A Vida Noturna na Cidade de São Paulo: história, economia e comportamento. O Deslocamento da identidade da cidade por meio de sua vida noturna

Transcrição

1 A Vida Noturna na Cidade de São Paulo: história, economia e comportamento O Deslocamento da identidade da cidade por meio de sua vida noturna

2 Introdução Analisar as consequências do crescimento do entretenimento noturno na cidade de São Paulo Descrever brevemente a história da vida noturna paulistana Analisar os impactos do entretenimento noturno na economia da capital paulista Compreender as relações entre entretenimento noturno e identidade da cidade de São Paulo Projetar ações de empreendimentos econômicos a partir das mudanças de comportamento social

3 Problematização O entretenimento noturno pode ser considerado um novo elemento identitário da cidade de São Paulo? É possível imaginar nossa existência sem fruir a vida noturna? Qual a história da vida noturna na cidade de São Paulo? Quais o impactos do entretenimento noturno na economia da capital paulista? Quais as possibilidades de empreendimentos econômicos na noite paulistana?

4 Sobre o Entretenimento e a Cidade

5 Entretenimento Atividades normalmente pagas (TRIGO, 2008, p.25), com a finalidade de consumo e caracterizado pelo prazer: Cinema, rádio, televisão, internet, vídeo, música popular, esportes, parques temáticos, rádio, cassinos, revistas, livros, jornais, brinquedos, restaurantes, danceterias, shows variados O boom do entretenimento: pós Segunda Guerra Cresceu mais que a indústria automobilística e o setor financeiro

6 São Paulo, Cidade Cosmopolita Como em Paris, Londres e Nova Iorque, o entretenimento noturno em São Paulo acompanhou o processo de transformação da cidade provinciana em metrópole global (SEVCENKO, 1992) Alguns fatos podem ser apontados como marcos dessa relação: breve histórico

7 Breve Histórico do Entretenimento Noturno A instalação da academia de direito no Largo São Francisco (1827/8) A iluminação pública que redimensionou o tempo, originando a cidade da noite A cidade da elite cafeicultora: novos teatros, restaurante, bailes O M o v i m e n t o O p e r á r i o : f u n d a ç õ e s d e agremiações sociais Década de 1920: cidade do trabalho e da vida noturna

8 A Consolidação Nas décadas de 1960, 1970 e 1980 aprofundou-se a relação entre a cidade, seus habitantes e o entretenimento noturno (MAGNANI; SOUZA, 2007) Surgiram áreas de concentração de estabelecimentos de entretenimento noturno em vários pontos da cidade: A Ipiranga dos cinema, a Brigadeiro dos teatros, a Augusta dos bordéis, a Madalena dos bares. Hoje, mesmo nos bairros mais periféricos, bares, restaurantes, danceterias, teatros, são parte da paisagem

9 A Economia do Entretenimento Noturno na Cidade de São Paulo Possibilidades de empreendimentos econômicos na noite paulistana

10 A Indústria do Entretenimento Noturno Milhares de empregos diretos e indiretos: O mercado consumidor: paulistanos, região metropolitana, interior, outros estados, visitantes a negócio Turismo com motivação na fruição do entretenimento noturno: os pacotes turísticos Surgem empresários da noite, investindo somas significativas, obtendo retornos expressivos, originando: A nova elite econômica que já reivindica participação política

11 Sobre a Identidade da Cidade

12 Identidade Cultural Entendo por identidade o processo de construção de significado com base em um atributo cultural, ou ainda um conjunto de atributos culturais inter-relacionados, o (s) qual (ais) prevalece (m) sobre outras fontes de significado (Castells, 1999, p.22).

13 O Projeto de Cidade Cosmopolita A São Paulo moderna, do progresso tecnológico e econômico, projetou sua identidade de cidade cosmopolita, como Nova Iorque ou Paris, por meio da cultura e de sua vida noturna, que assumiram papel determinante como conteúdo simbólico em sua identidade.

