1. Acompanhamento dos principais sistemas meteorológicos que atuaram. na América do Sul a norte do paralelo 40S no mês de março de 2013

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1 1. Acompanhamento dos principais sistemas meteorológicos que atuaram na América do Sul a norte do paralelo 40S no mês de março de 2013 O destaque para o início desse mês foi a presença de um intenso ciclone extratropical que se formou na região da Província de Buenos Aires, na Argentina, no dia 02. Esse sistema organizou uma frente fria, a primeira do mês, a qual se deslocou para o RS e litoral de SC no dia 04, ficando estacionária do litoral norte de SC ao noroeste do Paraguai no dia 05. No entanto a atividade pré-frontal foi intensa provocando temporais na região de Buenos Aires e também entre o sul do Paraguai, noroeste e oeste do RS entre os dias 02 e 03, além do Uruguai. Entre o Sudeste e o Centro-Oeste houve a presença de uma Zona de Convergência de Umidade (ZCOU) entre os dias 01 e 02, a qual contribuiu para chuvas entre o RJ, ES e o sul e oeste de MG. No dia 04 houve chuva forte em algumas áreas do litoral entre PE e AL, devido a uma onda de leste. A segunda frente fria passou pela Província de Buenos Aires entre os dias 06 e 07 e causou apenas nebulosidade baixa. Entre a noite do dia 09 e o dia 10 a terceira frente fria se deslocou da Bahia Blanca a Montevideo, atingindo na manhã do dia 10, a Província de Buenos Aires, mas sem provocar tempo significativo. Entretanto, a passagem de cavado na média troposfera com difluência em 250 hpa contribuiram para chuva forte em algumas áreas do Uruguai, RS e mesopotâmia Argentina. Em Santa Rosa, na região do Vale do Uruguai, no RS, o acumulado de chuva no decorrer do dia 09 foi de 82 mm. Na noite do dia 11 a quarta frente fria de deslocou de Bahia Blanca a Mar del Plata, atingindo Montevideo, no Uruguai, e Rio Grande, no RS no decorrer do dia 12, mas com nebulosidade baixa. Este sistema passou também, no decorrer do dia 12, por Buenos Aires, Santana do Livramento, Rosário, Uruguaiana e Córdoba. Neste dia, a massa úmida e instável, aliada a presença de um cavado de onda curta em 500 hpa e forte divergência em altitude que contribuiram para temporais isolados entre SC, PR e o sul do Paraguai. Em Joaquim Távora-PR, o acumulado de chuva em 24 h, foi de 79 mm e em Novo Horizonte-SC, acumulou 75,8 mm. A quinta frente fria atuou de forma mais litorânea se deslocando entre Bahia Blanca e Mar del Plata, na manhã do dia 13 e atingindo, também, Buenos Aires, mas logo se deslocando para o mar. Entre os dias 13 e 14, uma onda frontal com características subtropicais, teve ramo frio atuando entre Paranaguá e o litoral

