PEDAGOGIA E A APLICAÇÃO DAS MEDIDAS ALTERNATIVAS EM MEIO ABERTO
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- Jónatas Azenha Teves
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1 PEDAGOGIA E A APLICAÇÃO DAS MEDIDAS ALTERNATIVAS EM MEIO ABERTO Resumo OLIVEIRA, Silvana Barbosa de 1 - PUCPR Grupo de Trabalho - Diversidade e Inclusão Agência Financiadora: não contou com financiamento O objetivo do texto é apresentar o trabalho desenvolvido pelo setor pedagógico do Patronato Penitenciário de Londrina, estado do Paraná, no primeiro semestre do ano de Este objetivo alia-se ao desejo maior de revelar a importância da pedagogia nos espaços das unidades prisionais. O Patronato Penitenciário de Londrina é uma unidade de execução penal em regime aberto que tem como objetivo o atendimento de egressos e beneficiários do sistema prisional para o atendimento das penas restritivas de direitos, comumente denominadas de penas ou medidas alternativas. A discussão sobre a educação prisional vem evoluindo no campo educacional e se modificando, agregando novos conceitos de acordo com o momento sócio-econômico-político vivenciado. Essa evolução tem propiciado igualmente, contribuições teóricas e empíricas para a construção de políticas para ampliação da oferta de vagas. Partimos do princípio da complexidade que envolve o direito a educação. A pedagogia faz parte de uma equipe multidisciplinar, denominadas de técnicos, de acordo com o Estatuto Penitenciário do Estado do Paraná, com funções específicas que atende os egressos e beneficiários nas diversas modalidades de execução penal em meio aberto. Execução penal ou tratamento penal é o processo realizado para efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal, proporcionando condições para a harmônica integração social do condenado e do internado, devendo o estado recorrer a cooperação da comunidade. Atuando com o propósito de orientar os condenados a pena restritiva de direitos, o patronato deve fiscalizar o cumprimento destas. Considerando a complexidade do trabalho a ser desenvolvido, bem como o público alvo atendido, surgem inúmeros desafios práticos e teóricos a serem enfrentados no encaminhamento das atividades diárias do pedagogo. Palavras-chave: Pedagogia. Patronato Penitenciário. Medidas Alternativas. 1 Doutoranda da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Pedagoga do Patronato Penitenciário Central do Estado do Paraná, convênio Secretaria de Estado da Educação do Paraná SEED e Secretaria de Estado da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos SEJU. silvanaboliveira@seju.pr.gov.br.
2 20797 Introdução Execução penal ou tratamento penal é o processo realizado para efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal, proporcionando condições para a harmônica integração social do condenado e do internado, devendo o estado recorrer a cooperação da comunidade. O patronato é uma unidade de execução penal em regime aberto que tem como objetivo o atendimento de egressos e beneficiários do sistema prisional para o atendimento das penas restritivas de direitos, comumente denominadas de penas ou medidas alternativas. A atuação da Pedagogia no sistema prisional tem ganhado destaque e notoriedade com a implementação das políticas de convênio entre a Secretaria de Estado da Educação do Paraná SEED e Secretaria de Estado, Justiça, Cidadania e Direitos Humanos SEJU. A pedagogia faz parte de uma equipe multidisciplinar, denominadas de técnicos, de acordo com o Estatuto Penitenciário do Estado do Paraná, com funções específicas que atende os egressos nas diversas modalidades de execução penal em meio aberto. De acordo com o Plano Diretor do Sistema penal do estado do Paraná, a educação tem destaque, com o desenvolvimento de ações que objetivam a transformação de prisões em escolas. A execução penal pressupõe um processo de mudança de comportamento, o que se realiza pela aprendizagem, daí a importância de se priorizar os programas de ensino formal, informal e profissionalização (PARANÁ, 2011a, p. 36). Partindo do pressuposto de que a educação é um direito fundamental, a Constituição Federal, em seu art. 208, I, estabelece o dever do Estado na garantia de ensino fundamental obrigatório e gratuito, assegurado, inclusive, sua oferta gratuita para todos os que não tiveram acesso na idade própria. Há respaldo na Lei de Execução Penal LEP - Lei nº7210/1984, sobre a assistência educacional ao preso, internado e egresso, compreendendo a instrução escolar e a formação profissional. Partindo do pressuposto de que a educação constitui-se como um processo emancipatório e democratizante, visando aprendizagens necessárias para a reintegração na sociedade, a educação deve ajudar os egressos a desenvolver habilidades e capacidades para estar em melhores condições de disputar as oportunidades socialmente criadas.
