ALGUMAS NOTAS SOBRE A IMPORTÂNCIA DO ESPAÇO PARA O DESENVOLVIMENTO SOCIAL

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "ALGUMAS NOTAS SOBRE A IMPORTÂNCIA DO ESPAÇO PARA O DESENVOLVIMENTO SOCIAL"

Transcrição

1 ALGUMAS NOTAS SOBRE A IMPORTÂNCIA DO ESPAÇO PARA O DESENVOLVIMENTO SOCIAL MARCELO LOPES DE SOUZA' ABSTRACT Some notes on lhe importance of space for social development The paper discusses the impartance of space for social develapment.!t intends to react to lhe disorientation and lack ot theoretical/strategic creativity which are now affecting the discussions on development, ironically in a moment of sharpening of social contradictions and exclusionary practices in ali geographical scales. Starting with a criticai discussion of the concept of develapment, the article then gives attention to that of social space. This is fallawed by a general overview ot the ways the spatial dimensian h.as been incorparated in the histary ot development's theary-building. At the end, the paper stresses the importance of social space for the construction of an alternative canceptualization oi development. Palavras iniciais o presente trabalho é, a um só tempo, ambicioso e despretensioso. Ambicioso, porque se pretendeu enfrentar, em algumas páginas, quatro tarefas nada fáceis: 1) esquadrinhar o conceito de desenvolvimento; 2) em seguida, fazer o mesmo com o de espaço social; 3) apresentar uma panorâmica sobre o tratamento dispensado à dimensão espacial ao longo da história da teorização sobre o desenvolvimento; 4) finalmente, discutir, com os olhos voltados para uma conceituação alternativa de desenvolvimento, a importância do espaço social. Este trabalho é, contudo, também despretensioso, porque o autor está consciente de não poder oferecer, no âmbito de um artigo, mais que um tratamento meramente introdutório dos assuntos que aborda. Na verdade, para se fazer um mínimo de justiça à literatura atualmente disponível e ao acervo de conhecimentos acumulados, cada um dos temas das. Professor Adjunto do Departamento de Geografia da UFRJ e pesquisador do CNPq.

2 14 Revista TERRITÓRIO, ano 11,n 2 3, jul.zdez, 1997 seções, todos complexos e nenhum deles isento de controvérsias, mereceria, por si só, um extenso estudo. Seja como for, oxalá as imperfeições destas páginas não as impeçam de estimular o aprofundamento de um debate que, precisamente na atual conjuntura de desorientação e falta de criatividade teórica e estratégica a propósito do desenvolvimento, conjuntura essa que é igualmente um momento de agudização de exclusões e contradições sociais nas mais diferentes escalas, tem de ser valorizado. 1, O conceito de desenvolvimento Faz-se mister sublinhar, para começar, que, ao contrário do que freqüentemente se imagina, o conceito de desenvolvimento não é unívoco, e muito menos se esgota na idéia de desenvolvimento econômico. A rigor, o desenvolvimento econômico resume-se a uma conjugação de crescimento (expresso através do incremento do PIS, do PNB ou da renda nacional per capital com modernização tecnológica. Ele abrange, portanto, um aspecto meramente quantitativo, mas o ultrapassa, pois compreende também o aspecto qualitativo que é uma crescente complexidade da estrutura da economia (progresso técnico, crescente integração intersetorial etc.), tudo isso traduzindo-se através de um aumento da produtividade média do trabalho. Ademais, não são incomuns, nos manuais de Economia do Desenvolvimento, alusões complementares a objetivos como a melhoria dos níveis de educação e saúde da população. Infelizmente, entretanto, há limites para o que se pode fazer com as palavras: ou bem a dimensão econômica da sociedade passa a englobar todas as demais (religião, poder etc.), coisa que nem mesmo os economistas sugerem, ou então deve-se reconhecer que, conquanto o desenvolvimento econômico seja dependente, a longo prazo, de fatores tais como investimentos em "capital humano", ele não necessariamente se faz acompanhar por uma diminuição dos problemas sociais - aliás, nem sequer das disparidades sócio-econômicas. Tomar o desenvolvimento econômico como sinônimo de desenvolvimento tout courté, com efeito, uma impropriedade, porque, se aquele se refere ao processo em cujo bojo uma sociedade consegue produzir bens em maior quantidade, de melhor qualidade e com mais eficiência, ele concerne a meios, e não a fins. Se a renda per capita bem pode representar uma ficção estatística, uma vez que nada revela sobre a distribuição da riqueza socialmente produzida, qual é, então, a sua utilidade como indicador de nível de bem-estar, ainda que meramente material? A ponderação de que o crescimento, ao gerar empregos, possui um inegável apelo social, é, à primeira vista, mais interessante, mas não é muito menos vazia: se o crescimento vier a reboque de um progresso técnico poupador de mão-de-obra e de desemprego tecnológico, os empregos novos por ele gerados poderão não compensar, quantitativa e/ou qualitativamente, os empregos perdidos, e não evitarão

3 Algumas notas sobre a importância do espaço para o desenvolvimento social 15 o agravamento de situações de exclusão. Por sua vez, a modernização tecnológica, além de seus impactos sobre o mundo do trabalho, pode ter sua positividade relativizada com a ajuda da consideração de diferentes aspectos, todos de interesse para se saber alguma coisa acerca da qualidade de vida de uma população: as novas tecnologias (e as novas espacial idades, os novos padrões de consumo) estimulam a criatividade e a convivialidade' de seus operadores e usuários - ou antes embrutecem o espírito e atomizam a sociedade? A modernização colabora verdadeiramente para uma vida mais saudável?" A modernização contribui para uma participação mais ampla da população nos processos decisórios, para estimular uma cultura política mais democrática, para formar cidadãos mais conscientes, para uma maior liberdade individual e coletiva? Dito isto, cabe insistir: o desenvolvimento estritamente econômico só pode ser, na melhor das hipóteses, um meio, e jamais um fim, não sendo razoável, por conseguinte, "economicizar" o conceito de desenvolvimento em geral. É óbvio que ninguém, em sã consciência, proporia que o objetivo do desenvolvimento se limita ao crescimento e à modernização tecnológica. No entanto, precisamente porque a ideologia do desenvolvimento hegemônica recobre interesses vinculados ao fim (no sentido de meta) que é a perpetuação do modelo social capitalista e, neste contexto, dos benefícios de determinados grupos ou classes, ela privilegia um conceito que coloca em primeiro plano os meios pelos quais se pode aprimoraresse modelo. No interior desse conceito fortemente ideologizado a discussão ética e política sobre os fins é sacrificada (ou mesmo desaparece), silenciosamente, em favor de uma discussão instrumental sobre os meios. "Mas", retorquirão os mais conservadores ou conformistas, "os fins já não são claros, dado que não há melhor sistema?"... No âmbito de visões mais explicitamentes teleológicas e historicistas, como o clássico esquema etapista de Rostow ou a arenga de raiz hegeliana sobre o "fim da história", o fim (meta, desejo) implícito de alguns converte-se em fim (fé/os, objetivo supremo, estágio final) explícito: vive-se no melhor dos mundos possíveis, o horizonte do modelo civilizatório capitalista é definitivo e intranspo- 1 A expressão "convivialidade" - designando uma situação onde a técnica (e, poderse-ia acrescentar, o espaço) aproxima os homens ao invés de afastá-los e estimula a sua sociabilidade ao invés de miná-ia - é indissociável do nome de Ivan IIlich, um dos mais argutos críticos do "progresso" e das pseudovantagens oferecidas pela sociedade industrial e de consumo (ILLlCH, (986). 2 A resposta a esta pergunta deve não apenas levar em conta os diferentes impactos negativos sobre o ambiente natural e o desperdício de recursos, o que restringe a qualidade de vida presente e futura, mas também o fato de que os avanços técnicos no que diz respeito, por exemplo, à medicina, muitas vezes acabam sendo uma resposta para problemas acarretados ou agravados pela própria modernização, como o stress e outras "doenças da civilização".

4 16 Revista TERRITÓRIO, ano 11,n 2 3, jul./dez nível (não estaria aí a implosão do "socialismo real" para prová-io?..). Eis, aí, o próprio mito do desenvolvimento, núcleo da ideologia hornônirna.ê Entretanto, os fantasmas continuam a rondar, e o barulho do arrastar de correntes até mesmo aumenta de intensidade: notadamente no âmbito do capitalismo, um modo de produção que não pode abdicar do imperativo de crescimento, posto que isso faz parte de sua essência, a espiral da degra dação ambiental parece ser algo muito mais sério que uma imperfeição corrigível mediante ajustes; ao lado disso, a exclusão social, tradicional e explosiva na periferia capitalista, insiste em se manifestar mesmo lá onde se julgava estar diante da materialização do fim mitificado (pense-se no aumento do desemprego em um "Primeiro Mundo" cada vez mais pós-fordista e sacudido pela Terceira Revolução Industrial; pense-se na "nova pobreza", no aumento da xenofobia e da intolerância interétnica na Europa). Ora, a própria literatura científica, a despeito da hegemonia dessa ideologia do desenvolvimento etnocêntrica (mais precisamente: europeicêntrica) e capitalistófila, tem gerado, aqui e acolá, várias reações, menos ou mais radicais, ao reducionismo economicista. Tímido como fosse, o enfoque redistribution with gro wth, de meados dos anos 70, representou uma primeira autocrítica interna ao ambiente conservador (vale dizer, acrítico perante o capitalismo), desde que as teorias da modernização e do crescimento iniciaram o seu pontificado, na década de 50: constatouse - e com que atraso! - que crescimento e modernização não eram uma garantia de maior justiça social. Posteriormente, mas sempre sem chegar a fazer objeção ao modelo civilizatório capitalista em si, os enfoques da "satisfação de necessidades básicas", do "desenvolvimento de baixo para cima", do "ecodesenvolvimento", do "desenvolvimento endógeno" e outros foram, aos poucos, desafiando o economicismo mais tacanho, sem chegar a destrona-lo completamente. É ineqàvel que a paisagem intelectual a respeito das visões de desenvolvimento não tem sido, desde que o presidente norteamericano Harry Truman marcou simbolicamente, com seu discurso de posse em 1949, o começo do debate contemporâneo sobre o desenvolvimento como um debate político e científico de grande visibilidade pública em escala 3 O mito expressa, segundo Leszek Kolakowski, dentre outras necessidades, "(... ) a necessidade de compreender as realidades empíricas, ou seja, de viver o mundo da experiência como dotado de sentido por sua relação com uma realidade incondicionada que liga os fenômenos segundo os fins. A ordem finalista do mundo não pode ser inferida por via dedutiva daquilo que pode ser legitimamente considerado como material empírico do pensamento científico; tampouco pode ela contribuir com qualquer hipótese legítima que permita explicar os dados da experiência. (... ) O mito degenerou quando se transformou em doutrina, ou seja, em uma construção que necessitava de uma prova e a buscava. A forma em que se organiza a degeneração da fé é a tentativa de imitar a ciência." (KOLAKOWSKI, 1981:10).

