PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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1 , DE PINHÃO VARA ÚNICA. EMBARGANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL INSS. EMBARGADO: PEDRO RIBEIRO DE MORAIS. RELATOR: DES. CLAYTON MARANHÃO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM APELAÇÃO CÍVEL. CONCESSÃO DE AUXÍLIO-DOENÇA E DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. ALEGAÇÃO DE OBSCURIDADE QUANTO AO GRAU DE REDUÇÃO DA CAPACIDADE LABORATIVA PARA A CONCESSÃO DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INOCORRÊNCIA. REDISCUSSÃO DA MATÉRIA. INADMISSIBILIDADE. JUROS DE MORA. APLICAÇÃO EM CONSONÂNCIA COM A JURISPRUDÊNCIA DA CÂMARA. AUSÊNCIA DAS HIPÓTESES PREVISTAS NO ART. 535 DO CPC. PREQUESTIONAMENTO. ACÓRDÃO EMBARGADO QUE CONTÉM FUNDAMENTAÇÃO EXPLÍCITA A RESPEITO DAS QUESTÕES DEBATIDAS, CONSIDERADAS RELEVANTES À RESOLUÇÃO DA LIDE. ÍNDICE DE ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. MODULAÇÃO DOS EFEITOS DAS ADI 4357 E 4425 PELO STF. CORREÇÃO DE OFÍCIO QUANTO À CORREÇÃO MONETÁRIA. EMBARGOS REJEITADOS. Página 1 de 9

2 Vistos, examinados e discutidos estes autos de Embargos de Declaração nº /01, da Vara Única de Pinhão, em que é embargante o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS e embargado Pedro Ribeiro de Morais. I RELATÓRIO 1. Trata-se de Embargos de Declaração opostos em face do acórdão de fls. 423/432, que negou provimento à apelação interposta pelo Instituto Nacional do Seguro Social INSS, ora embargante, mantendo a sentença quanto ao direito do autor à percepção de auxílio-doença no período de 24/01/1986 a 25/01/2010 e, a partir desta data, à aposentadoria por invalidez, e, de ofício, readequou os juros e a correção monetária Assim foi ementada a decisão embargada: APELAÇÃO CÍVEL E REEXAME NECESSÁRIO. AÇÃO DE ACIDENTE DE TRABALHO. DEMANDA JULGADA PROCEDENTE PARA CONCEDER AUXÍLIO-DOENÇA E POSTERIORMENTE A APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. REQUISITOS PREENCHIDOS PARA CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA PREVISTOS NO ART. 59, DA LEI 8.213/91. REQUISITOS PARA CONCESSÃO DA APOSENTADORIA POR INVALIDEZ PREENCHIDOS. ART. 42 DA LEI 8213/91. CORREÇÃO MONETÁRIA. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 1º-F, DA LEI 9.494/97. CORREÇÃO DE OFÍCIO. RECURSO Página 2 de 9

3 DESPROVIDO. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA, NO MAIS, EM SEDE DE REEXAME NECESSÁRIO. 2. O embargante aduz que o acórdão está eivado de obscuridade, vez que deixou de considerar a conclusão do laudo médico pericial no sentido de que o autor padece de incapacidade laborativa meramente parcial, logo não faria jus ao benefício de aposentadoria por invalidez. considerar a incidência capitalizada de juros Sustenta, também, que o acórdão deixou de 2.2. Pugna, por fim, pelo prequestionamento do art. 42 da Lei nº 8.213/91 e art. 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pelo art. 5º da Lei nº /09. É a exposição. II FUNDAMENTAÇÃO conheço dos embargos. 3. Presentes os pressupostos de admissibilidade, 4. Em suas razões, o embargante alega obscuridade quanto à capacidade laboral do autor, pois, de acordo com o laudo pericial trazido aos autos pelo INSS, a lesão sofrida pelo requerente não gera incapacidade laborativa total e não é insuscetível de reabilitação. 5. No que tange à incapacidade do requerente, ainda Página 3 de 9