3 20798 A aprendizagem na prisão por meio de programas educacionais é geralmente considerada um instrumento de mudança, e seu valor é estimado à luz de sua repercussão na reincidência, na reintegração e, mais concretamente, nas oportunidades de empregos após a libertação. (MUÑOZ, 2011, p. 58). No regime fechado, ou seja, para os sujeitos em privação de liberdade, a escolarização é feita em forma de parceria entre a SEJU e a SEED, nos termos da Resolução Conjunta Nº 03/2011-SEED/SEJU. A oferta do Programa de Escolarização é realizada pelos Centros Estaduais de Educação Básica para Jovens e Adultos - CEEBJAS que gerenciam todo o processo da matrícula à certificação. A proposta pedagógica desenvolvida nas unidades penais é a mesma proposta do Estado, o que permite a continuidade quando da saída do sistema penal. Os materiais de apoio didático-pedagógico disponibilizados aos alunos na unidade penal são os mesmos materiais utilizados pelos alunos da Educação de Jovens e Adultos - EJA dos estabelecimentos da rede estadual de educação. Há um corpo de docente e de profissionais de apoio da SEED que atuam no Programa de Escolarização Apesar dos esforços empreendidos, a relação entre o número de apenados e vagas nas salas de aula das unidades penais não é proporcional, considerando ainda que [...] a oferta de educação para a população carcerária- em geral, jovens com baixa escolaridade e precária qualificação profissional não pode se restringir à escolarização e precisa ser articulada com outras ações formativas e assistenciais (IRELAND, 2011, p. 12). As penas e medidas alternativas são contrárias a pena de prisão, tem como característica a humanização das penas, contribuindo para evitar a impunidade. Em virtude da complexidade do assunto, definiu-se por apresentar o trabalho da Pedagogia e os dados específicos da Medida Educativa, condição de medida imposta aos egressos do sistema penitenciário com pena restritiva de direito, ou seja, medida alternativa em meio aberto. Patronato Penitenciário: Considerações Iniciais Os estabelecimentos penais do estado do Paraná são classificados de acordo com o seu regime: fechado (estabelecimentos presidiários, estabelecimentos presidiários), semi-aberto (estabelecimentos agrícolas, industriais ou mistos) e aberto (casa do albergado, patronato e pró-egresso). O Sistema Penitenciário do Estado do Paraná é coordenado pelo Departamento Penitenciário do Estado do Paraná DEPEN e, de acordo com o Estatuto Penitenciário do
4 20799 Estado do Paraná, art. 9º - O Patronato e o Pró-Egresso visam a assistência aos que cumprem pena em regime aberto, aos liberados condicionais, aos egressos e aos seus familiares. De acordo com o art. 78 da Lei de Execução Penal nº 7210/84, o Patronato público ou particular é um dos órgãos da execução penal, destinado a prestar assistência aos albergados e os egressos. Uma das ações do patronato e o pró-egresso é promover a assistência ao condenado, objetivando a reeducação social e a reintegração à comunidade por meio de formação profissional, colocação empregatícia, habitação, transporte, saúde, educação, atendimento jurídico, psicológico, material e religioso. Atualmente, funcionam dois patronatos no Estado, em Curitiba e Londrina, e há também vinte Programas Pró-Egresso e/ou Programas de Monitoramento de Penas e Medidas Alternativas em parceria da SEJU com as instituições