O CRESCIMENTO DAS DESPESAS PÚBLICAS - Teoria e Evidência - Estrutura da Apresentação. Evidência mundial do Crescimento da Despesa Pública
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1 O CRESCIMENTO DAS DESPESAS PÚBLICAS - Teoria e Evidência - * Paulo Reis Mourão Docente e Investigador da Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho ( paulom@eeg.uminho.pt) CONGRESSO NACIONAL DE ESTUDANTES DE ECONOMIA E GESTÃO Vila Real (Novembro 03) 1 Estrutura da Apresentação Evidência mundial do Crescimento da Despesa Pública Proposta de estratificação das Teorias do Sugestão metodológica de abordagem das Finanças Públicas Tópicos de Discussão 2 Evidência mundial do (cont.) Tendência de crescimento após meados do século XIX na generalidade dos países industrializados, com uma atenuação/estabilização do movimento a partir de 1980 Tendência de crescimento após a década de 1950 nos países em desenvolvimento 3 Evidência mundial do (cont.) Despesa Pública: instrumento de Política Orçamental que, na essência, permite a injecção de activos na Economia, por parte do Estado, ao cobro de contrapartidas em bens e serviços adquiridos a outros agentes (institucionais ou particulares) Definição lata (encobre uma grande heterogeneidade de despesas com especificidades) e abstracta (muitas vezes, conecta-se Política Orçamental com Despesa Pública, v. confusão entre Multiplicador Orçamental, Multiplicador Fiscal e Multiplicador dos Gastos) 4
2 Proposta de Apresentação das Despesa Pública num primeiro grupo, focaremos as propostas explicativas com especial incidência na procura de bens e serviços públicos; num segundo agrupamento, o foco estará colocado sobre o papel da oferta pública; 5 a escola da procura Wagner (1877/90) I Lei: reestruturação social (de uma sociedade rural para uma sociedade industrializada); II Lei: diferentes elasticidades do rendimento das rubricas (também aproveitada por Bird: 1971) Peacock e Wiseman, em 1961, identificaram Efeitos de deslocamento : compromissos inelásticos em dinâmica temporal Downs, em 1957, Romer e Rosenthal, em 1979, e Meltzer e Richard, em 1981, apelaram para a redistribuição de rendimento e práticas eleitoralista 6 a escola da procura Buchanan e Wagner (1977) ou Romer (1999), citados por Romer (2001), argumentam que conhecimento imperfeito (sendo a ilusão fiscal dos exemplos mais recorrentes) promove o crescimento dos défices orçamentais Tabellini e Alesina (1990), com a acumulação estratégica da dívida pública, Alesina e Drazen (1991), com a omissão de acordo no formato de um pacto de regime que promova a convergência inter-partidária, ou Rogoff (1990), com os ciclos fiscais, citados por Romer (2001) Buchanan e Tullock (1962), Cameron (1978) e Becker (1983) referem ainda o papel incontornável dos vários 7 grupos de interesse a escola da oferta Baumol (1967), Beck (1981) e Pommerehne e Schneider (1982), citados por Stiglitz (1988) identificam os preços relativos e a procura inelástica como causas principais Frey e Schneider (1981) indicam, prioritariamente, a distância face a momentos eleitorais como as responsáveis pelo disparar dos gastos Niskanen (1971) e Romer e Rosenthal (1979) abordam a problemática de um prisma próximo do tópico da Selecção Adversa: face ao desconhecimento íntegro da realidade em discussão, os decisores optam, muitas vezes, pela escolha mais despesista, do agrado especial do grupo burocrata Também Bush e Denzau (1977), Frey e Pommerehne (1982), Cameron (1978) e Castles (1982) (em citação de Stiglitz: 2000) observam o comportamento burocrata, agora entendido como grupo eleitor 8 representativo, enquanto responsável pela evidência.
