EWERTON WEYNEMI CAVALCANTE DOS SANTOS

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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL EWERTON WEYNEMI CAVALCANTE DOS SANTOS AQUISIÇÃO E UTILIZAÇÃO DOS PRODUTOS GERADOS PELA RECICLAGEM DE RCD: PERCEPÇÃO DE EMPRESAS CONSTRUTORAS EM NATAL/RN NATAL-RN 2017

2 Ewerton Weynemi Cavalcante dos Santos Aquisição e utilização dos produtos gerados pela reciclagem de RCD: percepção de empresas construtoras em Natal/RN Trabalho de Conclusão de Curso na modalidade Artigo Científico, submetido ao Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como parte dos requisitos necessários para obtenção do Título de Bacharel em Engenharia Civil. Orientador: Prof. Dr. Fagner Alexandre Nunes de França Natal-RN 2017

3 Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede Santos, Ewerton Weynemi Cavalcante dos. Aquisição e utilização dos produtos gerados pela reciclagem de RCD: percepção de empresas construtoras em Natal/RN / Ewerton Weynemi Cavalcante dos Santos f.: il. Artigo científico (Graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Tecnologia, Graduação em Engenharia Civil. Natal, RN, Orientador: Prof. Dr. Fagner Alexandre Nunes de França. 1. Resíduos da construção e demolição - TCC. 2. Reciclagem - TCC. 3. Destinação final de resíduos - TCC. 4. Reúso - TCC. I. França, Fagner Alexandre Nunes de. II. Título. RN/UF/BCZM CDU

4 Ewerton Weynemi Cavalcante dos Santos Aquisição e utilização dos produtos gerados pela reciclagem de RCD: percepção de empresas construtoras em Natal/RN Trabalho de Conclusão de Curso na modalidade Artigo Científico, submetido ao Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como parte dos requisitos necessários para obtenção do Título de Bacharel em Engenharia Civil. Aprovado em 31 de maio de 2017: Prof. Dr. Fagner Alexandre Nunes de França Orientador Prof. Dr. Olavo Francisco dos Santos Júnior Examinador Interno Prof. Dr. Ênio Fernandes Amorim Examinador Externo Natal-RN 2017

5 RESUMO Aquisição e Utilização dos produtos gerados pela reciclagem de Resíduos da Construção e Demolição (RCD) como materiais de construção: um estudo de caso em Natal/RN Na medida em que o setor da construção civil cresce, aumenta a produção de resíduos provenientes de suas atividades. A geração de RCD Resíduos da Construção e Demolição produz grandes impactos negativos ao meio ambiente. A medida mitigadora para este cenário é a reciclagem destes resíduos e o reaproveitamento em novos serviços. O presente trabalho tem por finalidade principal analisar o conhecimento que os construtores associados ao SINDUSCON/RN, atuantes no município de Natal-RN, tem a respeito da aquisição e do uso de materiais reciclados dos RCD para aplicação em suas obras. Busca-se analisar a percepção dos profissionais técnicos no que diz respeito à qualidade e preço destes materiais, bem como levantar a destinação dada aos resíduos gerados por suas construções. Este trabalho é um Estudo de Caso, cuja metodologia de pesquisa adotada é do tipo descritiva, de natureza aplicada e de abordagem quantitativa. Vinte e seis empresas aceitaram participar da pesquisa, que foi realizada através da aplicação de um questionário com perguntas fechadas a Engenheiros e Técnicos das vinte e seis empresas no mês de maio de A pesquisa demonstra que a maior parte das empresas destinam seus resíduos para reciclagem, embora poucas reutilizem os materiais em novas obras. Palavras-chave: Resíduos da Construção e Demolição, Reciclagem, Destinação Final de Resíduos, Reúso. ABSTRACT Acquisition and Use of the products generated by the recycling of Construction and Demolition Waste (RCD) as construction materials: a case study in Natal/ RN As the construction industry grows, the production of waste from its activities increases. The generation of RCD - Construction and Demolition Waste produces large negative impacts to the environment. The mitigating measure for this scenario is the recycling of this waste and reuse in new services. The present work has the main purpose of analyzing the knowledge that the manufacturers associated with SINDUSCON / RN, acting in the city of Natal-RN, has about the acquisition and the use of recycled materials of the RCD for application in their works. The aim is to analyze the perception of the technical professionals regarding the quality and price of these materials, as well as to raise the destination given to the residues generated by their constructions. This present work is a Case Study, the methodology of research is descriptive type, applied nature and a quantitative approach. Twenty-six companies accepted to participate in the survey, which was carried out by applying a questionnaire with closed questions to engineers and technicians of the twenty six companies in the month of May The research shows that most of the companies destine their waste to Recyclability, although few reuse materials in new works. Keywords: Construction and Demolition Waste, Recycling, Final Disposal of Waste, Reuse.

