INTRODUÇÃO. O cultivo de orquídeas tem se destacado de forma rentável no mercado em muitas partes

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1 INFLUÊNCIA DA SACAROSE NA ACLIMATIZAÇÃO DE Cattleya labiata L. EM SUBSTRATO COM DIFERENTES PORCENTAGENS DE CASCA DE ARROZ CARBONIZADA E FIBRA DE COCO (Cocus nucifera L.) 1 Rebeca de Araújo Torres 2, Roberto Jun Takane 3, Diva Corrêa 4, Renato Inneco 5 INTRODUÇÃO O cultivo de orquídeas tem se destacado de forma rentável no mercado em muitas partes do mundo, porém a preocupação com a utilização de materiais de cultivo provenientes de fontes renováveis vem aumentando ao longo dos últimos anos. Muitos estudos têm sido realizados visando o uso de fontes alternativas de substratos que promovam bom desenvolvimento de orquídeas, uma vez que o xaxim substrato mais utilizado encontrase em situação de extinção. De acordo com Sequeira, 2007 na busca por alternativas para o xaxim alguns materiais, muitas vezes inusitados, ganham notoriedade e entram nas listas de testes de pesquisadores ao redor do mundo. A sobrevivência e o crescimento de plântulas micropropagadas, após sua remoção do meio de cultivo in vitro, têm encontrado dificuldades em diferentes culturas. A transferência de ambiente protegido, estéril, com açúcares e com umidade saturada, para ambiente não-estéril e com reduzida umidade, tem levado à perda de plantas, baixa taxa de crescimento e período prolongado na obtenção de plantas completamente aclimatadas (Lakso et al. 1986). O fator substrato utilizado na fase de aclimatização é uma fator de grande importância, pois pode facilitar ou impedir o crescimento e desenvolvimento das plantas micropropagadas, influenciando diretamente no seu sucesso (COUTO et al., 2003). Assim, o objetivo desse trabalho foi avaliar o índice de sobrevivência de plântulas de Cattleya labiata L. cultivadas em meio de cultura MS 1 Resumo expandido apresentado no VII ENSub, de setembro de 2010, Goiânia, Goiás 2 Acadêmico de Agronomia, UFC 3 Prof. Adjunto, CCA/UFC 4 Pesquisadora EMBRAPA Agroindústria Tropical 5 Prof. Associado CCA/UFC - Universidade Federal do Ceará, Fortaleza - CE

2 2 com concentrações de 20 g.l -1 e 30 g.l -1 de sacarose, aclimatizada em substrato à base de fibra de coco e casca de arroz carbonizada ambos resíduos da agroindústria. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado no período de 02/2010 a 03/2010, no telado do Setor de Horticultura do CCA/UFC em Fortaleza-Ceará. O telado possui tela de proteção de polipropileno, de coloração preta, com retenção de 70% do fluxo de radiação solar. Utilizaram-se plântulas de orquídeas Cattleya labiata L, obtidas a partir da semeadura in vitro realizada no Laboratório de Cultura de Tecidos Vegetal da EMBRAPA Agroindústria Tropical, em meio de cultura MS contendo duas concentrações de sacarose, 20 g.l -1 e 30 g.l -1. Os frascos contendo as plântulas foram abertos e colocados sobre uma bancada no telado, após dois dias as plântulas foram retiradas e lavadas com água corrente, em seguida plantadas em embalagens de bolo de polietileno, GA-17, transparente com dimensões: 18,7 cm x 13,0 cm x 7,3 cm. Estas embalagens foram furadas na base, e mantidas sobre uma bancada. No experimento, foram testados cinco tratamentos, utilizando os seguintes substratos: T1 = 100%FC (100% fibra de coco); T2 = 75%FC (17% de fibra de coco + 25% casca de arroz carbonizada); T3= 50%FC (50% de fibra de coco seco + 50% de casca de arroz carbonizada); T4= 25%FC (25% de fibra de coco seco + 75% de casca de arroz carbonizada) e T5= 100%CAC (100% de casca de arroz carbonizada). Na Tabela 1, os tratamentos foram caracterizados quanto ao ph, utilizando peagâmetro digital e condutividade elétrica (CE), através de um condutivímetro digital pelo método de lixiviação conforme KÄMPF et al. (2006). A fibra de coco utilizada no experimento foi a ECOMIX tipo 30, lavada duas vezes em água corrente. A casca de arroz foi carbonizada, com o auxilio de um tambor em chamas, adaptado pelo sistema descrito por KÄMPF et al. (2006). Os substratos foram misturados em proporções volumétricas e umedecidos com

3 3 água. Durante a condução do experimento, as bandejas foram abertas uma vez por semana para a adubação e irrigação. Utilizou-se 1 ml de SOLAN PLUS por litro de água, cuja matéria prima é vinhoto de cana-de-açúcar, macronutrientes secundários e micronutrientes, conforme consta na Tabela 2. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, seguindo um esquema fatorial 2x5, com cinco repetições por tratamento, sendo cada repetição constituída por dez plântulas. O experimento foi avaliado através da contagem de plantas vivas uma vez por semana, por 5 semanas seguidas. Os dados foram submetidos à análise de regressão utilizando o Programa Estatístico SANEST (Zonta & Machado, 1984). Tabela 1 - Misturas dos substratos fibra de coco (FC) e casca de arroz carbonizada (CAC) tratamentos misturas ph CE ds.m -1 T1 100% FC 6,31 0,29 T2 75% FC + 25% CAC 6,56 0,19 T3 50%FC+50%CAC 6,60 0,25 T4 25%FC+75%CAC 6,76 0,41 T5 100%CAC 6,84 0,11 Tabela 2 - Formulação do adubo foliar SOLAN PLUS nutrientes %L Boro 0,50 Carbono Orgânico 8,00 Cobalto 0,10 Enxofre 2,90 Manganês 1,30 Molibdênio 0,10 Zinco 4,40 RESULTADOS Os resultados obtidos demonstram que as orquídeas micropropagadas em meio de cultura contendo 20 gl -1 de sacarose são mais resistentes ao processo de aclimatização ex vitro, apresentando maior taxa de sobrevivência nos substratos testados quando comparadas as do meio de cultura contendo 30 gl -1 de sacarose (Figura 1). Para essas orquídeas na taxa de 20 gl -1, o substrato que proporcionou maior taxa de sobrevivência foi o T1 (100% FC)