3 a escola da oferta Cameron (1978) e Castles (1982) acusam os diferenciais ideológicos Brennan e Buchanan (1978) e Oates (1985) avisam para a tendência heterogénea da descentralização Wildavsky (1964), na linha das críticas que visam a sobrevalorização da taxa de inflação real devido ao recurso usual a fórmula de Laspeyres, reconhece que a base de trabalho ao ser identificada com o ano transacto comporta um efeito condensador da despesa pública 9 Da Política e das Finanças - ou uma escola tecnocrata? Desde inícios de 1990: Giavazzi e Pagano (1990), poderá existir nãolinearidade entre os ajustamentos orçamentais e a actividade económica: enquanto num cenário de pequenos cortes os efeitos Keynesianos dominam, cortes significativos nas despesas públicas provocam aumentos no consumo privado, ou seja, efeitos neoclássicos podem verificar-se assim como quanto maior a magnitude dos cortes das despesas públicas, maior é o seu impacto na redução da dívida pública. reduções dos défices através de reduções das despesas públicas, em vez de aumentos nos impostos, têm uma muito maior probabilidade de reduzirem o stock de dívida (Alesina e Perotti: 1997 Alesina e Perotti em trabalhos posteriores (1995, 1997): pode a alteração da composição das várias rubricas orçamentais ter efeitos distintos. 10 O crescimento da Despesa Pública (sugestão de evidência) Elasticidade Rendimento (Er)= % Despesa % PIBreal Hip.A (Er>1): Despesa Valorizada pela Estrutura de Decisores; Hip. B (Er pertence []): Despesa estacionária; Hip. C (Er<0): Despesa Depreciada pelos Decisores Notas metodológicas: Recurso aos Agregados em valores correntes e reais Difusão em Modelos temporais log-log, com possibilidade de avaliação do nível de estacionaridade das variáveis, cointegração das séries envolvidas e sentido de causalidade 11 Elasticidades-rendimento de várias rubricas da despesa pública de uma amostra de 17 países da OCDE [Fonte: cálculos de Mourão e Rodrigues (2003) sobre Foster e Stewart (1991), International Historical Statistics, OCDE, Banco Mundial ]: Rubricas (class. Funcional) despesas reais salários defesa subsídios e transferências educação saúde desemprego juros Anos: ,4 0,0 2,0 1,2 1,8-0,2 Anos: ,4 0,2 0,5 1,2 12
4 Elasticidades-rendimento dos Estados Unidos da América [Fonte: cálculos do autor sobre as séries orçamentais dos EUA] Elasticidades-rendimento de Portugal [Fonte: cálculos do autor sobre as séries do BP em Pinheiro (1997)] Rubricas (Class. Económica) Defesa indirectos directos Descentralizados Outros Encargos da Dívida Outras Elasticidade Constante anualizada ( ) -0,8 0,9 0,9 1,3 0,7 0,8-0,3 13 Rubricas (Class. Económica) Consumo Público Remunerações Outras r. correntes Juros Subsídios Transferências Correntes Transferências de Capital FBCF Elasticidade Constante anualizada ( ) 1,6 1,8 3,1 2,4 3,3 1,4 14 Principais rubricas multiplicadoras do Produto Curto Prazo Médio Prazo Longo Prazo EUA Despesa militar; Descentralizada... Educação; Saúde Portugal % Subsídios % Consumo Público e % Remun. Func. Públicos % Juros da Dívida (-) Sugestão metodológica de abordagem das Finanças Públicas e da Economia Política Necessidade de definição precisa de agregados indicadores e índices (Peso do défice? Peso da dívida?) Análise crítica dos modelos: univariados e multivariados estáticos e dinâmicos (Box-Jenkins ou LSE) Relevância das componentes estruturais compreensão das dinâmicas de curto e médio prazo como componentes cíclicas 15 16
5 Tópicos de discussão - A Despesa é um todo com muitas partes Elasticidades diversas Alguma evidência em favor enfoques ideológicos, de rubricas inelásticas, outras persistentes (de arrastamento) efeitos multiplicadores dispersos (nem todas as rubricas estimulam o produto) url: 17
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