ENCICLOPÉDIA DE PRAGAS
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- Sérgio Alencastre Brunelli
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1 Folha 1 Mosquito Carapanã, Pernilongo e Outros Mosquito, pernilongo, mosquitoprego, muruçoca, muriçoca,carapanã, carapa nãpinima, fincão, fincudo, melga,sovela e bicu da são termos gerais para designar diversos insectos da subordem Nematocera, normalmente dando ênfase para a família Culicidae. Por constituírem vernáculos, não obedecendo às regras da nomenclatura científica, abarcam diversos táxons, como é o caso dos mosquitos-palha. Em várias partes do Brasil, faz-se distinção entre mosquito e pernilongo: o primeiro refere-se a pequenas moscas, como as drosófilas, enquanto que o segundo, além dessa denominação, é também referido como "muriçoca". Na maioria dos estados da Região Norte do Brasil, este pernilongo chama-se "carapanã". As fêmeas do pernilongo são também conhecidas como "melgas" ou "trompeteiros". Etimologia "Mosquito" vem do latim musca. "Pernilongo" é uma referência às longas pernas do inseto. "Mosquito-prego" é uma referência a sua picada, que se assemelha à perfuração de um prego. "Muriçoca", "meruçoca" e "muruçoca" são oriundos do tupi muri'soka. "Carapanã" vem do tupi karapa'nã. "Carapanã-pinima" vem da junção dos termos tupis karapa'nã ("mosquito") e pi'nima ("pintado). "Fincão" e "fincudo" vem de "fincar" e são uma referência a sua picada. "Sovela" é uma referência ao instrumento cortante homônimo utilizado pelos sapateiros e correeiros, numa alusão à picada dos insetos. "Perereca" vem do gerúndio do tupi pere'reg, "ir aos saltos" e é uma alusão ao hábito do inseto de pular de um lugar para outro para fugir de seus inimigos. "Bicuda" é uma alusão à sua picada. Biologia Como os outros membros da ordem Diptera, os mosquitos têm um par de asas e um par de halteres, que são modificações das asas posteriores usadas como órgãos de equilíbrio. Nos chamados mosquitos a probóscide(tromba) está adaptada para a sucção de líquidos nectar seiva ou sangue.
2 Folha 2 Mosquito Carapanã, Pernilongo e Outros Muitas espécies, como os Anopheles e o Aedes aegypti são vetores de parasitas, como, nestes casos e respetivamente, a malária e adengue. Em geral, apresentam dimorfismo sexual acentuado: os machos apresentam antenas plumosas (como pequenas árvores de natal), e as fêmeas apresentam antenas pilosas e são muito mais corpulentas; em quase todas as espécies elas alimentam-se de sangue de vertebrados (incluindo o homem) para maturar seus ovários antes de pôr os ovos. O Aedes aegypti O tamanho varia, mas é raramente maior que 15 mm. O peso dos mosquitos é apenas de 2 a 2,5 miligramas. Eles conseguem voar de 1,5 a 2,5 km/h. Os mosquitos existem há 170 milhões de anos (Jurássico médio). Gênero Anopheles São insetos transmissores da malária e pertencem à família Culicidae. Eles compreendem cerca de 300 espécies, sendo que de relevância epidemiológica para malária, somente algumas, que variam segundo a região. Os mosquitos fêmeas sugam o sangue para alimentação e amadurecimento de seus ovos e transmitem a malária, os machos alimentam-se de sucos de vegetais e néctar das flores. As fêmeas fazem suas desovas em vários tipos de coleções d água, de acordo com a adaptação das espécies. Algumas preferem depósitos de água salobra, como Anopheles aquasalis; outras, grandes extensões de água doce, bem ensolaradas como o Anopheles darlingi, que também associa-se frequentemente com a vegetação flutuante de Eichornia (aguapé) e a Pestia. Na faixa litorânea sul do país, existem espécies que precisam de pouca água acumulada (como nos verticilos das folhas de plantas - gravatás); são as espécies de Anopheles bellator e Anopheles cruzi que pertencem ao sub-gênero Kertizia. Nos criadouros, os ovos dão origem a larvas, que se transformam em pupas e, em seguida, em mosquitos adultos. Nesta fase os mosquitos abandonam a água e procuram um lugar de abrigo até o momento do acasalamento ou da alimentação. Os anofelinos costumam picar no período do crepúsculo vespertino ao crepúsculo matutino. O mosquito Anopheles torna-se vetor da malária a partir do momento que ingere gametócitos (femininos e masculinos) de um indivíduo infectado.
