Relação entre os alagamentos na cidade de Belém-PA, a pluviosidade e o nível da maré
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- Leonardo Domingos Castilhos
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1 Relação entre os alagamentos na cidade de Belém-PA, a pluviosidade e o nível da maré João de Athaydes Silva Júnior 1, Antonio Carlos Lôla da Costa 2, Simaia do Socorro Sales das Mercês 1 1 Universidade Federal do Pará, Núcleo de Altos Estudos Amazônico, Rua Augusto Corrêa, nº 1, Guamá, - Campus Profissional - athaydes@ymail.com 2 Universidade Federal do Pará, Instituto de Geociências, Faculdade de Meteorologia, Rua Augusto Corrêa, nº 1, Guamá, - Campus Básico lola@ufpa.br ABSTRACT: This work aims to study the relationship between rainfall in the city of Belém with the events of urban flooding, when they were associated or not with the events of high tide. In gathering information about the episodes of flooding was used news published in local newspapers, and some field observations. Were mapped by public floods the main points of the city, and they are in the lower areas close to water courses, mainly in the periphery. In the analysis of this work was related to the total rainfall of the day it was detected events of floods in the city, and it can be concluded that rainfall events over mm along with the high tide since the city and cause problems with low tide 35 mm rain is enough for this. Palavras-chave: Alagamento, chuva e cidade. 1. INTRODUÇÃO No decorrer da historia da humanidade sempre houve a interação sociedade-clima, independentemente da forma que ocorreu, positivamente ou não. Quando se configurou de forma positiva, tivemos a consolidação de inúmeras civilizações pelo planeta, e na segunda hipótese, a historia amarga inúmeros casos de desgraças, fome, crises, colapsos da humanidade, restando só a adaptação ao meio ou a migração em massa para outras regiões devido as condições climáticas que foram expostas. Na atualidade, os debates relacionados aos problemas socioambientais têm levado mais em conta o papel do clima como um dos elementos fundamentais na interação entre o homem e a natureza, se preocupando com as proporções dos riscos e impactos ambientais ligados a atmosfera (Monteiro &Mendonça, 1). Nas últimas décadas, a ocupação do território urbano adquiriu novas características, que claramente entraram em conflito com a preservação do meio ambiente. A intensificação de atividades garimpeiras, mineradoras, somado as atividades pecuárias, trouxeram para a região norte um rápido processo de crescimento de centros urbanos, cada vez mais numerosos, cujo resultado final foi à rápida degradação ambiental e um rápido crescimento urbano de forma desorganizada. Os eventos de alagamentos nas metrópoles, no decorrer do tempo, vêm se tornando cada vez mais constantes, devido a vários fatores, dentre os quais podemos citar: a impermeabilização da superfície com asfalto e concreto; a falta de organização pública, que permite invasões e que sejam construídas residências em áreas de risco; a falta de saneamento e limpeza das vias e da drenagem pública; a falta de consciência de boa parte dos indivíduos que habitam essas metrópoles, além dos eventos climáticos extremos, que no decorrer dos anos estão ficando cada vez mais intensos. As ocorrências dos eventos de alagamento causam diversos problemas a cidade, que vão desde os da ordem financeira, até os de saúde pública. Durante estes eventos de alagamentos, a população fica exposta a inúmeras doenças de