6 6 1. INTRODUÇÃO A indústria da Construção Civil é uma das maiores responsáveis pela geração de emprego e renda e é um dos grandes instrumentos no desenvolvimento da economia. Todavia, na medida em que o setor cresce, aumenta a produção de resíduos provenientes de suas atividades. No Brasil 50 a 70% da massa de resíduos sólidos gerados no meio urbano é de Resíduos da Construção e Demolição (BRASIL, 2006). Resíduos da Construção e Demolição (RCD) são aqueles gerados nas construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, incluídos os resultantes da preparação e escavação de terrenos para obras civis. Estes resíduos são comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha (BRASIL, 2002). Esses resíduos quando dispostos de maneira inadequada, podem causam sérios problemas ambientais como: enchentes, proliferação de vetores nocivos à saúde, interdição parcial de vias e degradação do ambiente urbano (JOHN e AGOPYAN, 2000). O setor da construção civil, por ser um grande gerador de resíduos, deve ser o responsável pela sua destinação adequada. Tecnologias adequadas para reciclagem destes produtos têm sido desenvolvidas e o reúso dos RCD pelo próprio setor que os gerou tem demostrado ser uma prática viável. A presente pesquisa tem como objetivo analisar os hábitos dos construtores associados ao SINDUSCON/RN, atuantes no município de Natal-RN, no que diz respeito ao processo de aquisição de materiais reciclados dos RCD para uso em suas obras. Buscou-se verificar a percepção dos profissionais técnicos no que diz respeito à qualidade e preço desses materiais, bem como levantar a destinação dada aos RCD gerados por suas construções. 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1. Geração dos RCD ABRELPE (2010) estima a quantidade de RCD coletada no Brasil em t/dia. Para as diferentes regiões do país, a quantidade coletada está apresentada na Tabela 1. Tabela 1 - Quantidade de RCD coletada no Brasil e por região Região RCD Coletado (t/dia)/índice Índice RCD Coletado (t/dia) (Kg/hab/dia) (Kg/habitante/dia) Norte / 0, ,301 Nordeste / 0, ,464 Centro-Oeste / 0, ,923 Sudeste / 0, ,691 Sul / 0, ,634 Brasil / 0, ,618 Fonte: ABRELPE (2010) Na cidade de Natal-RN, no ano de 2013, foram recolhidas em vias e logradouros públicos toneladas de RCD (NATAL, 2016). Autor: Ewerton Weynemi Cavalcante dos Santos, graduando em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Orientador: Fagner Alexandre Nunes de França, Professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Doutor em Geotecnia.

