1 Algumas Reflexões sobre as Relações Sociais sob Escravidão (Porto Alegre, )

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1 1 Algumas Reflexões sobre as Relações Sociais sob Escravidão (Porto Alegre, ) Roger Elias UFRGS / IF Farroupilha urupoca@bol.com.br Resumo: O presente trabalho é resultado de uma análise de mais de cinco mil registros de batismos de escravos pesquisados no Arquivo da Cúria Metropolitana de Porto Alegre desde Parte de uma pesquisa de mestrado em andamento, este texto analisa dados de batizandos legítimos e naturais nascidos entre 1810 e 1835, bem como batismos de escravos novos, registrados na paróquia matriz de Nossa Senhora Madre de Deus de Porto Alegre, revelando variações demográficas no decorrer de 26 anos quanto ao número de batismos, razões de masculinidade e padrões de apadrinhamento. Palavras-chaves: batismos, escravos, relações sociais. Os documentos não falam por si mesmos. Por isso, a abordagem metodológica é uma preocupação constante dos historiadores. Toda produção material do homem pode ser utilizada como fonte histórica, os resultados dependem da manipulação dos registros, do acesso às fontes, do seu estado e da disponibilidade de recursos técnicos, mas, principalmente, da observação, da criatividade e da erudição do pesquisador. 1 A precariedade das fontes históricas, principalmente para o estudo da escravidão, já foi considerada em vários trabalhados e é um dos obstáculos que não se deve perder de vista (SCHWARTZ, 2001, p. 263). Do estudo da escravidão no Brasil, as relações sociais dos escravos tem sido um tema bastante explorado. Desde Gilberto Freyre, na década de 1930, os historiadores têm se posicionado de maneiras diferentes, muitas vezes opostas, em relação às possibilidades do 1 Sheila Faria comenta a necessidade de se ousar para além dos dados, cruzar e explorar as fontes com maior criatividade. Ver FARIA, Sheila de Castro. A Colônia em Movimento. Fortuna e Família no Cotidiano Colonial. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998, pp ;

2 2 viver escravo, seus limites de autonomia e cerceamento. 2 Na década de 1980, as pesquisas com séries documentais, como registros eclesiásticos (batismos, óbitos, casamentos e outros) ou censos demográficos se tornaram mais comuns e vieram questionar as visões vigentes até então. A principal inovação era metodológica: utilizar registros seriados para construir uma imagem do contexto escravo e, a partir daí, uma leitura do seu viver social. O presente trabalho busca se encaixar nesse tipo de análise. A pretensão deste texto não é conclusiva. Seu objetivo é tecer algumas reflexões, bastante abertas, sobre as vivências sob a escravidão. É muito mais uma ferramenta, para ajudar a pensar as diversas possibilidades que um pesquisador tem para olhar a escravidão enquanto sistema sócio-econômico. Insere-se, particularmente, num esforço de retomada dos meus estudos nessa área enquanto uma estratégia de leituras e organização de informações e do pensamento para a construção de conhecimento sobre o tema. Pode, esperamos, auxiliar outros que se aventuram também a iniciar pesquisas sob o grande guarda-chuva da escravidão. Com tal propósito, apresentamos alguns dados sobre os batizados de escravos e tecemos alguns comentários com o apoio de alguns textos, alguns já clássicos. Cabe dizer que o recorte temporal foi subdividido em 5 períodos menores, o primeiro de seis anos (de 1810 a 1815, inclusive) e os demais de cinco (de 1816 a 1820, de 1821 a 1825, de 1826 a 1830 e de 1831 a 1835). Percebemos que era viável deixar o primeiro período com seis anos, já que é a partir de 1810 que Porto Alegre ascende à condição de vila, marcando o início de um período de maior dinâmica econômica. Também os números demonstraram uma certa equivalência entre o primeiro período de seis anos e os demais períodos de cinco anos. O foco deste trabalho são os batismos e as relações estabelecidas a partir desse sacramento. Apresentamos alguns comentários relativos a dados primários 2 Ibidem, pp , onde a autora lembra a polêmica suscitada pelo livro de Jacob Gorender, A Escravidão Reabiltada. São Paulo: Ática, 1991.

