ATA DE APRECIAÇÃO DE DIREITO DE PETIÇÃO DO PREGÃO ELETRÔNICO AA Nº 02/2016

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1 ATA DE APRECIAÇÃO DE DIREITO DE PETIÇÃO DO PREGÃO ELETRÔNICO AA Nº 02/2016 Trata-se de apreciação do questionamento apresentado pela empresa SUPPORT ENGINEER, recebida por enviado ao endereço intitulada Pregão Eletrônico AA nº 02/2016 BNDES - Exigência do formato RVT para modelagem BIM. A referida mensagem será analisada na forma de Direito de Petição, com base no Artigo 5º XXXIV a da Constituição da República. Isso porque não foi observado o prazo de três dias úteis anteriores à data fixada para abertura da sessão pública para envio de pedidos de esclarecimentos, conforme art. 19, do Decreto nº 5.450/2005, tendo em vista que a sessão pública do certame em referência estava agendada para o dia 21/01/2016, às 11 horas, mesma data de envio do citado questionamento. Contudo, embora intempestivo, seu questionamento será recebido e apreciado, para que se possa demonstrar a regularidade das especificações técnicas contidas no Termo de Referência, Anexo I ao Edital do Pregão Eletrônico AA nº 02/2016. I. PERGUNTA DA EMPRESA: Veio ao meu conhecimento o edital 02/2016 do BNDES cujo anexo 1, item 2.4 especifica o fornecimento de arquivos de extensão RVT, de propriedade da Autodesk. Não se trata de restrição, por parte do BNDES, do uso de uma tecnologia privada que impede que empresas usuárias de outras ferramentas do setor, tais como Trimble Sketchup, Trimble Tekla Structures e Graphisoft ArchiCAD possam participar da concorrência? Visto que todas as soluções já citadas, entre outras no mercado, utilizam o formato de arquivos IFC para possibilitar a colaboração e a interoperabilidade entre as partes envolvidas no projeto, não deveria a exigência quanto ao formato do arquivo eletrônico de tecnologia BIM fornecido ser apenas o IFC? Há ainda, com parte da resposta ao questionamento 06, de mesmo teor, a informação do BNDES dando conta de que não houve restrição no software a ser utilizado e sim o formato de arquivo. As várias soluções do mercado para a tecnologia BIM possuem formatos de 1

2 arquivos próprios (SKP, PLN, DB1, TBP etc) que não podem ser criados ou acessados em outras ferramentas. O mesmo acontece com o formato RVT, sendo a Autodesk a proprietária do formato e sua criação e acesso é restrito às suas soluções, tais como Revit, Navisworks ou 3DS Max. Há como o BNDES prover mais explicações sobre como a restrição ao fornecimento de arquivos no formato RVT não obriga a empresa interessada na concorrência a utilizar ferramentas Autodesk? II. RESPOSTA DO BNDES: Conforme esclarecido pelo BNDES na resposta ao questionamento 6 e no julgamento da impugnação intempestiva impetrada pela empresa SPM ENGENHARIA SS LTDA, a conversão de arquivos BIM de/para formatos proprietários para o formato IFC não se desenvolve de forma perfeita, havendo perda de informações, por vezes sginificativas, a cada conversão - como atestam os relatórios de compliance emitidos pela Building Smart, instituição responsável por fomentar o uso do padrão IFC (disponíves em Essa é a razão pela qual foi solicitada a entrega do modelo no formato rvt, correspondente ao software já utilizado pelo BNDES para modelagem BIM, como também já informado nos posicionamentos fixados sobre a questão nos questionamentos anteriores. Em resposta à pergunta "Há como o BNDES prover mais explicações sobre como a restrição ao fornecimento de arquivos no formato RVT não obriga a empresa interessada na concorrência a utilizar ferramentas Autodesk?", embora cada empresa tenha formas de trabalhos distintas, as quais escapam ao conhecimento do BNDES, exemplifica-se uma alternativa possível (embora não a única), que seria que a empresa: - desenvolvesse o modelo em qualquer software de sua escolha; - convertesse-o para o padrão IFC; - convertesse-o novamante do padrão IFC para o formato rvt (para o que poderia ser utilizada a versão de teste do software, disponibilizada gratuitamente pelo fabricante), ficando, então, a cargo da contratada a correção das falhas de conversão eventualmente ocorridas. Nesse cenário, restaria preservada a forma de trabalho da empresa, sem que fossem gerados custos adicionais com a aquisição de software para a execução dos serviços. 2