2 paulista. Em função da ausência do Jato Polar, além de fraco gradiente de temperatura, este sistema é denominado de frente subtropical. Entre os dias 13 e 14 uma onda frontal se configurou entre o litoral das Regiões Sul e Sudeste do país. Esta foi a sexta frente fria e atuou apenas de forma litorâena entre Paranaguá-PR e Santos-SP, afastando-se sem seguida para alto mar. A sétima frente fria se deslocou, pelo litoral, de Paranaguá-PR ao Rio de Janeiro-RJ ao longo do dia 17, atingindo Cabo Frio-RJ na manhã do dia 18. Já pelo interior do continente o sistema atuou de Palmas-PR a Presidente Prudente-SP e de Foz do Iguaçu-PR a Guairá-PR neste mesmo período. Este foi um sistema mais intenso e sua atuação favoreceu a configuração de uma Zona de Convergência de Umidade (ZCOU) entre SP, RJ e sul de MG. Todo este padrão provocou o aumento da instabilidade que acarretou em volume de chuva expressivo, principalmente, no litoral paulista e nas regiões serrana e metropolitana do RJ. Em 24h, entre a manhã do domingo (17) e manhã da segunda-feira (18) em Teresópolis choveu 213,6 mm. Até o dia 17 deste mês, o volume de chuva em Petrópolis já chegou aos 424,5 mm. Em São Sebastião, litoral norte de SP, foram registrados 224 mm em 24h, cerca de 70% do volume de chuva esperado para mês. Fonte: Dados INEA. No decorrer da madrugada do dia 19 a frente fria chegou ao ES provocando volume de chuva significativo na capital Vitória onde o acumulado de chuva em 24h foi de 174 mm. Além disso, o ar frio na retaguarda deste sistema favoreceu a queda da temperatura entre a Argentina e o Sul e Sudeste do Brasil. Em Mar del Plata, na Argentina, a temperatura mínima foi de 02 C na manhã do dia 17. No dia 19 a temperatura máxima na capital paulista não passou dos 19,5 C. A oitava frente fria atingiu Mar del Plata, na Argentina, na manhã do dia 21, mas este foi um sistema que rapidamente se afastou para o mar, sem avançar pelo continente. Sua atuação sobre o mar, favoreceu entre a noite do dia 21 e no dia 22, a organização de um canal de umidade (ZCOU) em direção ao continente na altura do Sudeste do Brasil. Este canal de umidade acarretou em volume de chuva significativo em algumas localidades da serra e região metropolitana do RJ. No dia 22 em Petrópolis, na serra do RJ, o acumulado de chuva em 24h foi de 73 mm. Na manhã do dia 25 o nono sistema frontal atingiu Bahia Blanca, chegando no decorrer do período a Montevideo, no Uruguai. Na noite deste dia, o sistema chegou a Buenos Aires, Rosário e Córdoba, na Argentina. Sua passagem pela capital da Argentina provocou chuva forte acompanhada de queda de granizo em algumas localidades da região metropolitana, além de rajada de vento em torno de 70 km/h. Entre a madrugada e manhã do dia 26 o sistema já atuava apenas sobre o mar. No dia 26 a presença de um Vórtice Ciclônico (VC) nos níveis mais altos da troposfera centrado entre o sul do RS e Uruguai favoreceu a forte instabilidade que

3 ocorreu de forma localizada no RS, isto devido ao contraste de temperatura na camada média/baixa da troposfera, pois, o ar frio em 500 hpa associado ao VC chegou a -18C no sul do RS, enquanto que em superfície a temperatura máxima em algumas localidades do RS ficou entre 27C e 30C. Este padrão provocou chuva forte acompanhada de granizo em Nova Roma do Sul, na Serra Gaúcha. A partir do dia 27 um cavado em superficie na altura de SP, combinado ao padrão sinótico em altitude configurou uma Zona de Convergência do Atlântico (ZCAS). Este sistema provocou aumulado de chuva significativo em algumas localidades do Centro-Oeste e do Sudeste do país. No dia 28 o acumulado de chuva em 24h em Diamantino-MT foi de 93,5 mm e em João Pinheio-MG acumulou 76 mm. O canal de umidade persistiu até o dia 30, porém, desintensificando devido a configuração do Jato de Baixos Níveis (JBN) que intensificou a instabilidade para as latitudes mais elevadas, portanto, no decorrer do dia 30 o sistema foi denominado de Zona de Convergência de Umidade (ZCOU), apenas. No decorrer do dia 31 a décima frente fria se deslocou de Bahia Blanca a Mar del Plata, atingindo Buenos Aires no final deste dia. Figura 1: Acompanhamento das frentes frias ao longo do mês de março de Litoral.

4 Figura 2: Acompanhamento das frentes frias ao longo do mês de março de Interior. Figura 3: Acompanhamento das frentes frias ao longo do mês de março de Central 1.