3 Folha 3 Carapanã Biologia e Comportamento Dentro do mosquito, os gametócitos tornamse gametas e fecundam-se, originando o parasitados pelo P. falciparum sofrem Além disso, os glóbulos vermelhos zigoto, que atravessa a parede do estômago alterações em sua estrutura que os tornam do inseto e transforma-se em oocisto, tipo de mais adesivos entre si e às paredes dos vasos célula-ovo. Após algum tempo, o oocisto se sangüíneos, causando pequenos coágulos rompe e libera novos esporozoítos, que que podem gerar problemas cardíacos como migram para as glândulas salivares do tromboses e embolias. Geralmente, após a mosquito estando assim prontos para infectar picada do mosquito transmissor, o P. um novo indivíduo. Dos três tipos de falciparum permanece incubado no corpo do Plasmodium existentes no Brasil, o mais indivíduo infectado por 12 dias. A seguir, agressivo é o P. falciparum, que multiplicase mais rapidamente e, conseqüentemente, calafrios, febre alta (no início contínua e surge um quadro clínico variável, que inclui invade e destroi mais hemácias que as outras depois com freqüência de três em três dias), espécies, causando, assim, um quadro de dores de cabeça e musculares, taquicardia, anemia mais imediato. aumento do baço e, por vezes, delírios. No caso de infecção por P. falciparum, também existe uma chance em dez de se desenvolver o que se chama de malária cerebral, responsável por cerca de 80% dos casos letais da doença. Além dos sintomas correntes, aparece ligeira rigidez na nuca, perturbações sensoriais, desorientação, sonolência ou excitação, convulsões e vômitos e dores de cabeça, podendo o paciente chegar ao coma. Por vezes, o quadro da malária cerebral lembra a meningite, o tétano, a expilepsia, o alcoolismo dentre outras enfermidades neurológicas. CICLO DE VIDA A importância de se conhecer o ciclo de vida dos mosquitos, está naquela máxima militar: "para se combater o inimigo, precisamos conhecê-lo bem". O ciclo vital dos mosquitos dura de 7 a 15 dias, dependendo da espécie, e pode ser resumida em 4 fases:
4 Folha 4 Carapanã Biologia e Comportamento 1a. fase = postura dos ovos 2a. fase = nascimento das larvas 3a. fase = transformação em pupa e 4a. fase = mosquito adulto 1a. fase: POSTURA DOS OVOS: Cada fêmea põe de 250 a 400 ovos (100 a 150 de cada vez, em 4 a 5 posturas consecutivas, espaçadas de 5 a 7 dias). Os ovos podem ficar soltos ou agrupados, formando uma espécie de barquinho flutuante. 2a. fase: NASCIMENTO DAS LARVAS: Os ovos se transformam em larvas depois de 36 horas a uma semana. Nascem larvas sem patas, que se movem na água mediante contrações. Por necessitarem de ar, passam parte do tempo à superfície, respirando por um tubinho. 3a. fase: TRANSFORMAÇÃO EM PUPA: Como todo inseto, para poder crescer, têm que mudar de pele, o que fazem 3 vezes. Na 4a. muda, a larva transforma-se em pupa, que não permanece imóvel como ocorre com a maioria dos insetos. Ao contrário, é muito ativa, pois também precisa ficar perto da superfície da água para respirar. Quando é perturbada, mergulha até o fundo do recipiente ou depósito em que se encontra. A larva se transforma em pupa no prazo de 5 a 7 dias, dependendo da temperatura. 4a. fase: MOSQUITO ADULTO: Depois de alguns dias (em média, 2 dias), abre-se a pupa e dela sai um mosquito adulto, que geralmente só tem 1 a 2 meses de vida. Assim, em algumas espécies, pode haver até 12 gerações num ano. O mosquito adulto procura, sempre, um abrigo para descansar; quer ao sair da pupa, quer após o repasto. Em geral, os mosquitos não voam mais de m; via de regra, entre 800 e m.