7 Legislação e Normas A principal ação efetiva em termos legais, para amenizar os problemas ambientais gerados pela má gestão dos resíduos sólidos da construção civil, foi a criação da Resolução 307 de 2002 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), que exige dos geradores a redução, reutilização e reciclagem, tratamento e disposição adequada para o RCD (BRASIL, 2002). A tabela 2 destaca os principais instrumentos legais, em âmbito nacional, relacionados à gestão do RCD. Documento Decreto nº 7.404/2010 Lei Federal nº /2010 Lei Federal nº /2007 Tabela 2 - Instrumentos legais e normativos de abrangência nacional Descrição Regulamenta a Lei nº , de 2 de agosto de 2010, que institui a PNRS, cria o Comitê Interministerial da Política Nacional de Resíduos Sólidos e o Comitê Orientador para a Implantação dos sistemas de logística reversa, e dá outras providências. Institui a PNRS, altera a Lei nº de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico; altera as Leis no 6.766, de 19 de dezembro de 1979, nº 8.036, de 11 de maio de 1990, no 8.666, de 21 de junho de 1993 e no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995; revoga a Lei no 6.528, de 11 de maio de 1978; e dá outras providências. Altera a Resolução Conama nº 307, de 5 de julho de 2002, incluindo o amianto na classe de resíduos perigosos. Estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos RCD. Resolução nº 348/2004 Resolução nº 307/2002 Lei Federal nº Estatuto das Cidades: regulamenta os Artigos 182 e 183 da Constituição Federal, estabelece /2001 diretrizes gerais da política urbana e dá outras providências. Lei Federal nº Lei de Crimes Ambientais: dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de 9.605/1998 condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. Lei Federal nº Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e 6.938/1981 aplicação, e dá outras providências. Fonte: IPEA (2012) No âmbito Estadual foi instituído no ano de 2012 o Plano Estadual de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos do Rio Grande do Norte (SEMARH, 2012). Em 30 de setembro de 2011 foi publicada a Lei nº 6.298, do município de Natal-RN, que dispõe sobre a reciclagem de resíduos sólidos da construção civil. A lei estabelece que as empresas geradoras de entulho, como construtoras, demolidoras e transportadoras de entulho, devem se responsabilizar pelo mesmo, diretamente ou terceirizando o serviço, de modo a destiná-lo a empresas especializadas em reciclagem de resíduos sólidos provenientes da construção civil. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) publicou em 2004 uma série de normas relativas aos resíduos sólidos e aos procedimentos para o gerenciamento dos RCD. A Tabela 3 mostra as normas técnicas brasileiras relativas ao assunto. Tabela 3 - Normas técnicas brasileiras relacionadas aos resíduos sólidos e aos RCD Norma NBR :2004 NBR :2004 NBR :2004 Descrição Resíduos sólidos (classificação) RCD e resíduos volumosos áreas de transbordo e triagem (diretrizes para projetos, implantação e operação). RCD e resíduos inertes aterros (diretrizes para projetos, implantação e operação).

8 8 NBR :2004 RCD áreas para reciclagem (diretrizes para projetos, implantação e operação). NBR :2004 Agregados reciclados de RCD execução de camada de pavimentação (procedimentos). NBR :2004 Agregados reciclados de RCD utilização em pavimentação e preparo de concreto sem função estrutural (requisitos). Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) 2.3. Classificação dos RCD De acordo com o art. 3º da Resolução 307 de 2012 do CONAMA Os Resíduos da Construção e Demolição deverão ser classificados, da seguinte forma: I Classe A são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como: a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem; b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e concreto; c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos, tubos, meios-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras; II Classe B Resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: plásticos, papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros; III Classe C Resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem/recuperação, tais como os produtos oriundos do gesso; IV Classe D Resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como: tintas, solventes, óleos e outros, ou aqueles contaminados oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros Reciclagem dos RCD Para John e Agopyan (2000) as possibilidades de reciclagem dos resíduos variam de acordo com a sua composição. Os materiais cerâmicos podem ser beneficiados como agregado e suas aplicações dependerão de sua composição específica. Os resíduos cuja origem seja de concretos estruturais e de rochas naturais podem ser reciclados e utilizados como agregados para a confecção de concretos estruturais. Os resíduos de argamassas e produtos de cerâmica vermelha e de revestimento, por serem mais porosos, menos resistentes e mais susceptíveis a absorverem água, após reciclagem, poderão ser utilizados como agregados para concretos de menor resistência ou para produção de argamassas. Segundo Araújo (2014) em Natal-RN, no ano de 2012 empresas privadas implantaram duas usinas de reciclagem de resíduos de construção e demolição. Grilo (2012) afirma que no mesmo ano, a Prefeitura contratou duas empresas para tratamento final dos resíduos sólidos da construção civil do município Destinação dos RCD Segundo John e Agopyan (2000) o problema principal com os RCD, do ponto de vista ambiental, está relacionado com a sua deposição irregular e aos grandes volumes produzidos. Correa, Buttler e Ramalho (2009) afirmam que a deposição irregular ainda é uma prática frequente nos países em desenvolvimento, que o fazem em: vales, margens de rios, a céu aberto, em terrenos baldios, em vias públicas ou em aterros sem qualquer tratamento