3 Cabe notar que, ao mencionar a alternativa descrita anteriormente (que de maneira alguma esgota os caminhos que podem ser adotados), o BNDES não pretende promover qualquer fabricante e/ou software, nem tampouco afirmar que este ou aquele produto é superior aos demais ofertados no mercado; apenas tenta preservar o investimento que será realizado pelo Banco com a contratação objeto do Pregão Eletrônico AA 02/2016, ao evitar que a Administração Pública necessite complementar ou corrigir o modelo BIM a ser entregue pela empresa Contratada. Para maiores esclarecimentos, colaciona-se abaixo a análise do BNDES contida na impugnação impetrada pela empresa SPM ENGENHARIA SS LTDA supracitada: A questão posta pela empresa SPM ENGENHARIA SS LTDA já foi analisada internamente pelos setores técnicos do BNDES, durante a fase interna da licitação. Na NOTA TÉCNICA AA/DELOP/GEOP N.º 007/2015, de 17/12/2015, a Unidade Técnica abordou a forma de entrega de serviços de modelagem BIM a serem exigidos pelo BNDES nas contratações de projetos e obras de arquitetura e engenharia, cuja conclusão foi pela possibilidade de exigir os modelos em formato.rvt. Para melhor elucidar a questão, é necessário transcrever as razões que levaram a Unidade Técnica AA/DELOP a esta conclusão: Como exposto na IP AA/DELOP 007/2013, que tratou da aquisição de softwares para desenho e modelagem gráficos, a biblioteca de desenhos técnicos sob gestão da AA/DELOP/GEOP constitui patrimônio intangível do BNDES. Tal biblioteca conta hoje com quase 15 mil arquivos, entre desenhos e modelos tridimensionais, e a garantia da integridade dos arquivos é também a garantia da preservação de toda a documentação das instalações do BNDES. A perda ou corrupção dos arquivos representaria enorme retrabalho e desperdício de recursos humanos e financeiros para realização de novos levantamentos e reconstituição dos desenhos e modelos perdidos. Por essa razão, à época da aquisição de novas licenças de softwares CAD e BIM, foram expostas na IP AA/DELOP 007/2013 as razões pelas quais seria mais adequado para o BNDES que fosse adotado o pacote de soluções oferecido pela empresa Autodesk, as quais reproduzimos a seguir: - a maioria dos documentos que compõem a biblioteca técnica do BNDES é do tipo DWG nativo (ou seja, criados e editados com a utilização da solução Autodesk AutoCAD ; 3

4 - a utilização cotidiana de softwares comercializados como similares ao Autodesk AutoCAD, demonstrou que tais aplicações não são equivalentes a esta última, no sentido em que não proveem as mesmas funções nem o mesmo desempenho técnico do Autodesk AutoCAD. Além de perda de produtividade dos usuários devido a diferenças no chamado e parametrização dos comandos, foram verificados casos de perda de parte das informações e até mesmo de desenhos completos, além de arquivos que não são abertos integral e corretamente e execução de comandos com falhas; - o AutoCAD possui maior abrangência técnica e de mercado, sendo largamente utilizado nas áreas de engenharia e arquitetura, tanto profissionalmente como na área acadêmica, o que facilita sua utilização por toda a equipe e a interação com as empresas contratadas para prestar serviços de engenharia ao BNDES; - a equipe AA/DELOP que acompanha projetos de obras e serviços de engenharia e arquitetura, utiliza em larga escala ferramentas de desenho tipo CAD e realiza constante troca de arquivos, entre fornecedores, prestadores de serviços e afins, majoritariamente criados e editados no software AutoCAD ; - frequentemente ocorrem dificuldades de leitura e edição de arquivos criados em softwares comercializados como similares ao AutoCAD, devido a falhas de compatibilidade entre os aplicativos, como aquelas verificadas pelas equipes após utilização dos softwares já citados nesta IP; - a equipe da AA/DELOP já está familiarizada com as ferramentas disponibilizadas pelo AutoCAD, de forma que a padronização da solução tecnológica utilizada configura vantagem técnica, possibilita melhor produtividade dos usuários, e reduz investimentos em treinamento e capacitação, demonstrando vantagem econômica na contratação; - o BNDES já era, ainda antes da aquisição realizada em 2013, detentor de licenças de uso da marca Autodesk, de forma que a aquisição proposta à época pôde ser entendida como uma manutenção de serviço de TI já instalado, no sentido de que o atualizou e ampliou, ao invés de se tratar de uma aquisição completamente nova de soluções de computação para Arquitetura e Engenharia; - a adoção desta marca específica não implicou em cerceamento da contratação a um único fornecedor, haja vista que a concorrência se deu em abrangência nacional, e com vários fornecedores diferentes capazes de ofertar a marca nos termos do Termo de Referência da licitação então realizada. Tais pontos permanecem todos válidos. 4

