Projeto acadêmico não lucrativo, desenvolvido pela iniciativa Acesso Aberto
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- Ana Luiza Santiago Peres
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1 Red de Revistas Científicas de América Latina, el Caribe, España y Portugal Sistema de Información Científica Comassetto, Felipe; Beier, Susane Lilian; Hertzing Farias, Felipe; Baggio Menegasso, Renan; Regalin, Doughlas; Tocheto, Ronise; Oleskovicz, Nilson Avaliação analgésica e sedativa de dois protocolos em suínos submetidos à orquiectomia Acta Scientiae Veterinariae, vol. 42, núm. 1, enero, 2014, pp. 1-8 Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre, Brasil Disponível em: Acta Scientiae Veterinariae, ISSN (Versão impressa): ActaSciVet@ufrgs.br Universidade Federal do Rio Grande do Sul Brasil Como citar este artigo Número completo Mais informações do artigo Site da revista Projeto acadêmico não lucrativo, desenvolvido pela iniciativa Acesso Aberto
2 Acta Scientiae Veterinariae, : RESEARCH ARTICLE Pub ISSN Avaliação analgésica e sedativa de dois protocolos em suínos submetidos à orquiectomia Analgesic and Sedative Evaluation of two protocols in swine underwent orchiectomy Felipe Comassetto 1, Susane Lilian Beier 2, Felipe Hertzing Farias 1, Renan Baggio Menegasso 1, Doughlas Regalin 1, Ronise Tocheto 1 & Nilson Oleskovicz 1 ABSTRACT Introduction: Sedation and analgesia are essential in chemical restraint in pigs for various procedures. Analgesia allows the animal to be free of the deleterious effects of pain, which are related to stress and weight loss. In this sense, the aim of this study was evaluate two sedation protocols in pigs undergoing elective orchiectomy. Materials, Methods and Results: There were used 22 pigs with three months old, with an average weight of ± 2.46 kg. The food was withheld for 12 h and water for 6 h. After fasting period, they were mask-induced with isoflurane, for surgical preparation and than they were recovered from anesthesia. After 30 min, the animals were allocated in two groups: ketamine/ midazolam /Tramadol (CMT, n = 11) who received 5 mg kg -1 of ketamine, 1 mg kg, -1 of midazolam and 4 mg kg -1 of tramadol, and azaperone/tramadol (AT, n = 11) which received 6 mg kg -1 of azaperone and 4 mg kg -1 of tramadol, both treatments administered intramuscularly. The parameters evaluated were: heart rate (HR) through the stethoscope, respiratory frequency (f) by the movement of the rib cage, systolic blood pressure (SBP), mean blood pressure (MBP) and diastolic blood pressure (DBP) trough a catheter in femoral artery, rectal temperature (RT) with a digital thermometer, arterial blood gas analysis, with an blood gas analyzer, and blood count and biochemical profile. The moments of evaluation were: baseline, and 10, 20, 30 and 40 min after treatments, corresponding to M0, M1, M2, M3 and M4, respectively. Score of sedation, muscle relaxation, response to stimuli, time to sternal recumbency, time to deambulation, time to full recovery and quality of recovery were also evaluated. The means between groups in the same time were analyzed by Student s t test and the means between times, in the same group by analysis of variance followed by Student Newmann Keuls test (P 0.05). Non parametrical data were analyzed with Mann Whitney rank Sun test between groups and wilcoxon test for differences between times (P 0.05). The HR was higher in the AT from M1 to M3 compared to M0, with higher values in relation to the CMT group in M1 and M3. The SBP, DBP, and MAP were higher 20, 30 and 40 min after administration in CMT comparing to AT group, that also showed lower values of these parameters at M1, M2, M3 and M4 when compared to baseline. The TR was higher in M2 and M4 in CMT compared with AT. The ph was higher in M4 (CMT) and M3 and M4 (AT) comparing to baseline. The potassium was lower in the AT in M1, to M4 relative to baseline, and M2 to M4 comparing with