Esca uma realidade na Região dos Vinhos Verdes. Práticas culturais a adoptar.

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Ana Laura Bernardes Casado
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1 M. Felgueiras; M. Lima ; A. C. P. Dias Universidade do Minho Escola de Ciências Esca uma realidade na Região dos Vinhos Verdes. Práticas culturais a adoptar.

2 INTRODUÇÃO Nos últimos anos, uma doença provocada por fungos Esca ganhou importância na Europa e em todos os países produtores de vinho. País % incidência Alemanha 9 Hungria 11 França 15 Portugal 20 Itália (Mugnai et al., 1999) Em Portugal continental o aparecimento da Esca é cada vez mais nefasto, nomeadamente, na Região Demarcada dos Vinhos Verdes onde cerca de 90% dos agricultores produzem vinho. Localização Nº parcelas % incidência Barcelos 1 9 Braga 6 10,5 Monção 2 10,5 Ponte de Lima 4 5,3 Valença 1 8 V. N. Famalicão 2 15,5 (DRAP Norte - DPCF Laboratório de Fitossanidade)

4 SINTOMATOLOGIA Esta doença insere-se no grupo das doenças denominadas Doenças do Lenho e apresenta dois tipos de evolução: Evolução crónica redução progressiva na quantidade de vegetação apodrecimento interno dos tecidos do lenho Sintomatologia externa Sintomatologia interna Evolução repentina Apoplexia manifestação virulenta da doença que leva à morte fulminante de sarmentos e braços inteiros, ou em situações mais severas à morte de toda a planta.

5 Etiologia da Esca O início do estudo da etiologia da esca remonta ao final do séc. XIX e perdura até aos dias de hoje. Apesar de não estar completamente estabelecida e compreendida, há certeza quanto ao envolvimento de alguns fungos no desenvolvimento desta doença. Principais fungos associados à Esca [de acordo com Larignon (2000) e Mostert et al. (2006)] Phaeomoniella chlamydospora (W. Gams, Crous, M. J. Wingf & L. Mugnai) Crous & W. Gams Phaeoacremonium aleophilum W. Gams, Crous, M. J. Wingf & L. Mugnai Phaeoacremonium angustius W. Gams, Crous & M. J. Wingf Phaeoacremonium australiense L. Mostert, Summerb & Crous Phaeoacremonium austrofricanum L. Mostert, W. Gams & Crous sp. nov. Phaeoacremonium inflatipes W. Gams, Crous & M. J. Wingf Phaeoacremonium iranianum L. Mostert, Graf., W. Gams & Crous sp. nov. Phaeoacremonium krajdenii L. Mostert, Summerb & Crous Phaeoacremonium mortoniae Crous & W. Gams Phaeoacremonium parasiticum (Ajello, Georg & C. J. K. Wang) W. Gams, Crous & M. J. Wingf. Phaeoacremonium scolyti L. Mostert, Summerb & Crous Phaeoacremonium subulatum L. Mostert, Summerb & Crous Phaeoacremonium viticola J. Dupont Phaeoacremonium venezuelense L. Mostert, Summerb & Crous Fomitiporia mediterranea M. Fisher Fomitiporia punctata (P. Karst.) Murril Stereum hirsutum (Willd. : Fr) Pers. Phellinus viticola (Schwein) Donk Phellinus ampelinus Bondartsev & Singer Phellinus fastuosus (Lév.) S. Ahmad

6 MODELO DE DESENVOLVIMENTO DA ESCA Esquema de desenvolvimento da Esca proposto por Surico (2000) e dos elementos extraídos de Whiting et al. (2001) e Rooney et al. (2001).

7 EVOLUÇÃO DOS ESTUDOS Isolamento, identificação e caracterização das espécies de fungos associadas à Esca. Identificação dos compostos produzidos pelos fungos responsáveis pela sintomatologia da Esca. Forma de disseminação / fungos endófitos. Identificação de compostos de defesa das videiras. Efeito da esca na qualidade dos bagos, mostos e vinhos. Tipo de alterações fisiológicas ocorrem em videiras infectadas. Teste de aplicação: de fungicidas convencionais e biopesticidas; de antagonistas Tricoderma harzianum (Crous et al., 1996) (Chiarappa, 1997) (Larignon & Dubos, 1997) (Mugnai et al., 1999) (Chicau et al., 2000) (Crous & Gams, 2000) (Dupon et al., 2000) (Pollastro et al., 2000) (Rego et al., 2000) 2000 (Amalfitano et al.,2000) (Sparapano et al., 2000) (Tabacchi et al., 2000) (Ronney et al., 2001) (Stamp, 2001) (Del Rio et al., 2001) (Lima et al., 2004) 2004 (Felgueiras et al., 2005) (Fourie & Hallen, 2006) (Lima et al., 2006) (Calzarano et al., 2007) (Dula et al., 2007) (Edwards et al., 2007) (Nascimento et al., 2007) 2008 Estimular as formas de defesas das próprias videiras.

8 TRABALHOS EM CURSO Em campo - videiras de Alvarinho e Vinhão aplicação de BCAs (agentes de controlo biológico) avaliação da alteração das funções fisiológicas vitais avaliação da produção de compostos de defesa Em laboratório - linhas celulares de Alvarinho e Vinhão activação de mecanismos de defesa: produção compostos fenólicos espécies reactivas de oxigénio genes de defesa aplicação de BCAs (agentes de controlo biológico)

9 PRÁTICAS CULTURAIS A ADOPTAR Utilizar material são na implantação de vinhas novas. Marcar as videiras infectadas. Cortar e queimar as videiras mortas. Podar o mais tarde possível. Durante o período da poda: podar em último as videiras doentes evitar feridas de grande superfície podar com tempo seco e sem vento Proteger as feridas de poda (pincelagem / tesoura de poda com depósito para calda fungicida). No caso de feridas de poda de grandes dimensões, devem ser protegidas com unguentos de enxertia ou betume industrial. Remover a lenha de poda. Desinfectar os utensílios de poda com hipoclorito de sódio 5% quando se passa de uma videira para a outra. Fazer tratamentos à base de cobre a seguir a uma geada severa.