4 4 com mais de 80% (Figura 1A) e o que apresentou menor taxa foi o T3 (50%FC+50%CAC) com aproximadamente 60%, aos 35 dias de aclimatização (Figura 1C). As boas propriedades físicas da fibra de coco, a sua não reação com os nutrientes da adubação, sua longa durabilidade sem alteração das características físicas, a possibilidade de esterilização, a abundância da matéria prima que é renovável e o baixo custo fazem da fibra de coco um excelente substrato para o cultivo sem solo de hortaliças e flores (CARRIJO et al., 2002). Para as orquídeas micropropagadas em meio de cultura contendo 30 gl -1 de sacarose o substrato que proporcionou maior taxa de sobrevivência foi o T5 (Figura 1E) com pouco mais de 30% e o T3 (Figura 1E) foi o que apresentou menor taxa com aproximadamente 10% de plantas vivas aos 35 dias de aclimatização. Todos os tratamentos apresentaram um valor de ph próximo à neutralidade (ph acima de 6,0) o que leva a concluir que são meios consideravelmente ricos em minerais, possibilitando assim uma certa quantidade de nutrientes nas soluções. Entretanto segundo DÍAZ-PÉRES et al., (1995) podemos associar que as principais causas da mortalidade de plantas transferidas de um ambiente in vitro para um ex vitro são o desenvolvimento de estômatos não funcionais, a presença de cutícula delgada e parênquima paliçádico pouco desenvolvido.

5 5 A B C D E Figura 1 Representação gráfica da percentagem de sobrevivência em função dos dias de avaliação de Cattleya labiata L. micropropagadas em meio de cultura contendo 20 gl -1 e 30gL -1 de sacarose aclimatizada em diferentes substratos a base de fibra de coco e casca de arroz carbonizada. UFC, Fortaleza, CE Segundo Takane (2002) trabalhando com a influência da sacarose e do cloreto de cálcio na aclimatização e no crescimento inicial de plântulas de Oncidium varicosum Lindl &Paxton

6 6 (Orchidaceae) germinadas in vitro mostrou que doses elevadas de sacarose, de 40 g L -1, foram pouco eficientes na taxa de sobrevivência, apresentando altos índices de mortalidade. Hoffmann et al. (2001), trabalhando com macieira, demonstraram que a sobrevivência das plantas entre 7 e 21 dias da aclimatização caiu para 85%, em virtude do estresse sofrido na transferência das plantas do laboratório para a casa de vegetação. Porém, esses autores também observaram que, nos últimos dias do período de aclimatização, a sobrevivência manteve-se inalterada, indicando uma tendência a estabilização a partir dos 28 dias. CONCLUSÃO Conclui-se que as plântulas de Cattleya labiata L. cultivadas em meio de cultura MS apresentaram maiores taxas de desenvolvimento (80%) na concentração de 20 gl -1 de sacarose quando aclimatizada em substrato à base de 100% fibra de coco. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CARRIJO, O. A.; LIZ, R. S.; MAKISHIMA, N. Fibra da casca do coco verde como substrato agrícola. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 20, n. 4, p , COUTO, M.; WAGNER JÚNIOR, A.; QUEZADA, A. C. Efeito de diferentes substratos durante a aclimatização de plantas micropropagadas do porta-enxerto Mirabolano 29C (Prunus cerasifera EHRH.) em casa de vegetação. Revista Brasileira de Agrociência, Pelotas, v. 29, n. 2, p , DÍAZ-PÉREZ, J. C.; SUTTER; E. G.; SHACKEL, K. A. Acclimatization and subsequent gas exchange, water relations, survival and growth of microcultured apple plantlets after transplanting them in soil. Physiologia Plantarum, Copenhagen, v. 95, n. 2, p , HOFFMANN, A. et al. Efeito de substratos na aclimatização de plantas micropropagadas do porta-enxerto de macieira marubakaido. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v.25, n.2, p , 2001.

7 7 KÄMPF, A. N.; TAKANE, R. J.; SIQUEIRA, P. T. V. Floricultura: técnicas de preparo de substratos. Brasília: LK Editora e Comunicação, 2006, p LAKSO, A. N., B. I. REISH, J. MORTENSEN & M. H. ROBERTS Carbon dioxide enrichment forstimulation of growth of in vitro-propagated grapevines after transfer from culture. J. Amer. Soc. Hort. Sci., 111 (4): SEQUEIRA, L. G. C. C. Avaliação de diferentes substratos e da inoculação de fungos rizoctonióides no crescimento inicial de Hadrolaelia perrinnii f. Dissertação (Mestrado em Gestão de Recursos Agroambientais) Pós-Graduação IAC. TAKANE, R.J. Influência da Sacarose e do cloreto de cálcio na aclimatização e no crescimento inicial de plântulas de Oncidium varicosum Lindl.&Paxton (Orchidaceae) germinadas in vitro f. Tese (DOUTORADO em Fitotecnia) Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Jaboticabal, ZONTA, E.P.; MACHADO, A.A. SANEST Sistema de análise estatística para microcomputadores. Pelotas, 1984.