Comemoração Novos Mestres FEUP, em 19 de outubro de 2013 Discurso do Diretor. Exmo membro da equipa reitoral, vice-reitor professor António Cardoso

Transcrição

1 Comemoração Novos Mestres FEUP, em 19 de outubro de 2013 Discurso do Diretor 1. Meu Reitor, Prof. José Carlos Marques dos Santos, Exmo senhor diretor da Blip.pt, caro ex-aluno José Fonseca Exmo membro da equipa reitoral, vice-reitor professor António Cardoso Estimados colegas diretores de Unidades Orgânicas da UP Exmos senhores membros do Conselho Geral da UP, Exmo senhor Provedor do Estudante, Prof. Fernando Nunes Ferreira, Exmos senhores presidente e membros do Conselho de Representantes da FEUP, Exmo senhor presidente da Federação Académica do Porto, Rúben Alves Exmo senhor presidente da Associação de Estudantes da FEUP, Daniel Freitas Exmo senhor vice-presidente do Conselho Diretivo da Região Norte da Ordem dos Engenheiros, Engº José Manuel Lima Freitas Exmos senhores representantes das empresas parceiras da FEUP que hoje atribuem prémios aos nossos homenageados: ABB, Adira, CIN, ColepCCL, Continental Mabor, CPCIS, Eletrominho, Ferespe, Kaizen Institute, Mota Engil Uma palavra à memória do Engenheiro Cristiano Spratley que foi a inspiração para o prémio que a sua família deixou como legado, Também, desde já uma outra palavra à memória do nosso estudante André Silva que foi a inspiração para o prémio que a partir deste ano os seus pais deixam como legado, Caros colegas da FEUP, em particular colegas do conselho executivo, diretores de cursos, diretores de departamentos, diretores das UI&D da FEUP, diretores de institutos de interface que enquadram importante atividade de docentes e investigadores da FEUP, Caros diretores de serviços da FEUP, Caros técnicos, Caros estudantes, Minhas senhoras e meus senhores 2. Pois, cá estamos a comemorar mais um Dia dos Novos Mestres FEUP. É este um dos dias mais marcantes e importantes do nosso calendário porque comemoramos simbolicamente o alcançar de duas das grandes vertentes da missão da FEUP a primeira, a Comemoração Novos Mestres FEUP, 19 de outubro de

2 vertente de formar e preparar jovens para uma atividade responsável como cidadãs e cidadãos, como profissionais de engenharia e, para muitos deles, como futuros dirigentes; a segunda, a vertente da ligação às atividades económicas, simbolizada nos prémios de mérito atribuídos por empresas que de há longa data colaboram com a FEUP. Começo por agradecer muito ao Meu Reitor a disponibilidade, que sempre tem mantido, apesar da sua pesada agenda, para mais uma vez estar a presidir a estas cerimónias e desta forma lhes conferir um brilho especial. É este um dia adicionalmente especial porque estamos, o Senhor Reitor e eu próprio no último ano dos nossos mandatos. Quero neste momento prestar-lhe uma homenagem, muito sentida, transmitir-lhe o meu reconhecimento e agradecimento pelo muito que tem feito, e certamente que continuará a fazer, pela Universidade do Porto, pela Universidade em geral, para o progresso da nossa Sociedade. Muito grato estou igualmente ao nosso ex-estudante, José Fonseca, diretor da Blip.pt, um Jovem imensamente dinâmico, que certamente vai trazer, e eu não conheço o seu discurso, mas estou certo que vai trazer uma visão não-canónica do seu percurso profissional e de gestão empresarial, que muito irá interessar aos ouvintes atentos que terá nesta plateia. Às Empresas que ao longo dos anos têm colaborado sob várias formas, no caso concreto com o apoio à celebração do mérito, através da concessão de prémios, que este ano atingem os euros, uma saudação especial, uma palavra de igual agradecimento e outra ainda para lhes dizer que é um grande objetivo da nossa missão, esse de sermos úteis à Sociedade através da colaboração com as Empresas, com quem, ademais, aprendemos muito e de quem precisamos como parceiros para formar os nossos jovens. Neste ponto releva adiantar que temos mais de 160 protocolos ativos de cooperação com empresas, visando a formação dos nossos estudantes. E este agora, é um momento difícil, mas necessário. Todos nós, novos e menos novos, sabemos que a vida, mistério belo e profundo que é, tem ainda assim muitos espinhos e tristezas, e particularmente tem memórias que não devemos esquecer, bem pelo contrário devemos lembrar em dias festivos como os de hoje. Já lhes falei do André, do André Miguel Correia Caneca Couto Silva, que foi nosso estudante do 2.º ano de engenharia industrial e gestão. Lembro aqui também o Ricardo Filipe da Silva Correia, nosso estudante do 5.º ano de engenharia civil. Também o Marlon Correia, que não sendo da FEUP era um estudante da Academia. Todos nos deixaram neste ano de 2013, Comemoração Novos Mestres FEUP, 19 de outubro de