14 O Deslocamento da Identidade da Cidade O conjunto de referências econômicas que orientavam a identidade de São Paulo, vêm sendo deslocado, incorporando a imagem de cidade da vida noturna Exemplo: A promoção turística da cidade por meio da vida noturna

15 Os Meios de Comunicação Os meios de comunicação estão repletos de indícios do deslocamento da identidade da cidade Emissoras de televisão possuem programas dedicados ao tema, Jornais trazem cadernos e revistas encartadas que compilam, classificam, promovem a vida noturna da cidade Incontáveis sites e blogs dedicados a fruição da vida noturna Personagens de novelas, literatura e filmes tem seus perfis elaborados tendo como referência a noite paulistana

16 Considerações Finais O entretenimento noturno está integrado à cidade e à sua história, seus habitantes incorporaram hábitos de lazer ligados a ele. Em São Paulo, fruir a noite é parte importante do ser e sentir-se paulistano, vivenciar a cidade, mesmo que por um final de semana, nos conecta a experiência humana do tempo presente.

17 Considerações Finais Não se pode ignorar a importância social, cultural e econômica do entretenimento noturno em São Paulo, são inúmeros os indícios que apontam como ele permeia a vida social, tornando-se uma força econômica, uma referência cultural e um estilo de vida em vários grupos sociais, podendo ser encarado como uma característica definidora das sociedades atuais, e como tal, um tema, apesar de recente, com potencial de ampliar a compreensão a respeito delas.

18 Referências CAMPOS, Alzira Lobo de Arruda. Do burgo de estudantes à cidade dos barões do café. In: PORTA, Paula (org.). História da cidade de São Paulo: a cidade no Império São Paulo: Paz e Terra, v.1, p Teatros, casas de espetáculo, música. In: PORTA, Paula (org.). História da cidade de São Paulo: a cidade no Império São Paulo: Paz e Terra, v.1, p CASTELLS, Manuel. O poder da identidade. São Paulo: Editora Paz e Terra, D ALESSIO, Pedro. São Paulo cidade espetáculo: metrópole da diversidade brasileira. São Paulo: Editora Dialeto, DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, DECCA, Maria Auxiliadora Guzzo. A vida fora das fábricas: cotidiano operário em São Paulo (1920/1934). Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, FLOREAL, Sylvio. Ronda da meia-noite: vícios, misérias e esplendores na cidade da São Paulo. São Paulo: Paz e Terra, FORSYTH, Frederick. O fantasma de Manhattan. Rio de Janeiro: Record, GABLER, Neal. Vida, o filme: como o entretenimento conquistou a realidade. São Paulo: Companhia das Letras, GIDDENS, Anthony. As consequências da modernidade. São Paulo: Editora UNESP, HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 11.ed. Rio de janeiro: DP&A, MAGNANI, José Guilherme Cantor; SOUZA, Bruna Mantese (orgs.). Jovens na Metrópole: etnografias de circuito de lazer, encontro e sociabilidade. São Paulo: Editora Terceiro Nome, MAGNANI, José Guilherme Cantor; Torres, Lilian de Lucca. Na metrópole: textos de antropologia urbana. São Paulo: Edusp; FAPESP, MIRANDA, Jair Martins de. Ciclos de produção e cadeias produtivas na cultura. In: PRESTES FILHO, Luiz Carlos; CAVALCANTI, Marcos do Couto. Economia da cultura: a força da indústria cultural no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: E- papers, PONTES, José Alfredo Vidigal. São Paulo, 1860 a 1930: a grande mutação urbana. In:. São Paulo de Piratininga: de pouso de tropas a metrópoles. São Paulo: O Estado de São Paulo; Editora Terceiro Nome, SEVCENKO, Nicolau. Orfeu extático na metrópole: São Paulo, sociedade e cultura nos frementes anos 20. São Paulo: Companhia das letras, TRIGO, Luiz Gonzaga Godói. Entretenimento: uma crítica aberta. São Paulo: Editora SENAC, WOLF, Michael J. The entertainment: How mega-midia forces are transforming our lives. New York: Three Rivers Press, 1999.