5 Algumas notas sobre a importância do espaço para o desenvolvimento social 17 mundial," algo homogêneo e isento de polêmicas e atritos, mesmo entre os que não cogitam de uma aposentadoria do modelo social capitalista." Quanto aos marxistas, sua percepção do desenvolvimento era, em um sentido profundo, similar à capitalista-ocidental: a começar pelos próprios Marx e Engels, o fato é que a objeção à desigualdade estrutural com que a riqueza socialmente produzida é distribuída na sociedade de classes capitalista traduziu-se no marxismo por uma crítica das relações de produção capitalistas (e, para usar a sua terminologia, da "superestrutura" jurídico-política e ideológica que as ampara), mas não das forças produtivas herdadas do capitalismo. O desenvolvimento da humanidade, de Marx aos dependentistas mais fiéis à sua herança, passando por Lênin, Rosa Luxemburgo etc., incluiria, forçosamente, um aproveitamento da matriz tecnológica (e espacial) do capitalismo. Essa matriz, em si mesma, seria uma conquista da humanidade; o grande problema seria o de se achar gerida por mãos erradas e de maneira errada, infortúnio a ser eliminado pelo proletariado revclucionário." Com isso, 4 Não se pretende sugerir que esse discurso marque o começo da discussão sobre o desenvolvimento em geral. O erudito estudo de COWEN & SHENTON (1996), por exemplo, recua até a primeira metade do século XIX - mais especificamente até os legados de Saint-Simon e Auguste Comte - em busca das raízes do que eles chamam de "a moderna doutrina do desenvolvimento" - com o que o autor destas linhas concorda. No entanto, o período da Guerra Fria e a onda de descolonização dos anos 50 e 60 representam o contexto onde a preocupação com o desenvolvimento adquiriu uma clara importância geopolítica, como peça de propaganda e arma na "guerra dos sistemas", e passou a mobilizar tanto intelectuais das nações que se libertavam do jugo colonial (ou que, no caso da América Latina, buscavam emancipar-se economicamente, após terem conquistado já há mais de um século a independência política formal) quanto estudiosos e institutos de pesquisa de países que buscavam capturar esses países para a órbita de influência ocidental - destacando-se, aí, os Estados Unidos. O papel do "desenvolvimento" como peça-chave do discurso ideológico da Pax Americana é precisamente o que simboliza o discurso proferido em 20/1/1949 perante o Congresso pelo presidente Truman (apud ESTEVA, 1993:89-91). Daí a formulação provocativa e simplificadora do intelectual mexicano Gustavo Esteva: "o subdesenvolvimento existe desde aquele 20 de janeiro de 1949" (ESTEVA, 1993:90). 5 A diversidade de visões sobre o desenvolvimento torna-se ainda mais evidente se se considera uma série histórica mais longa, como os últimos duzentos anos. Aliás, a própria inversão economicista entre meios e fins, no que tange ao conceito de desenvolvimento, é peculiar sobretudo ao período posterior à Segunda Guerra Mundial, quando o mito subjacente passa a ter na Ciência Econômica sua principal legitimadora, em que pesem contribuições decisivas como a de Schumpeter, no começo deste século (ver discussão em COWEN & SHENTON, 1996). 6 Os testemunhos, já no próprio Marx, são numerosos. Apenas para ficar em alguns particularmente explícitos e didáticos, consulte-se os seus dois artigos sobre a dominação britãnica na índia, onde ele ressalta o papel destrutivo mas, ao mesmo tempo, regenerador da Inglaterra, ao estabelecer "os fundamentos materiais da sociedade ocidental na Ásia" (MARX, 1982b:520; ver, ainda, MARX, 1982a).

6 18 Revista TERRITÓRIO, ano li, nº 3, jul./dez o marxismo assume nitidamente as feições de uma doutrina modernizante alternativa, munida, inclusive, de um esquema etapista e uma teleologia próprios (o esquema da sucessão de modos de produção, do comunal-primitivismo até o paraíso comunista). Por fim, não se pode ignorar um certo gênero de critica teórico-conceitual simultaneamente anticonservadora e não-marxista, o qual busca desvelar o comprometimento histórico visceral do conceito de desenvolvimento com a ideologia do "desenvolvimento" capitalista (alguns exemplos: CASTORIADIS, 1986a; LATOUCHE, 1986,1994 e 1995; SACHS, 1992; ESTEVA, 1993). Infelizmente, esse gênero de crítica costuma jogar fora o bebê com a água do banho, ao anatematizar a própria palavra desenvolvimento. Na realidade, o debate internacional sobre o desenvolvimento hoje já não possui a mesma visibilidade pública de que gozava até a década passada, nem desperta o mesmo interesse teórico que antes, por conta de fenômenos como a gradual heterogeneização do "Terceiro Mundo", a hegemonia ideológica do neoliberalismo, a crise do pensamento de esquerda e, ao menos fora da Economia, uma certa influência antiteórica do "pós-modernismo". O mainstream intelectual tem sucumbido, também no terreno da teoria, perante a guinada neoconservadora observada desde a era ReaganfThatcher e agravada após o convencionalismo analítico e o anacronismo, comentados pelo autor em trabalhos anteriores (SOUZA, 1994; 1996a), chegam a ser constranqedores? -, e a agenda de discussões encontra-se, atualmente, fragmentada em tópicos cuja natureza trai a emasculação típica de um espírito {in de siécte: caminhos para um crescimento econômico ecologicamente sustentável, maneiras de melhor ajustar-se à globalização, redução de jornada de trabalho como a fórmula mágica contra o desemprego... Diante desse cenário, quando mais se carece de novos marcos teórico-conceituais a propósito das possibilidades de mudança social nas mais distintas escalas, mostra-se insatisfatório um padrão de objeção que reduz a preocupação com o desenvolvimento ao respaldo intelectual à ocidentalização e ao "desenvolvimento" econômico capitalista, de maneira ironicamente semelhante ao que fazem os conservadores (com a óbvia diferença de substituir a idolatria pela iconoclastia). Mais construtiva e razoável é, por exemplo," a defesa, por Roland KOCH 7 O festejado cientista político Samuel Huntington (não mencionado nos referidos trabalhos anteriores do autor), por exemplo, ao comentar as condições estruturais favoráveis á democratização, aprisiona a idéia de desenvolvimento no antiquado figurino do desenvolvimento econômico, inclusive atribuindo a um indicador paupérrimo como a renda per capita uma credibilidade analítica extemporânea - embora ele decerto não desconheça que o crescimento econômico não implica, necessariamente, menores disparidades sócio-econômicas (HUNTINGTON, 1994). 8 Outros trabalhos representativos de um esforço construtivo de superação do chamado "impasse na teoria do desenvolvimento" podem ser encontrados na coletânea organizada por SCHUU RMAN (1996).

7 Algumas notas sobre a importância do espaço para o desenvolvimento social 19 (1993), de um conceito reflexivo de desenvolvimento (reflexiver Entwicklungsbegrift) em contraposição a um transitivo (transitiver Entwicklungsbegriff) - vale dizer, a denúncia, devido ao seu caráter manipulativo e historicamente justificador de intervenções espúrias, do pensamento segundo o qual uma sociedade pode ou deve levar o desenvolvimento a outra (pano de fundo por trás das modernas teorias e estratégias de desenvolvimento), sem, no entanto, abrir mão da idéia de um desenvolver-se, qual tenha lugar mediante a exploração de potencialidades próprias. Falta ao trabalho de Koch, entretanto, uma imunização verdadeiramente convincente do conceito reflexivo contra o vírus do teleologismo. Mas, enfim: o que poderia ser, então, o desenvolvimento, para além da ideologia e do mito? O autor vem tentando, há algum tempo, esboçar uma resposta para essa pergunta que seja, ao mesmo tempo, consistente e nãoestreita. Sem querer ser simplesmente evasivo, o autor argumentou alhures (SOUZA, 1996a) que o conteúdo do desenvolvimento (o fim, no sentido de meta aceita pelos/acordada entre os membros de uma sociedade) deve ser entendido como atrelado a cada universo cultural e social particular, sendo logo, em um nível de detalhe que se preste à operacionalização, variável, plural. No entanto, em um plano de elevada abstração, uma formulação filosófica do desenvolvimento que deseje evitar a visão instrumental-economicista, conservadora, etnocêntrica e historicista da ideologia do desenvolvimento hegemônica poderia ser a seguinte: um movimento (sem fim - ou seja, sem "estágio final" ou mesmo direção concreta predeterminados ou previsíveis e que não poderá jamais ser declarado como "acabado" - e sujeito a retrocessos) em cuja esteira uma sociedade torna-se mais justa e aceitável para seus membros. Sem dúvida, a formulação acima, por demais singela, deve ser entendida meramente como uma primeira aproximação, a qual suscita questionamentos e carece de complementação. Um questionamento inicial seria: e se a mudança social, enquanto um valor, for simplesmente estranha ao imaginário da sociedade em tela, conforme acontece com as sociedades tribais? Este ponto foi já tocado pelo autor anteriormente (SOUZA, 1996a), e quanto a isso não pode restar dúvida: a idéia de desenvolvimento não é, geográfica e historicamente, desenraizada; ela é um produto histórico do Ocidente. No entanto, uma vez que o Ocidente efetivamente se mundializou e impactou, em maior ou menor grau, todas as culturas do planeta, a idéia de desenvolvimento possui hoje um alcance potencial gigantesco - fato que não justifica o etnocentrismo, mas sugere, bem ao contrário, que mesmo a defesa de tradições de coletividades não-ocidentais depreende uma resistência agora tornada impensável sem algum tipo de mudança em alguma escala: a saber, mudanças em escala nacional e mesmo global que deixem à etnodiversidade alguma margem de manobra. Um outro questionamento poderia ser: e se os membros de uma sociedade não tiverem plena consciência do que seria, objetivamente, melhor para eles? Do Brave New Worldde Aldous Huxley ao 1984 de

8 20 Revista TERRITÓRIO, ano 11, nº 3, jul./dez George Orwell, ou das experiências concretas do totalitarismo nazi-fascista e stalinista até a estupidificação e o conformismo na sociedade de consumo contemporânea, é preciso levar em conta a possibilidade de gritantes discrepâncias entre aquilo que um observador crítico interno a uma sociedade poderia considerar como sendo "bom" ou "justo", e aquilo que a maioria dos membros dessa mesma sociedade aceita como "bom" ou "justo". No entanto, olhando com atençâo, não é difícil perceber que os conflitos freqüentemente acabam indicando que, por baixo de um conformismo epidérmico, por trás do individualismo. da asfixia política e da propaganda, insatisfações existem, frustrações se acumulam e tensões vão se formando, corroendo por dentro o regime e esgarçando o tecido social (implosão do "socialismo real", problemas de "ingovernabilidade" nos regimes democrático-representativos ocidentais). A questão da justiça e da legitimidade é, pode-se convir, uma questão que nunca poderá ser encerrada - mas nem por isso é vazia de sentido. A idéia de autonomia, tal como apresentada pelo filósofo Cornelius Castoriadis - a auto-instituição consciente da sociedade, alicerçada na garantia política e na possibilidade material efetiva de igualdade de chances de participação nas tomadas de decisão (o que inclui o acesso à informação) _,9 tem sido, para o autor do presente trabalho, a ponte por excelência entre a "abertura" necessária e o alcance prático que o conceito de desenvolvimento precisa possuir. Porém, essa idéia necessita, antes, ser tornada realmente operacional, coisa com a qual Castoriadis abdica de se ocupar, voltado que está para o desbravamento de um campo radicalmente alternativo - a refundação do projeto democrático, sob inspiração da herança grega clássica (cuja substância é precisamente a autonomia) e pautada simultaneamente em uma denúncia da incompletude estrutural da democracia representativa moderna e em uma recusa do autoritarismo marxista (CASTORIADIS. 1983; 1986b; 1990; 1996a; 1996b). O processo de conquista da autonomia não é, no entanto, um "tudo ou nada", mas um compromisso necessário entre um horizonte estratégico de pensamento/ação e as modestas vitórias táticas hic et nunc (vide SOUZA, 1996a). Além do mais, a autonomia não é um princípio cuja operacionalização seja trivial, como o autor também já salientou em trabalho anterior (SOUZA, 1996a). A autonomia de um grupo para adotar uma concepção específica de desenvolvimento ou, mais amplamente, um modo de vida particular, exige a consideração desse grupo não isoladamente, mas no contexto de sua relação com outros grupos (em qualquer escala, da local à internacional), sempre à luz do seguinte desafio: por um lado, é preciso respeitar a alteridade do Outro e a incomensurabilidade de universos culturais distintos ("justiça", "direitos humanos" e outras são noções cujo conteúdo concreto pode variar bastante e apresentar afastamentos relativamente à con- 9 Ver, a propósito, CASTORIADIS. 1983; 1990.