5 A solução BIM fornecida pela mesma empresa, Autodesk, é composta por dois softwares denominados Revit, em suas três variantes (Architecture, Structure e MEP), e Navisworks, que compõem o pacote de softwares adquirido pelo BNDES em 2013, razão pela qual os passos iniciais para adoção da tecnologia BIM pelos técnicos da AA/DELOP/GEOP foram dados com a utilização deste software. Isso implica em que os ganhos de produtividade percebidos pela padronização da solução CAD com o AutoCAD no BNDES sejam replicados que tange à tecnologia BIM com a adoção do Revit e do Navisworks. A alternativa à adoção do padrão de softwares utilizado pelo BNDES seria requisitar que os serviços fossem entregues em formato IFC, constituído com base na norma técnica ISO 16739:2013 Industry Foundation Classes (IFC) for data sharing in the construction and facility management industries visando criar arquivos que pudessem ser compartilhados por todos os softwares BIM do mercado. A implantação do formato IFC é fomentada e monitorada por uma entidade independente denominada buildingsmart, que verifica, dentre outros aspectos, a capacidade de os softwares certificados converterem informações de seus formatos nativos para o formato IFC sem perda de dados. Como pode-se observar nos resultados da avaliação executada pela buldingsamrt 1, nenhum dos principais softwares BIM do mercado (AECOsim Building Designer/Bentley, ArchiCAD, Revit, Solibri e VectorWorks) é capaz de converter as informações dos modelos BIM neles gerados sem perda ou seja, sem que seja necessário reconstruir parte do modelo, gerando retrabalho e custos para a Administração. Sendo assim, entende-se ser mais vantajoso para o BNDES manter o grupo de softwares da Autodesk como padrão para suporte ao desenvolvimento das atividades técnicas da AA/DELOP/GEOP, incluindo no que se refere à entrega de serviços de projeto e obra, ou seja, incluindo os desenhos e modelos a serem desenvolvidos por fornecedores contratados pelo BNDES. Sobre este último ponto, fazemos referência ao Acórdão TCU 2799/2013, anexo a esta NT, onde foi entendido pelo Tribunal de Contas da União que não há restrição de competitividade em licitações de serviços de engenharia decorrente de exigência de entrega de documentos no formato gerado pelo Autodesk Revit (extensão.rvt). 1 Anexas a Nota Técnica. Disponível em < acesso em 27/11/

6 Portanto, como exposto na própria Nota Técnica acima mencionada, para evitar o risco de converter as informações dos modelos BIM neles gerados sem perda (sem que seja necessário reconstruir parte do modelo, gerando retrabalho e custos para a Administração), a exigência da entrega dos modelos em formato.rvt é legítima e guarda consonância com o ordenamento jurídico. Ressalte-se que, em caso idêntico, o Plenário do Tribunal de Contas da União, por meio do Acórdão nº 2.799/2013, entendeu que é legítimo exigir a entrega de arquivos em modelo.rvt, se o Revit da Autodesk for o software utilizado pela entidade da Administração Pública que está licitando determinado objeto. Sendo assim, a exigência de entrega do modelo ao BNDES pela Contratada no formato.rvt, constante do subitem 2.4 do TERMO DE REFERÊNCIA ANEXO I ao EDITAL, foi estipulada com base em critérios técnicos e visando a evitar prejuízos às atividades administrativas do BNDES, em atenção ao princípio da eficiência administrativa. LIVIA MADEIRA DE MENEZES Advogada Pregoeira Equipe de Apoio ao Pregoeiro: ADRIANO CONDE VITOR AA/DELOP THAÍS SOARES ALVES AA/DELOP MÔNICA DOS SANTOS MONTEIRO AA/DELOP 6