10 BIBLIOGRAFIA Amalfitano, C.; Evidente, A.; Surico, G.; Tegli, S.; Bertelli, E.; Mugnai, L. (2000) Phenols and stilbene polyphenols in the wood of esca-diseased grapevines. Phytopathol. Mediterr. 39: Calzarano, F.; Di Marco, S. (2007) Wood discoloration and decay in grapevines with esca proper and their relationship with foliar symptoms. 46(1):96. Chiarappa, L. (1997) Phillinus igniarius: the cause of spongy wood decay of black measles ( esca ) desiase of grapevines. Phytopatol. Mediterr. 36: Chicau, G.; Aboim-Inglez, M.; Cabral, S.; Cabral, J. (2000) Phaeoacremonium chlamydosporum and Phaeoacremonium angustius with esca and grapevine decline in Vinho Verde grapevines in northwest Portugal. Phytopathol. Mediterr. 39: Crous, P. W.; Gams, W.; Wingfield, M. J.; Wyk, P. S. (1996) Phaeoacremonium gen. nov. associated diseases of woody hosts and human infections. Mycologia. 88(5): Crous, P. W.; Gams, W. (2000) Phaeomoniella chlamydospora gen. et comb. nov., a causal organism of Petri grapevine decline and esca. Phytopathol. Mediterr. 39: Del Rio, J. A.; Gonzalez, A.; Fuster, M. D.; Botia, J. M.; Gomez, P.; Frias, V.; Ortuño, A. (2001) Tylose formation and changes in phenolic compounds of grape roots infected with Phaeomoniella chlamydospora and Phaeoacremonium species. 40:S394. Dula, T.; Kappes, E. M.; Horvath, A.; Rabai, A. (2007) Preliminary trials on treatment of esca-infected grapevines with trunk injection of fungicides. Phytopathol. Mediterr. 46(1):91. Dupont. J.; Laloui, J.; Magnin, S.; Larignon, P.; Roquebert, M. F. (2000) Phaeoacremonium vitícola, a new species associated with esca diseases of grapevine in France. Mycologia. 92: Edwards, J.; Pascoe, I (2004) Occurrence of Phaeomoniella chlmydospora and Phaeoacremonium aleophilum associated with Petri disease and esca in Australian grapevines. Australasian Plant Pathology. 33: Felgueiras, M.; Chicau, G.; Dias, A. (2005) Effects of Esca on photosynthetic pigments and lignin in leaves of Vitis vinifera cv. Alvarinho in the Vinho Verde Region. Actas in: X Congresso de Fisiolgia Vegetal e XII Congresso Latino Americano de Fisiologia Vegetal, 6-11 Setembro. Recife-Brasil. Fourie, P. H.; Halleen, F. (2005) Integrated strategies for pro-active management of grapevine trunk diseases in nurseries. Proceedings of the 4th International Workshop on Grapevine Trunk Diseases, Stellenbosch, South Africa: 79. Larignon, P. & Dubos, B. (1997) Fungi associated with esca disease in grapevine. Eur. J. Plant Pathol. 103: MRM Lima, O Guimarães, F Ferreres, ACP Dias; "Changes in phenolic production of Vitis vinifera cell cultures induced by Phaeomoniella chlamydospora elicitation"; Actas do 4º Congresso da Sociedade Portuguesa de Fitopatologia: Faro Portugal; 4-6 Fevereiro 2004 Mugnai, L.; Graniti, A.; Surico, G. (1999) Esca (Black Measles) and Brown Wood-Streaking: two old and elusive diseases of grapevines. Plant Disease. 83(5): Nascimento, T.; Rego, C.; Oliveira, H. (2007) Potential use of chitosan in the control of grapevine trunk diseases. Phytopathol. Mediterr. 46(2): Pollastro. S. ; Abbatecola, A.; Dongiovani, C.; Faretra, F. (2000) Observatios on the fungi associated with esca and on spatial distribution of esca-symptomatic plants in Apulian (Italy) vineyards. Phytopathol. Mediterr. 39: Rego, C.; Oliveira, H.; Carvalho, A.; Phillips, A. (2000) Involvement of Phaeoacremonium spp. And Cylindrocarpon destructans with grapevine decline in Portugal. Phytopathol. Mediterr. 39: Rooney-Latham, S.; Eskalen, A.; Gubler, W. D. (2001) Recovery of Phaeomoniella chlamydospora and Phaeoacremonium inflatipes from soil and grapevine tissues. Phytopathol. Mediterr. 40:S Sparapanoc, L.; Bruno, G.; Graniti, A. (2000) Effects on plant of metabolites produced in culture by Phaeoacremonium chlamydosporum, P. aleophilum and Fomitiporia punctata. Phytopathol. Mediterr. 39: Stamp, J. A. (2001) The contribution of imperfections in nursery stock to the decline of young vines in California. Phytopathol. Mediterr. 40:S Surico, G. (2000) The grapevine and wine prodution throuht the ages. Phytopatol. Mediterr. 39:3-10. Whiting, E. C.; Khan, A.; Gubler, W. D. (2001) Effect of temperature and water potencial on survival and mycelial growth of Phaeomoniella chlamydospora and Phaeocremonium spp. Plant Disease. 85(2):

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