5 Figura 4: Acompanhamento das frentes frias ao longo do mês de março de Central Acompanhamento dos Ciclones Subtropicais e Extratropicais As Figuras 5a e 5b mostram a distribuição espacial dos principais ciclones observados sobre o oceano Atlântico, ao sul de 20S, durante o mês de março de Durante este mês foi observado um total de vinte ciclones atuando sobre a área de domínio. Na primeira quinzena percebe-se que houve apenas quatro ciclones, dos nove, que atuaram em latitudes inferiores a 45SS, e apenas um se formou na região da Província de Buenos Aires, sendo o mais intenso ciclone extratropical. Na segunda quinzena os ciclones atuaram mais dispersos entre 26S e 60S, sendo que o de número 5 atuou entre o Uruguai e a Argentina, na Bacia do Rio De La Plata.

6 Figura 5a: Acompanhamento dos ciclones ocorridos durante a primeira quinzena do mês de março de Em cada ponto está plotado o valor mínimo de pressão do ciclone (00 e 12Z). Figura 5b: Acompanhamento dos ciclones ocorridos durante a segunda quinzena do mês de março de Em cada ponto está plotado o valor mínimo de pressão do ciclone (00 e 12Z). 3. Análise das Anomalias de Precipitação e Temperatura 3.1 Precipitação A Figura 6 mostra a distribuição espacial das anomalias mensal e quinzenal de precipitação para o mês de março de Observa-se no campo mensal (Fig 06A), que as anomalias negativas dominaram e ficaram distribuídas em grande parte do Norte e Nordeste, no nordeste de MT, norte do ES, sul do RS, em algumas áreas do oeste e leste de MT, oeste de GO e leste de MT e do PR. Entre o sul de RO, MT e parte das Regiões Sul e Sudeste houve anomalias positivas de forma mais pontual. As anomalias positivas superaram a 200 mm no sudoeste de MG e no RJ e a 100 mm no oeste do PR e litoral norte de SC. Nas Regiões Nordeste e Norte as anomalias foram também bastante negativas com valores de 200 mm em grande parte do leste e semiárido e superior a 200 mm no litoral entre o AP e o CE.

7 Na primeira quinzena (Fig 06B) observam-se anomalias positivas no Sul do Brasil associadas ao deslocamento de cavados na média e alta troposfera. As anomalias positivas no Sudeste estão mais restritas para parte de SP, do sul de MG e do ES e serras e sul do RJ. No PR a anomalia foi positiva devido a passagem de cavados e da termodinâmica, que provocaram chuva forte de mais de 110 mm na região da Cidade Gaúcha. Na segunda quinzena (Fig 06C) as anomalias positivas ocorreram em mais áreas do Norte e do Nordeste, porém na média mensal ainda foi de déficit de chuva nessas Regiões. Na Região Sul a chuva ficou abaixo da média entre o sul do RS e o leste do PR, chegando a valores de 50 mm. Na região da capital paulista, Vale do Paraíba e sul de MG houve anomalia negativa de até 50 mm. No oeste da BA a anomalia ficou ligeiramente positiva de até 25 mm no oeste, o que não representa grande variabilidade. Esta quinzena foi mais representativa de anomalia positiva no RJ, onde houve deslizamento de encosta em Petrópolis vitimando fatalmente mais de 30 pessoas. Isto ocorreu entre os dias 17 e 18 onde choveu nesse município mais de 180 mm e aproximadamente 320 mm em Nova Friburgo, e foi provocado pela presença de uma frente fria no oceano e de uma Zona de Convergência de Umidade (ZCOU). A)

8 B) C) Figura 6: Anomalia de precipitação do mês de março de 2013 (A) e anomalias de precipitação quinzenal no período de 1 a 15/03 (B) e de 16 a 31/03 (C). 3.2 Temperatura A Figura 7 mostra a distribuição espacial da anomalia de temperatura máxima para o mês de março de Ao longo do mês (Fig 7A) percebe-se que as temperaturas máximas ficaram dentro do normal a abaixo do normal em áreas do centro, sudeste e norte do Brasil. Na segunda quinzena (Fig 7C) a anomalia negativa sobre o sobre o Sul do Brasil foi mais significativa do que na primeira quinzena (Fig 7B), condição favorecida pela presença da passagem de três altas pressões e pela maior quantidade de nebulosidade e pela advecção de ar mais refrigerado. Também entre o Sudeste e o Centro-Oeste na segunda quinzena foi mais evidente a presença de mais chuva e nebulosidade nesta área favorecendo a anomalia negativa de mais de 4C no sul do ES, região serrana do RJ. As anomalias positivas podem ser observadas sobre a Região Nordeste, norte de GO e de MG condição favorecida pela ausência de chuva sobre estas áreas. Esta condição é bastante similar no centro e leste da Região Nordeste nas duas quinzenas analisadas. Entretanto, por causa da chuva na segunda quinzena não houve anomalia significativa de temperatura máxima entre o norte de MG e de GO e no oeste da Região Nordeste. Entre o MT e MS e em RO as anomalias positivas foram mais acentuadas na primeira quinzena, chegando a valor de até 5C no sudoeste de MS.