3 indevidamente, na flor da vida. Todos deixaram memórias muito fortes nos seus amigos e colegas. É-lhes devida esta palavra de saudade. 3. Terão notado que ainda não mencionei aquelas e aqueles que são, não a única, mas a principal causa próxima desta Comemoração. Pois, estou a fazer o que é habitual fazer em provas académicas solenes nesta Casa, que é deixar para o fim, para dar a devida relevância com uma saudação especial, aquelas e aqueles que, de todo justamente, ocupam o palco neste dia - os nossos homenageados, os nossos diplomados, os NOVOS MESTRES da FEUP que concluíram os seus cursos em 2012/2013. Saúdo vivamente todos estes ex-estudantes, os presentes e os ausentes, que terminaram recentemente esta fase tão importante das suas vidas, na preparação global e na formação especializada que servem de porta de entrada para a atividade profissional, mas saúdo igualmente e associo intimamente a esta celebração os seus familiares diretos, as suas mães e os seus pais, aqueles que mais contribuíram para a sua formação, para quem, estou certo, este momento é de grande emoção e orgulho, fruto merecido do empenho fundamental que colocaram, e dos sacrifícios que muitos terão feito, para o sucesso da difícil tarefa que os seus filhos agora concretizaram. Para todos Vós, os meus sinceros parabéns, os sinceros parabéns de todos os que trabalham na Faculdade de Engenharia. 4. Interessa-me deixar-lhes uma reflexão e uma mensagem sobre o futuro, mas ainda assim dedicarei algumas palavras a um passado e a um presente que de forma tão violenta está a interferir nesse futuro. Importa percebermos que a dimensão dos problemas com que Portugal se debate nos dias de hoje não é obviamente resultado de uma causa só. É certo que parte das dificuldades que vivemos encontra raízes nas crises internacionais' e nas fragilidades intrínsecas associadas à nossa natureza periférica na Europa, mas, não nos deixemos iludir, a pior receita para o nosso futuro será, ou seria, tão simplesmente continuarmos a iludir alguma da nossa realidade, procurando lá fora as razões das nossas dificuldades, quando elas, no essencial ou em larga medida, moram cá dentro há muitos anos. Não podemos continuar a dourar ou adoçar a pílula com palavras suaves. Tenhamos a lucidez e coragem de perceber que estamos finalmente a pagar o preço de uma incapacidade governativa prolongada, a vários níveis que não releva detalhar nesta ocasião, mas, em particular, em alterar aspetos vitais de estrutura e de cultura da nossa Sociedade que limitam Comemoração Novos Mestres FEUP, 19 de outubro de

4 a nossa capacidade interna de desenvolvimento e a nossa competitividade no Mundo global e aberto de hoje. 5. Dito o que disse, tenho uma convicção profunda de que Portugal é viável como parceiro igual na União. Sustento esta convicção no que conheço de nós próprios e do Mundo. Todos sabemos da extraordinária procura dos nossos jovens talentos por parte dos países europeus do centro e do norte da Europa. Não tenho qualquer dificuldade em entender essa procura. Permito-me citar-lhes o que eu próprio escrevi num artigo no jornal Público, no dia 16 de junho de 2011: Nós não temos deficit de capacidade individual. Temos conhecimento, atitude e capacidade de trabalho. Muitos dos nossos jovens competem como iguais com o que de melhor há alémfronteiras. Bastantes, novos e menos novos, alcançam reconhecimento mundial nas suas áreas de intervenção. O facto é que em termos relativos com a Europa mais avançada temos um deficit no coletivo. É bem claro que o sucesso individual só por si em nada garante o progresso sustentado de um Povo. É a cultura de organização da sociedade, das suas instituições e empresas, particularmente a cultura de qualidade e de adaptação aos tempos, que faz a diferença. Temos a capacidade, temos futuro, mas o caminho é só um e estreito. Para nós, Portugueses, releva acima de tudo evoluir de forma resoluta, em organização e racionalismo funcional, em qualidade de gestão, em rigor de métodos, em pontualidade, em disciplina e produtividade de trabalho, em responsabilidade social e em respeito e espírito cívicos, com tudo o que possa implicar de rotura com alguma da cultura de organização e trabalho prevalecente entre nós. Nas sociedades de economia de mercado, o desenvolvimento depende de um bem fundamental chamado confiança : a que conseguimos transmitir a outros por força da nossa qualidade sustentada e a que depositamos nas nossas capacidades. Ora, nós temos que confiar que com a qualidade e força do nosso trabalho seremos capazes de transmitir confiança, atrair cooperação e convergir para os padrões de qualidade Europeus que há tantos anos perseguimos. Comemoração Novos Mestres FEUP, 19 de outubro de