5 Folha 5 Carapanã Combate e Tratamento COMBATE AO MOSQUITO As medidas recomendadas de combate ao mosquito (seja na fase jovem ou adulta) são: a) de caráter permanente: drenagem, aterro, entelamento e uso do mosquiteiro; e b) de caráter periódico: petrolagem, inseticidas, larvicidas, repelentes, inimigos naturais, etc. O combate ao mosquito também pode ser apresentado segundo os tópicos seguintes: 1 - SANEAMENTO BÁSICO: Drenagem de áreas alagadas; Aterro de depressões que acumulem água; Esvaziar recipientes com água acumulada (latas, vasos, etc.); Roçar o mato próximo às residências; Vedar fossas e reservatórios de água descobertos; Clorar a água das piscinas; Entelar os acessos ao interior das casas (portas, janelas, etc.); Retirar o lixo dos córregos e valões; e Usar mosquiteiros nas camas e redes. TRATAMENTO QUÍMICO: Pulverização com bomba manual costal; Nebulização com equipamentos portáteis (foto abaixo); Atomização motorizada com neblina pesada ("fumacê"); Aplicações aéreas com aeronaves e Ultra Baixo Volume (foto abaixo); Petrolagem ou o uso de petróleo ou querosene na água (larvas e pupas) ; Produtos de uso domiciliar: aerosois, espirais, bombas manuais, repelentes líquidos, equipamento elétrico, velas repelentes e outros.
6 Folha 6 Carapanã Controle Biológico do Mosquito 3 - CONTROLE BIOLÓGICO: Peixes larvófagos: barrigudinho (Gambusia affinis, Lebistes reticulatus) apaiari (Astronotus ocellatus), guaru (Phallocerus caudimaculatus) e outros; Fungos: (Bacillus thuringiensis var. israelensis) ; Inimigos naturais: pássaros insetívoros, larvas de alguns besouros, libélulas, girinos (de algumas espécies), morcegos e outros. 4 - EDUCAÇÃO SANITÁRIA: vacinação; uso de roupas adequadas; cuidados com bromélias; e adoção de medidas sanitárias. FONTES: "Principais Mosquitos de Importância Sanitária no Brasil". Consoli, R. Fiocruz, Rio de Janeiro, "As Doenças do Campo". Gomes, M., Ed. Globo, Rio de Janeiro, "Endemias Rurais" - Ministério da Saúde, Rio de Janeiro, "Revista Globo Rural" - No. 10, julho de 1986.
7 Folha 7 Carapanã Principais Doenças Causadas ALGUMAS DOENÇAS TRANSMITIDAS POR MOSQUITOS DOENÇA MOSQUITO HÁBITOS/OBS 1 - Malária Anopheles darlingi Rios de águas limpas 2 - Febre amarela urbana Aedes aegypti Domésticos, diurnos, águas limpas PRINCIPAIS MOSQU 3 - Febre amarela silvestre Haemagogus capricornii Amazônia e Centro Oeste 4 - Leishmaniose visceral Lutzomyia longipalpis Nordeste brasileiro 5 - Leishmaniose cutânea Lutzomyia intermedia Em quase todo o Brasil 6 - Filariose Culex quinquefasciatus Domésticos, noturnos, águas sujas 7 - Dengue Aedes aegypti Águas paradas de vasos, pneus, etc. 8 - Encefalite Aedes scapularis No litoral de São Paulo 9 - Úlcera brava Phlebotomus spp Úlcera de Bauru 10 - Manzonelose Simulium amazonicum Comum na Amazônia 11 - Oncocercose Simulium damnosum Roraima e África
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