CMT. It was observed that the sedation score was better in the CMT (6/11) animals presented the highest level in M2 and M3 against (3/11) and (1/11) in AT respectively. Muscle relaxation was improved in the CMT, (6/11) and (7/11) animals presented intense relaxation (M2 and M3 respectively), compared to AT (0/11 and 0/11) and for the response to stimuli CMT (8/11) animals presented no response to stimuli in M2 and M3 compared to AT (2/11 and 1/11). Latency period was lower in the CMT (3.63 ± 1.43 min) compared to AT (11.27 ± 4.14 min), time to sternal recumbency in CMT was 55.8 ± min against 58.2 ± min in the AT, time to deambulation was ± min in the CMT, and ± min in AT group. The time to full recovery was ± min in CMT against ± min in AT. Discussion: The combination of ketamine/midazolam/tramadol has a shorter latency compared to azaperone/tramadol group, and promotes better cardiorespiratory stability and sedation, more intense muscle relaxation and increased unresponsiveness to stimuli compared to azaperone/tramadol group. Keywords: ketamine, midazolam, tramadol, pigs, azaperone. Descritores: cetamina, midazolam, tramadol, porcos, azaperone. Received: 22 April 2014 Accepted: 18 September 2014 Published: 28 September Discente, Programa de Pós-graduação em Clínica e Cirurgia Veterinária, Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), Centro de Ciências Agroveterinárias (CAV), Lages, SC, Brazil. 2 Departamento de Clínica e Cirurgia, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, MG, Brazil. CORRESPONDENCE: F. Comassetto [felipecomassetto@yahoo.com.br - Tel.: +55 (49) ]. Rua Saturnino Subtil de Oliveira n. 152, Bairro Maria Luiza. CEP Lages, SC, Brazil. 1
3 F. Comassetto, S.L. Beier, F. H. Farias, et al Avaliação analgésica e sedativa de dois protocolos em suínos submetidos à orquiectomia. INTRODUÇÃO O estresse característico dos suínos torna necessário o uso de fármacos tranquilizantes e ansiolíticos capazes de minimizar os efeitos indesejáveis sobre o sistema cardiorrespiratório. A associação de fármacos opioides auxilia potencializando a sedação, além de agregar analgesia ao protocolo, minimizando a dor em procedimentos cirúrgicos, esta responsável pelo desconforto e menor ganho de peso em suínos. [9]. Dentre os fármacos utilizados em suínos, o azaperone é comumente utilizado como sedativo [8], seus efeitos cardiovasculares sugerem um bloqueio periférico dos alfas adrenoreceptores [18]. O midazolam (classe dos benzodiazepínicos) pode ser administrado pela via intramuscular associado à cetamina como medicação pré-anestésica, com boa eficiência sedativa [5]. A administração de cetamina em suínos caracteriza-se por boa analgesia somática e sedação, não podendo ser utilizada isoladamente, devido à hipertonia. O controle adequado da dor é fundamental, desta forma, o tramadol apresenta-se como uma opção de baixo custo, fácil aquisição e com mínimos efeitos colaterais. Este fármaco promove analgesia por atuar em receptores µ, com menor afinidade por receptores delta e kappa e ainda através do impedimento da recaptação e aumento da liberação de serotonina e noradrenalina, inibindo assim a transmissão de estímulos dolorosos [13]. Neste sentido, pela ausência de literatura relacionada a protocolos seguros de sedação nesta espécie, objetivou-se avaliar os parâmetros cardiorrespiratórios, hemogasométricos e qualidade de sedação das associações cetamina-midazolam-tramadol ou azaperone-tramadol em suínos submetidos à orquiectomia eletiva. MATERIAIS E MÉTODOS Foram utilizados 22 suínos (Sus scrofa domestica) machos, com três meses de idade, e peso médio de 19,0 kg ± 2,4 Kg. Estes animais foram mantidos no mesmo ambiente durante todo período do estudo, sob luz natural e temperatura ambiente, recebendo ração comercial e agua ad libidum. Foram incluídos no estudo apenas animais considerados hígidos, de acordo com avaliação clinica e laboratorial (hemograma, função hepática e renal). Foram