Senhor Presidente Senhoras e Senhores Deputados,

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1 DISCURSO PRONUNICADO PELO DEPUTADO GIVALDO CARIMBÃO (PSB/AL), NA SESSÃO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS DO DIA.../.../... Senhor Presidente Senhoras e Senhores Deputados, Foi-se o maior dos estadistas da atualidade. O mundo encontra-se órfão com a morte de Sua Santidade o Papa João Paulo II. Escolhido Papa em 1978, após a inesperada morte de João Paulo I, com apenas 33 dias de Pontificado, João Paulo II já gerava expectativas em todo o mundo pelo fato de ser o primeiro Papa não italiano a ocupar o cargo desde o holandês Adrien VI, que morreu em A incógnita era ainda maior pelo fato dele ter nascido na Polônia, um País até então do bloco Comunista, além de ter sido na juventude atleta e ator. Sabemos bem, senhoras e senhores Deputados, que muito já se falou nos últimos dias sobre o Papa João Paulo II, mas não posso deixar de externar aqui a minha opinião e sobretudo a minha dor, com a morte desse grande líder de nossa geração. Apesar de representante da Igreja Católica o seu pontificado ultrapassou todos os limites impostos pela religião, alcançando com sua peregrinação todos os cantos

2 do Planeta, levando sempre sua mensagem de paz e harmonia entre os homens. Suas conquistas políticas foram extraordinárias e imensuráveis. Creio que não tenha havido na história da Igreja Católica um Papa tão carismático como João Paulo II, o Grande, o Papa Peregrino. Um dos 4 Papas que em dois mil anos comandaram a Igreja Católica por mais de 22 anos. João Paulo II, Senhor Presidente, pode ser considerado o Papa peregrino porque foi o que mais realizou viagens. Desde 1978, quando assumiu o seu pontificado, percorreu mais de 1,2 milhão de quilômetros e visitou 123 países, em cumprimento à sua promessa de levar a religião a todos os quadrantes do Planeta. Com seu marcante gesto de sempre beijar o solo de todos os países que visitava, iniciou sua peregrinação no dia 25 de janeiro de 1979, beijando o solo da República Dominicana, e afirmando: Viajarei por onde me chamarem as exigências da fé e dos valores humanos. O gesto de beijar o solo é uma tradição da Igreja, e significa que o Sumo Pontífice está abençoando a Pátria em que visita, e o Papa só deve beijar uma só vez um país, mas João Paulo II quebrou essa tradição e beijou duas vezes o solo do nosso País. Em 1980 em Brasília e em 1991, em Natal no Rio Grande do Norte. Sei que sou pequeno/mas há outros ainda menores que eu/ele me escolheu, Ele me lança nas cinzas/ele pode fazer isso mas por quê?/porque fazer isso comigo?/ele é o provedor. Esse, senhoras e senhores Deputados, é um pequeno poema escrito por Karol Wojtyla, na sua juventude, e que já denotava a sua inabalável fé em nosso Criador. Esse

3 poema foi escrito em um momento de extrema dor, pois havia perdido o seu pai, o último membro vivo de sua família, em um dos mais rigorosos invernos da Polônia. O Pontificado de João Paulo II, senhoras e senhores Deputados, não foi apenas a obra de um pastor de ovelhas. Seus 26 anos como dirigente máximo da Igreja Católica notabilizou-se sobretudo pelo seu grande carisma, pela sua tolerância, pela sua imensurável capacidade de atrair jovens e adultos, crianças e velhos, convertendo-se no único líder mundial no momento em que a humanidade, dominada por divisões, guerras e interesses econômicos, necessitava de um líder em que pudesse depositar total confiança. Por pura inspiração Divina João Paulo II encarnou esse papel, apesar dos grandes sofrimentos impostos pela saúde debilitada, principalmente após a fatídica tarde de 13 de maio de 1981, quando no meio da Praça de São Pedro, no Vaticano, foi atingido por 3 tiros disparados pelo turco Mehemed Ali Agca e que deixou seqüelas irreparáveis em sua saúde. O esforço que fez desde então para dar continuidade à sua sagrada missão emocionava a todos, católicos ou não. João Paulo II, Senhor Presidente, foi inquestionavelmente o único grande estadista da modernidade. Nenhum líder mundial da atualidade se compara à sua capacidade de liderança, ao raro carisma e a uma nata aptidão para se comunicar com todo tipo de público. Suas posições sempre claras e transparentes nunca deixaram dúvidas quanto à sua missão de propagar os dogmas da Igreja Católica por todo o mundo, cobrando de

4 todo chefe de Estado ações concretas a favor dos fracos e oprimidos. Suas visitas aos países pobres da África e da América Central, por exemplo, são claros sinais de sua opção pelos desassistidos e excluídos. Não se intimidava nem diante dos arraigados Ditadores ou líderes poderosos. Conseguia também com maestria encampar as posições conservadoras da Igreja dosando-as com a sua clara opção pelos pobres e oprimidos. Sua atuação sempre foi marcada pela transigência no individual e intransigência no coletivo. Uma das características do Pontificado de João Paulo II será indubitavelmente a sua extrema coragem e pertinácia. Tendo passado por diversas provações e sofrimentos, principalmente após o atentado sofrido, e com o paulatino agravamento de sua doença, nunca recuou diante de nenhum obstáculo. Em nenhuma dessas agruras viu-se minada a sua extrema coragem, mas, pelo contrário, sempre encontrava forças para dar continuidade à sua missão de representante de Pedro na Terra. Em todos os países que visitou havia sempre uma comoção pública, porque todos acompanhavam o seu sofrimento. Outra característica que tornará único o Pontificado de João Paulo II, será a sua capacidade de tornar a sua missão tão importante que extrapolava todas as matizes religiosas. Numa época em que a intolerância religiosa passou a ser predominante em todos os quadrantes do Planeta, e responsável pelo exacerbado crescimento do terrorismo, de grandes atentados e muitas guerras e atentados, onde milhares de inocentes estão sendo imolados pelo fanatismo religioso, o Papa conseguiu sempre o respeito

5 e admiração de todos. É comovente acompanhar as milhares de manifestações que se propagam por todo o mundo em sua homenagem. Independentemente da fé que professam, estão todos os cidadãos do mundo comovidos com o seu passamento. Esperamos, senhoras e senhores Deputados, que o Conclave que elegerá o novo Papa seja iluminado pelo Espírito Santo e que o escolhido seja alguém que possa dar continuidade à grande obra de João Paulo II, mas que sobretudo faça com que a Igreja Católica se posicione intransigentemente ao lado dos fracos e oprimidos. Em um mundo que se torna a cada dia mais desumano, que a Igreja Católica, com o poder que detém, possa continuar a sua obra através de um digno representante de Pedro aqui na Terra. Um pescador de almas, mais um peregrino de almas, um Pastor sempre amparando suas ovelhas, principalmente as mais desgarradas. Era o que tinha a dizer, Senhor Presidente. Sala das Sessões, em de abril de Deputado GIVALDO CARIMBÃO PSB/AL