Execução Penal Parte 1. Aula 1
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1 Execução Penal Parte 1 Aula 1
2 CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
3 Direito de Execução Penal Buscando uma denominação para o ramo do direito destinado a regular a execução penal, a doutrina internacional consagrou a expressão Direito Penitenciário. No direito brasileiro, porém, essa designação revela-se em descompasso com os termos da L /1984 (Lei de Execução Penal LEP), que, já em seu art. 1º, estabelece como objetivo da execução penal efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado. Como se vê, a lei estabelece como fim da execução penal não apenas a solução de questões relacionadas ao cárcere (o que justificaria a denominação Direito Penitenciário), mas também o estabelecimento de medidas que visem à reabilitação do condenado. Daí o surgimento da expressão Direito de Execução Penal para denominar a disciplina que rege o processo de cumprimento da sentença penal e seus objetivos.
4 Conceito Execução penal pode ser compreendida como o conjunto de normas e princípios que tem por objetivo tornar efetivo o comando judicial determinado na sentença penal que impõe ao condenado uma pena (privativa de liberdade, restritiva de direitos ou multa) ou estabelece medida de segurança. O pressuposto fundamental da execução penal é a existência de uma sentença condenatória ou absolutória imprópria (absolvição com imposição de medida de segurança) transitadas em julgado. Não obstante, também estão sujeitas a execução as decisões homologatórias de transação penal exaradas no âmbito dos Juizados Especiais Criminais.
5 Natureza Jurídica Não é pacífica na doutrina a natureza jurídica da execução penal, havendo, por um lado, quem defenda seu caráter puramente administrativo e, por outro, quem sustente sua natureza eminentemente jurisdicional. Prevalece, contudo, a orientação de que a execução penal encerra atividade complexa, que se desenvolve tanto no plano administrativo como na esfera jurisdicional, sendo regulada por normas que pertencem a outros ramos do direito, especialmente o direito penal e o direito processual penal. As atividade de execução penal desenvolve-se nos planos administrativo e jurisdicional, havendo, porém, a prevalência deste último
6 Sujeitos da Execução Sujeito ativo da execução penal é o Estado. A execução da pena é monopólio estatal, independentemente da natureza da ação penal que gerou a sentença (pública incondicionada, pública condicionada ou privada), não podendo o particular nela se imiscuir. Sujeito passivo da execução penal é o executado, isto é, a pessoa a quem imposta a pena ou medida de segurança. Objetivos da Execução Art 1º - Efetivação do mandamento incorporado à sentença penal e a reinserção social do condenado ou do internado
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8 PERMANÊNCIA DOS DIREITOS NÃO ATINGIDOS PELA SENTENÇA OU PELA LEI Prevê o art. 3º da LEP que ao condenado e ao internado serão assegurados todos os direitos não atingidos pela sentença ou pela lei. Isso quer dizer que, ressalvadas as restrições decorrentes da própria sentença penal e os efeitos previstos da condenação previstos na Constituição Federal e na legislação infraconstitucional, o condenado mantém incólumes todos os direitos que lhe assistiam antes do trânsito em julgado da decisão condenatória
9 Direitos preservados pela Constituição Federal Exemplos de direitos preservados pela Constituição Federal: à vida, à igualdade, à segurança e à propriedade (art. 5º, caput, da CF); à liberdade de consciência e de religião (art. 5º, VI, VII e VIII, da CF); de representação e de petição aos Poderes Públicos, em defesa de direito ou contra ilegalidade ou abuso de poder (art. 5º, XXXIV, a, da CF), de expedição de certidões requeridas às repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimentos de situações de interesse pessoal (art. 5º, XXXIV, b, e LXXII, a e b, da CF); à integridade física e moral (art. 5º, XLIX, da CF); à assistência judiciária (art. 5º, LXXIV, da CF); e à indenização por erro judiciário (art. 5º, LXXV, da CF)
10 Direitos preservados pela Legislação Infraconstitucional Exemplos de direitos assegurados pela legislação infraconstitucional: à alimentação, vestuário e instalações higiênicas (art. 12 da LEP); ao trabalho remunerado (art. 41, II, da LEP); à assistência material, à saúde, à jurídica, educacional, social e religiosa (art. 41, VII, da LEP); à proteção contra qualquer forma de sensacionalismo (art. 41, VIII, da LEP); ao uso do nome (art. 41, XI, da LEP); à audiência especial com o diretor do estabelecimento (art. 41, XIII, da LEP) e de atestado de pena a cumprir, emitido anualmente (art. 41, XVI, da LEP).