estaduais de ensino superior, prefeituras e conselhos da comunidade, na forma de projetos de extensão, para atendimento aos egressos e às pessoas sujeitas a penas e medidas alternativas. O Patronato Penitenciário de Londrina - Dr. Héber Soares Vargas é um órgão da Secretaria de Estado da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos e subordinado ao Departamento Penitenciário do Estado do Paraná, destinando-se à execução das penas em regime aberto. O patronato conta com uma estrutura organizacional para assistência aos egressos e beneficiários: jurídica, pedagógica, psicológica, assistência social e documentação e informações. No ano de 1976, a Secretaria de Estado da Justiça firmou convênio com a Universidade Estadual de Londrina, oficializando o Projeto Albergado e dotando-o de recursos financeiros. No ano seguinte, o projeto passou a denominar-se Programa Themis, ficando instituído a nível estadual. Com a reformulação da Lei de Execução Penal nº7210/84 que determina a assistência ao apenado e egresso dos estabelecimentos penais, a Secretaria de Estado da Justiça substituiu o Programa Themis pelo Programa Estadual de Assistência ao Apenado e Egresso - Programa Pró-Egresso, atendendo além das cadeias públicas, os egressos das unidades penais do estado (GONZAGA; SANTOS; BACARIN, 2002). No ano de 1991, no governo de Roberto Requião, foi criado o Patronato Penitenciário do Estado, com sede em Curitiba, passando a supervisionar os programas de pró-egressos de todo o estado do Paraná.
5 20800 Transcorridos dez anos depois, em 2001, foi criado o Patronato Penitenciário de Londrina, dando continuidade aos trabalhos desenvolvidos pelo programa pró-egresso. Em 2006 o patronato de Londrina recebe uma sede própria, para atender o crescente número de beneficiários e egressos. O fluxo de atendimentos oscila no mês, mantendo uma média de aproximadamente 200 (duzentos) atendimentos por semana, o Patronato de Londrina presta assistência jurídica, social, psicológica e educacional para egressos e beneficiários. Penas Restritivas de Direito Penas e Medidas Alternativas As Penas restritivas de Direitos são conhecidas como Penas e Medidas Alternativas, cuja sanção penal é de curta duração (0 a 4 anos de condenação), para crimes praticados sem violência, nem grave ameaça, tais como: acidentes de trânsito, violência doméstica, abuso de autoridade, desacato a autoridade, lesão corporal leve, estelionato, ameaça, injúria, calúnia, difamação, dentre outros previstos na legislação vigente. As medidas alternativas a prisão foram adotadas no direito penal brasileiro de forma cautelosa, em função da dificuldade do Poder Judiciário e Ministério Público de fiscalizar seu cumprimento. A Lei 9099/95 trouxe significativas contribuições ao aperfeiçoamento do sistema vigente, instituiu os Juizados Especiais Criminais, sendo de competência destes, as infrações penais de menor potencial ofensivo. A Lei 9714/88 reformulou o Código Penal no tocante as penas restritivas de direito, sendo que atualmente contamos com um total de dez penas substitutivas, assim relacionadas: Prestação Pecuniária; Perda de bens e valores; Prestação de Serviços a comunidade (PSC); Proibição de exercício da profissão; Suspensão de autorização ou permissão para dirigir veículos; Proibição de frequentar determinados lugares; Limitação de final de semana; Multa; Prestação inominada.