9 Algumas notas sobre a importância do espaço para o desenvolvimento social 21 cepção moderna-ocidental); por outro lado, manifestações de uma dada sociedade que ferem a autonomia de outra, como o desejo de expandir-se territorialmente às custas dos vizinhos. devem ser veementemente rechaçadas. Ou seja, a autonomia é um princípio que exige a consideração do plano interno (a igualdade de chances de participação na tomada de decisões relevantes para a vida social), mas igualmente que se leve em conta o plano externo (os interesses legítimos e a autonomia do Outro, não importando o quanto ele seja diferente de nós mesmos), conforme um princípio de não-intervenção (SOUZA, 1994; 1996a). É bem verdade que a idéia de autonomia é, ela própria, tributária de uma matriz cultural específica, greco-ocidental, o que, é preciso admitir, parece restringir a sua aplicabilidade, enquanto princípio, no que toca ao plano interno a cada sociedade:" contudo, no plano externo, a noção de autonomia, aqui representada pelo direito de autodeterminação dos povos e culturas, aparece justamente como uma arma para a defesa da etnodiversidade. Mas, a propósito da não-intervenção: o que são os "interesses legítimos" do Outro? Até que ponto aquilo que um observador externo identifica como opressão e desrespeito sistemático aos direitos humanos, ainda que afete apenas os indivíduos vivendo longe das fronteiras do território desse observador, pode ser tolerado enquanto "manifestação de uma cultura"? Certamente não haverá uma resposta simples para isso, e as dificuldades do diálogo intercultural permanecerão. E, na verdade, o critério da legitimidade de uma sociedade aos olhos da maioria da população, delineado anteriormente, não elimina o direito de qualquer analista de exercitar, sem arrogància, o seu senso crítico, diante de relações e práticas sociais por ele julgadas opressivas ou insalubres, por mais que elas se achem sancionadas pela religião ou pelos costumes. Seja lá como for, a crítica do etnocentrismo é uma condição sine qua non para se edificar uma alternativa conceitual mais justa sobre o desenvolvimento. Tanto no plano interno a uma sociedade quanto no plano externo, o pensamento autonomista é capaz de sustentar uma concepção de desenvolvimento simultaneamente mais radical, generosa e consistente que aquilo que foi permitido pelo projeto "socialista" em qualquer de suas versões. Essa concepção o autor decidiu denominar uma "teoria aberta" do desenvolvimento sócío-espacial (SOUZA, 1996a). 10 Mesmo a seguinte ponderação de Castoriadis, tida pelo autor do presente trabalho como lapidar, tem nos limites da referida matriz cultural os limites de sua própria validade: "uma sociedade justa não é uma sociedade que adotou leis justas para sempre. Uma sociedade justa é uma sociedade onde a questão da justiça permanece constantemente aberta, ou seja, onde existe sempre a possibilidade socialmente efetiva de interrogação sobre a lei e sobre o fundamento da lei" (CASTORIADIS, 1983:33; grifo no original). Que sociedades teocráticas, tribais etc., onde o requisito acima de forma alguma é cumprido, estão longe de serem autônomas (internamente), isso é óbvio; o que não seria razoável seria classificá-ias, por conta disso, de injustas, indistintamente e sem considerar a relatividade cultural da idéia de justiça.

10 22 Revista TERRITÓRIO, ano li, nº 3, jul./dez O conceito de espaço social o que é o espaço? Não é interesse do autor navegar, nesta seção, por todos os meandros da idéia de espaço, palavra essa que é, certamente, uma das mais polissêmicas que existe, noção capturada e transformada em conceito pelas mais diferentes ciências e saberes. É impossível recuperar, dentro dos limites deste artigo, as discussões filosóficas mais gerais em torno do termo - as diferenças entre o espaço dos físicos e o dos psicólogos, o espaço absoluto em Newton ou o espaço como forma pura de intuição e princípio do conhecimento a priori em Kant -, restando como viável, pragmaticamente, comentar de forma direta e sucinta algo sobre o espaço como morada do homem - o espaço social. O espaço social é, primeiramente, ou em sua dimensão material e objetiva, um produto da transformação da natureza (do espaço natural: solo, rios etc.) pelo trabalho social. Palco das relações sociais, o espaço é, portanto, um palco verdadeiramente construído, modelado, embora em graus muito variados de intervenção e alteração pelo homem, das mínimas modificações introduzidas por uma sociedade de caçadores e coletores (impactos ambientais fracos) até um "ambiente construído" e altamente artificial como uma grande metrópole contemporânea (fortíssimo impacto sobre o ambiente natural), passando pelas pastagens e pelos campos de cultivo, pelos pequenos assentamentos etc. Não é um espaço abstrato ou puramente metafórico (acepção usual no domínio do senso comum e em certos discursos sociológicos, a começar por Durkheim), mas um espaço concreto, um espaço geográfico criado nos marcos de uma determinada sociedade. No fundo, esse é o núcleo de um conceito de espaço legado por diversas correntes inspiradas pelo materialismo histórico e que pontificaram nos anos 70 e 80 (Sociologia Urbana marxista, Radical Geography etc.)." A dimensão material do espaço social, tal como descortinada pelos autores marxistas, é, em sua formulação mais geral, um ponto de partida válido, embora não possa ser também o ponto de chegada de uma conceituo ação exigente. Como qualquer realidade social, o espaço não é uma entidade apenas objetiva; sua objetividade é lida (inter)subjetivamente, sua " Uma das principais fontes de desavença, e que originou um longo e famoso debate, se referia, justamente, ao status do espaço como elemento da totalidade social, notadamente sob o capitalismo contemporâneo: produto material extremamente importante e dotado de particularidades e poder condicionador, mas subordinado à dinâmica do modo de produção (posição de sociólogos como CASTELLS (1983] e mesmo de geógrafos como HARVEY (1980]), ou mesmo um simples reflexo das relações de produção (convicção de muitos cientistas sociais marxistas), ou, pelo contrário (como em LEFEBVRE [1981]), um domínio separado das forças produtivas da sociedade e autônomo (e preeminente!) perante as tradicionais esferas da produção, da troca e do consumo?

11 Algumas notas sobre a importância do espaço para o desenvolvimento social 23 materialidade é dotada de significações específicas para cada indivíduo (subjetividade) mas que são, também, em certa medida, compartilhadas por vários indivíduos (intersubjetividade). Palco material e objetivo das relações sociais, o espaço, no contexto da experiência de sujeitos cognoscentes organizados em sociedade, é, em certa medida, "construído" (inter)subjetivamente: bairro, região, "terra natal", "pátria"... Em cada escala se pode encontrar exemplos de como esse palco, longe de ser um simples suporte axiologicamente neutro, na verdade é uma materialidade impregnada de valores, um referencial para a orientação quotidiana, um catalisador simbólico e afetivo (a rua onde se nasceu, morou ou mora, "meu pedaço", "meu bairro", "minha região"), amiúde um referencial ideologicamente manipulado (pelos regionalismos, nacionalismos...). Enquanto lugar, o espaço transcende sua condição meramente objetiva, de suporte material para o existir humano (produzir, habitar, circular, amar, guerrear), reaparecendo em um plano conceitualmente mais elevado: materialidade dotada de significado, parte da experiência humana (ver, a propósito, TUAN, 1983, entre outros trabalhos representativos da Geografia Humanística)." Em um sentido não-material sutil, um espaço natural, ainda que ainda não propriamente transformado por um dado grupo, pode ser já considerado "social" a partir do momento em que, na mira de um projeto de colonização ou, pelo contrário, protegido enquanto reserva biológica, parque natural etc., foi já apropriado por um projeto social, passando a ser objeto de uma leitura determinada e recebendo uma finalidade (e sendo mapeado, enquadrado). Assim, não apenas o trabalho, que produz materialmente o espaço social, "socializa" espaço natural; as representações deste são, em si, já uma forma de desnaturalização, ao significarem a sua captura pelo imaginário de uma sociedade e uma forma ou um projeto de apropriação. De toda maneira, como o autor já havia grifado em um trabalho anterior (SOUZA, 1989: 151), a propósito de uma reflexão sobre o conceito de bai rro, é imprescindível ultrapassar a velha antinomia objetividade versus subjetividade, sem o que o espaço será ou coisificado (objetivismo: o espaço é visto enquanto materialidade historicamente forjada pelas "leis gerais da sociedade", um con- 12 Nem todo espaço social, em sentido objetivo, precisa ser um lugar ou fazer parte da esfera experiencial de um grupo: é o caso, por exemplo, de uma hipótetica cidade-fantasma, a qual, desabitada e "deslugarizada", nem por isso voltou, materialmente, à condição de espaço natural. Este exemplo, embora se refira a uma situação extrema e rara, mostra bem a precedência lógica do conceito de espaço social relativamente ao de lugar, sendo este um desdobramento ou uma complementação daquele. Diferentemente do substrato espacial (dimensão material do espaço), o lugar não é simplesmente algo exterior às pessoas (ou seja, um "palco", para usar novamente a metáfora), mas sim uma realidade da qual estas se sentem fazendo parte, e cuja identidade - lugar agredável, perigoso, de má fama... - não pode ser dissociada da sua presença, independentemente das eventuais discrepâncias de percepção entre insiders e outsiders.

12 24 Revista TERRITÓRIO, ano li, n 9 3, jul./dez junto objetivo de formas espaciais e funções cuja dinâmica é indiferente às subjetividades) ou fantasmagorizado (subjetivismo: o espaço é encarado como uma realidade vivida e percebida pelos indivíduos e grupos particulares, mas a realidade sócio-espacial que existe objetivamente, independentemente das consciências individuais, não é examinada profunda e criticarnentej.p Enquanto fonte de recursos (recursos naturais vitais e matérias-primas, mas também benfeitorias e toda sorte de valorização realizada, equipamentos, plantas industriais...) ou, ele mesmo, um recurso (localizações geoeconômica ou geopoliticamente estratégicas), o espaço é base de sobrevivência, fonte de poder e, por via de conseqüência, alvo de cobiça e desejo de apropriação e controle. A isso se deve adicionar a importância não apenas "instrumentai", militar ou econômica (visão bastante ocidental-moderna!), de um espaço, mas também a sua relevância cultural para um grupo: espaço sagrado, símbolo de uma identidade coletiva (em várias escalas - Rio de Janeiro, Brasil, América Latina... -, fazendo a pluralidade escalar eco à multiplicidade simultânea de identidades); enfim, a sua relevância simbólica e afetiva como lugar. Por tudo isso, o espaço tende a ser sempre objeto de disputa e apropriação, de territoria/ização. Conforme o autor deste trabalho sintetizou alhures, retomando e reciclando as contribuições de autores como RAFFESTIN (1993) e SACK (1986), um território é um espaço definido e delimitado por e a partir de relações de poder ou, dito de maneira mais precisa, um "campo de força" concernente a relações de poder espacialmente delimitadas e operando sobre um substrato (espaço material) referencial (SOU- ZA,1995). 3. O espaço na literatura sobre desenvolvimento: uma brevíssima panorâmica Por força dos vieses epistemológicos impostos pela divisão positivista do trabalho acadêmico, com as dimensões da sociedade (economia, política, cultura... tempo, espaço) sendo loteadas entre as diferentes disciplinas existentes, o espaço amiúde não foi valorizado na literatura sobre o desenvolvimento. É claro que, de tão artificiais, as fronteiras entre História, Sociologia, Geografia, Economia etc. comumente foram e são desrespeitadas - na realidade, ambíguas e mesmo contraditórias, essas fronteiras não podem, na prática, não ser desrespeitadas por qualquer um que queira realizar um trabalho relevante. No entanto, as restrições epistemológicas existem, e são ainda hoje levadas muito a sério por alguns: ademais, a própria maneira como se organizam a produção e a difusão do conhecimento impõe condicionamen- 13 Vale a pena registrar que, em um quadro epistemológico distinto, mas de maneira assaz interessante, também ENTRIKIN (1991) problematizou a referida antinomia.

13 Algumas notas sobre a importância do espaço para o desenvolvimento social 25 tos. Três fatores principais, atinentes a esse quadro, contribuiram decisivamente para o déficit de valorização do espaço no âmbito das teorizações sobre o desenvolvimento: 1) A Geografia, que amiúde se arroga o privilégio de ser a "ciência do espaço", sofreu, em larga medida justamente por causa de seu "holismo" superficial (indo do espaço natural ao social, mas evitando aprofundar-se nas relações sociais, a superficialidade enquanto ciência social foi o preço tantas vezes pago pelos geógrafos), de um empirismo exacerbado e de uma enorme dificuldade (e, durante muito tempo, relativo desinteresse) em construir teorias próprias. Comparativamente a disciplinas como a Economia e a Sociologia, a contribuição teórica direta dos geógrafos para a reflexão sobre o (sub)desenvolvimento foi insignificante. Mesmo a Ciência Política e, mais recentemente, a Antropologia, têm uma ficha de participação no debate teórico a respeito mais extensa e expressiva que a da Geografia. 2) A Economia e a Sociologia, normalmente controladas por um vício epistemológico setorializante (às vezes também historicizante, às vezes até mesmo sincrônico/a-histórico), amiúde não "espacializaram" suas reflexões sobre o desenvolvimento e, quando o fizeram, fizeram-no de modo limitado. É claro que houve vários autores importantes, em ambas as disciplinas, que valorizaram a dimensão espacial da sociedade: lembre-se, para ficar somente nos autores não-marxistas, pela Economia, por exemplo, von Thünen, Palander, (Alfred) Weber, Christaller (este, na verdade, um dublê de geógrafo), l.ósch e Isard; pela Sociologia, como não recordar a Escola de Chicago ou Chombart de Lauwe (e boa parte da Sociologia Urbana clássica em geral)? O problema é que esses normalmente não eram os mesmos autores que estavam diretamente engajados com a teorização sobre o (sub)desenvolvimento. Sem dúvida, também poderiam ser lembrados alguns autores importantes que representaram essa ponte: Boudeville, Lasuen e outros teóricos dos "pólos de crescimento", seguindo a trilha aberta por François Perroux: Albert Hirschman; Ignacy Sachs e outros autores ligados ao "ecodesenvolvimento". Todavia, aí manifesta-se outro tipo de problema: a pobreza ou o reducionismo presente nas conceituações e abordagens do espaço, do espaço econômico perrouxiano ("topológico", abstrato) ao espaço basicamente como espaço natural dos "ecodesenvolvimentistas". O espaço social concreto, objetivo e (inter)subjetivo, substrato e arena de luta, lugar e território, escapava, em sua riqueza e complexidade, às "visões-coador" das disciplinas setoriaisnomotéticas. 3) O terceiro fator é recordado por Kevin LYNCH (1994:103), que observa ser um preconceito muito comum aquele que presume que a materialidade espacial é relevante, sob o ângulo da qualidade de vida, na escala do lar ou local de trabalho e mesmo na da vizinhança (neighborhood), porém irrelevante quando se trata de escalas mais abrangentes, como a da cidade ou a da região. Esse preconceito, que Lynch combate frontalmente, é, como ele nota, partilhado por muitos planejadores físico-territoriais, além de ter sido

