Uma espuma do mar diferente Microalgas
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- Mauro Prada de Escobar
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1 Uma espuma do mar diferente Microalgas LABORATÓRIO DE REFERÊNCIA DO AMBIENTE, LRA
2 No dia 30 de Dezembro de 2010 ocorreu um bloom excepcional de microalgas na praia do Tamariz/Monte Estoril, (Estoril). Este bloom foi visível sob a forma de espessa espuma aolongo da linha de costa, apresentando diversas formas e tamanhos, empurrado pelo vento de sudeste na direcção do mar para terra. Dia 29 de Dezembro de 2010, vento forte durante a tarde. Chuvadas fortes. Sequência dos acontecimentos Não foi observada espuma branca na linha de costa (Praia do Tamariz/Monte Estoril). Dia 30 de Dezembro de h, ondulação 2,5-3,5 m, preia-mar h (2,94 m), baixamar h (1,22 m), temperatura da água do mar 15 C. Concentrações de clorofila a < 1 mg m -3. Chuvadas fortes, temperatura do ar 9-12 C, vento fraco a moderado (10 a 30 km h -1 ) de sudeste. Dia 31, abrandamento da chuva e do vento. Ocorrência de espuma branca na linha de costa (Praia do Tamariz, Estoril/Monte Estoril) em grande quantidade, empurrada do mar para terra fragmentada em diversas formas e tamanhos. Dissipação completa da espuma branca.
3 Espuma espessa, persistente Praia do Tamariz/Monte Estoril, dia 30 de Dezembro 2010.
4 Alguns aspectos das condições da superfície do oceano e climáticas observados no dia 30 de Dezembro de 2010 Rectângulo representa a zona onde ocorreu o episódio descrito. Clorofila a, ( mg/m 3 ) Imagens de satélite MODIS (Aqua) SST - Temperatura da superfície do mar, ( C ) Cores verdadeiras
5 É provável que a espécie de fitoplâncton responsável pela ocorrência deste bloom seja Phaeocystis globosa Scherffeld (Prymnesiophyceae), espécie identificada noutras ocasiões na costa portuguesa. Contudo nas amostras observadas, relativas ao episódio descrito, dado a fase do ciclo de vida da espécie (fase colonial) não é possível ter a certeza. A espécie tem um ciclo de vida complexo, composto por uma fase colonial na qual células não-móveis estão embebidas numa matriz gelatinosa de polissacarídeos. A colónia pode atingir vários milímetros de diâmetro desde que exista luz e nutrientes (principalmente nitratos e fosfatos) disponíveis na coluna de água. Colónias gelatinosas, provavelmente de Phaeocystis, com clorofila activa.
6 Divisão Aumento da colónia Diferenciação da colónia Formação da colónia Lise das células da colónia Processo de decomposição Célula vegetativa móvel Célula vegetativa não - móvel Sedimentação Ciclo de vida (parcial) de Phaeocystis globosa - Ciclo de vida complexo, com alternância de fase entre diferentes tipos de células livres de 3-9 µm de diâmetro e colónias gelatinosas que podem atingir vários centímetros de diâmetro. Adaptado : V. Rousseau, D. Vaulot, R. Casotti, V. Cariou, J. Lenz, J. Gunkel, M. Baumann, J. of Mar. Syst. 5, 23-39
7 A origem da acumulação de espuma observada na linha de costa, atribui-se à degradação da matriz gelatinosa da colónia (fase de fim de bloom da microalga), potenciada por factores físicos tais como a turbulência e o vento (orientação e velocidade). Espuma acumulada nas rochas Colónia gelatinosa em fase de degradação Flocos de espuma na areia
8 Distribuição biogeográfica de Phaeocystis O género Phaeocystis pertence ao fitoplâncton marinho e tem uma larga distribuição ao nível do globo. São conhecidas 3 espécies pertencentes a este género que formam colónias: P. globosa associada a águas temperadas e 2 espécies de águas frias, P. pouchetii no Árctico e P. antarctica no Oceano Antártico. Localização da ocorrência dos blooms mais frequentes de P. pouchetii (circulos azuis), P. globosa (circulos vermelhos) e P. antarctica (circulos amarelos). Fonte:
9 CLIMA Chuva ácida temperatura carbono orgânico albedo nuvens albedo DMS DMS Phaeocystis respiração nutrientes CO 2 CO 2 As prymnesiophyceae, classe de microalgas às quais pertence o género Phaeocystis, desempenham um papel importante nos ciclos globais do carbono e do enxofre no oceano. Os blooms de Phaeocystis podem ter um grande impacto no ambiente, visto constituírem importantes fontes de DMS - Dimetilsulfureto, composto orgânico volátil de enxofre que pode ter um papel importante na formação de chuvas ácidas e nas alterações climáticas. sedimentos
10 Desde os anos 70 tem sido registado um aumento de blooms de Phaeocystis no meio marinho no Atlântico Norte e no mar do Norte com os visíveis e nocivos efeitos de acumulação de grandes quantidades de espuma ao longo das praias. Estes blooms têm sido relacionados com o problema da eutrofização nas respectivas áreas costeiras. A alga fitoplanctónica encontra-se referida em Moestrup, Ø, (Ed) 2011, Haptophyta, IOC-UNESCO Taxonomic Reference List of Harmful Micro Algae devido à poluição visual e efeitos negativos no turismo costeiro. Praia do Tamariz/Monte Estoril 30 de Dezembro de 2010 Em Portugal este tipo de ocorrências tem registado um aumento nos últimos anos.
11 Glossário Bloom crescimento acentuado de fitoplâncton num curto período de tempo. DMS - Dimetilsulfureto, composto orgânico volátil de enxofre. Principal gás natural de enxofre emitido para a atmosfera que desempenha um papel importante na formação de chuvas ácidas e nas alterações climáticas. Eutrofização processo de enriquecimento de nutrientes dos ecossistemas aquáticos podendo originar crescimento excessivo de fitoplâncton. Lise processo de ruptura e dissolução da membrana plasmática das células. Morte das células. Polissacarídeos - longas cadeias de moléculas de açucar usadas na construção dos tecidos, matrizes. Prymnesophyceae - Classe de algas unicelulares. Na maioria das algas desta classe uma fase de vida não-móvel (colonial) alterna com uma fase móvel.
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