3 3 Os dados ora apresentados estão dispostos em tabelas e se referem à freqüência de batismos e razão de masculinidade de batizandos escravos recém-nascidos e novos via tráfico atlântico, além da taxa de legitimidade dos recém-nascidos. A tabela 1 apresenta os dados referentes aos batizandos recém-nascidos e novos via tráfico de escravos. Entre 1810 e 1835, inclusive, temos um total de 5021 batizandos escravos computados na paróquia matriz da freguesia de Nossa Senhora Madre de Deus de Porto Alegre. Desses, 3965 são recém-nascidos enquanto 1056 são escravos novos via tráfico. Tabela 1 Batizandos Recém-Nascidos e Novos via Tráfico Atlântico Nascidos Novos Totais Períodos # % # % # % ,89 8 1, , , , , , , , , , , Observa-se que a maioria (quase 79%) é de batizandos recém-nascidos, cabendo pouco mais de um quinto do total aos escravos novos. Longe de ser o esperado, a grande maioria de batizandos recém-nascidos aponta para a constatação de que havia na freguesia, no início do século XIX, um contingente escravo suficiente para sustentar uma dinâmica de reprodução endógena entre os cativos. Se esta reprodução fazia parte de uma estratégia

4 4 organizada pelos senhores de escravos para reproduzir seus plantéis ou, talvez, apenas contrabalançar os efeitos das oscilações do tráfico de escravos; se, ao contrário, era fruto de uma liberalidade dos senhores quanto às relações sociais dos seus escravos, são questões para uma análise futura 3. De fato, Berute observa que o RS dependia do tráfico atlântico, embora contasse com certo grau de reprodução endógena 4 Vê-se que não era incomum, na Porto Alegre do início do século XIX, assistir a grupos de cativos, acompanhados de pessoas de suas relações, adentrarem à igreja matriz para batizarem os seus rebentos. Homens de bem que, porventura, se dirigissem à igreja para fazerem suas orações poderiam testemunhar, inadvertidamente, o sacramento dos filhos de muitos escravos. Tabela 2 Percentuais por Grupo de Batizandos: Nascidos e Novos Nascidos Novos Totais Períodos # % # % # % ,03 8 0, , , , , , , , , , , , , , Karasch assevera a necessidade do tráfico como meio de reprodução escrava uma vez que as taxas de mortalidade maiores que as de natalidade, levando-se que as mulheres morriam em idade produtiva (antes dos 30 anos), somada a fragilidade do estado de saúde das crianças, as deficiências sanitárias e os custos de manutenção das crianças até atingiram idade produtiva, inviabilizavam a reprodução natural como estratégia principal. Ver KARASCH, Mary C. A Vida dos Escravos... Op. Cit., pp BERUTE, Gabriel Santos. Dos Escravos Que Partem para Os Portos do Sul: Características do Tráfico Negreiro do Rio Grande de São Pedro do Sul, c c Porto Alegre: UFRGS, 2006, p. 15 (Dissertação de Mestrado).

5 5 Observamos que os recém-nascidos constituíam quase 79% dos batizandos escravos estudados, resta avaliar como esse contingente está distribuído ao longo dos períodos. Através da tabela 2 que mostra os percentuais dos batizandos por grupo ao longo do tempo, constatamos que os recém-nascidos estão distribuídos com relativa uniformidade, uma vez que a variação máxima de 4,11% entre o período com menor volume de batizados (18,03% entre 1810 e 1815) e o de maior (22,14% entre 1826 e 1830) demonstra certa constância do número de batizados. Já os batizandos novos apresentam variação muito alta entre o período de menor freqüência (0,76% entre 1810 e 1835) e o de maior (33,14% entre 1826 e 1830). Constatamos que o equilíbrio entre os recém-nascidos indica maior consistência da prática do batismo entre estes, enquanto os novos, embora apresentem um crescimento percentual até o qüinqüênio de , apresentam variações percentuais maiores entre cada período, o que pode indicar que a prática do batismo desses escravos era mais ocasional. Entretanto, há de se considerar que a maior variabilidade percentual dos batizados de escravos novos frente ao padrão de batizados de recém-nascidos já era esperada devido a uma série de variações ocasionais: maior ou menor volume do tráfico, interesse dos senhores em proceder o batismo de seus escravos, etc. Analisando o tráfico de escravos da África para o Rio de Janeiro, Florentino e Góes observaram três momentos distintos do mercado de escravos entre o final do século XVIII e início do século XIX: uma fase de estabilidade do tráfico transatlântico entre 1790 e 1808, denominada Fase B ; uma fase de aceleração do tráfico entre 1809 e 1825, denominada fase A ; finalmente, entre 1826 e 1830 houve uma última investida de fôlego na compra de escravos africanos, em grande parte atribuída ao temor da escassez de braços devido às pressões inglesas pelo fim do tráfico, ou seja, um período de crise da oferta africana. 5 Uma vez que o Rio de Janeiro era o maior importador de escravos das Américas entre 1790 e 1830 e, igualmente, o maior fornecedor de escravos ao Rio Grande do Sul, torna-se interessante cruzar nossa população de batizandos frente aos períodos estipulados pelos autores. Nossa delimitação temporal cobre os dois últimos períodos do tráfico e mais o 5 FLORENTINO, Manolo; GÓES, José Roberto. A Paz das Senzalas. Famílias Escravas e Tráfico Atlântico, Rio de Janeiro, c c Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1997, pp