14 26 Revista TERRITÓRIO, ano 11, nº 3, jul./dez reforçado pela história das design professions e pela natureza das decisões regionais. Diante disso, não é difícil explicar a relativa pobreza das ligações entre espaço e desenvolvimento no âmbito das diferentes vertentes teóricas. Nas teorias da modernização e do crescimento (cujo apogeu se deu nos anos 60), onde muitos de seus autores pareciam encarar o espaço como um epifenômeno, ou seja, um simples "dado" empírico indigno de maior atenção, mesmo as exceções (teóricos dos pólos de crescimento, Hirschman, economistas regionais e urbanos) reduziram o espaço a um constructo econômico; as correntes redistribution with growth e "satisfação de necessidades básicas" (anos 70) não fizeram melhor; o "ecodesenvolvimento" criticou o fetichismo do crescimento, mas não contribuiu muito para avançar ao substituir o espaço econômico abstrato das teorias do crescimento por um espaço quase que reduzido à condição de natureza (conceitos como ecossistema, biosfera etc. adquiriram enorme importância), revelando um viés "naturalizante" agravado, a partir dos anos 80, por seu sucessor, o "desenvolvimento sustentável"; as correntes do "desenvolvimento endógeno" e do "desenvolvimento de baixo para cima" (fins dos anos 70/anos 80), de algum modo promissoras apesar de seu horizonte ideológico capitalistófilo, foram atropeladas pelo avanço da globalização e condenadas ao ostracismo pela maré conservadora neoliberal. Pelo lado do pensamento marxista, tipicamente economicista e não menos produtivista que a Economia "burguesa", o espaço não mereceu, durante muito tempo, maiores atenções ou um quadro conceitual próprio, como admitiu SOJA (1993), o qual julgou encontrar na publicação tardia da obra de Marx Fundamentos da crítica da Economia Política (Grundrisse) e nas "tradições anti-espaciais do marxismo ocidental" explicações para esse déficit. Entre os clássicos, insíghts inspirados e contribuições esparsas podem ser achados, sobretudo, em Marx e Engels (no Manifesto Comunista e em A ideologia alemã, nos escritos de Engels A situação da c/asse trabalhadora na Inglaterra e Para a questão da habitação, e em alguns escritos de Marx, como Para a crítica da Economia Política e mesmo O capita~, os quais não foram, eles próprios, muito além disso; em Trotsky (e já antes em Lênin) com sua visão do "desenvolvimento desigual e combinado"; e nas contribuições de Rosa Luxemburgo e Lênin sobre a internacionalização do capital e a dinâmica do imperialismo. Somente nas últimas décadas a abertura do pensamento marxista para com a dimensão espacial tornou-se expressiva, e não apenas entre geógrafos e sociólogos urbanos: nomes como o do economista trotskista Ernest Mandei, o do cientista político Nicos Poulantzas e o de Immanuel Wallerstein, principal teórico do "sistema mundial capitalista", não podem deixar de ser lembrados. Também no caso do marxismo, ou dos autores críticos em geral, aqueles que mais teorizaram e valorizaram a dimensão espacial (Henri Lefebvre, David Harvey, Edward Soja e vários outros) muitas vezes não estavam preocupados com a "questão do desenvolvimento" ou em construir um diálogo

15 Algumas notas sobre a importância do espaço para o desenvolvimento social 27 explícito com as teorias existentes (imperialismo, dependência). De toda maneira, cumpre notar que, devido ao viés marcadamente objetivista e economicista da maior parte desses autores, mesmo entre eles o espaço não teve todas as suas facetas contempladas e teorizadas: a "construção" (inter)subjetiva do espaço enquanto realidade social foi, compreensivelmente, secundarizada ou mesmo desqualificada; a banalização das dimensões política e cultural fez perder de vista a riqueza por trás de processos de territorialização/desterritorialização; a problemática da degradação ambiental, uma vez encarada a natureza como um manancial de recursos no bojo de uma Weltanschauung produtivísta, não foi suficiente ou adequadamente tematizada. As exceções (como Henri Lefebvre), aliás sempre relativas, só confirmam a reqra." 4. As muitas faces do espaço no âmbito da "teoria aberta" do desenvolvimento sócio-espacial A importância do espaço para o desenvolvimento, no âmbito da abordagem alternativa delineada na primeira seção e em trabalhos anteriores do autor, é múltipla. Comece-se pela dimensão objetiva do espaço, pela sua materialidade. Antes mesmo de se enfocar o espaço propriamente social, aliás, dever-se-ia fazer alusão ao espaço natural, cuja importância histórica para os processos de constituição e transformação social (e não apenas para o desenvolvimento em sentido autêntico) é óbvia: dos recursos naturais e fontes de energia indispensáveis ao processo produtivo (embora sejam hoje em dia fatores muito menos "estratégicos" que até poucas décadas atrás) às condições de "salubridade" do meio para a vida humana em geral (necessidade de se evitar a poluição do ar e da água, de se evitar a contaminação e a erosão dos solos etc.). De tão óbvia, essa importância do estrato natural originário chegou mesmo a influenciar visões agrupadas sob a etiqueta determinismo ambiental ou geográfico, abrangendo desde filósofos como Montesquieu até uma parte considerável da Geografia clássica, onde os talentos e as capacidades dos povos, e inclusive a sua vocação para o domínio territorial ou a subserviência, eram encarados como estreitamente dependentes das condições de seu 14 Uma outra exceção, particularmente interessante, foi Kevin Lynch - o qual, na verdade, sequer era marxista, nem mesmo "heterodoxo". Embora estivesse igualmente despreocupado, no âmbito de sua magnífica obra sobre a "boa forma urbana" (LYNCH, 1994), em construir pontes com as teorizações sobre o desenvolvimento (as quais sempre foram normalmente atinentes a escalas supralocais), ele oferece, contudo, uma reflexão riquíssima e de longo alcance sobre os vínculos entre espaço e qualidade de vida - e, o que é mais alvissareiro, sob um ângulo crítico bastante compatível com uma abordagem autonomista inspirada em Castoriadis.

16 28 Revista TERRITÓRIO, ano 11,n!.l 3, jul./dez meio natural (clima, relevo, situação geográfica etc.). Ainda que sem exagerar essa importância - o que ajuda a imunizar-se contra o etnocentrismo e o rassismo -, não há como negar, justamente sob um ângulo valorizador da autonomia do indivíduo e da sociedade, que a minimização da taxa de degradação da base de recursos de um povo (minimização da entropia, poder-seia dizer recordando GEORGESCU-ROEGEN, 1980) é uma contribuição decisiva para a qualidade de vida dos homens do presente e das futuras gerações." A materialidade do espaço especificamente social, isto é, produzido pelas relações sociais, possui uma importância múltipla. De um ponto de vista econômico, essa materialidade (a estrutura e as formas espaciais) poderá facilitar e estimular menos ou mais, por exemplo, a circulação de bens e pessoas. De um ponto de vista político, os objetos geográficos e a configuração da materialidade do espaço deverão ser trunfos visando ao controle e à segurança. De um ponto de vista cultural, essa materialidade (os símbolos e signos nela inscritos) manterá estreitos vínculos com a formação e reprodução de identidades coletivas, a orientação quotidiana dos indivíduos e a psicologia social. Cada um desses aspectos pode ser conformado em sentido subordinador-heteronomizante ou emancipatório-autonomizante: sob o capitalismo, a dimensão econômica é dominante, o que conduz muitas vezes (mas não inteiramente!) à instrumentalização do resto; por exemplo, o ganho de eficiência embutido em uma "modernização" do espaço objetivando acelerar a circulação de bens e pessoas tem como efetivo motor o imperativo de acumulação de capital, e não a qualidade de vida dos usuários. Controle e segurança normalmente traduzem-se por heteronomia, restringindo acessos, disciplinando os indivíduos e corporificando-se em bastiões de uma ordem excludente (dos muros de um castelo medieval aos dispositivos de segurança dos "condomínios exclusivos" da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, ou de Alphaville, em São Paulo), mas também podem expressar o legítimo domínio 15 Ter chamado a atenção da opinião pública mundial para essa responsabilidade intergeracional é uma das virtudes da perspectiva do sustainable development. No entanto, isso não é, em si, algo novo: mesmo Marx, apesar de seu produtivismo em última análise subestimador da irracionalidade ambiental da matriz tecnológica capitalista, já fizera alusão, no âmbito de uma denúncia da propriedade privada do solo em O capital, àquele tipo de responsabilidade. Além do mais, o habitual viés "ecologizante" dos autores que reclamam uma "sustentabilidade" para o desenvolvimento capitalista, viés esse responsável por uma lamentável superficialidade no trato dos problemas sociais engendrados pela própria lógica do capitalismo, não permite que se qualifique essa abordagem propriamente como crítica. Sobretudo se não se perder de vista certas contribuições anteriores, como a obra de Nicholas Georgescu-Roegen ou aquelas oriundas da "Ecologia Política" francesa (com destaque para Michel Bosquet), fica difícil considerar a moda atual do "desenvolvimento sustentável" um avanço intelectual.

17 Algumas notas sobre a importância do espaço para o desenvolvimento social 29 de uma coletividade autogovernada sobre o seu espaço, como era o caso com as muralhas da Atenas radicalmente democrática da Antigüidade. Quanto aos símbolos e signos inscritos na materialidade do espaço social, além da própria forma e disposição dos objetos geográficos, tanto podem indicar proibições (uma placa, um muro) quanto possibilidades; tanto podem concorrer para submeter ou domesticar um espírito quanto para libertá-lo; tanto podem servir à massificação, atomização e alienação quanto ao cultivo do intelecto e à formação de atitudes cooperativas; tanto podem induzir ao stress e à neurose quanto incentivar a meditação e a paz interior. Seja como for, o fato é que a organização espacial precisa estar em consonância com as relações de produção e necessidades tecnológicas, com as relações de poder e com as representações sociais - enfim, com o imaginário instituído - de uma dada sociedade, e precisará ser modificado para adaptar-se a cada transformação social. O controle do espaço e dos processos desenrolados no interior de um determinado recorte espacial é, de sua parte, uma condição para o exercício do poder, quer seja ele heterônomo ou autônomo. Não há poder sem base territorial (sem territorialízação), uma vez que esse é o fundamento do acesso às fontes do poder: dos recursos naturais e da população às identidades politicamente legitimatórias territorialmente referenciadas (nacionalismos, regionalismos). Enquanto "campo de força" o território "adere" a um substrato espacial, mas é um equívoco confundir ambos, conforme já se advertira em SOUZA (1995); modificar as formas e estruturas espaciais para adaptá- las a novas relações sociais é uma coisa, alterar territórios é outra diferente. Materialmente, pode-se reestruturar um espaço, para que ele não condicione ou induza à separação, à alienação; enquanto "campo de força", um território poderá ser fragmentado ou suprimido (desterritorialização), expressando a reciclagem ou eliminação de um poder que, antes, interditava o acesso e segregava - sem que, com isso, se modifique necessariamente a materialidade, podendo esta ser meramente refuncionalizada. Na prática, transformações das relações sociais costumam demandar tanto reestrututurações quanto refuncionalizações; e, quanto maior vier a ser a ruptura com as relações sociais instituídas, maior deverá ser a mudança, por meio de reestruturações e refuncionalizações, do espaço herdado, pressupondo desterritorializações e reterritorializações. A dimensão (inter)subjetiva não é acessória, mas crucial e fundante, uma vez que o espaço social, e a própria sociedade concreta como um todo (relações sociais + materialidade), não se deixa reduzir a algo "objetivo". Um lugar não se distingue de outros apenas por suas particularidades objetivas, que podem até não ser significativas, mas por ser vivenciado (e, eventualmente, apropriado, territorializado) por um grupo específico, que em interação com ele desenvolve uma identidade (bairrismo, regionalismo, nacionalismo...). De modo mais geral, um lugar sequer precisa ser vivenciado "de dentro" por parte de um grupo, qual bem pode vivenciá-lo "de fora" - situação que,