5 Agora, que nos fique bem gravada uma lição: nós podemos iludir a nossa Sociedade, até nos podemos iludir a nós próprios, mas jamais conseguiremos iludir o tempo e os outros Países Europeus, particularmente aqueles a quem temos que reconhecer um substancial avanço organizacional. 6. Cabe aqui transmitir-lhes o que é neste momento a FEUP e, em particular o que convictamente penso do valor de um diploma da FEUP Todos sabemos que os dias que se avizinham são excecionalmente difíceis, mas poucos estarão tão bem preparados para os enfrentar como os diplomados da FEUP. Apesar desta crise, este foi um ano positivo em que a FEUP aumentou todos os principais indicadores de qualidade da sua atividade. Tenho que lhes dar algumas notas que sustentam essa confiança no futuro: a. Na Educação - ano após ano a FEUP tem atraído os melhores estudantes de engenharia de Portugal. Neste ano de 2013/2014, assim o foi mais uma vez: Tivemos na generalidade as mais altas classificações mínimas de entrada nos cursos que oferecemos, quando comparados com cursos congéneres; Tivemos os melhores índices de satisfação de procura, medidos estes pela razão entre o número de estudantes que nos procuraram em primeira opção e o número de vagas disponíveis; Quero que saibam que a reputação que conduz a estes dados factuais é o resultado do nosso trabalho na sequência de um grande esforço coletivo que durou cerca de dois anos, posso anunciar-lhes que desde junho passado todos os nossos mestrados integrados, bem como o mestrado em engenharia de minas e geoambiente, num total de dez cursos, exibem a marca de qualidade europeia EUR-ACE. Somos a primeira e única escola de Portugal com todos os seus cursos reconhecidos com o selo de qualidade Europeu, o que certamente representará uma mais-valia adicional muito importante para os nossos estudantes e para a instituição. Importa dizer-lhes que tal só foi possível pela ação pró-ativa de diretores de curso, docentes e técnicos dos serviços, praticamente envolvendo toda a faculdade neste grande exercício de superação de qualidade com a recompensa única da satisfação do dever cumprido. Em resumo, quero deixar claro que um diploma FEUP é reconhecido como um diploma com competências associadas, e assim é uma mais-valia, em Portugal e no Estrangeiro, para quem merecidamente, com esforço, tenacidade e inteligência, o conseguiu obter. Comemoração Novos Mestres FEUP, 19 de outubro de

6 b. Noutro plano, de importância fundamental para a universidade, alcançamos nos últimos 12 meses, particularmente já em 2013 uma melhoria extraordinária nos indicadores internacionais de qualidade: Fazemos parte da direção da rede europeia mais importante de Escolas de Engenharia respeitadas pelos seus níveis de educação e investigação o CESAER. Fazemos parte da rede mais importante de cooperação entre algumas das mais importantes Escolas Europeias e as grandes Escolas da América Central e América do Sul a rede Magalhães Somos parte ativa de muitas outras organizações internacionais e nacionais Nos rankings internacionais somos n.º 1 em Portugal em 3 dos 4 rankings anualmente publicados, relativamente à área global de engenharia. Analisando o desempenho por especialidade, no ranking NTU, dirigido à investigação, publicado há 15 dias, a FEUP ocupa as posições do Top 100 mundial, 54.º em Engenharia Civil, 64.º em Engenharia Química e 92.º em Engenharia Mecânica. Em particular, a nível Europeu temos um reconhecimento excelente, com a Engenharia Química na 13ª posição e a Engenharia Civil na 14ª posição. Este ano lançamos três importantes Centros de Competências em energia, em cidades do futuro e em inovação e desenvolvimento de produtos e serviços uma ideia muito importante para criar massa crítica, para criar sinergias em áreas vitais para o nosso desenvolvimento competitivo na Europa, particularmente pensando no programa Europeu Horizonte 2020, tão importante para as universidades e para as empresas. c. Finalmente, na vertente complementar da nossa missão de formação integrada dos nossos estudantes, no seu desenvolvimento cultural, artístico e desportivo, em 2012, tivemos mais de 270 atos académicos culturais e desportivos, dos quais 47 eventos culturais e dos grupos estudantis que apoiamos, de teatro de muita música, de poesia e de desporto entre outros. Ainda ontem, tivemos neste auditório, completamente cheio, a comemoração dos 25 anos do Grupo de Fados, num espetáculo que entrou pela noite dentro do dia de hoje. Estejam certos de que teria um sem número mais de exemplos de qualidade para lhes transmitir, mas o que já mencionei chegará para a mensagem. 7. Quero partilhar finalmente alguma da reflexão que venho fazendo sobre as nossas forças, as nossas fraquezas, as oportunidades que se nos abrem e as ameaças que temos que enfrentar. Comemoração Novos Mestres FEUP, 19 de outubro de