6 6 primeiro qüinqüênio após a sua interdição legal, ou seja, fases de aceleração do mesmos seguidas pela queda decorrente da proibição formal a partir de De fato, entre 1810 e 1825 (Fase A) observamos também um aumento da freqüência de batismos de escravos novos via tráfico. No lustro seguinte, entre 1826 e 1830 (crise da oferta africana), observase o pico de batismos de ingressos, o que reflete o aumento do tráfico logo antes da sua proibição. O período posterior, entre 1831 e 1835 apresenta uma queda acentuada do número de batizandos novos possivelmente em razão da proibição do tráfico, o que está de acordo com a observação feita por Florentino e Góes de que a retomada do crescimento do tráfico só se daria a partir da segunda metade da década de Apesar do número absoluto de escravos batizados recém-nascidos aumentar constantemente até o período de , o percentual relativo desse grupo em relação ao grupo dos novos cai progressivamente, resultado da crescente entrada de escravos em Porto Alegre via tráfico desde o qüinqüênio de , quando 211 escravos novs foram batizados, representando 21,46% do total, até o de , quando 350 batizados representaram 28,50% do total. O número de 254 escravos novos batizados no período posterior de representa a primeira queda frente ao número de batizados dos períodos anteriores, fato devido, provavelmente, à primeira proibição do tráfico de escravos. Isso reflete, provavelmente, um incremento econômico e populacional da região e uma escolha dos senhores pela aquisição de escravos via tráfico como meio de reprodução dos plantéis (reprodução exógena). Entretanto, a reprodução natural dos plantéis não estava descartada. Longe disso, taxas de crescimento endógeno menores podem indicar um cenário onde o crescimento vegetativo da população escrava estava estabilizando-se. Uma vez que analisamos os números referentes às freqüências de batizados de escravos recém-nascidos e novos, passemos ao estudo da legitimidade do primeiro grupo: A tabela 3 mostra os percentuais de legítimos e naturais dos batizandos recémnascidos escravos. A imensa maioria de naturais, mais de 90% do total, demonstra que as relações amorosas se davam, em geral, fora dos padrões estipulados pela Igreja Católica. A baixa legitimidade indica a dificuldade de acesso ao casamento por parte dos escravos que 6 Ibidem, p. 48.

7 7 teria múltiplas causas: desinteresse dos senhores em permitir a legalização de laços de parentesco que poderiam prejudicar uma futura negociação de um dos cônjuges; desencontro entre o ideal de relacionamento católico e as possibilidades reais de relações entre os escravos frente às dificuldades inerentes ao cativeiro; impedimentos para legalizar as uniões envolvendo noivos com algum grau de parentesco; a alta razão de masculinidade, como veremos a seguir, condenava muitos homens a se relacionarem fora dos laços de matrimônio. Entretanto, longe de significar o desdém para com os padrões de relacionamento estabelecido pela Igreja, a baixa legitimidade indica, apenas, que o casamento era um difícil objetivo a ser buscado, uma vez que representava ganhos reais aos escravos. O casamento poderia facilitar a vida material se fosse permitido o casal estabelecer negócios próprios; socialmente, representava um crescimento de status acessível aos escravos, juridicamente, funcionaria como garantia de que os cônjuges não seriam separados por uma venda ocasional. 7 Tabela 3 Batizandos Recém-Nascidos Legítimos e Naturais Legítimos Naturais Totais Períodos # % # % # % , , , , , , , , , , , , FARIA, Sheila de Castro. A Colônia... Op. Cit., pp ;