18 30 Revista TERRITÓRIO, ano li, n Q 3, jul./dez precisamente, está na base da dialética do preconceito, onde ignorância e exclusão se reforçam mutuamente. O habitante de um bairro julga, comumente, conhecer não apenas aquilo que ele vivencia, e que deve sua imagem social a uma interseção de "leituras" individuais como a dele, mas também aquilo que ele, por medo ou desprezo, evita: favelas, áreas de obsolescência... Sob o ângulo da autonomia, uma tarefa é a busca da desmontagem de preconceitos que se escondem por trás das imagens de certos lugares. Outra tarefa igualmente importante é investigar em que medida uma consciência e uma identidade espaciais são construídas de baixo para cima ou, pelo contrário, predominantemente estimuladas por interesses e iniciativas de elites territorialmente referenciadas (locais, regionais, nacionais). Uma identidade espacial (apego ao bairro, identidade regional e nacional) pode referenciar um discurso e uma prática ernancipatórios, totalmente congruentes, nos planos interno e externo, com a idéia de autonomia; mas pode, também, como aliás tem sido freqüente, ter no espaço um catalisador das emoções e frustrações de uma massa manipulada como sustentáculo para a dominação interna ou para fins de expansão externa por parte de uma elite. Distinguir, por trás de cada impulso territorialmente referenciado de "autonomização", o que é compatível com a idéia de autonomia no sentido castoriadiano e o que é manipulação de elites e intolerância xenófoba, é uma tarefa atualíssima, ademais de central no campo do desenvolvimento sócio-espacial. O reconhecimento do efeito do espaço não apenas como produto das relações sociais, mas também como condicionador dessas relações, deve englobar, para além do reducionismo operado pelas leituras marxistas que estimularam a concepção original de uma "dialética sócio-espacial" (Edward SOJA [1993], apoiado no pensamento de Henri LEFEBVRE [1981J, este muito mais flexível e "heterodoxo"), não somente os condicionamentos da objetividade material do espaço herdado, mas também das imagens e representações espaciais, da sua dimensão intersubjetiva portanto. Uma outra faceta desse condicionamento, também negligenciada pelo marxismo, é a questão da brutal destruição da base de recursos vitais (degradação ambiental), restringindo, assim, a margem de manobra das futuras gerações. 16 Outro aspecto onde se revela a importância da dimensão espacial é a questão da localização e seus vínculos com o desenvolvimento. Por exemplo, em que medida a proximidade geográfica, sendo uma facilitadora da difusão de inovações e também do acesso (em que pese isso ser cada vez mais relativizado pela compressão espaço-temporal propiciada pela tecnologia de comunicações e transportes) pode estimular o desenvolvimento? Fazendo contraponto com as potencialidades físicas de difusão e acesso tem-se os 16 Seja, de passagem, observado que a percepção e tematização dos condicionamentos impostos pelo espaço social nunca esteve restrita ao ambiente intelectual marxista. Um bom exemplo é, a propósito, LYNCH (1994).

19 Algumas notas sobre a importância do espaço para o desenvolvimento social 31 problemas de territorializações fechadas de localizações (ou seja, situações de monopólio locacional) e de barreiras sociais (culturais, econômicas) restritivas da difusão e da acessibilidade. Uma questão de suma importância que deve ser colocada a respeito é a seguinte: diante das especificidades do espaço, como sua sua fixidez e (de um ponto de vista absoluto) irreprodutibilidade, em que condições são essas territorializações defensáveis, e em que circunstâncias são injustas? Onde termina a territorialização perfeitamente legítima, sob o ângulo da autonomia, garantidora da preservação da base de recursos e da identidade de um grupo, e começam o "corporativismo territorial" ou a segregação sócio-espacial, que ferem o princípio da igualdade efetiva de oportunidades? Ainda um outro aspecto crucial é o desafio da globalização: fim dos territórios, fim da "geografia", como já foi sugerido? Além de todos os aspectos anteriormente tratados, que ilustram a importância crucial do espaço para o desenvolvimento (em sentido economicista-convencional ou não), é preciso não exagerar nem os efeitos da "aniquilação do espaço pelo tempo" (compressão espaço-temporal) nem a capacidade homogeneizadora da mundial i- zação da cultura de massas. Como mostrou HARVEY (1994; 1996), a queda de barreiras espaciais não redunda em decréscimo da significância do espaço para o capitalismo contemporâneo, pois certas diferenças na qualidade dos lugares (da infra-estrutura ao "clima social") passam a ser mais valorizadas entre os potenciais investidores, ocasionando uma forte competição entre aqueles que disputam investimentos e buscam atraí-los para os seus respectivos espaços. De mais a mais, da fragmentação do tecido sócio-políticoespacial de uma metrópole como o Rio de Janeiro sob a influência da expansão do trafico de drogas e do sentimento de insegurança (SOUZA, 1996b) aos movimentos regionalistas e nacionalistas da atualidade, as provas de que a globalização econômico-financeira e mesmo cultural não homogeniza o mundo ou esvazia a diversidade espacial (a diferenciação de áreas, para usar uma antiga expressão geográfica) de sua relevância são numerosas demais para serem negligenciadas. Por fim, o espaço, além de ser uma realidade que é parte de nosso objeto de estudo, nos remete ainda ao terreno metodológico: a combinação de níveis de apreensão da realidade, de escalas geográficas. Teorizadas, a partir da década de 70, por diversos autores (como LACOSTE, 1988, e RACINE et ai., 1983). as escalas de análise e sua combinação transportam a velha dialética entre o geral e o particular, o externo e o interno, para um plano eminentemente concreto, referenciado por processos e dinâmicas reais (alcance espacial de problemas, redes, territórios, imagens...). Vem a pêlo, porém, acrescentar que a própria autonomia é, em boa medida, uma questão de escala. Por exemplo, a perda de autonomia dos moradores de favelas do Rio de Janeiro na esteira da gradual territorialização destas por quadrilhas de traficantes de drogas, postulada pelo autor em trabalhos anteriores (SOUZA, 1995: 1996b), diminui de importância na proporção em que se passa da esca-

20 32 Revista TERRITÓRIO, ano 11, nº 3, jul.zdez la da favela para a da cidade como um todo, e desta aos níveis nacional e mundial - revelando-se, cada vez mais nitidamente, à luz dos fatores de injustiça social emergentes nas diversas escalas, o quanto a autonomia do favelado é e sempre foi medíocre, fato esse apenas agravado pela presença inibidora dos traficantes, Ou seja, a autonomia efetiva é função de várias coisas substantivas, as quais definem a resposta à pergunta autonomia para quê?; mas, por tabela, é também uma função da escala. Se o horizonte utópico castoriadiano depreende, especialmente em um mundo globalizado, a valorização da escala geográfica global, uma visão operacional do problema, a qual reconheça que a plena autonomia e a heteronomia mais brutal são somente os dois extremos de uma gradação de situações possíveis, tem, de sua parte, forçosamente, de prestigiar muitas escalas e a combinação de escalas. Arremate Faz-se mister ultrapassar a idéia de desenvolvimento etnocêntrica, conservadora, economicista e historicista. É possível, com suporte na idéia de autonomia, escapar do desenvolvimento enquanto algo exógeno, trazido (ou imposto) de fora, culturalmente estranho e de conseqüências não raro nefastas, ainda que fascinante... como a modernização capitalista. Mais: na medida em que o desenvolvimento não for teleologicamente concebido, e a contingência e o inesperado tiverem o seu papel assegurado, não se estará diante de um desenvolvimento endogenamente predeterminado, mas de um processo cujo desfecho será sempre incerto. Na esteira desse duplo movimento de superação a idéia de desenvolvimento abandona. finalmente. o mito para fazer-se história. Porém, ainda falta algo. Se se quiser que o conceito assim renovado de desenvolvimento possua concretude e operacionalidade, é imprescindível não subestimar o espaço social como dimensão de análise, uma vez que a própria sociedade só é concreta com o espaço, sobre o espaço, no espaço. Espaço, agora, multifacetado, porque só pensado enquanto multifacetado (multidimensional) pode ser autêntico o desenvolvimento. Não é menos equivocado imaginar ser possível transformar as relações sociais sem modificar o espaço social que as condiciona que pensar, a exemplo da tradição urbanística corbusiana, que a sociedade mudará se as formas e estruturas espaciais mudarem. Não padecer de hemiplegia mental é requisito indispensável para se lograr uma abordagem não-reducionista da mudança social.

EXPLORANDO ALGUMAS IDEIAS CENTRAIS DO PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS ENSINO FUNDAMENTAL. Giovani Cammarota

EXPLORANDO ALGUMAS IDEIAS CENTRAIS DO PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS ENSINO FUNDAMENTAL. Giovani Cammarota UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA PRÁTICA DE ENSINO DE MATEMÁTICA III EXPLORANDO ALGUMAS IDEIAS CENTRAIS DO PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS ENSINO FUNDAMENTAL Giovani Cammarota

Leia mais

VOLUNTARIADO E CIDADANIA

VOLUNTARIADO E CIDADANIA VOLUNTARIADO E CIDADANIA Voluntariado e cidadania Por Maria José Ritta Presidente da Comissão Nacional do Ano Internacional do Voluntário (2001) Existe em Portugal um número crescente de mulheres e de

Leia mais

PRAXIS. EscoladeGestoresdaEducaçãoBásica

PRAXIS. EscoladeGestoresdaEducaçãoBásica PRAXIS A palavra práxis é comumente utilizada como sinônimo ou equivalente ao termo prático. Todavia, se recorrermos à acepção marxista de práxis, observaremos que práxis e prática são conceitos diferentes.

Leia mais

A Sociologia de Weber

A Sociologia de Weber Material de apoio para Monitoria 1. (UFU 2011) A questão do método nas ciências humanas (também denominadas ciências históricas, ciências sociais, ciências do espírito, ciências da cultura) foi objeto

Leia mais

Katia Luciana Sales Ribeiro Keila de Souza Almeida José Nailton Silveira de Pinho. Resenha: Marx (Um Toque de Clássicos)

Katia Luciana Sales Ribeiro Keila de Souza Almeida José Nailton Silveira de Pinho. Resenha: Marx (Um Toque de Clássicos) Katia Luciana Sales Ribeiro José Nailton Silveira de Pinho Resenha: Marx (Um Toque de Clássicos) Universidade Estadual de Montes Claros / UNIMONTES abril / 2003 Katia Luciana Sales Ribeiro José Nailton

Leia mais

Ateneo de investigadores (Espaço de intercâmbio entre pesquisadores)

Ateneo de investigadores (Espaço de intercâmbio entre pesquisadores) Ateneo de investigadores (Espaço de intercâmbio entre pesquisadores) Relatoria do Ateneo 2: Pesquisa e produção de conhecimento em Política Educacional (pesquisa, publicações, integridade e ética na pesquisa)

Leia mais

1 A sociedade dos indivíduos

1 A sociedade dos indivíduos Unidade 1 A sociedade dos indivíduos Nós, seres humanos, nascemos e vivemos em sociedade porque necessitamos uns dos outros. Thinkstock/Getty Images Akg-images/Latin Stock Akg-images/Latin Stock Album/akg

Leia mais

A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO COMO PRINCÍPIO EDUCATIVO NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES

A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO COMO PRINCÍPIO EDUCATIVO NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO COMO PRINCÍPIO EDUCATIVO NA FORMAÇÃO DE Universidade Estadual De Maringá gasparin01@brturbo.com.br INTRODUÇÃO Ao pensarmos em nosso trabalho profissional, muitas vezes,

Leia mais

Pequenas e Médias Empresas no Canadá. Pequenos Negócios Conceito e Principais instituições de Apoio aos Pequenos Negócios

Pequenas e Médias Empresas no Canadá. Pequenos Negócios Conceito e Principais instituições de Apoio aos Pequenos Negócios Pequenas e Médias Empresas no Canadá Pequenos Negócios Conceito e Principais instituições de Apoio aos Pequenos Negócios De acordo com a nomenclatura usada pelo Ministério da Indústria do Canadá, o porte