4 que se tenha reconhecido, em um primeiro momento, a possibilidade passada de reabilitação, concluiu-se, com amparo na perícia médica produzida em juízo, que atualmente o autor apresenta incapacidade para o exercício de qualquer atividade laboral. Somem-se a isto a idade avançada e as condições culturais e socioeconômicas do requerente, que dificilmente permitiriam sua readaptação ao mercado de trabalho. 6. Nesse sentido, constou do acórdão embargado: 20. Quanto à incapacidade estabelecida no art. 59, Lei 8213/91, o expert atestou que: (fl.130) Sequelas de traumatismo crânio encefálico. Apresenta alterações neurológicas (sequelas de traumatismo crânio encefálico e alterações de esfera psicológica. Deve ser evitado atividades como policial, guardião com porte de arma de fogo. Pode ser vetado serviço que necessita de trabalhar em grande altitude como carpinteiro e eletricista. Deve ser vetado atividades como motorista, principalmente, veículos de carga pesada e transporte de passageiros. Pode ser aproveitado como guardião sem porte de arma, porteiro e atividades rurais sem esforço físico. 21. Também ficou consignado no laudo pericial a possibilidade de reabilitação profissional após tratamento adequado com apoio psicológico e fisioterápico e o reaproveitamento em atividade que não requer esforço físico, uso Página 4 de 9

5 de reflexos e concentração exagerada. Desta forma, confirmada na época sobre a possibilidade de tratamento, podendo inclusive readaptar a atividade, o autor fazia jus ao benefício de auxíliodoença. Logo, comungo com o mesmo entendimento do juízo a quo. (...) 22. Também é certo que, após a nova perícia, depois de dezoito anos, ficou atestado que o autor/apelado apresenta incapacidade para o exercício de qualquer trabalho ou atividade que lhe garanta subsistência, notadamente nas respostas aos seguintes quesitos: A parte é (foi) portadora de alguma moléstia/deficiência/lesão física ou mental? Esclarecer do que se trata (tratava) e quais são (foram) as implicações. Informar a classificação da moléstia/deficiência/lesão no Código Internacional de Doença CID. R: Apresenta alterações nítidas no conteúdo do pensamento, com a concentração débil e dificuldade para elaborar sentença. Não consegue responder adequadamente às perguntas propostas, somente com interposição ou sugestão de outra parte. Existe possibilidade de cura, controle ou minoração dos efeitos de tal moléstia/deficiência/lesão? Esclarecer. APELAÇÃO CÍVEL Nº R. Não. Dada a natureza da lesão e seu tempo de Página 5 de 9

6 evolução (24 anos). A sequela pós-traumática é permanente. 23. Pois bem, a legislação aplicável ao caso concreto se extrai que são requisitos para a concessão de aposentadoria por invalidez: (i) a condição de segurado; (ii) a carência; e (iii) a constatação de incapacidade total e permanente para o trabalho. 24. Além disso, a jurisprudência mais recente tem relativizado a necessidade de se demonstrar a incapacidade laboral total do trabalhador frente aos seus aspectos socioeconômicos e culturais. Isso porque sua reinserção no mercado de trabalho é muitas vezes situação utópica, considerada a idade e o nível cultural do segurado. (...) 26. Nesta esteira, tenho por bem manter o benefício concedido ao autor/apelado Pedro Ribeiro de Morais, verificado não só o laudo pericial que atestou a incapacidade deste par qualquer atividade que lhe garanta subsistência, como também suas condições pessoais, vez que se trata de pessoa com idade avançada (56 anos), baixa escolaridade e exercício de atividade de pouca complexidade. 7. Logo, a questão em tela foi abordada no acórdão e devidamente fundamentada, não havendo de se falar em obscuridade. 8. No que se refere à aplicação de juros, extrai-se do acórdão que não há omissão em relação à aplicação do art. 1º-F da Lei nº Página 6 de 9