2 veiculação hídrica, pelo contato com essa água, além de haverem perdas materiais, o que implica em custos econômicos a essa população que é mais atingida. Neste trabalho iremos analisar a correlação entre os eventos de alagamentos na cidade na Belém com a ocorrência das precipitações pluviais e o nível das marés. 2. METODOLOGIA O presente estudo foi realizado no município de Belém, capital do Estado do Pará, que faz divisas ao oeste com a Baía do Guajará, ao sul com o Rio Guamá, ao norte com a Baía de Santo Antônio e a leste com o Município de Ananindeua, conforme a Figura 1. Sua população estimada é de habitantes (IBGE, 9). O município possui uma área territorial de 1.65 Km² e sua coordenada geográfica é 1ºS 27 e 48º W, conforme a figura 1. A Cidade de Belém possui uma altitude média de metros acima do nível médio do mar, com um relevo predominantemente plano, com 6 % de sua área acima da cota de 4 metros com relação ao nível do mar (Costa, 1998). O clima em Belém, segundo a classificação de Köppen ( ) é do tipo Am, ou seja, clima tropical chuvoso de monção. A média anual da temperatura do ar é de 26, ±,4ºC, com máximas e mínimas variando de 3 ±,7 a 2 ±,3ºC, respectivamente, durante o ano (INMET, 1992) Este trabalho foi desenvolvido com a utilização dos dados de precipitação pluvial de uma estação meteorológica automática (EMA) instalada na região central da cidade, no bairro de São Braz. Além dos dados da EMA, foram utilizadas informações referentes ao nível da maré, fornecidas no site da Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN), da Marinha do Brasil e noticias publicadas em jornais locais referentes aos eventos e problemas de alagamentos provocados tanto pela chuva quanto pela maré alta. Também foram utilizadas algumas observações in loco de pontos de alagamento. As análises deste trabalho foram feitas com a correlação das informações coletadas com um software de planilha eletrônica. Figura 1 Localização geográfica de Cidade de Foram mapeados na cidade pelas Secretarias Municiais de Saneamento (Sesan) e de Urbanismo (Seurb) e pela Defesa Civil (estadual e municipal), aproximadamente, pontos críticos de alagamentos. Os pontos mais afetados encontram-se nas áreas mais baixas da cidade, nas proximidades dos cursos hídricos e, principalmente, na periferia, que sofreu um processo desorganizado de urbanização. Dos pontos mapeados, os que abrangem a área da Bacia da Estada Nova que possuem a maior freqüência de alagamentos, são os que se encontram no entorno do canal que margeia a Tv. 14 de Março e o trecho da Rua Quintino Bocaiúva, entre a Rua dos Mundurucus e a Av. Fernando Guilhon. Já os pontos mais críticos de alagamento na Bacia do Rio Tucunduba são na Rua Augusto Correa, entre Bernardo Sayão e Igarapé Miri, na Tv. Vileta, entre o Canal Leal Martins e Passagem São Francisco Xavier, a passagem Acataussu Nunes, entre o Canal
3 da Tv. Timbó e a Tv. Maurití, a Av. Perimetral, entre a passagem Cássia e a Tv. Barão do Triunfo e Av. Celso Malcher, entre o Canal Tucunduba e a Rua São Domingos. RESULTADOS E DISCUSSÃO As figuras 2, 3 e 4 ilustram informações da precipitação pluvial e do nível da maré na cidade de Belém, PA, para os meses de janeiro, fevereiro e março, respectivamente. No mês de janeiro de foi registrado eventos de alagamento nos dias 15,, 25e 26. Conforme ilustrado na figura 2, o evento ocorrido no dia 15/1 foi de 42,4 mm de precipitação, o que foi suficiente para provocar pontos de alagamento na cidade, mesmo com a maré baixa (,7 m). No dia /1 o total precipitado no dia foi de 58,7 mm, sendo que,9 mm ocorreram durante o evento da maré alta (2,9 m) o que também provocou alagamentos na cidade. No dia 25/1 o evento de 41,9 mm precipitado, durante a maré alta (2,6 m), também provocou pontos de alagamento da cidade. No dia 26/1, houveram dois eventos de precipitação sendo um com 47,7 mm e o outro evento com 39,6 mm. No primeiro evento, mesmo com a maré baixa (,9 m), o que provocou alguns pontos de alagamento na cidade, e o segundo evento, juntamente, com a maré alta (3,1 m) causou grandes transtornos tanto ao transito como a população