Leia mais

Colégio Ser! Sorocaba Sociologia Ensino Médio Profª. Marilia Coltri

Colégio Ser! Sorocaba Sociologia Ensino Médio Profª. Marilia Coltri Marx, Durkheim e Weber Colégio Ser! Sorocaba Sociologia Ensino Médio Profª. Marilia Coltri Problemas sociais no século XIX Problemas sociais injustiças do capitalismo; O capitalismo nasceu da decadência

Leia mais

Elaboração de Projetos

Elaboração de Projetos Elaboração de Projetos 2 1. ProjetoS John Dewey (1859-1952) FERRARI, Márcio. John Dewey: o pensador que pôs a prática em foco. Nova Escola, São Paulo, jul. 2008. Edição especial grandes pensadores. Disponível

Leia mais

José Fernandes de Lima Membro da Câmara de Educação Básica do CNE

José Fernandes de Lima Membro da Câmara de Educação Básica do CNE José Fernandes de Lima Membro da Câmara de Educação Básica do CNE Cabe a denominação de novas diretrizes? Qual o significado das DCNGEB nunca terem sido escritas? Educação como direito Fazer com que as

Leia mais

Lista de exercícios Sociologia- 1 ano- 1 trimestre

Lista de exercícios Sociologia- 1 ano- 1 trimestre Lista de exercícios Sociologia- 1 ano- 1 trimestre 01-O homo sapiens moderno espécie que pertencemos se constitui por meio do grupo, ou seja, sociedade. Qual das características abaixo é essencial para

Leia mais

1.3. Planejamento: concepções

1.3. Planejamento: concepções 1.3. Planejamento: concepções Marcelo Soares Pereira da Silva - UFU O planejamento não deve ser tomado apenas como mais um procedimento administrativo de natureza burocrática, decorrente de alguma exigência

Leia mais

Por uma pedagogia da juventude

Por uma pedagogia da juventude Por uma pedagogia da juventude Juarez Dayrell * Uma reflexão sobre a questão do projeto de vida no âmbito da juventude e o papel da escola nesse processo, exige primeiramente o esclarecimento do que se

Leia mais

INTELIGÊNCIA E PROSPECTIVA ESTRATÉGICAS. A moderna administração está repleta de ferramentas, técnicas e métodos de

INTELIGÊNCIA E PROSPECTIVA ESTRATÉGICAS. A moderna administração está repleta de ferramentas, técnicas e métodos de INTELIGÊNCIA E PROSPECTIVA ESTRATÉGICAS Raul Sturari (*) A moderna administração está repleta de ferramentas, técnicas e métodos de apoio à Gestão Estratégica, cujo sucesso condiciona a sobrevivência e

Leia mais

SOCIEDADE E TEORIA DA AÇÃO SOCIAL

SOCIEDADE E TEORIA DA AÇÃO SOCIAL SOCIEDADE E TEORIA DA AÇÃO SOCIAL INTRODUÇÃO O conceito de ação social está presente em diversas fontes, porém, no que se refere aos materiais desta disciplina o mesmo será esclarecido com base nas idéias

Leia mais

introdução Trecho final da Carta da Terra 1. O projeto contou com a colaboração da Rede Nossa São Paulo e Instituto de Fomento à Tecnologia do

introdução Trecho final da Carta da Terra 1. O projeto contou com a colaboração da Rede Nossa São Paulo e Instituto de Fomento à Tecnologia do sumário Introdução 9 Educação e sustentabilidade 12 Afinal, o que é sustentabilidade? 13 Práticas educativas 28 Conexões culturais e saberes populares 36 Almanaque 39 Diálogos com o território 42 Conhecimentos

Leia mais

Comentário ao Documentário Portugal Um Retrato Social

Comentário ao Documentário Portugal Um Retrato Social Módulo: Cidadania e Profissionalidade Formadora: Vitória Rita Comentário ao Documentário Portugal Um Retrato Social IMSI 16 Introdução Antes de dar início a minha reflexão, ou seja dar a minha opinião

Leia mais

Aula 5 DESAFIOS DO ESPAÇO RURAL. Cecilia Maria Pereira Martins

Aula 5 DESAFIOS DO ESPAÇO RURAL. Cecilia Maria Pereira Martins Aula 5 DESAFIOS DO ESPAÇO RURAL META Analisar os atuais desafios do espaço rural brasileiro a partir da introdução de novas atividades e relações econômicas, sociais, culturais e políticas. OBJETIVOS Ao

Leia mais

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM POLÍTICAS PÚBLICAS, ESTRATÉGIAS E DESENVOLVIMENTO

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM POLÍTICAS PÚBLICAS, ESTRATÉGIAS E DESENVOLVIMENTO PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM POLÍTICAS PÚBLICAS, ESTRATÉGIAS E DESENVOLVIMENTO LINHA DE PESQUISA: POLÍTICAS PÚBLICAS DE CULTURA JUSTIFICATIVA O campo de pesquisa em Políticas Públicas de

Leia mais

Idealismo - corrente sociológica de Max Weber, se distingui do Positivismo em razão de alguns aspectos:

Idealismo - corrente sociológica de Max Weber, se distingui do Positivismo em razão de alguns aspectos: A CONTRIBUIÇÃO DE MAX WEBER (1864 1920) Max Weber foi o grande sistematizador da sociologia na Alemanha por volta do século XIX, um pouco mais tarde do que a França, que foi impulsionada pelo positivismo.

Leia mais

Colégio Senhora de Fátima

Colégio Senhora de Fátima Colégio Senhora de Fátima A formação do território brasileiro 7 ano Professora: Jenifer Geografia A formação do território brasileiro As imagens a seguir tem como principal objetivo levar a refletir sobre

Leia mais

difusão de idéias AS ESCOLAS TÉCNICAS SE SALVARAM

difusão de idéias AS ESCOLAS TÉCNICAS SE SALVARAM Fundação Carlos Chagas Difusão de Idéias dezembro/2006 página 1 AS ESCOLAS TÉCNICAS SE SALVARAM Celso João Ferretti: o processo de desintegração da educação atingiu em menor escala as escolas técnicas.

Leia mais

MRP II. Planejamento e Controle da Produção 3 professor Muris Lage Junior

MRP II. Planejamento e Controle da Produção 3 professor Muris Lage Junior MRP II Introdução A lógica de cálculo das necessidades é conhecida há muito tempo Porém só pode ser utilizada na prática em situações mais complexas a partir dos anos 60 A partir de meados da década de

Leia mais

RESENHA. Desenvolvimento Sustentável: dimensões e desafios

RESENHA. Desenvolvimento Sustentável: dimensões e desafios RESENHA Desenvolvimento Sustentável: dimensões e desafios Sustainable Development: Dimensions and Challenges Marcos Antônio de Souza Lopes 1 Rogério Antonio Picoli 2 Escrito pela autora Ana Luiza de Brasil

Leia mais

Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, tendo se reunido no Rio de Janeiro, de 3 a 14 de junho de 1992, reafirmando

Leia mais

O olhar do professor das séries iniciais sobre o trabalho com situações problemas em sala de aula

O olhar do professor das séries iniciais sobre o trabalho com situações problemas em sala de aula O olhar do professor das séries iniciais sobre o trabalho com situações problemas em sala de aula INTRODUÇÃO Josiane Faxina Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho Câmpus Bauru e-mail: josi_unesp@hotmail.com

Leia mais

Importância da normalização para as Micro e Pequenas Empresas 1. Normas só são importantes para as grandes empresas...

Importância da normalização para as Micro e Pequenas Empresas 1. Normas só são importantes para as grandes empresas... APRESENTAÇÃO O incremento da competitividade é um fator decisivo para a maior inserção das Micro e Pequenas Empresas (MPE), em mercados externos cada vez mais globalizados. Internamente, as MPE estão inseridas

Leia mais

universidade de Santa Cruz do Sul Faculdade de Serviço Social Pesquisa em Serviço Social I

universidade de Santa Cruz do Sul Faculdade de Serviço Social Pesquisa em Serviço Social I universidade de Santa Cruz do Sul Faculdade de Serviço Social Pesquisa em Serviço Social I ELABORAÇÃO DO PROJETO DE PESQUISA: a escolha do tema. Delimitação, justificativa e reflexões a cerca do tema.

Leia mais

1. INTRODUÇÃO CONCEITUAL SOBRE O DESENVOLVIMENTO E O CRESCIMENTO ECONÔMICO

1. INTRODUÇÃO CONCEITUAL SOBRE O DESENVOLVIMENTO E O CRESCIMENTO ECONÔMICO 1. INTRODUÇÃO CONCEITUAL SOBRE O DESENVOLVIMENTO E O CRESCIMENTO ECONÔMICO A análise da evolução temporal (ou dinâmica) da economia constitui o objeto de atenção fundamental do desenvolvimento econômico,

Leia mais

Disciplina Corpo Humano e Saúde: Uma Visão Integrada - Módulo 3

Disciplina Corpo Humano e Saúde: Uma Visão Integrada - Módulo 3 3. A transversalidade da saúde Você já ouviu falar em Parâmetros Curriculares Nacionais? Já ouviu? Que bom! Não lembra? Não se preocupe, pois iremos, resumidamente, explicar o que são esses documentos.

Leia mais

OS CONHECIMENTOS DE ACADÊMICOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA E SUA IMPLICAÇÃO PARA A PRÁTICA DOCENTE

OS CONHECIMENTOS DE ACADÊMICOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA E SUA IMPLICAÇÃO PARA A PRÁTICA DOCENTE OS CONHECIMENTOS DE ACADÊMICOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA E SUA IMPLICAÇÃO PARA A PRÁTICA DOCENTE Maria Cristina Kogut - PUCPR RESUMO Há uma preocupação por parte da sociedade com a atuação da escola e do professor,

Leia mais

Ajuda ao SciEn-Produção 1. 1. O Artigo Científico da Pesquisa Experimental

Ajuda ao SciEn-Produção 1. 1. O Artigo Científico da Pesquisa Experimental Ajuda ao SciEn-Produção 1 Este texto de ajuda contém três partes: a parte 1 indica em linhas gerais o que deve ser esclarecido em cada uma das seções da estrutura de um artigo cientifico relatando uma

Leia mais

---- ibeu ---- ÍNDICE DE BEM-ESTAR URBANO

---- ibeu ---- ÍNDICE DE BEM-ESTAR URBANO INSTITUTO NACIONAL DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA CNPq/FAPERJ/CAPES ---- ibeu ---- ÍNDICE DE BEM-ESTAR URBANO COORDENAÇÃO LUIZ CÉSAR DE QUEIROZ RIBEIRO EQUIPE RESPONSÁVEL ANDRÉ RICARDO SALATA LYGIA GONÇALVES

Leia mais

GT Psicologia da Educação Trabalho encomendado. A pesquisa e o tema da subjetividade em educação

GT Psicologia da Educação Trabalho encomendado. A pesquisa e o tema da subjetividade em educação GT Psicologia da Educação Trabalho encomendado A pesquisa e o tema da subjetividade em educação Fernando Luis González Rey 1 A subjetividade representa um macroconceito orientado à compreensão da psique

Leia mais

OS PROCESSOS DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL EM UM DESENHO CONTEMPORÂNEO

OS PROCESSOS DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL EM UM DESENHO CONTEMPORÂNEO OS PROCESSOS DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL EM UM DESENHO CONTEMPORÂNEO Karen Ramos Camargo 1 Resumo O presente artigo visa suscitar a discussão acerca dos processos de trabalho do Serviço Social, relacionados

Leia mais

FORMAÇÃO DOCENTE: ASPECTOS PESSOAIS, PROFISSIONAIS E INSTITUCIONAIS

FORMAÇÃO DOCENTE: ASPECTOS PESSOAIS, PROFISSIONAIS E INSTITUCIONAIS FORMAÇÃO DOCENTE: ASPECTOS PESSOAIS, PROFISSIONAIS E INSTITUCIONAIS Daniel Silveira 1 Resumo: O objetivo desse trabalho é apresentar alguns aspectos considerados fundamentais para a formação docente, ou

Leia mais

P.42 Programa de Educação Ambiental - PEA Capacitação professores Maio 2013 Módulo SUSTENTABILIDADE

P.42 Programa de Educação Ambiental - PEA Capacitação professores Maio 2013 Módulo SUSTENTABILIDADE P.42 Programa de Educação Ambiental - PEA Capacitação professores Maio 2013 Módulo SUSTENTABILIDADE Definições de sustentabilidade sustentar - suster 1. Impedir que caia; suportar; apoiar; resistir a;

Leia mais

KARL MARX (1818-1883)