6 20801 É necessário que o condenado possua condições pessoais indicativas da conveniência da substituição da pena, isto é, que seus antecedentes sejam abonadores, que demonstre compatibilidade com o convívio em sociedade, que tenha emprego fixo e residência certa, dentre outras condições. As penas alternativas possuem um cunho social de grande valia, tendo como finalidade a ressocialização. Segundo Soares Junior (2013) as Regras de Tóquio foram formuladas pelo Instituto da Ásia e do Extremo Oriente para a Prevenção do Delito e Tratamento do Delinquente (em 1986), oficialmente denominadas Regras Mínimas das Nações Unidas para a Elaboração de Medidas não Privativas de Liberdade, com o objetivo de incentivar a adoção, pelos Estadosmembros, de meios mais eficazes que o cárcere para prevenir a criminalidade e melhorar o tratamento dos encarcerados. Jesus (1999) apresenta o conceito de medidas e penas alternativas de acordo com o texto das Regras de Tóquio. Medida não-privativa de liberdade, refere-se a qualquer providência determinada por decisão proferida por autoridade competente, em qualquer fase da administração da Justiça penal, pela qual uma pessoa suspeita ou acusada de um delito, ou condenada por um crime, submete-se a certas obrigações que não incluem a prisão. A expressão faz referência especial às sanções impostas por um delito, em virtude das quais o delinquente deva permanecer na comunidade e obedecer a determinadas condições. (JESUS, 1999, p. 28). O mesmo autor apresenta as vantagens e desvantagens das penas alternativas: a) Diminuem o custo do sistema repressivo; b) Permitem ao juiz adequar a reprimenda penal à gravidade objetiva do fato e às condições pessoais do condenado; c) Evitam o encarceramento do condenado nas infrações penais de menor potencial ofensivo; d) Afastam o condenado do convívio com outros delinquentes; e) Reduzem a incidência; f) O condenado não precisa deixar sua família ou comunidade, abandonar suas responsabilidades ou perder seu emprego. As desvantagens podem ser resumidas em três aspectos: a) Não reduzem o número de encarcerados; b) Não apresentam conteúdo intimidativo, mais parecendo meios de controle pessoal ou medidas disciplinadoras do condenado; c) Em face do aumento do rol de penas alternativas nos Códigos penais, o legislador é induzido a criar normas incriminadoras, aumentando o número de pessoas sob controle penal e ampliando a rede punitiva (JESUS, 1999).
7 20802 Não existem consensos simplistas num campo complexo e polêmico por natureza, porém, duas condições são inquestionáveis, ou seja, a crença no poder da educação para mudar perspectivas de vida e o direito de todos à educação, entendida crescentemente como aprendizagem ao longo da vida. Pedagogia e a Medida Educativa O setor pedagógico atende a todas as entrevistas iniciais, ou seja, a apresentação de cada egresso no patronato, visando conhecer o grau de escolaridade de todos os beneficiários atendidos pela unidade. O objetivo principal é orientar, acompanhar e buscar vaga em curso profissionalizante, de capacitação e, principalmente, escolarização para os beneficiários que têm a Medida Educativa como condição de pena a cumprir. Concomitantemente, estabelece parcerias com estabelecimentos que ofertam educação formal e profissionalizante para aquelas pessoas beneficiadas com a possibilidade de cumprir sua pena ou medida através de processo de desenvolvimento educativo. O Programa oferece suporte às instituições e apoio para que os beneficiários se insiram e se mantenham nas políticas públicas de educação e trabalho. A pedagoga é a responsável pelo setor, contando com o apoio de duas estagiárias do curso de Pedagogia; busca a inclusão nas políticas públicas de educação e trabalho existentes no município de todos os atendidos pela unidade, em especial daqueles que apresentam a participação em cursos como condicionalidade da pena; realiza análise de prontuários e alimenta os sistemas de informação. Segundo os Cadernos do DEPEN (PARANÁ, 2011b), o pedagogo é o articulador e facilitador no processo de escolarização, formação profissional e empregabilidade, além de: a) organizar o planejamento anual das atividades do setor de pedagogia, com metas definidas e possíveis de serem avaliadas; b) realizar entrevista de triagem dos egressos quando chegam ao patronato, ou Pró-Egresso, consultando o Sistema de Informações _ SPR, complementando e incluindo os dados faltantes; c) registrar no SPR os dados de escolarização e formação profissional quanto ao desenvolvimento de aprendizado do preso, bem como seu desenvolvimento em todas as atividades propostas pelo setor, sendo essa atividade de competência exclusiva do profissional pedagogo, conforme prevê a legislação; d) buscar a documentação escolar junto aos órgãos competentes, bem como sobre profissionalização, se tiver realizada no sistema penitenciário; e) buscar escolas próximas onde o egresso vai morar