7 9.494/97: 31. Finalmente, no concernente à taxa dos juros de mora, cumpre frisar que incidem a partir da citação (Súmula 204, STJ) à razão de 1% ao mês até a vigência da Lei , de 30/6/2009, e, a partir de então, segundo o percentual estabelecido para a caderneta de poupança, nos termos do art. 1º -F da Lei 9.494/1997, como bem decidido na sentença ora em reexame Cumpre frisar que, quanto aos juros, esta Câmara é pacífica em reconhecer que incidem a partir da citação (Súmula 204 do STJ), à razão de 1% ao mês até a vigência da Lei nº , de 30/06/2009, e, a partir de então, segundo o percentual estabelecido para a caderneta de poupança, nos termos do art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997, como bem decidido no acórdão. 9. Logo, não havendo de se falar em omissão quanto ao tópico suscitado, os embargos devem ser rejeitados também neste ponto. 10. Por fim, o embargante objetiva o prequestionamento do disposto nos artigos 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pelo art. 5º da Lei /09, e art. 42 da Lei nº 8.213/ Contudo, infere-se que na decisão recorrida foram explicitados de forma escorreita e precisa as razões que a motivaram, apontando a legislação e jurisprudência pertinente. Assim, resultaram preenchidos os requisitos do prequestionamento da matéria objeto da controvérsia. Página 7 de 9

8 12. A exigência de prequestionamento para a interposição de recurso especial ou extraordinário deve ser cumprida pela parte, não pelo julgador. Este não precisa apontar expressamente se restaram ou não violados dispositivos legais ou constitucionais apresentados para fundamentar o recurso. Basta que tenham sido enfrentadas todas as questões do processo. 13. Nota-se, portanto, que as razões de decidir restaram explícitas, claras e objetivas, não padecendo, pois, o acórdão de qualquer vício. 14. Outrossim, é de ser corrigido de ofício o voto, tendo em vista o julgamento e modulação dos efeitos das ADI nº 4357 e nº 4425 pelo STF. Assim, quanto ao índice de correção monetária, o artigo 1º-F da Lei nº 9.494/1997 (Taxa Referencial), valerá do período de 30/06/2009 até 25/03/2015, quando então passará a ser adotado o IPCA-E. Quanto ao período anterior à edição da Lei nº /09, destaca-se que, em sede de liquidação de sentença, deverá ser aplicado aquele correspondente à época, conforme disposto no seguinte aresto: (...) os índices de correção aplicáveis aos débitos previdenciários em atraso são, ex vi do art. 18 da Lei nº 8.870/1994, o INPC (janeiro a dezembro de 1992), IRSM (janeiro de 1993 a fevereiro de 1994), URV (março a junho de 1994), IPC-r (julho de 1994 a junho de 1995), INPC (julho de 1995 a abril de 1996), IGP-DI (maio de 1996 a dezembro de 2006) e INPC (a partir da Lei nº /2006), os quais, aplicados, devem ser convertidos, à data do cálculo, em UFIR e, após sua extinção, o IPCA-E (...) Entendimento ratificado pelo recente julgamento, na Terceira Seção, do REsp Página 8 de 9

9 nº /SP, de relatoria do Ministro Arnaldo Esteves Lima, DJ de 20/5/2009 (...). (STJ - AgRg nos EDcl no REsp /SP - Rel. Des. Conv. Celso Limongi Sexta Turma j DJe ). 15. Do que precede, inexistindo qualquer vício de obscuridade, omissão ou contradição no acórdão vergastado, rejeito os presentes embargos de declaração e corrijo de ofício o índice de correção monetária fixado no voto. É como voto. III DECISÃO ACORDAM os integrantes da Sexta Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, por unanimidade de votos, em rejeitar os Embargos, corrigindo, de ofício, o índice de correção monetária, nos termos do voto. Participaram do julgamento os Senhores Desembargadores PRESTES MATTAR, Presidente, e o ROBERTO PORTUGAL BACELLAR. Curitiba, 14 de abril de DES. CLAYTON MARANHÃO RELATOR Página 9 de 9