KARL MARX (1818-1883) KARL MARX (1818-1883) 1861 Biografia Nasceu em Trier, Alemanha. Pais judeus convertidos. Na adolescência militante antireligioso; A crítica da religião é o fundamento de toda crítica. Tese de doutorado

Leia mais

MATERIAL DE DIVULGAÇÃO DA EDITORA MODERNA

MATERIAL DE DIVULGAÇÃO DA EDITORA MODERNA MATERIAL DE DIVULGAÇÃO DA EDITORA MODERNA Professor, nós, da Editora Moderna, temos como propósito uma educação de qualidade, que respeita as particularidades de todo o país. Desta maneira, o apoio ao

Leia mais

14 --------- Como redigir o projeto de pesquisa? 14. 1.2 Identificação

14 --------- Como redigir o projeto de pesquisa? 14. 1.2 Identificação 14 --------- Como redigir o projeto de pesquisa? 14. 1.2 Identificação Nesta primeira parte são apresentados os dados essenciais à identificação do projeto, quais sejam: a) título e subtítulo (se houver);

Leia mais

ipea políticas sociais acompanhamento e análise 7 ago. 2003 117 GASTOS SOCIAIS: FOCALIZAR VERSUS UNIVERSALIZAR José Márcio Camargo*

ipea políticas sociais acompanhamento e análise 7 ago. 2003 117 GASTOS SOCIAIS: FOCALIZAR VERSUS UNIVERSALIZAR José Márcio Camargo* GASTOS SOCIAIS: FOCALIZAR VERSUS UNIVERSALIZAR José Márcio Camargo* Como deve ser estruturada a política social de um país? A resposta a essa pergunta independe do grau de desenvolvimento do país, da porcentagem

Leia mais

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA PERMEIA MUDANÇAS DE ATITUDES NA SOCIEDADE

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA PERMEIA MUDANÇAS DE ATITUDES NA SOCIEDADE A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA PERMEIA MUDANÇAS DE ATITUDES NA SOCIEDADE INTRODUÇÃO José Izael Fernandes da Paz UEPB joseizaelpb@hotmail.com Esse trabalho tem um propósito particular pertinente de abrir

Leia mais

Sustentabilidade x Desperdício

Sustentabilidade x Desperdício Sustentabilidade x Desperdício Alunos: Antônio Fernandes Margarida Késsia Daniele de Brito Nilmara Oliveira Introdução O tema consciência ambiental tem estado em alta no Brasil. A falta d água em vários

Leia mais

3.4 DELINEAMENTO ÉTICO JURÍDICO DA NOVA ORGANIZAÇÃO SOCIAL

3.4 DELINEAMENTO ÉTICO JURÍDICO DA NOVA ORGANIZAÇÃO SOCIAL 3.4 DELINEAMENTO ÉTICO JURÍDICO DA NOVA ORGANIZAÇÃO SOCIAL Os fundamentos propostos para a nova organização social, a desconcentração e a cooperação, devem inspirar mecanismos e instrumentos que conduzam

Leia mais

Educação Ambiental Crítica: do socioambientalismo às sociedades sustentáveis

Educação Ambiental Crítica: do socioambientalismo às sociedades sustentáveis Educação Ambiental Crítica: do socioambientalismo às sociedades sustentáveis Ciclo de Cursos de Educação Ambiental Ano 4 Secretaria de Estado do Meio Ambiente Coordenadoria de Planejamento Ambiental Estratégico

Leia mais

RESENHA CADERNO PENSAR ESTADO DE MINAS 09/04/05. Universidade, Globalização e a Ecologia dos Saberes

RESENHA CADERNO PENSAR ESTADO DE MINAS 09/04/05. Universidade, Globalização e a Ecologia dos Saberes RESENHA CADERNO PENSAR ESTADO DE MINAS 09/04/05 Universidade, Globalização e a Ecologia dos Saberes Leonardo Avritzer O Professor Boaventura de Sousa Santos é autor de uma obra que tem se tornado uma das

Leia mais

"Brasil é um tipo de país menos centrado nos EUA"

Brasil é um tipo de país menos centrado nos EUA "Brasil é um tipo de país menos centrado nos EUA" Neill Lochery, pesquisador britânico, no seu livro Brasil: os Frutos da Guerra mostrou os resultados da sua investigação histórica de um dos períodos mais

Leia mais

O que são Direitos Humanos?

O que são Direitos Humanos? O que são Direitos Humanos? Por Carlos ley Noção e Significados A expressão direitos humanos é uma forma abreviada de mencionar os direitos fundamentais da pessoa humana. Sem esses direitos a pessoa não

Leia mais

DECLARAÇÃO FINAL Quebec, 21 de setembro de 1997

DECLARAÇÃO FINAL Quebec, 21 de setembro de 1997 DECLARAÇÃO FINAL Quebec, 21 de setembro de 1997 Reunidos na cidade de Quebec de 18 a 22 de setembro de 1997, na Conferência Parlamentar das Américas, nós, parlamentares das Américas, Considerando que o

Leia mais

Exercícios de Revisão - 1

Exercícios de Revisão - 1 Exercícios de Revisão - 1 1. Sobre a relação entre a revolução industrial e o surgimento da sociologia como ciência, assinale o que for incorreto. a) A consolidação do modelo econômico baseado na indústria

Leia mais

LISTA DE EXERCÍCIOS RECUPERAÇÃO. 1. Quais foram as principais características da escolástica? Cite alguns de seus pensadores.

LISTA DE EXERCÍCIOS RECUPERAÇÃO. 1. Quais foram as principais características da escolástica? Cite alguns de seus pensadores. LISTA DE EXERCÍCIOS RECUPERAÇÃO 1. Quais foram as principais características da escolástica? Cite alguns de seus pensadores. 2. Como acontecia a aprendizagem nas escolas no período medieval? Quem era apto

Leia mais

Globalização e solidariedade Jean Louis Laville

Globalização e solidariedade Jean Louis Laville CAPÍTULO I Globalização e solidariedade Jean Louis Laville Cadernos Flem V - Economia Solidária 14 Devemos lembrar, para entender a economia solidária, que no final do século XIX, houve uma polêmica sobre

Leia mais

1 A sociedade dos indivíduos

1 A sociedade dos indivíduos 1 A dos indivíduos Unidade Nós, seres humanos, nascemos e vivemos em porque necessitamos uns dos outros. Entre os estudiosos que se preocuparam em analisar a relação dos indivíduos com a, destacam-se Karl

Leia mais

Descrição e regras e dinâmica do jogo Unidos para produzir um lugar saudável - PDTSP TEIAS

Descrição e regras e dinâmica do jogo Unidos para produzir um lugar saudável - PDTSP TEIAS Descrição e regras e dinâmica do jogo Unidos para produzir um lugar saudável - PDTSP TEIAS Peças do jogo O jogo Unidos para produzir um lugar saudável PDTSP TEIAS Escola Manguinhos Versão inicial é composto

Leia mais

O TIGRE E A DEMOCRACIA: O CONTRATO SOCIAL HISTÓRICO

O TIGRE E A DEMOCRACIA: O CONTRATO SOCIAL HISTÓRICO 5.11.05 O TIGRE E A DEMOCRACIA: O CONTRATO SOCIAL HISTÓRICO Luiz Carlos Bresser-Pereira Primeira versão, 5.11.2005; segunda, 27.2.2008. No século dezessete, Hobbes fundou uma nova teoria do Estado que

Leia mais

A evolução da espécie humana até aos dias de hoje

A evolução da espécie humana até aos dias de hoje 25-11-2010 A evolução da espécie humana até aos dias de hoje Trabalho elaborado por: Patrícia da Conceição O aparecimento da espécie humana não aconteceu de um momento para o outro. Desde as mais antigas

Leia mais

Fragmentos do Texto Indicadores para o Desenvolvimento da Qualidade da Docência na Educação Superior.

Fragmentos do Texto Indicadores para o Desenvolvimento da Qualidade da Docência na Educação Superior. Fragmentos do Texto Indicadores para o Desenvolvimento da Qualidade da Docência na Educação Superior. Josimar de Aparecido Vieira Nas últimas décadas, a educação superior brasileira teve um expressivo

Leia mais

I. INTRODUÇÃO. 1. Questões de Defesa e Segurança em Geografia?

I. INTRODUÇÃO. 1. Questões de Defesa e Segurança em Geografia? I. INTRODUÇÃO O fim da Ordem Bipolar, a partir do esfacelamento do Bloco Soviético em 1991, e o avanço do processo de globalização 1 pareciam conduzir o sistema internacional em direção à construção de

Leia mais

Unidade II FUNDAMENTOS HISTÓRICOS, TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DO SERVIÇO SOCIAL. Prof. José Junior

Unidade II FUNDAMENTOS HISTÓRICOS, TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DO SERVIÇO SOCIAL. Prof. José Junior Unidade II FUNDAMENTOS HISTÓRICOS, TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DO SERVIÇO SOCIAL Prof. José Junior O surgimento do Serviço Social O serviço social surgiu da divisão social e técnica do trabalho, afirmando-se

Leia mais

16_critica_da silva_202a207qxd 7/27/07 6:37 PM Page 202

16_critica_da silva_202a207qxd 7/27/07 6:37 PM Page 202 16_critica_da silva_202a207qxd 7/27/07 6:37 PM Page 202 16_critica_da silva_202a207qxd 7/27/07 6:37 PM Page 203 CRÍTICA TEORIA SOCIAL E O RACISMO NO BRASIL DOIS ATLÂNTICOS: TEORIA SOCIAL, ANTI-RACISMO,

Leia mais

ZENUN, Katsue Hamada e; MARKUNAS, Mônica. Tudo que é sólido se desmancha no ar. In:. Cadernos de Sociologia 1: trabalho. Brasília: Cisbrasil-CIB,

ZENUN, Katsue Hamada e; MARKUNAS, Mônica. Tudo que é sólido se desmancha no ar. In:. Cadernos de Sociologia 1: trabalho. Brasília: Cisbrasil-CIB, ZENUN, Katsue Hamada e; MARKUNAS, Mônica. Tudo que é sólido se desmancha no ar. In:. Cadernos de Sociologia 1: trabalho. Brasília: Cisbrasil-CIB, 2009. p. 24-29. CAPITALISMO Sistema econômico e social

Leia mais

SANTOS, BOAVENTURA DE SOUSA; MENESES, MARIA PAULA [ORGS.]. EPISTEMOLOGIAS DO SUL. SÃO PAULO: CORTEZ, 2010

SANTOS, BOAVENTURA DE SOUSA; MENESES, MARIA PAULA [ORGS.]. EPISTEMOLOGIAS DO SUL. SÃO PAULO: CORTEZ, 2010 RESENHAS SANTOS, BOAVENTURA DE SOUSA; MENESES, MARIA PAULA [ORGS.]. EPISTEMOLOGIAS DO SUL. SÃO PAULO: CORTEZ, 2010 Deolindo de Barros* Boaventura de Sousa Santos, professor catedrático aposentado da Faculdade

Leia mais

MÓDULO 5 O SENSO COMUM

MÓDULO 5 O SENSO COMUM MÓDULO 5 O SENSO COMUM Uma das principais metas de alguém que quer escrever boas redações é fugir do senso comum. Basicamente, o senso comum é um julgamento feito com base em ideias simples, ingênuas e,

Leia mais

PROJETO DE PESQUISA. Antonio Joaquim Severino 1. Um projeto de bem elaborado desempenha várias funções:

PROJETO DE PESQUISA. Antonio Joaquim Severino 1. Um projeto de bem elaborado desempenha várias funções: PROJETO DE PESQUISA Antonio Joaquim Severino 1 Um projeto de bem elaborado desempenha várias funções: 1. Define e planeja para o próprio orientando o caminho a ser seguido no desenvolvimento do trabalho

Leia mais

A constituição do sujeito em Michel Foucault: práticas de sujeição e práticas de subjetivação

A constituição do sujeito em Michel Foucault: práticas de sujeição e práticas de subjetivação A constituição do sujeito em Michel Foucault: práticas de sujeição e práticas de subjetivação Marcela Alves de Araújo França CASTANHEIRA Adriano CORREIA Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Filosofia

Leia mais

O Indivíduo em Sociedade

O Indivíduo em Sociedade O Indivíduo em Sociedade A Sociologia não trata o indivíduo como um dado da natureza isolado, livre e absoluto, mas como produto social. A individualidade é construída historicamente. Os indivíduos são

Leia mais

LURDINALVA PEDROSA MONTEIRO E DRª. KÁTIA APARECIDA DA SILVA AQUINO. Propor uma abordagem transversal para o ensino de Ciências requer um