9 específico. A regulamentação da resolução 307 do CONAMA define a destinação possível de resíduos de acordo com a sua classe, conforme Quadro 1. Quadro 1: Classes e destinos do RCD Classe Componentes Destinação Reutilizados ou reciclados na forma de agregados, ou Componentes cerâmicos, argamassa, encaminhados a áreas de aterro de Resíduos da A concreto, peças pré-moldadas em concreto Construção e Demolição, sendo dispostos de modo a e solos provenientes de terraplanagem. permitir a sua utilização ou reciclagem futura. Resíduos recicláveis para outras Reutilizados, reciclados ou encaminhados a áreas de destinações, tais como: plásticos, B armazenamento temporário, sendo dispostos de modo a papel/papelão, metais, vidros, madeiras e permitir a sua utilização ou reciclagem futura. outros. Resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicaçõesarmazenados, transportados e destinados em C economicamente viáveis que permitam aconformidade com as normas técnicas específicas. sua reciclagem/recuperação, tais como os produtos oriundos do gesso. Tintas, solventes, óleos e outros resíduosarmazenados, transportados, reutilizados e destinados em D contaminados. conformidade com as normas técnicas específicas. Fonte: (Brasil, 2002) Araújo (2014) relata que foi implantado o Plano Integrado de Gerenciamento de resíduos sólidos da Prefeitura do município de Natal-RN, em abril de 2009, que trata da operacionalização e recebimento de entulhos provenientes de resíduos da construção e de outros materiais. As unidades de recebimento estão localizadas em pontos distintos da cidade e de fácil acesso à população, onde a retirada dos resíduos nestas unidades se dá gratuitamente pela URBANA. A operacionalização para o RCD inicia-se a partir da chegada ao ponto de coleta e as etapas compreendem o acondicionamento, a coleta, o transporte, a reciclagem, o armazenamento, a comercialização e a destinação final dos rejeitos. No entanto, a deposição irregular do resíduo acontece com muita frequência no município de Natal-RN. Um exemplo está ilustrado na Figura 1 onde se observa a destinação final dos RCD em um terreno baldio. Figura 1 Deposição irregular na Avenida dos Caiapós Pitimbú Natal-RN 9 Fonte: Autor BRASIL (2002) afirma que os resíduos da construção civil não podem ser dispostos em aterros de resíduos domiciliares, em áreas de "bota fora", em encostas, corpos d água, lotes vagos e em áreas protegidas por Lei. A resolução estabelece que os resíduos de classe A devem ser reutilizados ou reciclados na forma de agregados, ou encaminhados a áreas de