7 Relativamente às nossas forças, enuncio a nossa capacidade instalada, intelectual, cultural, de empreendedorismo, de inovação, científica e técnica, percebida pela Sociedade, percebida internacionalmente. Aliás, é por razão dessa perceção que nós continuamos a atrair os melhores candidatos e estudantes de engenharia de Portugal. E continuaremos. Sobre as nossas fraquezas, não posso deixar de assinalar as nossas dificuldades reformistas, a nossa tendência para o imobilismo, certamente que com as dificuldades de inércia que caraterizam as grandes organizações, como é a FEUP e ainda mais a UP. Temos dificuldade em reagir e em nos adaptar organizacionalmente aos tempos. Ora, temos que contrariar essa cultura. A afirmação individual ou de grupos restritos é totalmente respeitável, mas a lógica individual não se pode sobrepor ou ocorrer à custa da Comunidade. Os interesses da FEUP são mais do que a soma dos interesses dos seus grupos. Os interesses da UP são mais do que os interesses das suas faculdades. A respeito das oportunidades que se nos abrem, realmente as dificuldades da Sociedade e do País fomentam exigência de cooperação e abrem mercados de oportunidades de intervenção dos mais preparados. Nós fazemos parte do grupo restrito dos mais preparados. Temos obrigação de contribuir. Teremos oportunidades para nos desenvolvermos mais. Finalmente, sobre as ameaças externas, essas estão em primeiro lugar nos cortes orçamentais que já experimentamos em 2013 e que se anunciam como muito mais gravosos para A verificarem-se, como tudo o indica que se irão verificar, irão exigir uma enorme readaptação da FEUP na sua estrutura funcional. Nada que não sejamos capazes de fazer, mas seguramente difícil. Mas, quero dizer-lhes que as grandes ameaças estão ainda assim, de forma mais gravosa, na indefinição do quadro jurídico e na burocracia que nos exigem um gasto brutal de energia e um continuada necessidade de gestão do desconhecido, de perfil duramente restritivo, em desfavor do trabalho de estratégia, conceção e inovação que verdadeiramente importa para ganharmos o futuro. Para memória futura, este é um processo que começou com Orçamento de Estado de 2011 e se intensificou com as leis orçamentais de 2012 e Vivemos uma espécie de estrangulamento burocrático, uma inibição de autonomia de gestão, que coloca injustificada e desnecessariamente em sério risco o desenvolvimento da universidade e contra o qual temos obrigação de lutar. 8. Nos próximos 365 dias espero que seja possível trilhar um caminho reformista, de progresso, em que as palavras chave continuam a ser: Comemoração Novos Mestres FEUP, 19 de outubro de

8 (1) racionalização orgânica; (2) racionalização da oferta formativa; (3) estabilização da oferta formativa, incluindo métodos de ensino e aprendizagem associados a avaliação; (4) aumento da internacionalização, com fomento da competição por projetos internacionais; (5) investimento em I&D em áreas estratégicas; (6) aumento claro da cooperação com as atividades económicas, em atividades de desenvolvimento e inovação e em formação; (7) rigorosa consolidação de contas e controlo orçamental. 9. Antes de terminar quero deixar os meus agradecimentos muito sentidos aos muitos da Comunidade FEUP, docentes e técnicos, que deram grandes contributos e apoios neste difícil ano de atividade, muito para lá das suas obrigações profissionais estritas. Enfatizo que, para minha grande satisfação, foram muitos. Por eles e pelos estudantes é um grande orgulho ser diretor desta casa. 10. Termino então, renovando os meus parabéns aos Novos Mestres e fazendo votos de muitas felicidades pessoais e profissionais, mas acrescentando que passam a ter uma grande responsabilidade de darem um contributo fundamental para que o Portugal da próxima geração seja um Portugal confiante nas suas capacidades, empreendedor, inovador e competitivo, um Portugal que temos todas as condições humanas para construirmos. Faço votos para que mantenham uma grande ligação à FEUP porque, como sempre o tenho dito, só há um caminho para o futuro e esse tem que ser feito em conjunto. Disse. Em 19 de outubro de 2013 Sebastião Feyo de Azevedo, diretor da FEUP Comemoração Novos Mestres FEUP, 19 de outubro de