Resíduos Agrícolas no Cultivo de Amoreira - Preta Xavante em Vaso para Uso como Planta Ornamental
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1 Resíduos Agrícolas no Cultivo de Amoreira - Preta Xavante em Vaso para Uso como Planta Ornamental Mariana Larrondo Bicca ; Juliana Padilha da Silva ; Laura Reisdörfer Sommer ; Adriane Marinho de Assis ; Márcia Wulff Schuch Universidade Federal de Pelotas - UFPel, mary.bicca@hotmail.com; julianap.silva@hotmail.com; laurarsommer@hotmail.com; agroadri7@gmail.com; marciaws@ufpel.tche.br Resumo: A amoreira-preta (Rubus spp.) pertencente ao grupo das pequenas frutas, é uma espécie promissora para utilização como planta ornamental por apresentar atributos relevantes em relação as características das folhas, flores e frutos, possibilitando a diversificação dos produtos da floricultura e da fruticultura. Assim, objetivou-se com esse trabalho, verificar o resíduo agrícola adequado para o cultivo em vaso de amoreira-preta Xavante, no intuito de viabilizar seu uso como planta ornamental. Para tanto, foram utilizadas mudas de amoreira-preta Xavante oriundas do banco de germoplasma do laboratório de micropopagação da Universidade Federal de Pelotas e os resíduos agrícolas casca de arroz (CAC), fibra de coco e a mistura de ambos na proporção :. As mudas foram transferidas para vasos de polipropileno preto de cinco litros e aos 0, 60 e 90 dias avaliou-se o número e o comprimento das brotações e número de flores. Ao longo do experimento, observou-se que as mudas plantadas nos vasos com os resíduos agrícolas fibra de coco e mistura da mesma com CAC, apresentaram maior número de brotações e maior comprimento das brotações. Conclui-se que a fibra de coco ou a mistura desse resíduo com CAC são os mais indicados para o cultivo de amoreira-preta Xavante em vaso. Palavras chave: Rubus spp., resíduo agrícola, vaso INTRODUÇÃO A fruticultura ornamental vem emergindo como uma alternativa inovadora para o paisagismo, o mercado de plantas de vaso, de corte, bem como na confecção de bonsai e como minifrutos para ornamentação (SANTOS, 204). Esta atividade representa uma oportunidade de negócio para os produtores da área de fruticultura e uma opção de diversificação na floricultura, no intuito de atender a demanda do mercado por produtos diferenciados. Dentre as alternativas para a diversificação das espécies está a amoreira-preta (Rubus sp.) Xavante, um arbusto de porte ereto, semi-ereto ou rasteiro pertencente ao grupo das pequenas frutas. Apresenta outras características relevantes para a floricultura, como as hastes vigorosas, eretas e sem espinhos, flores brancas ou rosadas e frutos com coloração arroxeada (MOORE et al., 2004). A amoreira-preta, quando cultivada a campo, desenvolve-se em diversos tipos de solo (RASEIRA et al., 996). Em geral, o sistema radicular não tolera solos
2 encharcados, sendo assim o uso de camalhões pode ser uma alternativa para um local periodicamente molhado (FERNANDEZ & BALLINGTON, 999). Vários substratos estão disponíveis; dentre os quais está a casca de arroz que apresenta a baixa densidade, baixa capacidade de retenção de água e alta porosidade. Outro material que pode ser utilizado é a fibra de coco que possui como vantagens a elevada porosidade total e capacidade de aeração, boa capacidade de retenção de água, estrutura física estável, e baixa densidade (TAKANE et al.,20). Com isso, objetivou-se avaliar o uso de resíduos agrícolas no cultivo da amoreirapreta Xavante em vaso, visando a otimizar seu uso como planta ornamental. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado no período de agosto de 205 a fevereiro de 206, no Laboratório de Propagação de Plantas Frutíferas, no Departamento de Fitotecnia da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel (FAEM), da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Capão do Leão-RS. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado em esquema bifatorial, com quatro repetições e 40 plantas por repetição. O fator de tratamento A testou resíduos agrícolas (casca de arroz, fibra de coco Amafibra e a mistura de ambos) e, o fator B as épocas de avaliação (0, 60 e 90 dias). Foram utilizadas mudas de amoreira-preta Xavante pertencentes ao banco de germoplasma da UFPel, com 2 meses e 20cm + 2,00 cm. No plantio, as mudas foram acondicionadas em vasos de polipropileno preto com volume de cinco litros, contendo uma muda por vaso. No interior dos vasos foi inserida uma camada de cerca de 5 cm de pedaços de isopor poliestireno com cerca de cm para a drenagem. Em seguida, os vasos foram preenchidos com os resíduos agrícolas casca de arroz, fibra de coco padrão 47 Amafibra e a mistura de ambos, na proporção :. As mudas foram mantidas em estufa agrícola com cobertura de plástico transparente de 50 micras, sendo os vasos distribuídos no piso da mesma sobre polietileno transparente. As mudas foram irrigadas diariamente com água, com o auxílio de um regador, e a cada 5 dias, com solução nutritiva recomendada por Schuch e Peil (202), com formulação de macro e micronutrientes, de acordo com as necessidades da cultura. As avaliações foram realizadas aos 0, 60 e 90 dias após a instalação do experimento. Foram avaliados o número e o comprimento das brotações (cm) e o número de flores. Os dados obtidos foram analisados quanto à normalidade pelo teste de Shapiro Wilk; à homocedasticidade pelo teste de Hartley; e, a independência dos resíduos por análise gráfica. Posteriormente, os dados foram submetidos à análise de variância através do teste F (p 0,05). Constatando-se significância estatística, os efeitos dos substratos foram comparados pelo teste de Waller-Duncan (p 0,05). Os efeitos das épocas de avaliação (dias) foram avaliados por modelos de regressão (p 0,05), conforme segue: y = yo + ax; y = yo + a/x; y = yo + ax + bx 2, onde: y = variável resposta; yo = variável resposta correspondente ao ponto mínimo da curva; a = valor máximo estimado para a variável resposta; b = declividade da curva; x = 2
3 épocas de avaliação (dias). A presença de correlações entre as variáveis dependentes do estudo foi analisada através do coeficiente de correlação de Pearson. RESULTADOS E DISCUSSÃO Para as variáveis número de brotações, comprimento de brotações e número de flores houve interação entre os fatores testados (Tabela e Figura ). Tabela - Número e comprimento de brotações (cm) e número de flores de amoreira-preta conduzidas com diferentes substratos e épocas de avaliação. UFPel, Pelotas/RS, 204/5. Substratos Número de brotações,0±0, b / 2,04±0,24 b 2,2±0,22 a Fibra de coco,22±0,5 a 5,2±0,27 a,5±0,52 a CAC+FC,±0, a 2,4±0,2 b 2,7±0,25 a Comprimento de brotações (cm) 2,2±0,25 b 7,80±0,95 b 0,50±0,42 c Fibra de coco 5,02±0, a 2,28±, a 8,78±0,79 b CAC+FC 4,65±0,5 a,±,27 a 2,65±0,68 a Número de flores 0,8±0,7 a 0,27±0,02 b 0,27±0,4 b Fibra de coco,±0,8 a,9±0,48 a,02±0,8 a CAC+FC 0,6±0,0 a 0,60±0,5 b 0,8±0,7 ab / Médias (± erro padrão) acompanhadas por mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Waller-Duncan (p 0,05) comparando os substratos em cada época. CAC= e FC= fibra de coco. Quanto ao número de brotações (Tabela ), aos 0 dias, na mistura de casca de arroz com fibra de coco foram obtidas as maiores médias, não diferindo da fibra de coco; enquanto aos 60 dias, a fibra de coco apresentou as maiores médias, diferindo estatisticamente dos demais tratamentos. Pelizza et al. (20), em estudo realizado com microestacas de mirtileiro Climax, constatou que o substrato Plantmax + casca de arroz proporcionou melhores resultados quanto ao número de brotações. Com relação ao comprimento de brotações, destacou-se a mistura dos substratos com as maiores médias aos 60 dias e aos 90 dias de avaliação, sendo que neste período, todos os substratos diferiram entre si (Tabela ). Essa variável é de suma importância, tendo em vista que por se tratar de plantas com fins ornamentais, quanto maior o tamanho das brotações, mais atrativa ela se torna para o mercado consumidor.
