvimento das minhocas. Na avaliação da biomassa, os tratamentos que demostraram maiores ganhos foram com 20%, 30% e 40% de casca de arroz respectivamente. Os tratamentos com 100%, 80% e 70% de dejetos suínos apresentaram, respectivamente os maiores índices reprodutivos. Quanto ao desenvolvimento das minhocas os tratamentos com 70% e 30% de resíduos suínos foram os que apresentaram os melhores resultados. LITERATURA CITADA ABAD, M.; MARTINEZ, P. F.; MARTINEZ, J. Evaluación agrónomica de los substratos de cultivo. Actas de Horticultura, Villaviciosa, Espanha, v. 11, p , BRITO, T. R. C. E SILVEIRA, M. C. A. C. Reprodução e desenvolvimento de minhocas (Eisenia andrei Bouché, 1972) em condições de temperatura, umidade e sombreamento em mata de cerrado. In: VII Seminário de Iniciação Científica da UFT, Anais do VII Seminário de Iniciação Científica da UFT. Palmas, UFT, CHAN, P. L. S.; GRIFFITHS, D. A. (1988). The vermicomposting of pre-treated pig manure. Biological Wastes DOMINGUEZ, J. State of the art and new perspectives on vermicomposting. Research. In: EDWARDS, C. A. Earthow ecology. 2 ed. Florida: CRC Press, p EPSTEIN, E. Land application of sewage sludge and biosolids. 1. Ed. London, New York, Washington: Lewis Publishers. 220p, GEISLER, M. Composting biosolids and food wastes. In: Compost 2000 Downunder Conference, 2000, Melbourne. Proceedings. Melbourne: DMPConference Organisers, 2p, Página 6

7 HAIMI, J. E HUHTA, V. Capacity of various organic residues to support adequate earthworm biomass for vermicomposting. Biology and Fertility of Soils. v. 2, n. 1, p , LAVELLE, P.; SPAIN, A. V. Soil Ecology. Norwell: Kluwer. Academy Publishers, p. METCALF, EDDY. Wastewater engineering. Treatment, disposal, and reuse. 3.ed. Singapore: McGraw-Hill, Inc. International Edition, Civil Engineering Series, p. 1334, MORALES, D. S. A., Resíduos sólidos de bovinos proveniente da estação de tratamento de efluentes de frigorífico pelo processo de compostagem e vermicompostagem na produção de mudas de alface f. Tese. Universidade Federal de Santa Maria. Santa Maria. Brasil NADOLNY, H. S. Reprodução e desenvolviment o das minhocas (Eisenia andrei bouché 1972 e Eudrillus eugeniae (Kinberg 1867)) em resíduo orgânico doméstico Dissertação. (Mestrado em Ciência do Solo). Universidade Federal do Paraná. Curitiba, OLIVEIRA, P. A. V. Produção e manejo de dejetos suínos. In: Curso de capacitação em práticas ambientais sustentáveis. Treinamentos 2002.Embrapasuínos e Aves.Concórdia, p REICHERT, G. A. A vermicompostagem aplicada ao tratamento de lixiviado de aterro sanitário p. Dissertação (Mestrado) - Porto Alegre: UFRGS - Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental. Research. In: EDWARDS, C. A. Earthworm ecology. 2. ed. Florida: CRC Press. SOUZA, F.X. Casca de arroz carbonizada: um substrato para a propagação de plantas. Revista Lavoura Arrozeira, Porto Alegre, v. 46, n. 406, p. 11, SAMANI, Z.A.; HARGREAVES, G. H. A crop water evaluation manual for Brazil The Internation Irrigation Center. Logan, Utah, USA: Departament of Agricultural and Irrigation Engineering, Utha State University, SUTHAR, S. Vermistabilization of municipal sewage sludge amended with sugarcane trash using epigeic Eisenia fetida (Oligochaeta). Journal of Hazardous Materials, Amsterdam, v. 163, n. 1, p , TEIXEIRA, L. B.; GERMANO, V. L. C.; OLIVEIRA, R. F. DE; JUNIOR, J. F. Processo de compostagem a partir de lixo orgânico urbano e caroço de açai. Belém: Embrapa, (Circular Técnica 29). Página 7

8 STEFFEN, G. P. K.; ANTONIOLLI, Z. I.; STEFFEN, R. B.; MACHADO, R. G. Casca de arroz e esterco bovino como substratos para a multiplicação de minhocas e produção de mudas de tomate e alface. Acta Zoológica Mexicana, v.2, p , Disponível em : Acesso em (08/09/2014). AGRADECIMENTOS Agradeço ao meu orientador que sempre esteve presente para ajudar no que fosse preciso e me orientando e a todos que me ajudaram a executar o trabalho: Thyago Rodrigues do Carmo Brito, Paulo Ricardo Américo Glória e Sara Cristina de Souza Sá. "O presente trabalho foi realizado com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq Brasil" Página 8