10 10 aterro de resíduos da construção civil para que possam ser reciclados futuramente Reutilização dos RCD BRASIL (2002) estabelece que os geradores devam ter como objetivo prioritário a não geração de resíduos e, secundariamente, a redução, a reutilização, a reciclagem e a destinação final. O incentivo à reinserção dos resíduos reutilizáveis ou reciclados no ciclo produtivo deve ser fomentado pelo Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil. Os tipos de produtos dos RCD que podem ser reutilizados nas atividades da construção civil estão apresentados no Quadro 2. Quadro 2: Produtos do RCC Características e aplicações Produto Características Uso Recomendado Material com dimensão máxima característicaargamassas de assentamento de alvenaria Areia inferior a 4,8 mm, isento de impurezas, proveniente de vedação, contrapisos, solo-cimento, reciclada da reciclagem de concreto e blocos de concreto. blocos e tijolos de vedação. Material com dimensão máxima característica de 6,3Fabricação de artefatos de concreto, como Pedrisco mm, isento de impurezas, proveniente da reciclagemblocos de vedação, pisos intertravados, reciclado de concreto e blocos de concreto. manilhas de esgoto, entre outros. Material com dimensão máxima característica Brita Fabricação de concretos não estruturais e inferior a 39 mm, isento de impurezas, proveniente reciclada obras de drenagens. da reciclagem de concreto e blocos de concreto. Material proveniente da reciclagem de resíduos daobras de base e sub-base de pavimentos, construção civil, livre de impurezas, com dimensãoreforço e subleito de pavimentos, além de Bica corrida máxima característica de 63 mm (ou a critério do regularização de vias não pavimentadas, cliente). aterros e acerto topográfico de terrenos. Material com dimensão máxima característica Obras de pavimentação, drenagens e Rachão inferior a 150 mm, isento de impurezas, proveniente terraplenagem. da reciclagem de concreto e blocos de concreto. Fonte: Urbem Tecnologia Ambiental (Apud ABRECON, 2017) No que diz respeito à qualidade técnica dos produtos do RCD, quando reutilizados como materiais de construção, existe o temor de que os clientes considerem um produto contendo resíduos como de menor qualidade. Esta limitação somente pode ser enfrentada por uma política consistente e prolongada de educação ambiental (JOHN e AGOPYAN, 2000). ABRECON (2017) afirma que a comparação técnica não faz o reciclado menor ou menos eficiente em detrimento do convencional. Quanto ao preço, Capello (2006) afirma que os produtos reciclados geralmente custam menos do que os naturais. Todavia, é preciso considerar outros fatores, como o frete por exemplo. ABRECON (2017) diz que reciclar o RCD, independente do uso que a ele for dado, representa vantagens econômicas, uma vez que há economia na aquisição de matéria-prima, devido à substituição de materiais convencionais, pelo material reciclado. A produção de agregados com base no resíduo pode gerar economias de mais de 80% em relação aos preços dos agregados convencionais (SILVA, BUENO e CAMOLEIS, 2015). 3. MATERIAIS E MÉTODOS Para coleta dos dados, foi realizada pesquisa no site do SINDUSCON/RN (Sindicato da Indústria da Construção Civil no Rio Grande do Norte), a fim de obter dados das empresas

11 associadas ao sindicato com vistas a se levantar os nomes, contatos telefônicos e endereços das construtoras atuantes no município de Natal. Feitas ligações telefônicas, vinte e seis empresas aceitaram participar da pesquisa que foi realizada através da aplicação de um questionário com perguntas fechadas a Engenheiros ou Técnicos das construtoras no mês de maio de O levantamento procedeu-se pela interrogação direta das pessoas cujo entendimento desejava-se conhecer. Em seguida, mediante análise quantitativa, foram obtidas conclusões correspondentes aos dados coletados. Os resultados foram agrupados, quantificados e analisados com base em estatística, com vistas à elaboração das figuras que facilitam a análise e a interpretação dos dados. 4. ANÁLISE DOS DADOS E RESULTADOS Apresenta-se a seguir, a análise dos dados e resultados da pesquisa realizada, com relação ao entendimento das empresas quanto à aquisição e utilização de materiais reciclados dos RCD, bem como da destinação dos resíduos gerados em suas obras Análise da destinação dos RCD produzidos pelas construtoras entrevistadas A Figura 2 apresenta os diversos destinos dados pelas empresas para os RCD produzidos em suas obras. Figura 2 - Destinação dos RCD produzidos pelas construtoras. 11 Fonte: Autor Observa-se na Figura 2 que 65,39% das empresas destinam seus resíduos da construção e demolição para usinas de reciclagem. Todavia, apenas 11,54% das construtoras reutilizam os materiais, após reciclagem, em suas obras, num ciclo de envio de resíduos e compra de reciclados. Uma construtora disse lançar RCD em terreno baldio reapresentando 3,85% dos entrevistados. 15,38% dos entrevistados disse encaminhar os resíduos para aterros da prefeitura e 15,38% alega não conhecer o destino de seus resíduos, o que pode indicar uma destinação inadequada Análise da quantidade de RCD reutilizada pelas construtoras entrevistadas A Figura 3 apresenta uma estimativa da quantidade de RCD que é reutilizado nas obras das construtoras geradoras.