11 Direitos Atingidos ou Restritos pela Condenação Exemplos de direitos que podem ser atingidos ou ficar restritos como decorrência da condenação: à liberdade de ir, vir e ficar, principalmente no caso de condenação à pena de prisão; à naturalização (art. 12, II, b, da CF); políticos (art. 15, III, da CF); à propriedade dos bens adquiridos com o proveito do crime (art. 91, II, b, do Código Penal); ao exercício de cargo, função ou emprego públicos (art. 92, I, do Código Penal; art. 83 da L /1993; art. 16 da L /1989; art. 1º, 5º, da L /1997 e art. 7º, II, da L /1998);
12 Direitos restringidos por ato do diretor do estabelecimento penitenciário - art. 41 da LEP assegura ao condenado, entre outros direitos, a proporcionalidade na distribuição do tempo para o trabalho, o descanso e a recreação (inc. V); direito à visitação (inc. X) e direito ao contato com o mundo exterior por meio de correspondência, leitura ou outros meios de informação (inc. XV). Não obstante, preceitua o parágrafo único do mesmo dispositivo que, ao contrário da maioria dos direitos do preso, que é insuscetível de exclusão, os direitos relacionados no art. 41, V (proporcionalidade na distribuição do tempo para o trabalho, o descanso e a recreação), X (visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos em dias determinados) e XV (contato com o mundo exterior por meio de correspondência escrita, da leitura e de outros meios de informação que não comprometam a moral e os bons costumes), poderão ser suspensos ou restringidos por ato motivado do diretor do estabelecimento, o que normalmente ocorre em razão de aspectos relacionados à necessidade de manutenção da ordem, da segurança e da disciplina no interior da penitenciária.
13 Suspensão dos Direitos Políticos A condenação criminal transitada em julgado, enquanto perdurarem seus efeitos, acarreta automática e obrigatoriamente a suspensão dos direitos políticos do condenado (votar e ser votado). A suspensão dos direitos perdura pelo tempo em que persistirem as sanções impostas ao condenado, não importando o fato de encontrar-se ele em gozo de livramento condicional, suspensão condicional da pena (sursis) ou prisão domiciliar. E quanto aos presos provisórios? Esses, em tese, mantêm os direitos de votar e ser votados. Em tese, porque, em muitos casos, torna-se inviável a instalação de sessões eleitorais no interior dos presídios Local de cumprimento da pena Questão no âmbito do juízo de conveniência da Administração Penitenciária, sob a direção do Juízo da Vara de Execução. Não é direito subjetivo do apenado escolher o presídio onde pretenda cumprir a pena
14 INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA E A CLASSIFICAÇÃO DO CONDENADO
15 Exame Criminológico De acordo com o art. 8º da LEP, o condenado ao cumprimento de pena privativa de liberdade, em regime fechado, será submetido a exame criminológico para a obtenção dos elementos necessários a uma adequada classificação e com vistas à individualização da execução. Dispõe o parágrafo único, por sua vez, que ao exame de que trata este artigo poderá ser submetido o condenado ao cumprimento da pena privativa de liberdade em regime semiaberto. O exame de classificação é amplo, apresentando a situação do condenado de forma genérica, com ênfase em aspectos objetivos de sua personalidade, antecedentes, aspectos sociais e familiares, capacidade laborativa, entre outros destinados a orientar a forma como deve ele cumprir a pena no estabelecimento penitenciário. Já o exame criminológico é mais restrito, analisando questões de ordem psicológica e psiquiátrica do condenado, visando revelar elementos como maturidade, frustrações, vínculos afetivos, grau de agressividade e periculosidade e, a partir daí, prognosticar a potencialidade de novas práticas criminosas.
16 Exame Criminológico Para o condenado ao cumprimento de pena privativa de liberdade em regime fechado, além do exame de classificação, deverá ser obrigatoriamente submetido a exame criminológico. Isso se justifica na circunstância de que a imposição do regime fechado decorre da prática de crimes de maior gravidade. Entretanto, para os presos que iniciem o cumprimento de pena em regime semiaberto, a realização do exame criminológico é apenas facultativa, podendo ser por iniciativa da Comissão Técnica de Classificação visando à correta individualização da execução. E para os condenados em regime aberto ou a pena restritiva de direitos? Infere-se do art. 8º da LEP que não se realiza o exame criminológico nesses casos.
17 Exame Criminológico
18 Exame Criminológico e Progressão de Regime Também para fins de progressão de regime o exame criminológico tornou-se uma faculdade do juiz a fim de poder aferir se o condenado absorveu a terapêutica penal, principalmente em hipóteses em que fixada elevada pena ou de condenado com histórico criminal indicativo de periculosidade. Independentemente, é certo que o exame criminológico, mesmo quando realizado, não vincula obrigatoriamente o juiz, que, fundamentando sua decisão, pode decidir de forma contrária.
19 IDENTIFICAÇÃO DO PERFIL GENÉTICO L /2012 Ientificação obrigatória do perfil genético, mediante extração de DNA, dos condenados pela prática de crime doloso praticado com violência de natureza grave contra pessoa, bem como dos crimes hediondos. O banco de dados do perfil é sigiloso. Por essa razão, o acesso ao respectivo acervo pela autoridade policial, federal ou estadual, no curso do inquérito, depende de prévia ordem emanada do juiz competente. A extração do material biológico para confecção do perfil genético deverá ser realizada por meio de técnica adequada (não invasiva, logicamente) e indolor. É determinada na sentença condenatória ou no curso da execução penal (regra)
20 Exame Criminológico e Progressão de Regime Também para fins de progressão de regime o exame criminológico tornou-se uma faculdade do juiz a fim de poder aferir se o condenado absorveu a terapêutica penal, principalmente em hipóteses em que fixada elevada pena ou de condenado com histórico criminal indicativo de periculosidade. Independentemente, é certo que o exame criminológico, mesmo quando realizado, não vincula obrigatoriamente o juiz, que, fundamentando sua decisão, pode decidir de forma contrária.
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