ainda submetidos a jejum alimentar de 12 h e hídrico de 6 h antes do procedimento. Após o jejum, foram submetidos à anestesia geral inalatória com isoflurano 1, diluído em oxigênio 100% administrado através de máscara facial adaptada para suínos, em concentração suficiente para indução e instrumentação dos animais. Após estabilização do plano anestésico foi preparada a região medial do membro pélvico e realizado botão anestésico com 1 ml de lidocaína 2 2%, para dissecação e introdução de uma sonda urinária estéril número 4 na artéria femoral, fixada através de dois pontos na pele e acoplada a um adaptador PRN. Em ato contínuo, encerrou-se a anestesia inalatória e aguardou-se 30 min para e recuperação dos animais e eliminação completa do agente anestésico. Após este período, realizou-se a aferição dos parâmetros basais (M0): frequência cardíaca (FC - bat/ min) avaliada com o auxilio de um estetoscópio, e sempre pelo mesmo avaliador; frequência respiratória (f - mov/min) através da movimentação do gradil costal; pressão arterial sistólica (PAS - mm Hg -1 ), média (PAM - mm Hg -1 ) e diastólica (PAD - mm Hg -1 ) através do cateter na artéria femoral, acoplado a um transdutor de pressão ajustado à altura do átrio direito e conectado ao monitor multiparamétrico 3 ; temperatura retal (TR C) através do termômetro digital. Foi coletado ainda 0,5 ml de sangue arterial, para realização de hemogasometria 4 (potencial de hidrogênio [ph], pressão arterial de dióxido de carbono [PaCO 2 ], pressão arterial de oxigênio [PaO 2 ], excesso de base [EB], bicarbonato [HCO - 3 ], sódio [Na+ ], potássio [K + ] e cloro [Cl - ]. Posteriormente à avaliação de todos os parâmetros em M0, os animais foram alocados em dois grupos: grupo cetamina 5 -midazolam 6 -tramadol 7 (CMT, n = 11) os quais receberam 5 mg.kg -1, 1 mg.kg -1 e 4 mg.kg -1, respectivamente, e grupo azaperone 8 -tramadol (AT, n = 11) os quais receberam 6 mg.kg -1 e 4 mg.kg -1 respectivamente, administrados juntos na mesma seringa pela via intramuscular. As avaliações eram realizadas por um avaliador, sem o conhecimento dos protocolos (estudo cego). Após administração dos tratamentos avaliou-se o período de latência, (período avaliado em min entre a aplicação do fármaco e o tempo de decúbito), decorridos 10 min da aplicação dos fármacos todos os parâmetros foram avaliados novamente (M1), analisando ainda o escore de sedação: 0 - sem sedação [em posição quadrupedal], 1 - pobre sedação [decúbito esternal, cabeça baixa, reflexo palpebral presente e globo ocular centralizado], 2 - boa sedação [decúbito lateral, cabeça baixa, reflexo palpebral diminuído e rotação parcial do globo ocular], 3 - ótima sedação [decúbito lateral, sem 2
4 F. Comassetto, S.L. Beier, F. Farias, et al Avaliação analgésica e sedativa de dois protocolos em suínos submetidos à orquiectomia. movimentação de cabeça, reflexo palpebral ausente e rotação ventromedial do globo ocular]; relaxamento muscular: 0 - [tônus mandibular e de membros normal], 1 - leve [resistência na flexão dos membros ou na abertura da boca], 2 - moderado [pouca resistência na flexão dos membros ou na abertura da boca], 3 - intenso [sem resistência na flexão dos membros ou na abertura da boca]); resposta à estímulos: 0 - [resposta normal], 1 - leve [reage a estímulos com os olhos e o corpo], 2 - moderado [reage a estímulos com os olhos, mas não mexe o corpo], 3 - [não reage aos estímulos]. Com animal posicionado em decúbito dorsal realizou-se bloqueio anestésico local com 2 ml de lidocaína 2%, sem vasoconstritor, na linha de incisão e cordão espermático em ambos os testículos, realizou-se então o procedimento de orquiectomia eletiva, entre os momentos M2 e M3, sendo realizado sempre pelo mesmo cirurgião. Todos os parâmetros descritos anteriormente foram novamente avaliados nos momentos: M2, M3 e M4 (20, 30 e 40 min após administração dos tratamentos). Após M4, foram avaliados os seguintes parâmetros: tempo para decúbito