4 Para o número de flores, aos 0 dias não foram observadas diferenças significativas entre os resíduos e aos 60 dias, somente a fibra de coco diferiu dos demais apresentando as maiores médias. Aos 90 dias, observou-se diferenças significativas entre casca de arroz e fibra de coco (Tabela ). Da mesma forma que as brotações, as flores de coloração branca ou rosadas da amoreira-preta são muito atrativas para o mercado da fruticultura ornamental. Os dados de número de brotações ajustaram-se adequadamente ao modelo de regressão linear para casca de arroz, polinomial quadrático para fibra de coco e inverso de primeira ordem para a mistura de ambos resíduos agrícolas (Figura A). Entretanto, os dados de comprimento de brotações ajustaram-se adequadamente ao modelo de regressão linear para ambos os substratos (Figura B) e os dados de número de flores ajustaram-se adequadamente ao modelo de regressão linear somente para o resíduo casca de arroz (Figura C). Número de brotações (A) Comprimento de brotações (cm) (B) y (Cas) (CAC) = 0,90 + 0,02x R 2 = 0,55 y (Fib) (FC) = - 2,95 + 0,27x - 0,002x 2 R 2 = 0,60 y y(cac+fb)= (Mis) =,8,8 + 44,84/x + 44,84/x R 2 = 0,59 y y(cac) (Cas) = -,67 + 0,4x R 2 = 0,87 y y(fc) (Fib) = -,72 + 0,2x R 2 = 0,94 y y(cac+fc)= (Mis) = -,85 -,85 + 0,28x + 0,28x R 2 R² = 0,97 = 0,97 Número de flores 2,5 2,0,5,0 0,5 0,0 (C) y(cac) y (Cas) =,02-0,0x R 2 = 0,5 FC Fib CAC+FC Mis Figura : Número de brotações (A) e comprimento de brotações (cm) (B) e número de flores (C) de amoreira-preta Xavante plantadas nos substratos casca de arroz (CAC), fibra de coco (FC) e a mistura destes substratos (CAC+FC) em diferentes épocas de avaliação. UFPel, Pelotas/RS, 204/5. 4
5 CONCLUSÃO A fibra de coco ou a mistura desse resíduo com casca de arroz são os mais indicados para o cultivo de amoreira-preta Xavante em vaso, visando o uso como planta ornamental, pois nestes resíduos, visualmente, as plantas apresentaram desenvolvimento mais adequado. AGRADECIMENTOS À Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), pela concessão da bolsa de estudos. REFERÊNCIAS FERNANDEZ, G.; BALLINGTON, J. R. Growing Blackberries in North Carolina. North Carolina State University, North Carolina A&T State University, US Department of Agriculture, and local governments cooperating, 9 p., 999. MOORE, J. N.; SANTOS, A. M.; CLARCK, J.; RASEIRA, M. do C. B.; ANTUNES, L.E. C. Cultivar de Amora-preta Xavante. In: 2º Simpósio Nacional do Morango e do º Encontro de Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul, Pelotas- RS. p , (Embrapa Clima Temperado, Documentos 2) PELIZZA, T. R.; DAMIANI, C. R.; RUFATO, A. de R.; SOUZA, A. L. K. de; RIBEIRO, M. de F.; SCHUCH, M. W. Microestaquia em mirtileiro com diferentes porções do ramo e substratos. Bragantia, Campinas, v. 70, n. 2, p.9-24, 20. RASEIRA, M. do C. B.; SANTOS, A. M. dos; MADAIL, J.C. M. Coleção Plantar - A Cultura da Amora-Preta, Brasília: EMBRAPA SPI. v., n., 6p SANTOS, A. R. A dos. Pré-melhoramento genético de citros para fins ornamentais. Dissertação Mestrado - Universidade Federal do Recôncavo da Bahia- Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas Cruz das almas, Bahia, 204. TAKANE, R. J.; YANAGISAWA, S. S.; DE ASSIS, E. "Técnicas em substratos para a floricultura." Fortaleza: Expressão Gráfica e Editora, Brasil (20). 5
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