LURDINALVA PEDROSA MONTEIRO E DRª. KÁTIA APARECIDA DA SILVA AQUINO. Propor uma abordagem transversal para o ensino de Ciências requer um 1 TURISMO E OS IMPACTOS AMBIENTAIS DERIVADOS DA I FESTA DA BANAUVA DE SÃO VICENTE FÉRRER COMO TEMA TRANSVERSAL PARA AS AULAS DE CIÊNCIAS NO PROJETO TRAVESSIA DA ESCOLA CREUSA DE FREITAS CAVALCANTI LURDINALVA

Leia mais

LIDERANÇA, ÉTICA, RESPEITO, CONFIANÇA

LIDERANÇA, ÉTICA, RESPEITO, CONFIANÇA Dado nos últimos tempos ter constatado que determinado sector da Comunidade Surda vem falando muito DE LIDERANÇA, DE ÉTICA, DE RESPEITO E DE CONFIANÇA, deixo aqui uma opinião pessoal sobre o que são estes

Leia mais

Índice. 1. A educação e a teoria do capital humano...3. Grupo 7.2 - Módulo 7

Índice. 1. A educação e a teoria do capital humano...3. Grupo 7.2 - Módulo 7 GRUPO 7.2 MÓDULO 7 Índice 1. A educação e a teoria do capital humano...3 2 1. A EDUCAÇÃO E A TEORIA DO CAPITAL HUMANO Para Becker (1993), quando se emprega o termo capital, em geral, o associa à ideia

Leia mais

COMPORTAMENTO SEGURO

COMPORTAMENTO SEGURO COMPORTAMENTO SEGURO A experiência demonstra que não é suficiente trabalhar somente com estratégias para se conseguir um ambiente de trabalho seguro. O ideal é que se estabeleça a combinação de estratégias

Leia mais

IMPORTÂNCIA ESTRATÉGICA DA PROTECÇÃO DOS PRODUTOS TRADICIONAIS PORTUGUESES

IMPORTÂNCIA ESTRATÉGICA DA PROTECÇÃO DOS PRODUTOS TRADICIONAIS PORTUGUESES IMPORTÂNCIA ESTRATÉGICA DA PROTECÇÃO DOS PRODUTOS TRADICIONAIS PORTUGUESES A valorização comercial dos produtos agrícolas e dos géneros alimentícios que, ou pela sua origem ou pelos seus modos particulares

Leia mais

O que é Administração

O que é Administração O que é Administração Bem vindo ao curso de administração de empresas. Pretendemos mostrar a você no período que passaremos juntos, alguns conceitos aplicados à administração. Nossa matéria será puramente

Leia mais

UNESCO Brasilia Office Representação no Brasil Declaração sobre as Responsabilidades das Gerações Presentes em Relação às Gerações Futuras

UNESCO Brasilia Office Representação no Brasil Declaração sobre as Responsabilidades das Gerações Presentes em Relação às Gerações Futuras UNESCO Brasilia Office Representação no Brasil Declaração sobre as Responsabilidades das Gerações Presentes em Relação às Gerações Futuras adotada em 12 de novembro de 1997 pela Conferência Geral da UNESCO

Leia mais

EDUCAÇÃO EM SAÚDE AMBIENTAL:

EDUCAÇÃO EM SAÚDE AMBIENTAL: EDUCAÇÃO EM SAÚDE AMBIENTAL: AÇÃO TRANSFORMADORA IV Seminário Internacional de Engenharia de Saúde Pública Belo Horizonte Março de 2013 Quem sou eu? A que grupos pertenço? Marcia Faria Westphal Faculdade

Leia mais

Declaração sobre meio ambiente e desenvolvimento (Rio de Janeiro, 1992)

Declaração sobre meio ambiente e desenvolvimento (Rio de Janeiro, 1992) Declaração sobre meio ambiente e desenvolvimento (Rio de Janeiro, 1992) A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e desenvolvimento, Tendo-se reunido no Rio de Janeiro, de 3 a 21 de junho de

Leia mais

Unidade 3: A Teoria da Ação Social de Max Weber. Professor Igor Assaf Mendes Sociologia Geral - Psicologia

Unidade 3: A Teoria da Ação Social de Max Weber. Professor Igor Assaf Mendes Sociologia Geral - Psicologia Unidade 3: A Teoria da Ação Social de Max Weber Professor Igor Assaf Mendes Sociologia Geral - Psicologia A Teoria de Ação Social de Max Weber 1 Ação Social 2 Forma de dominação Legítimas 3 Desencantamento

Leia mais

VIII JORNADA DE ESTÁGIO DE SERVIÇO SOCIAL

VIII JORNADA DE ESTÁGIO DE SERVIÇO SOCIAL VIII JORNADA DE ESTÁGIO DE SERVIÇO SOCIAL CONSIDERAÇÕES SOBRE O TRABALHO REALIZADO PELO SERVIÇO SOCIAL NO CENTRO PONTAGROSSENSE DE REABILITAÇÃO AUDITIVA E DA FALA (CEPRAF) TRENTINI, Fabiana Vosgerau 1

Leia mais

INFORMAÇÃO PARA A PREVENÇÃO

INFORMAÇÃO PARA A PREVENÇÃO FALANDO SOBRE NEXO EPIDEMIOLOGICO Um dos objetivos do CPNEWS é tratar de assuntos da área de Segurança e Medicina do Trabalho de forma simples de tal forma que seja possível a qualquer pessoa compreender

Leia mais

Uma reflexão sobre Desenvolvimento Económico Sustentado em Moçambique

Uma reflexão sobre Desenvolvimento Económico Sustentado em Moçambique Uma reflexão sobre Desenvolvimento Económico Sustentado em Moçambique Carlos Nuno Castel-Branco carlos.castel-branco@iese.ac.mz Associação dos Estudantes da Universidade Pedagógica Maputo, 21 de Outubro

Leia mais

SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. 10. ed. Rio de Janeiro: Record, 2003. 174 p.

SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. 10. ed. Rio de Janeiro: Record, 2003. 174 p. SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. 10. ed. Rio de Janeiro: Record, 2003. 174 p. Cleilton Sampaio de Farias ** Milton Santos foi geógrafo, professor

Leia mais

Orientações para Palestras

Orientações para Palestras Orientações para Palestras Caro Palestrante, confeccionamos este documento para ajudá-lo a fazer uma apresentação memorável. Sinta-se à vontade para enviar contribuições de modo que possamos aperfeiçoá-lo.

Leia mais

Senhor Ministro da Defesa Nacional, Professor Azeredo Lopes, Senhora Vice-Presidente da Assembleia da República, Dra.

Senhor Ministro da Defesa Nacional, Professor Azeredo Lopes, Senhora Vice-Presidente da Assembleia da República, Dra. Senhor Representante de Sua Excelência o Presidente da República, General Rocha Viera, Senhor Ministro da Defesa Nacional, Professor Azeredo Lopes, Senhora Vice-Presidente da Assembleia da República, Dra.

Leia mais

O Planejamento Participativo

O Planejamento Participativo O Planejamento Participativo Textos de um livro em preparação, a ser publicado em breve pela Ed. Vozes e que, provavelmente, se chamará Soluções de Planejamento para uma Visão Estratégica. Autor: Danilo

Leia mais

Educação para a Cidadania linhas orientadoras

Educação para a Cidadania linhas orientadoras Educação para a Cidadania linhas orientadoras A prática da cidadania constitui um processo participado, individual e coletivo, que apela à reflexão e à ação sobre os problemas sentidos por cada um e pela

Leia mais

Produtividade no Brasil: desempenho e determinantes 1

Produtividade no Brasil: desempenho e determinantes 1 Produtividade no Brasil: desempenho e determinantes 1 Fernanda De Negri Luiz Ricardo Cavalcante No período entre o início da década de 2000 e a eclosão da crise financeira internacional, em 2008, o Brasil

Leia mais

ser alcançada através de diferentes tecnologias, sendo as principais listadas abaixo: DSL (Digital Subscriber Line) Transmissão de dados no mesmo

ser alcançada através de diferentes tecnologias, sendo as principais listadas abaixo: DSL (Digital Subscriber Line) Transmissão de dados no mesmo 1 Introdução Em 2009, o Brasil criou o Plano Nacional de Banda Larga, visando reverter o cenário de defasagem perante os principais países do mundo no setor de telecomunicações. Segundo Ministério das

Leia mais

por registro e controle de patrimônio. O dossiê será alimentado on-line, sendo de acesso exclusivo da

por registro e controle de patrimônio. O dossiê será alimentado on-line, sendo de acesso exclusivo da NILO ROSA DOS SANTOS DELEGACIA DE SALVADOR TELS : 99.18.46.42-32.40.45.70 nilorosa@atarde.com.br GRUPO: Carga tributária e a justiça fiscal Sumário A tese propõe a construção de um dossiê alimentado por

Leia mais

A IMPORTÂNCIA DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO PARA OS CURSOS PRÉ-VESTIBULARES

A IMPORTÂNCIA DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO PARA OS CURSOS PRÉ-VESTIBULARES A IMPORTÂNCIA DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO PARA OS CURSOS PRÉ-VESTIBULARES Alexandre do Nascimento Sem a pretensão de responder questões que devem ser debatidas pelo coletivo, este texto pretende instigar

Leia mais

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO. Relatório Perfil Curricular

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO. Relatório Perfil Curricular PERÍODO: 1º AM076- ANTROPOLOGIA OBRIG 60 0 60 4.0 Fórmula: CS013 CS013- ANTROPOLOGIA CAMPOS DA ANTROPOLOGIA. PROBLEMAS E CONCEITOS BÁSICOS: CULTURA, ETNOCENTRISMO, ALTERIDADE E RELATIVISMO. NOÇÕES DE MÉTODOS/PRÁTICAS

Leia mais

INSTITUTOS SUPERIORES DE ENSINO DO CENSA PROGRAMA INSTITUCIONAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA PROVIC PROGRAMA VOLUNTÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

INSTITUTOS SUPERIORES DE ENSINO DO CENSA PROGRAMA INSTITUCIONAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA PROVIC PROGRAMA VOLUNTÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA INSTITUTOS SUPERIORES DE ENSINO DO CENSA PROGRAMA INSTITUCIONAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA PROVIC PROGRAMA VOLUNTÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA IMPACTO DA CONSTRUÇÃO CIVIL NO PRODUTO INTERNO BRUTO BRASILEIRO

Leia mais

5 Considerações finais

5 Considerações finais 5 Considerações finais 5.1. Conclusões A presente dissertação teve o objetivo principal de investigar a visão dos alunos que se formam em Administração sobre RSC e o seu ensino. Para alcançar esse objetivo,

Leia mais

Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas. Grupo de Pesquisa em Interação, Tecnologias Digitais e Sociedade - GITS

Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas. Grupo de Pesquisa em Interação, Tecnologias Digitais e Sociedade - GITS Universidade Federal da Bahia Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas Grupo de Pesquisa em Interação, Tecnologias Digitais e Sociedade - GITS Reunião de 18 de junho de 2010 Resumo

Leia mais

ABCEducatio entrevista Sílvio Bock

ABCEducatio entrevista Sílvio Bock ABCEducatio entrevista Sílvio Bock Escolher uma profissão é fazer um projeto de futuro A entrada do segundo semestre sempre é marcada por uma grande preocupação para todos os alunos que estão terminando

Leia mais

MARKETING E A NATUREZA HUMANA

MARKETING E A NATUREZA HUMANA MARKETING E A NATUREZA HUMANA Prof. Franklin Marcolino de Souza, M.Sc. Slide 07 Introdução O que é preciso para que algo faça sucesso? Dito de outra forma: o que é preciso para que algo (uma idéia, uma

Leia mais

Midiatização: submissão de outras instituições à lógica da mídia.

Midiatização: submissão de outras instituições à lógica da mídia. Midiatização: submissão de outras instituições à lógica da mídia. Questão-chave: como a mídia altera o funcionamento interno de outras entidades sociais quanto às suas relações mútuas. Lógica da mídia:

Leia mais

Ideal Qualificação Profissional

Ideal Qualificação Profissional 2 0 1 1 Finalista Estadual - SP Categoria Serviços de Educação 2 0 1 2 Vencedora Estadual - SP Categoria Serviços de Educação 2 0 1 2 Finalista Nacional Categoria Serviços de Educação Apresentação O desenvolvimento

Leia mais

Teoria Geral da Administração II

Teoria Geral da Administração II Teoria Geral da Administração II Livro Básico: Idalberto Chiavenato. Introdução à Teoria Geral da Administração. 7a. Edição, Editora Campus. Material disponível no site: www..justocantins.com.br 1. EMENTA

Leia mais