esternal, deambulação e recuperação total dos animais, todos em minutos, além da qualidade de recuperação dos animais, 0 - recuperação ruím [animal agitado, vocalizando], 1 - recuperação boa [suave, sem vocalização]. No pós-operatório imediato os animais receberam antibioticoterapia com penicilina G benzatínica 9 na dose de UI/kg, com intervalos de 48 h, pela via intramuscular e anti-inflamatório não esteroidal fenilbutazona 10 na dose de 2,5 mg/kg, BID durante três dias. A analise estatística foi realizada com auxílio do programa computacional Sigma Stat for Windows. Os dados paramétricos entre grupos dentro do mesmo tempo foram analisados pelo teste t de Student e as avaliações entre tempos no mesmo grupo, pelo teste de (ANOVA)-RM, seguidas pelo teste de Student Newmann Keuls (P < 0,05). Os dados não paramétricos foram comparados pelo teste de Mann Whitney rank Sun test para avaliação entre grupos, e o teste de wilcoxon para avaliação entre tempos (P < 0,05). RESULTADOS O período de latência foi menor no grupo CMT 3,6 min ± 1,4min, quando comparado ao grupo AT 11,2min ± 4,14min (Tabela 2). Em relação à FC, observou-se um aumento dos valores no grupo AT, aos 10, 20 e 30 min após a administração dos fármacos em relação ao momento basal, e aos 10 e 30 min quando comparado ao grupo CMT (Tabela 1). Sobre a PAS, valores menores foram observados aos 10 min no grupo CMT e entre 10 e 40 min no grupo AT em relação ao momento basal. Entre grupos, foram observados valores maiores de PAS no grupo CMT aos 20, 30 e 40 min após a administração dos fármacos, em relação ao grupo AT (Tabela 1). A PAM quando comparada ao momento basal apresentou diminuição dos 10 aos 40 min após aplicação da medicação pré-anestésica em ambos os grupos. Na análise entre grupos observaram-se valores maiores de PAM no grupo CMT aos 20, 30 e 40 min em relação ao grupo AT (Tabela 1). Em relação à PAD ocorreu uma diminuição dos valores em M1 e M2 no grupo CMT e M1 a M4 no grupo AT, em relação ao momento basal. Entre os grupos constatou-se uma diminuição mais acentuada no AT dos 20 aos 40 min, em relação ao grupo CMT (Tabela 1). A TR foi menor em M3 e M4 no grupo AT em relação ao momento basal. Entre grupos a TR foi menor no grupo AT em M2 e M4 comparado ao grupo CMT (Tabela 1). Na análise do ph arterial foi observado um aumento aos 40 min no grupo CMT e 30 e 40 min no grupo AT relação ao momento basal. Na avaliação entre grupos foi observado que as médias do grupo AT foram maiores em relação as médias do CMT apenas aos 30 min (Tabela 1). Os valores de PaCO 2 foram maiores no grupo CMT em relação ao grupo AT, aos 30 min após a aplicação dos fármacos (Tabela 1). Ambos os grupos não apresentaram diferenças em relação ao momento basal. Valores maiores de HCO 3 - foram encontrados aos 30 min após administração dos fármacos em relação ao momento basal no grupo CMT (Tabela 1). Os valores de sódio foram maiores aos 40 min no grupo AT. Entre grupos observaram-se menores valores de potássio aos 20, 30 e 40 min no grupo AT em relação ao grupo CMT (Tabela 1). Não foram observadas diferenças entre tempos e grupos em ambos os grupos para: f, PaO 2, Cl -, e BE. Na avaliação do grau de sedação observou- -se que 6/11 animais apresentaram ótimo grau de sedação nos momentos M2 e M3 no grupo CMT, enquanto no grupo AT apenas 3/11 e 1/11 animais respectivamente. Sobre o relaxamento muscular 6/11 e 7/11 animais no grupo CMT nos momentos M2 e 3