8 20803 para que dê continuidade aos seus estudos; f) realizar a articulação política que se fizer necessária com organizações governamentais, não-governamentais e instituições como, SENAC, SENAI, SESC, universidades, conselhos da comunidade, pastorais, igrejas, etc., para implementação de ações pedagógicas e culturais que possam ser inseridos os egresso; g)criar espaço para biblioteca, organizá-la e propor critérios para o acesso de todos os egressos, bem como dos funcionários; h) informar sobre atividades de concursos educativos ofertados pela comunidade e dar suporte aos egressos que queiram participar; i) acompanhar o desempenho escolar dos egressos, propondo medidas, em conjunto com o professor r coordenador do CEEBJA, quando não corresponderem aos resultados esperados; j) informar os egressos sobre exames de suplência, bem como outros programas federais existentes (ENEM, PROUNI, ENCEJA) que atendam às suas necessidades; k) realizar o acompanhamento dos beneficiários de pena ou medida alternativa, no que se refere à escolarização e profissionalização; l) elaborar informes ao juizado correspondente, quando solicitado, sobre o cumprimento das obrigações impostas na condição do benefício se for o caso de escolarização e profissionalização; m) propor parcerias e acompanhar programas de colocação profissional através do SINE (Serviço Nacional de Empregos), sindicatos e programas das prefeituras; n) registrara os atendimentos e acompanhamentos no SPR (essa é uma atividade de competência exclusiva do Professional pedagogo). Com base nas atividades elencadas, o trabalho diário prevê o atendimento de entrevistas iniciais, orientação para o cumprimento da Medida Educativa, bem como a apresentação das escolas que atuam na modalidade EJA, Fase I e II. Buscando acompanhar o processo desde a matrícula, frequência e conclusão dos cursos e, posteriormente informando os órgãos competentes. A Medida Educativa indica a necessidade da continuidade dos estudos, na condição de término da escolarização básica, ou, mesmo do atendimento daqueles que nunca frequentaram a escola, analfabetos ou analfabetos funcionais, esse encaminhamento é feito a partir da solicitação do juiz da Vara de Execuções Penais - VEP, que define o tratamento penal para os egressos, albergados e beneficiários, indicando a continuidade dos estudos como condição para o cumprimento da pena em regime aberto. Em vários casos, o juiz indica como alternativa a Prestação de Serviços a Comunidade PSC, quando da impossibilidade de cumprir a Medida Educativa.
9 20804 O maior desafio é a permanência e o término da escolaridade, não só dos beneficiários que se encontram na condição de medida educativa, bem como dos demais que representam um total de quase oitenta por cento com o ensino fundamental incompleto. O Gráfico 1 apresenta o grau de escolaridade dos beneficiários e egressos, totalizando (um mil, quatrocentos e doze), desse total a maioria não possui o ensino fundamental completo, ou seja, se somarmos o total de analfabetos, mais os alfabetizados e aqueles com o ensino fundamental incompleto, teremos um total de quase 50% (cinquenta por cento). O Paraná não difere dos demais estados da federação em relação aos baixos índices de escolarização. Infelizmente esses dados não diferem do grau de escolarização no regime fechado e no semiaberto no estado do Paraná. Gráfico 1 - Grau de escolaridade do total de egressos. Fonte: Organizado pela autora, com base nos dados do Patronato Penitenciário de Londrina (2012). O Gráfico 2 apresenta, especificamente, os egressos e beneficiários que tem a Medida Educativa como condição de pena, é possível observar que o número de assistidos cumprindo a condição de pena (educação formal e/ou cursos profissionalizantes), é quase igual ao número de assistidos aguardando vagas. O mês de julho tem como referência um total de duzentos e quatro beneficiários que tem a Medida Educativa como pena a cumprir. Desse total a maioria está aguardando vaga em
10 20805 escolas e/ou cursos que atendam a necessidade de horários, proximidade a residência, documentação, entre outras questões que dificultam a matrícula imediata. Gráfico 2 - Medida educativa. Fonte: Organizado pela autora, com base nos dados do Patronato Penitenciário de Londrina (2012). A pedagoga do Patronato, durante a entrevista inicial, na apresentação do egresso, analisa o grau de escolaridade, registra e busca encaminhar para a educação formal, esse é o papel fundamental do pedagogo no encaminhamento dos egressos, uma vez que deve esclarecer as dúvidas em relação a escolarização desse egresso, o funcionamento da Educação de Jovens e Adultos - EJA, além de propor condições de apoio a matrícula. Vários egressos do regime fechado já estavam estudando na modalidade EJA, em diferentes níveis, fundamental, médio, além de cursos profissionalizantes realizados. Uma das dificuldades para a matrícula é que o egresso vislumbra o trabalho e, acredita que o estudo (sua continuidade) deve ficar em segundo plano, quer recuperar o tempo que ficou preso (regime fechado). É função da Pedagoga incentivar o egresso, nessa continuidade de estudos. Para isso, lança mão da colaboração do Núcleo Regional de Educação NRE, solicitando informações das disciplinas já cursadas e o seu aproveitamento, visando apresentar alternativas para a futura matrícula, qual disciplina e tempo para o término. Nesse mesmo sentido, o setor da Pedagogia, tem a relação nominal de todas as instituições de ensino estadual e municipal, que ofertam a modalidade EJA, sua localização, para indicar ao egresso as possibilidades e situá-lo quanto a proximidade de sua residência.