8 8 Finalmente, há de se considerar a variação da legitimidade ao longo do período. Percebe-se que os batizandos escravos legítimos representam, inicialmente, cerca de 15% do total, enquanto no último período alcançam, apenas, cerca de 7% do total. A diminuição pela metade do percentual de legítimos frente aos naturais pode indicar que, para a infelicidade dos escravos, o acesso ao casamento tornou-se cada vez mais difícil com o passar do tempo. As variações do tráfico podem ajudar a elucidar isso: analisando dados entre 1788 e 1802 e 1809 e 1824, Berute informa que tanto na fase de estabilidade do tráfico quanto na fase de aceleração a razão de masculinidade nos dois momentos era elevada, 224 para o primeiro e 228 para o segundo. 8 Assim, a manutenção de uma elevada razão de masculinidade do tráfico atlântico por longo período pode ter colaborado para a redução da legitimidade. As tabelas 4 e 5 mostram as razões de masculinidade dos batizandos escravos recém-nascidos legítimos e naturais. Entre os legítimos, apesar de algumas variações acentuadas na comparação entre os períodos, a razão de 94 indica que as meninas prevaleciam levemente sobre os meninos, um resultado que podemos considerar natural. Entre os naturais, a razão de 99 também em favor das meninas indica, igualmente, um padrão aceitável. Tabela 4 Razão de Masculinidade dos Batizandos Legítimos Períodos Homens Mulheres Razão BERUTE, G. Dos Escravos... Op. Cit., p. 56.

9 Esses dados ajudam a asseverar a correção dos números que apresentamos, bem como apontam para a possibilidade de considerar os batismos como realmente representativos dos nascimentos de escravos. Isso porque uma leve tendência favorável às meninas constitui-se num padrão considerado normal para a razão de masculinidade. Tabela 5 Razão de Masculinidade dos Batizandos Naturais Períodos Homens Mulheres Razão Frente ao padrão dos batizandos escravos recém-nascidos, a razão de masculinidade dos escravos novos via tráfico atlântico estava claramente marcada pela preferência dos senhores por homens. A razão de 171 homens para cada 100 mulheres (tabela 6) aponta para as dificuldades dos homens de encontrar parceiras num mercado matrimonial restrito, que dependia não só da proporção entre homens e mulheres, mas também da presença destas no mesmo plantel daqueles, visto que não era comum que os senhores consentissem nas relações entre escravos de plantéis diferentes.

10 10 Tabela 6 Razão de Masculinidade de Batizandos Escravos Novos via Tráfico Períodos Homens Mulheres Razão O compadrio e o casamento estabeleciam importantes laços sociais na sociedade escravista de matriz religiosa católica brasileira. Vários autores já estudaram esses aspectos. Em seu clássico estudo sobre os engenhos do recôncavo baiano, Schwartz lembra várias questões que jogavam a favor ou contra os laços estabelecidos entre os escravos. A própria operação do tráfico de escravos dificultava a introdução de mulheres africanas nas Américas. Isso teria relação com outro braço do tráfico de escravos africanos, em direção ao mundo islâmico. Isso ocasionava taxas de ilegitimidade muito altas pela dificuldade dos escravos em estabelecer matrimônio de acordo com as normas eclesiásticas. Entretanto, a dificuldade imposta ao casamento não significava a ausência de relações amorosas. Vários itens deveriam ser considerados para a viabilidade das uniões consensuais, desde o tamanho das propriedades (que poderia influenciar na mobilidade dos escravos) até grau de parentesco entre os escravos. Famílias poderiam ser vistas como estratégias de domínio senhorial. Talvez por isso Schwartz não encontrou nenhuma família composta por cônjuges de unidades familiares diferentes. O problema dos casamentos, segundo esse autor, tinha quatro ângulos : as normas legais católicas, a realidade social, as atitudes dos senhores e a atuação dos cativos. A Igreja Católica procurou normatizar e incentivar as uniões através das Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia; por sua vez, os senhores consentiam