5 F. Comassetto, S.L. Beier, F. H. Farias, et al Avaliação analgésica e sedativa de dois protocolos em suínos submetidos à orquiectomia. M3 apresentaram intenso relaxamento muscular, já no grupo AT 0/11 e 0/11 nestes momentos. Em relação à ausência de resposta a estímulos 8/11 animais apresentaram ausência total de resposta a estímulos no grupo CMT nos momentos M2 e M3, enquanto no grupo AT apenas 2/11 e 1/11 animais nos mesmos momentos (Tabela 3). Sobre os parâmetros: tempos para decúbito esternal no grupo CMT (55,8 ± 25,1 min) e no grupo AT (58,2 ± 21,8 min), tempo para deambulação no grupo CMT (90,9 ± 32,5 min) e no grupo AT (71,9 ± 24,2 min) e para recuperação total no grupo CMT (114,8 ± 36,6 min) e no grupo AT (94,5 ± 29,1 min), não apresentaram diferença estatística entre os grupos (Tabela 2). Tabela 1. Valores médios e desvio padrão dos parâmetros: FC (frequência cardíaca), f (frequência respiratória), TR (temperatura retal), PAS (pressão arterial sistólica), PAM (pressão arterial média), PAD (pressão arterial diastólica), ph, pressão parcial de dióxido de carbono (PACO 2 ), Pressão parcial de oxigênio (PaO 2 ), Sódio (Na + ), Potássio (K + ), Cloro (Cl - ), Bicarbonato (HCO 3- ) e excesso de base (BE) (mmol/l) em suínos com a administração de cetamina-midazolam-tramadol (CMT), ou azaperone-tramadol (AT), para procedimento de orquiectomia, avaliados em M1, M2, M3 e M4 (10, 20, 30 e 40 min após a administração dos fármacos respectivamente). Parâmetro Grupo Basal M1 M2 M3 M4 FC (bat/min) CMT 135±22 129±14 a 124±28 124±14 a 120±17 AT 128±12 159±28 Bb 143±18 B 141± 22 Bb 125±15 f (mov/min) CMT 54±14 57±15 58±15 62±15 60±14 AT 47±8 52±22 51±21 53±19 56±20 TR ( O C) CMT 39,1±0,4 39,1±0,5 39,2±0,5 a 39,1±0,5 39,2±0,4 a AT 38,8±0,5 38,9±0,4 38,7±0,5 b 38,6±0,6 B 38,5±0,5 Bb PAS (mm/hg) CMT 115±11 98±17 A 105±15 a 108±13 a 108±16 a AT 119±14 98±23 B 87±13 Bb 87±11 Bb 86±7 Bb PAM (mm/hg) CMT 104±14 86±16 A 90±11 Aa 93±15 Aa 93±17 Aa AT 105±9 83±15 B 75±9 Bb 72±8 Bb 71±4 Bb PAD (mm/hg) CMT 93±19 76±19 A 80±13 Aa 82±18 a 83±19 a AT 93±6 71±14 B 63±9 Bb 60±8 Bb 58±5 Bb ph CMT 7,48±0.05 7,49±0.03 7,49±0,03 7,49±0,02 a 7,52±0,01 A AT 7,40±0,05 7,40±0,04 7,50±0,03 7,5±0,02 Bb 7,50±0,02 B PaCO 2 (mm/hg) CMT 36±3, ,3±3,4 a - AT 34,7±3, ,4±4,11 b - PaO 2 (mm/hg) CMT 75,6±9, ,8±10,5 - AT 78,1±8, ,7±9,1 - Na + (mmol/l) CMT 141,1±2,1 141,3±2,8 141,7±3 141,4±1 141,9±2,3 AT 141±2,09 141±2,11 141,5±1,96 142±1,22 142,8± 2 B K + (mmol/l) CMT 3,8±0,2 3,6±0,2 3,6±0,2 a 3,6±0,2 a 3,6±0,2 a AT 3,9±0,2 3,6±0,1 B 3,4±0,2 Bb 3,2±0,2 Bb 3,2±0,2 Bb Cl - (mmol/l) CMT 108,3±0,9 108,6±2,7 108,2±2,7 108,2±1,1 108,4±1,6 AT 107,9±2 107,4±2,1 107,8±2,2 108,2±1,4 108,3±1,6 HCO 3 - (meq/l) CMT 22,5±3, ,7± 1,4 A - AT 22,8±3, ,5±3,2 - BE (mmol/l) CMT -1,4±3, ,5±1,3 - AT -0,2±2, ±2,9 - Letras maiúsculas nas linhas significam diferença em relação ao basal (M0). Letras minúsculas entre as linhas na mesma coluna significam diferença entre grupos (Teste t de Student, P 0,05). 4
6 F. Comassetto, S.L. Beier, F. Farias, et al Avaliação analgésica e sedativa de dois protocolos em suínos submetidos à orquiectomia. Tabela 2. Valores médios e desvio padrão de tempo de latência (min.), tempo para decúbito esternal (min.), tempo para deambulação (min) e tempo para recuperação total (min) em suínos após administração de cetamina-midazolam-tramadol (CMT), ou azaperone-tramadol (AT), para procedimento de orquiectomia. Variável Grupo Tempo (min) Tempo de Latência CMT 3,6±1,4 a AT 11,2±4,14b Tempo para Decúbito Esternal CMT 55,8±25,1 AT 58,2±21,8 Tempo para Deambulação CMT 90,9±32,5 AT 71,9±24,2 Tempo para Recuperação Total CMT 114,8±36,6 AT 94,5±29,1 Letras minúsculas entre as linhas na mesma coluna significam diferença entre grupos (Teste t de Student, P < 0,05). Tabela 03. Frequência de animais que apresentaram grau de sedação ótimo, relaxamento muscular intenso e ausência de resposta à estímulos, em suínos após administração de cetamina-midazolam-tramadol (CMT), ou azaperone-tramadol (AT), para procedimento de orquiectomia, aos 10, 20, 30 e 40 min após a administração dos fármacos. Parâmetro Grupo Basal Grau de sedação ótimo CMT - 0/11 6/11 6/11 2/11 AT - 0/11 3/11 1/11 4/11 Relaxamento muscular intenso CMT - 3/11 6/11 7/11 3/11 AT - 0/11 0/11 0/11 0/11 Ausência de resposta à estímulos CMT - 4/11 8/11 8/11 2/11 AT - 1/11 2/11 1/11 2/11 DISCUSSÃO O menor tempo de latência observado no grupo CMT (Tabela 2), pode ser explicado pelo sinergismo dos