com os alagamentos pela cidade. O somatório dos totais precipitados nesses eventos foi de 2,3mm, o que corresponde a 66,2% do total precipitado neste mês, que foi 347,7mm, indicando uma distribuição desuniforme da pluviosidade durante o mês. No mês de fevereiro de foram registrados eventos de alagamento nos dias 9, 13 e 28. No dia 9/2, precipitou 3 mm e ocorreram pontos de alagamentos na cidade, mesmo com o nível da maré não estando muito alto (1,3 m). No dia 13/2, precipitou 67,3 mm, o que corresponde a,4% do total pluviométrico mensal, ocasionando vários pontos de alagamentos na cidade, mesmo com o nível da maré estando baixo (,7 m). No dia 28/2, a precipitação foi de 11,7 mm e ocorreram alguns pontos de alagamento nas áreas mais baixas da cidade, provavelmente, devido a problemas de drenagem, já que o nível da maré estava baixo (,3 m). O somatório dos totais precipitados nesses eventos foi de 113 mm, o que corresponde a 34,3% do total precipitado neste mês que foi 329,4mm. No mês de março de foram registrados eventos de alagamento nos dias 1, 2, 24, 27, 29, e 31. No dia 1/3, não houve precipitação e o alagamento se deu devido ao nível da maré estar alto (3,9 m), atingindo principalmente as áreas mais baixas da cidade, enquanto que no dia 2/3 choveu apenas 4,8 mm, mas devido ao nível da maré também existiram alagamentos. No dia 24/3, houveram alagamentos pela cidade, sendo que a precipitação foi de 17,8 mm e o nível da maré foi de 2,7m. No dia 27/3, a precipitação foi de 35,8 mm, havendo alagamentos mesmo com o nível da maré baixo (,6 m). Nos dias 29/3 e /3 a principal causa do alagamento foi o nível da maré que estava alto, 3,7 m e 3,8 m, respectivamente, sendo que a precipitação ocorrida foi baixa. No dia 31/3, com apenas,9 mm de chuva e o nível da maré estando alto (3,7 m) foi suficiente para ocorrer alagamentos na cidade. O somatório dos totais precipitados nesses eventos foi de 69,6 mm, o que corresponde a 22,1% do total precipitado neste mês que foi 314,7 mm.
4 Precipitação (mm) 6 Precipitação Nível da Maré Dias de Janeiro de Figura 2 Nível da maré e precipitação pluvial do mês de janeiro de na cidade de 8 7 Precipitação Nível da Maré Precipitação (mm) Dias de Fevereiro de Figura 3 Nível da maré e precipitação pluvial do mês de fevereiro de na cidade de Precipitação (mm) Precipitação Nível da Maré Dias de Março de 4,5 Figura 4 Nível da maré e precipitação pluvial do mês de março de na cidade de CONCLUSÕES
5 Após as análises básicas dos resultados deste trabalho, pode-se concluir que o nível da maré, quando alto, exerce uma grande influência nos eventos de alagamento da cidade, principalmente, quando associado a eventos de precipitação maiores que mm. Sem que haja influência do nível da maré alta, apenas com as chuvas do tipo convectivas, com valores acima de 35 mm, em intervalos curtos de tempo, já são suficientes para gerar transtornos a cidade com alagamentos, o que mostra claramente que o sistema de drenagem pluvial na cidade de Belém está insuficiente para receber as precipitações predominantes na cidade. AGRADECIMENTOS Agradeço ao CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico pelo financiamento desta pesquisa. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COSTA, A.C.L. Estudo de Variações Termo-Higrométricas de Cidade Equatorial devido ao Processo de Urbanização. O caso de Belém - PA. Tese de Doutorado em Engenharia Ambiental, EESC-USP. São Carlos, SP. 232p., DHN, Diretoria de Hidrografia e Navegação, Marinha do Brasil. Acessado em 2/4/. IBGE, 9. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. INMET, Instituto Nacional de Meteorologia, Normais Climatológicas 1961 a 199. Brasília, DF, MONTEIRO, C. A. F., MENDONÇA, F. Clima urbano. Editora Contexto, São Paulo, SP, 192 p., 1.
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