11 20806 Também há indicação para matrícula na modalidade do ensino regular, além de cursos de qualificação e profissionalizantes. Assim sendo, o papel da Pedagoga é orientar, encaminhar e acompanhar os egressos matriculados que cumprem a Medida Educativa. O ideal seria que esse trabalho fosse estendido a todos os egressos e beneficiários que são atendidos pelo Patronato, porém, há várias implicações presentes e não se constitui como base para esse trabalho, a ressalva é feita para lembrar os leitores de que há clareza da necessidade de atendimento e acompanhamento de escolarização formal para todos os egressos. A educação para os jovens e adultos egressos ou não do sistema penitenciário, não é benefício, pelo contrário, é direito humano subjetivo previsto na legislação internacional e na brasileira e faz parte das propostas de política pública de execução penal, com o objetivo de possibilitar a reinserção social dos apenados e, principalmente, garantir a sua plena cidadania. Considerações Finais Diante dos dados apontados, verifica-se a complexidade e relevância da abordagem do tema. Ao esboçar algumas ideias, o objetivo do trabalho foi principalmente apresentar a importância da pedagogia e seu atendimento na execução penal em meio aberto. As informações apresentadas não tem a pretensão de esgotar a análise desta experiência, dado o caráter incompleto do trabalho, há entendimento da necessidade de complementar com outros dados ainda não disponíveis. Porém, desde já, destacam-se algumas iniciativas que fizeram parte deste programa como importantes contribuições para o atendimento, sendo uma delas o percentual de egressos matriculados no primeiro semestre do ano de REFERÊNCIAS GONZAGA, Maria T. Claro; SANTOS, Helena M. R. dos; BACARIN, Juliane N. Bedin (Orgs.). A cidadania por um fio: a luta pela inclusão dos apenados na sociedade. Maringá: Dental Press, IRELAND, Timothy D. Educação em prisões no Brasil: direito, contradições e desafios. Em Aberto, Brasília, DF, v. 24, n. 86, p , nov
12 20807 JESUS, Damásio E. Penas alternativas: anotações à lei n.9714, de 25 de novembro de São Paulo: Saraiva, MUÑOZ, Vernor. O direito à educação das pessoas privadas de liberdade. Em Aberto, Brasília, DF, v. 24, n. 86, p , nov PARANÁ. Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos. Plano Diretor do Sistema Penal do Paraná. Curitiba: Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, 2011a. Disponível em:< Acesso em: 5 maio Cadernos do DEPEN: práticas de tratamento penal nas unidades penais do Paraná. Curitiba: [s.n.], 2011b. SOARES JUNIOR, Antonio Coêlho. As regras de Tóquio e as medidas não privativas de liberdade no Brasil e na Itália: breves considerações. Jus Navigandi, Teresina, ano 18, n. 3594, p , maio Disponível em: < Acesso em: 5 maio 2013.
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