11 11 com mais facilidade quanto às uniões consensuais, mas muitas vezes enxergavam o casamento como uma ameaça à soberania senhorial; os escravos também poderiam não querer participar do casamento católico por causa de seu caráter indissolúvel, o que acarretava na maior ilegitimidade entre os escravos (embora as uniões consensuais também fossem freqüentes entre os livres, principalmente pobres). Outros elementos como preferências endogâmicas, hierarquia segunda a cor e condição do cônjuge complexificavam a situação. É bom lembrar que taxas elevadas de ilegitimidade não significavam ausência do pai, uma vez que as uniões consensuais não deixavam registro, em geral. O compadrio, enquanto laço de parentesco espiritual, convivia de maneira desconfortável com a escravidão, o que levou Schwartz a contestar o caráter paternalista da escravidão no Brasil. Os padrinhos eram sempre livres, quando possível, mas a escolha nem sempre era exercida livremente pelos escravos, principalmente quando se tratava de escravos novos. A presença de padrinhos era mais comum que das madrinhas, apesar das normas da Igreja exigirem ambos. 9 No caso, por exemplo, do batismo de adultos, os padrinhos eram na maioria das vezes escravos adultos, possivelmente indicados pelos senhores como forma de introduzir os escravos novos no plantel através do estabelecimento de um laço com um cativo de sua confiança. Por sua vez, os impedimentos entre compadres e comadres ajudam também a explicar o baixo índice de casamentos entre os escravos, contribuindo para o aumento da ilegitimidade. (SCHWARTZ, 2005, p ). Os dados que apresentamos na seqüência dialogam com os elementos levantados por Schwartz. Nas tabelas 7 e 8 vemos que a presença de padrinhos é maior do que a de madrinhas. Isso porque essas muitas vezes estavam ausentes (não constavam dos registros) ou eram substituídas pela menção à Nossa Senhora. Vê-se, segundo os números, que essa ausência era maior entre os naturais do que entre os legítimos, evidenciando uma espécie de 9 Muitas vezes, os escravos eram batizados segundo costumes locais, em desacordo com as normas eclesiásticas, como era o caso da indicação de Nossa Senhora quando da ausência da madrinha. SCHWARTZ, 2001, p. 266.

12 12 hierarquia dos batismos favorável aos últimos, tendo em conta os laços de parentesco espiritual estabelecidos. Tabela 7 Padrinhos e Madrinhas de Batizandos Legítimos Períodos Padrinhos Madrinhas Totais de Legítimos # % # % # % , , , , , , , , , , , , Tabela 8 Padrinhos e Madrinhas de Batizandos Naturais Períodos Padrinhos Madrinhas Totais de Naturais # % # % # % , , , , , , , , , , , , No caso dos batizandos novos, conforme tabela 9, a ausência das madrinhas é ainda mais evidente, o que permite-nos questionar se tal fenômeno não teria relação com uma maior

13 13 ingerência dos senhores na designação dos padrinhos, como Schwartz percebeu não só para a Bahia, mas também para uma região não diretamente ligada à economia agrárioexportadora, no caso de Curitiba (SCHWARTZ, 2001, 285). Tabela 9 Padrinhos e Madrinhas de Batizandos Novos Períodos Padrinhos Madrinhas Totais de Naturais # % # % # % , , , , , , , , , , Considerações Finais O presente texto se propôs a ser uma contribuição ao estudo das relações sociais entre os escravos apresentando resultados parciais de uma pesquisa ainda inédita. Julgamos importante, além da apresentação e análise dos números, a construção de uma reflexão a partir do debate com a historiografia (no caso, alguns textos que podem ser considerados clássicos sobre o tema). Verificamos que o número de escravos recém-nascidos escravos naturais era muito superior ao de legítimos, indicação da dificuldade de casamentos entre os escravos, mas não necessariamente da ausência de uniões consensuais. Quanto ao apadrinhamento, verificamos padrões diferenciados entre escravos naturais, legítimos e novos, principalmente pela ausência da figura da madrinha em boa parte dos batizados desses últimos (indicativo de maior controle do senhor e menor poder de escolha dos escravos). As tabelas apresentadas revelam um pouco da realidade escrava na Porto Alegre do início do século XIX, ao menos constituem um panorama de uma dinâmica populacional

14 14 que procurou ser analisada a partir de alguns parâmetros demográficos. Por certo, não esgotam o tema, mas jogam alguma luz sobre o assunto. Fontes Registros de Batismos de escravos / / Arquivo da Cúria Metropolitana de Porto Alegre. Referências Bibliográficas BERUTE, Gabriel Santos. Dos Escravos Que Partem para Os Portos do Sul: Características do Tráfico Negreiro do Rio Grande de São Pedro do Sul, c c Porto Alegre: UFRGS, 2006, (Dissertação de Mestrado). FARIA, Sheila de Castro. A Colônia em Movimento. Fortuna e Família no Cotidiano Colonial. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, FLORENTINO, Manolo; GÓES, José Roberto. A Paz das Senzalas. Famílias Escravas e Tráfico Atlântico, Rio de Janeiro, c c Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, GÓES, JOSÉ ROBERTO. O Cativeiro Imperfeito. Um Estudo sobre a Escravidão no Rio de Janeiro da Primeira Metade do Século XIX. Vitória, Lineart, KARASCH, Mary C. A Vida dos Escravos no Rio de Janeiro ( ). São Paulo: Companhia das Letras, SCHWARTZ, Stuart B. Escravos, Roceiros e Rebeldes. Bauru: EDUSC, Segredos Internos. Engenhos e escravos na sociedade colonial. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.

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