12 12 Figura 3 - Estimativa da quantidade de RCD que é reutilizado Fonte: Autor Nota-se que 65,38% das empresas reutiliza RCD, todavia, 46,15% reutiliza menos da metade dos resíduos. 19,23% afirma reutilizar mais da metade dos RCD produzidos. 34,62% não reutiliza nada dos resíduos da construção e demolição produzidos em suas obras. Embora a reutilização dos RCD deva ser um dos objetivos das empresas geradoras, muitas preferem destinar seus resíduos à reciclagem sem reutilização, conforme observado na Figura 2. RCD 4.3. Análise da quantidade de empresas que compram produtos reciclados dos Nota-se, pela análise da Figura 4, que a porcentagem de empresas que compra materiais reciclados dos RCD para aplicação em suas obras é muita baixa, apenas 15,38%. A porcentagem das empresas que já comprou, mas no momento não compra mais, é de 23,08%. Mais da metade dos entrevistados, 61,54%, relatou que, nas construtoras em que trabalham, nunca foi adquirido material proveniente dos RCD. O observado deixa claro que os incentivos para que haja mais utilização de materiais reciclados nas obras não têm sido suficientes. Figura 4 Análise quanto a aquisição de materiais reciclados de RCD Fonte: Autor RCD 4.4 Análise quanto a ciência sobre os materiais provenientes da reciclagem dos Perguntado aos profissionais das empresas se eles sabiam quais eram os materiais obtidos a partir da reciclagem dos RCD, 84,62% afirmou conhecer tais materiais. 15,38% disse não conhecer, conforme ilustrado na Figura 5.

13 Figura 5 Análise quanto à ciência de quais são os materiais provenientes da reciclagem de RCD 13 Fonte: Autor Os materiais de construções provenientes de RCD estão apresentadas no Quadro Análise quanto ao conhecimento de empresas que comercializam reciclados dos RCD no estado do Rio Grande do Norte. Observa-se, pela análise da Figura 6 que 65,38% dos profissionais entrevistados afirma conhecer pelo menos uma empresa que comercializa reciclados dos RCD. 34,62% disse não saber de nenhuma empresa que venda tais produtos. Figura 6 Análise do conhecimento sobre empresas que comercializam reciclados de RCD no RN Fonte: Autor 4.6 Análise da percepção dos entrevistados quanto a qualidade dos materiais provenientes dos RCD. Pela Figura 7 percebe-se que 30,77% dos entrevistados julgam que os reciclados dos RCD apresentam qualidade inferior à dos materiais não reciclados. A mesma porcentagem, 30,77%, percebe o material reciclado com a mesma qualidade do convencional. Um dos entrevistados, 3,85%, julga que os produtos dos RCD apresentam qualidade superior à do material convencional. 34,62% dos entrevistados disse não ter conhecimento da qualidade dos reciclados do RCD.

14 14 Figura 7 Análise quanto à percepção da qualidade dos materiais da reciclagem de RCD Fonte: Autor 4.7 Análise da percepção dos entrevistados quanto ao preço dos materiais provenientes dos RCD. Analisando a Figura 8 percebe-se que metade, 50,00%, dos entrevistados julga que os reciclados dos RCD são vendidos a preços inferiores aos dos materiais não reciclados. 3,85% responderam que percebem os materiais reciclados com o mesmo preço dos não reciclados. Os que julgam que os materiais reciclados apresentam preços mais altos que os materiais convencionais somam 7,69%. Responderam que não conhecem a respeito dos preços dos reciclados dos RCD em relação ao material convencional 38,46%. Figura 8 Análise quanto à percepção do preço dos materiais provenientes da reciclagem dos RCD 5. CONCLUSÕES Fonte: Autor A Resolução 307 de 2002 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), que dispõe sobre a gestão dos Resíduos da Construção Civil, estabeleceu exigências aos geradores de RCD como a redução, reutilização, reciclagem, tratamento e disposição adequada para os resíduos. Houve avanços no desenvolvimento de técnicas de reciclagem com produção de materiais provenientes dos RCD próprios para reúso em obras. No entanto, o que se observa no município de Natal-RN é que boa parte dos profissionais construtores tem destinado os resíduos das obras para usinas de reciclagem, mas não reutilizam os materiais reciclados. O emprego do material reciclado reduziria a exploração de outras jazidas ou a confecção de novos materiais, diminuindo assim a geração de resíduos.