fármacos, principalmente pela associação da cetamina com o midazolam, corroborando com os resultados observados por Marques; Valadão & Neto [12] o qual utilizaram midazolam para sedação em suínos e observaram período de latência de três min, semelhantes aos resultados do presente estudo. Já no grupo AT o maior tempo de latência explica-se pelo azaperone causar grau de sedação dose dependente, os efeitos são observados após alguns minutos da aplicação e a máxima sedação ocorre em até 20 min após a administração [17]. Neste grupo a avaliação realizada aos 10 min após a aplicação foi prejudicada, uma vez que nem todos os animais encontravam-se sedados adequadamente. O aumento da FC no grupo AT em relação ao basal e ao grupo CMT (Tabela 1), está de acordo com os descritos por Muir &Hubbel [15], os quais afirmam que os derivados das butirofenonas apresentam pobre sedação e relaxamento muscular, desta forma os animais apresentaram-se inquietos resultando em aumento da FC. Outro fator que também pode estar relacionado é a menor analgesia fornecida pelo azaperone em relação à cetamina, pois nos momentos de aumento da frequência cardíaca (entre 20 e 30 min) realizou-se a orquiectomia promovendo assim, maior estímulo doloroso. Flôres et al.[4], também observaram um aumento da FC no grupo tratado com azaperone. Sobre à pressão arterial (Tabela 1), a diminuição na PAS, PAM e PAD no grupo AT em relação com o momento basal, possivelmente ocorreu pelo efeito alfa adrenérgico do azaperone sobre a musculatura lisa vascular levando a redução da resistência vascular sistêmica [18]. No grupo CMT, os valores da PAS, PAM e PAD apresentam-se entre os valores fisiológicos e 5
7 F. Comassetto, S.L. Beier, F. H. Farias, et al Avaliação analgésica e sedativa de dois protocolos em suínos submetidos à orquiectomia. aceitáveis para a espécie [8]. A diminuição observada na PAS, PAM e PAD no grupo AT em relação ao CMT (Tabela 1), ocorreu, pois diferentemente do protocolo azaperone e tramadol (AT), o protocolo de cetamina, midazolam e tramadol (CMT) manteve mais estável as variáveis cardiovasculares, fato explicado através de em estudos realizados em cães [1,16] em que a cetamina demonstrou efeitos cardiovasculares indiretos, levando a um aumento da pressão arterial exercendo efeito variável sobre a resistência vascular periférica, possivelmente pelo aumento do tônus simpático [10]. A diminuição da TR (Tabela 1) no grupo AT, esta relacionada à diminuição da resistência vascular periférica causada pelo azaperone, facilitando as trocas de temperatura com o ambiente e que pode levar a uma hipotermia [16], o que foi minimizado pelo uso de um colchão térmico. O leve aumento do ph (Tabela 01) no grupo CMT pode estar relacionado com o aumento de bicarbonato aos 30 min, levando a uma leve alcalemia, como já observado anteriormente [4], e que pode estar relacionado com resposta a grande manipulação no momento basal, o qual é comum nesses animais [9], no entanto os valores observados encontram-se dentro dos valores aceitáveis para a espécie [6]. O leve aumento do bicarbonato (HCO 3- ) no grupo CMT pode estar relacionado com o aumento da PaCO 2 neste grupo, levando a uma resposta compensatória do bicarbonato. No entanto os valores permanecem dentro dos valores aceitáveis para a espécie. O aumento da PaCO 2 (Tabela 1), observada no grupo CMT em relação ao grupo AT, pode ser relacionada ao protocolo, pois, alguns autores [4,19] sugerem que o midazolam pode reduzir a resposta ventilatória, levando ao aumento do CO 2, e a uma depressão respiratória central. Porém no presente estudo as médias dos valores se encontram dentro dos valores aceitáveis para a espécie [6]. A diminuição do K + no grupo AT pode estar relacionado a baixa sedação deste grupo, e assim o estresse da manipulação pode ter causado liberação de catecolaminas, pois estudos em animais politraumatizados associam o aumento das catecolaminas circulantes com a diminuição dos níveis