9 A) B) C) Figura 7: Anomalia de temperatura máxima do mês de março 2013 (A) e anomalias de temperatura máxima quinzenal no período de 1 a 15/03 (B) e de 16 a 31/03 (C). Analisando o campo de anomalia de temperatura mínima mensal (Fig 8A) percebese um comportamento semelhante ao observado nas duas quinzenas onde se percebem anomalias positivas sobre grande parte das Regiões Norte e Nordeste do Brasil, enquanto que em parte da Região Sul observa-se anomalias negativas de temperatura mínima de até 4C no RS na segunda quinzena, devido a passagem de frentes frias acompanhadas de massa de ar mais frio. No PR, SP e MS as anomalias foram positivas nos primeiros quinze dias.

10 A) B) C) Figura 8: Anomalia de temperatura máxima do mês de março 2013 (A) e anomalias de temperatura máxima quinzenal no período de 1 a 15/03 (B) e de 16 a 31/03 (C). 4. Análise da Circulação Atmosférica hpa A circulação em altitude mostra uma configuração típica de verão, onde se observam a Alta da Bolívia (AB) e o Cavado do Nordeste bem definidos ao longo do mês (fig 9A). Nesta mesma figura mensal percebe-se o fortalecimento dos ventos de oeste com anomalia fortemente positiva entre o norte do Chile e a Região Sul do Brasil, região de atuação do Jato Subtropical (JST), num escoamento apresentando leve curvatura ciclônica. No sul do continente nota-se anomalia negativa do vento zonal indicando a presença de ventos mais fracos de oeste entre o sul do Chile, Patagônia Argentina e Atlântico, o que deverá refletir em superfície com a presença de anomalia positiva de

11 pressão. Um cavado frontal se estabelece no Atlântico à leste de 50W e a sul de 35S, evidenciando as passagens de frentes frias. Um cavado de onda curta atua no oeste da Argentina e favoreceu a instabilidade nesse setor durante o mês. A anomalia positiva observada entre o Pacífico sudeste e a Península Antártica indica a presença do Jato Polar (JP) com forte intensidade num domínio de circulação anticiclônica. A AB e o Cavado do Nordeste apresentam-se melhor configurados na primeira quinzena (fig 9B), sendo o cavado bastante amplificado. Nesta mesma figura percebese que o Jato Subtropical está forte entre o Pacífico, norte do Chile e da Argentina, Uruguai e Região Sul do Brasil, já o Jato Polar está entre o Pacífico e a oeste da Península Antártica, anomalia positiva do vento. Nota-se que a difluência no escoamento entre o leste do Paraguai, PR e SC foi mais determinante para influenciar o tempo no Sul do Brasil, pois contribui para aumentar a convergência de massa em baixos níveis. Na segunda quinzena (fig 9C) percebe-se a anomalia positiva do vento zonal mais intensa mais a norte, onde há um cavado mais definido e amplificado entre a Bolívia e o norte da Argentina. Resultando em atuação de cavados de onda curta dominando o escoamento. A AB se dividiu em dois centros: um em MT e outro no sul do Peru, e o Cavado do Nordeste afastou-se para nordeste e se posicionou para a faixa litorânea norte do continente. Isto resultou na entrada de ar mais refrigerado para esta área com a influência das altas pressões migratórias pós-frontais. Também organizou episódios de ZCOU e ZCAS nesse período entre o Sudeste e o Centro-Oeste. A presença do Jato Polar está mais forte entre o Pacífico e o Atlântico a sul de 40S e de 55S, respectivamente. A)