15 A pesquisa demonstra que a cultura da reutilização dos RCD pelos principais geradores destes resíduos, está muito aquém do que se espera. O desconhecimento das características dos materiais reciclados dos RCD por parte dos profissionais da Construção Civil ainda é muito grande. Observa-se que a preocupação com a destinação dos resíduos para usinas habilitadas à reciclagem consiste, aparentemente, em ações que visam apenas o cumprimento da lei que obriga o agente gerador do resíduo a proceder com a destinação adequada. Os resultados da pesquisa mostram que a maioria dos entrevistados sabe que existem empresas no estado do Rio Grande do Norte que comercializam materiais dos RCD e uma boa parte percebe que os preços destes materiais são inferiores aos dos materiais convencionais. A resistência ao reúso pode advir do não conhecimento a respeito das especificações, variedade de produtos e viabilidade técnica. Para o fomento ao desenvolvimento sustentável, cabe ao Poder Público, em conjunto com as empresas especializadas, o investimento no melhoramento das técnicas de reciclagem. Necessário se faz, ainda, um maior investimento na divulgação e incentivo aos construtores para o uso dos materiais reciclados. 15 REFERÊNCIAS ABRECON. Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição. Disponível em: < Acesso em: 01 abr ABRELPE. Associação Brasileira de Limpeza Pública e Resíduos Especiais. Panorama dos resíduos sólidos no Brasil Disponível em: < Acesso em: 01 abr ARAÚJO, Neuber Nascimento de. Desempenho de Argamassas de Revestimento Produzidas com Agregados Reciclados Oriundos do Resíduo de Construção e Demolição da Grande Natal-RN Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS ABNT. Disponível em: < Acesso em: 05 fev BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Resolução Conama nº 307, de 5 de julho de Estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos Resíduos da Construção e Demolição. Diário Oficial da União, Brasília, 17 jul BRASIL. Ministério das Cidades. Ministério do Meio Ambiente. Área de manejo de resíduos da construção e resíduos volumosos: orientação para o seu licenciamento e aplicação da Resolução Conama 307/2002. Resultado do seminário Licenciamento Ambiental de Destinação Final de Resíduos Sólidos realizado em CAPELLO, Giuliana. Entulho vira matéria-prima. Agregados reciclados chegam aos canteiros das construtoras, adquiridos de empresas especializadas ou gerados na própria obra. Techne, São Paulo, v. 14, n. 112, p , jul Disponível em: < Acesso em: 22 maio

16 16 CORREA, M. R. S.; BUTTLER, Alexandre Marques ; RAMALHO, Marcio Antonio. Reciclagem de materiais de construção. Techne: Revista de Tecnologia da Construção (São Paulo), novembro de Disponível em: < Acesso em: 22 fev GRILO, M. Reciclagem vai custar R$ 512 mil/mês. Tribuna do Norte, Natal-RN, 21 jun Disponível em: < 512-mil-mes/223605>. Acesso em: 01 abr.2017 IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - Diagnóstico dos Resíduos Sólidos da Construção Civil. Relatório de Pesquisa JOHN, V.M; AGOPYAN, V. Reciclagem de resíduo da construção. São Paulo, Disponível em: < ao> Acesso em: 29 mar NATAL. Plano Municipal de Saneamento Básico SEMARH - Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos - Plano Estadual de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos do Rio Grande do Norte PEGIRS/RN. Natal-RN, SILVA, J.H.N; BUENO. J.R.P; CAMOLEIS, L.C. (2015). A Empregabilidade dos resíduos de construção civil e demolição (RCD): Benefícios Ambientais. Revista científica Centro Universitário de Araras Dr Edmundo Ulson [on line]. Volume 10, nº 1, Disponível em: < Acesso em: 01 abr. 2017