séricos de K +, fenômeno que decorre tanto da maior excreção renal de potássio como do aumento da atividade da Na (+)- K (+)-ATPase do músculo esquelético, promovendo a entrada de potássio para o interior das células [2]. O maior relaxamento muscular e grau de sedação (Tabela 3) encontrados no grupo CMT, justificam-se pela associação entre cetamina e midazolam, potencializando o efeito sedativo. O midazolam pode causar bom relaxamento muscular, e ainda detém efeito sedativo, fazendo com que os animais permaneçam indiferentes ao meio, por aproximadamente uma hora [3]. A ausência de relaxamento muscular no grupo AT, está de acordo com os resultados descritos anteriormente [15], que demonstram que o relaxamento muscular intenso não é característica das butirofenonas em suínos, pois como observado neste estudo no grupo no grupo AT 0/11 animais apresentaram relaxamento ótimo aos 20 e 30 min após a administração dos tratamentos (M2 e M3) já no CMT, 6/11 e 7/11 animais apresentaram relaxamento ótimo. Em relação ao grau de sedação, no grupo CMT em M2 e M3, 6/11 e 6/11 animais apresentaram nível máximo de sedação, onde no grupo AT nestes momentos, os valores foram de 3/11 e 1/11 respectivamente. Linkenhoker et al. [11] avaliaram vários protocolos de sedação em suínos, sendo que o protocolo que apresentou o melhor resultado foi cetamina e midazolam, quando comparado a cetamina associada a acepromazina, diazepam ou medetomidina. No presente estudo foi adicionado ainda o tramadol, o qual pode ter potencializado a sedação e consequentemente a analgesia. Em relação à ausência de resposta aos estímulos, o grupo CMT (Tabela 3), apresentou melhores resultados que o grupo AT, pois aos 20 e 30 min após administração dos fármacos, 8/11 animais apresentaram ausência total de resposta aos estímulos, comparados a 2/11 e 1/11 animais no AT respectivamente, demonstrando neste grupo, baixa qualidade analgésica/sedativa. Este fato explica-se, pois no grupo CMT ocorreu uma analgesia multimodal, pela associação da cetamina, que atua como antagonista em receptores N-Metil-D-Aspartato (NMDA), e essa interação dos mecanismos de ação dos diferentes fármacos promoveu um melhor bloqueio das diferentes vias atuantes no estímulo doloroso. Ao contrário do descrito por Heinonen et al. [7], onde a associação de cetamina, detomidina e butorfanol não foi capaz de promover plano de sedação para pequenos procedimentos, no presente estudo, foi possível constatar que o protocolo (CMT) associado a bloqueio local tornou factível a realização de pequenos procedimentos como orquiectomia em suínos. 6
8 F. Comassetto, S.L. Beier, F. Farias, et al Avaliação analgésica e sedativa de dois protocolos em suínos submetidos à orquiectomia. Sobre os quesitos relacionados aos tempos de decúbito esternal, deambulação e recuperação total, não ocorreram diferenças entre grupos (Tabela 2). CONCLUSÃO Conclui-se que a administração de cetamina, midazolam e tramadol apresentou melhor estabilidade cardiovascular, menor tempo de latência, melhor relaxamento muscular, grau de sedação e maior ausência de resposta a estímulos quando comparada a administração de azaperone e tramadol em suínos submetidos à orquiectomia eletiva. SOURCES AND MANUFACTURERS 1 Isoflurano - Cristália. Itapira, SP, Brazil. 2 Lidocaína s/v - Teuto Brasileiro S/A. Anápolis, GO, Brazil. 3 Monitor multiparamétrico - Spacelabs Healthcare, CA, USA. 4 Hemogasômetro - Rapidlabor 348, Bayer. São Paulo, SP, Brazil. 5 Cetamina - Rhobifarma Indústria Farmacêutica Ltda. Hortelândia, SP, Brazil. 6 Midazolam - Cristália. Itapira, SP, Brazil. 7 Tramadol - Pfizer. Guarulhos, SP, Brazil. 8 Azaperone - Des-Far Laboratórios Ltda. São Paulo, SP, Brazil. 9 Penicilina G Potássica - Fort Dodge. Campinas, SP, Brazil. 10 Fenilbutazona - Neo Química. Anápolis, GO, Brazil. Ethical approval. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Bem Estar Animal (CETEA) da Universidade do Estado de Santa Catarina, sob o protocolo Declaration of interest. The authors report no conflicts of interest. The authors alone are responsible for the content and writing of the paper. REFERENCES 1 Booth N.H Anestésicos intravenosos e outros parenterais. In: Booth N.H. & Mc Donald L.E. (Eds). Farmacologia e terapêutica em veterinária. 6.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, pp Bundgaard H., Hjeldsen K., Krabbe K.S., Hall G.V., Simonsen L., Qvist J., Hansen C.M., Moller K., Fonsmark L., Madsen P.L. & Pedersen B.K Endotoxemia stimulates skeletal muscle Na+-K+-ATPase and raises blood lactate under aerobic conditions in humans. Heart and Circulatory Physiology: American Journal of Physiology. 284(3): Drechler H.U. & Natalini C.C Uso da associação levomepromazina com midazolam como medicação préanestésica em suínos submetidos a cirurgia experimental. Revista Brasileira Anestesiologia. 39(11): Flôres F.N., Tavares S.G., Moraes A.N., Oleskovicz N., Santos L.C.P., Minsky V. & Keshen E Azaperone e sua associação com xilazina ou dexmedetomidina em suínos. Ciência Rural. 39(4): Geovanini G.R., Pinha F.R., Prado F.A.P., Tamaki T. & Marques E Padronização da anestesia em suínos para procedimentos cirúrgicos cardiovasculares experimentais. Revista Brasileira Anestesiologia. 58(4): Gianotti G.C., Beheregaray W.K., Bianchi S.P., Mombach V.S., Carregaro A.B. & Contesini E.A Suíno como modelo experimental na pesquisa biomédica: valores fisiológicos normais. Acta Scientiae Veterinariae. 38(2): Heinonen M.L., Raekallio M.R., Oliviero C., Ahokas S. & Peltoniemi O.A.T Comparison of azaperonedetomidine-butorphanol-ketamine and azaperone-tiletamine- zolazepam for anaesthesia in piglets. Veterinary Anesthesia and Analgesia. 36(2): Hodgkinson O Practical sedation and anaesthesia in pigs. In Practice. 29(1): Kaiser G.M., Heuer M.M., Fruhauf M.D., KuhneC.A. & Broelsch C General Handling and Anesthesia for Experimental Surgery in Pigs. Journal of Surgical Research. 130(1): Lin H.C Dissociative anesthetics. In: Thurmon J.C., Tranquilli W.J. & Benson G.J. (Eds). Lumb & Jones Vetrinary Anesthesia. 3rd edn. Baltimore: Lea & Febiger Book, pp Linkenhoker J.R., Burkholder T.H., Linton C.G.G., Walden A., Abusakran-Moday K.A. & Rosero A.P. & Foltz C.J Effective and Safe Anesthesia for Yorkshire and Yucatan Swine with and without Cardiovascular Injury and Intervention. Journal of the American Association for Laboratory Animal Science. 49(3): Marques J.A., Valadão C.A.A. & Teixeira Neto F.J Avaliação da associação midazolam/droperidol na tranquilização de suínos. Ciência Rural. 25(2): Myers D Tramadol. Seminars in Avian and Exotic Pet Medicine. 14: Moutinho F.Q Estudo comparativo da utilização do flunitrazepam e do midazolam na contenção medicamentosa em cães: Avaliação clínica e laboratorial. 102 f. Botucatu, SP. Tese (Mestrado em Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho). 7
9 F. Comassetto, S.L. Beier, F. H. Farias, et al Avaliação analgésica e sedativa de dois protocolos em suínos submetidos à orquiectomia. 15 Muir W.W. & Hubbel J.A.E Fármacos utilizados na medicação pré anestésica. In: Muir W.W. & Hubbel J.A.E. (Eds). Manual de anestesia veterinária. 3.ed. Porto Alegre: Artmed, pp Sakihara C.M.D., Nishimura J.M.D., Kobayashi S.M.D., Takahashi S.M.D. & Kanaide H.M.D Direct inhibitory effect of chlorpromazine on smooth muscle of the porcine pulmonary artery. Anestesiologia. 85(3): Silva L.A.F., Sobestiansky J., Gambarini M.L., Matos M.P.C. & Porto R.N.G Utilização do azaperone em suínos: Tenotomia do músculo levantador do lábio maxilar. Hora Veterinária. 18(107): Tranquilli W.J. & Grimm K.A Pharmacology of drugs used for anesthesia and sedation. Veterinary Clinics of North America: Food Animal Practice. 12(3): Whitman J.C., Scott W.A.C., Kurimoto S., Orchard C. & Chakara-Barti M.K Cardiovascular effects of midazolam (RO ) in the dog. British Journal of Anaesthesia. 52:
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