12 B) C) Figura 9: Linhas de corrente e anomalia da componente zonal do vento em 250 hpa para o mês de março de 2013 (A) e, Linhas de corrente e anomalia da componente zonal do vento em 250 hpa quinzenal no período de 1 a 15/03 (B) e de 16 a 31/03 (C) hpa O campo de geopotencial em 500 hpa deste mês (fig 10A) mostra uma intensa área de anomalia positiva de geopotencial entre o Pacífico e a região sul do continente, indicando a atuação de uma área com uma crista bastante significativa sobre esta área. Este comportamento de certa forma inibiu o avanço dos sistemas frontais para latitudes mais baixas, que se reflete ao longo da segunda quinzena (fig 10C) e o que atuou foi a presença de cavados de onda curta, cujo eixo atua entre o Paraguai e o leste da Província de Buenos Aires, que contribuíram para organizar períodos de ZCOU e de ZCAS. Entretanto, um cavado aparece com o eixo entre o Uruguai e o Atlântico (fig 10A), refletindo anomalia negativa de geopotencial, e evidencia a passagem de frentes frias mais oceânicas, sem atingir o Brasil. Isto foi mais notado na primeira quinzena (fig 10B) onde o geopotencial tem a mais intensa anomalia negativa, que de certa forma sustentou a entrada de uma frente fria até o PR. Também a anomalia positiva ficou mais a sul, principalmente entre o Estreito de Drake e a Antártica.. Também nota-se um escoamento de bloqueio no Pacífico, com um cavado dominando entre 20S e 30S e entre 80W e 100W e uma crista com forte anomalia positiva no centro e sul do Chile. Uma fraca anomalia positiva aparece em MG, evidenciando o domínio de uma circulação tendendo a ser anticiclônica, o que também favorece ao déficit de chuva entre MG e a BA. Na segunda quinzena (Fig 10C) observa-se uma forte anomalia positiva entre o sul do continente e o Atlântico adjacente, indicando a presença de um escoamento com curvatura anticiclônica e consequente reflexo em superfície através de alta pressão mais intensa dominando a região.

13 A) B) C) Figura 10: Altura geopotencial e anomalia de geopotencial em 500 hpa para o mês de março de 2013 (A) e, Altura geopotencial e anomalia de geopotencial em 500 hpa quinzenal no período de 1 a 15/03 (B) e de 16 a 31/03 (C) hpa

14 Os campos de linhas de corrente em 850 hpa e anomalia do vento meridional em 850 hpa para o mês de março (Fig 11A) mostram a circulação anticiclônica sobre o Pacífico e sobre o Atlântico indicando a presença das Altas Pressões Subtropicais em superfície. Percebe-se sobre o continente a presença de um cavado invertido cujo eixo posiciona-se no sentido noroeste/sudeste estendendo-se desde o Peru, norte da Argentina e centro-sul do RS. Este cavado ajudou a manter o canal de umidade em direção ao norte da Argentina, favorecendo a intensificação da baixa do chaco, resultando em advecção de ar quente e úmido da Amazônia, e com isso os temporais entre a Argentina, Uruguai e Sul do Brasil, com a passagem de cavados em 500 hpa pelos Andes e a convergência de umidade. Na Região Nordeste a anomalia foi bastante positiva, resultante de ventos de sul, que não favorecem a entrada de ar mais refrigerado para áreas do semi-árido. Nota-se que a circulação anticiclônica na Província de Entre Rios na Argentina foi mais forte com a presença de ventos de sul, indicando períodos de tempo mais aberto, o que indica que a tendência das frentes frias foram com deslocamento mais oceânico, principalmente na segunda quinzena (Fig 11C). A anomalia positiva no leste da Argentina (fig 11A) indica a entrada de ventos de sul, que trazem ar úmido e frio de latitudes mais altas. Entretanto foi na primeira quinzena (Fig 11B) que estes ventos foram mais fortes, resultado da circulação anticiclônica na retaguarda de um cavado frontal, período em que houve mais ocorrência de frentes frias (vide fig 1). Na segunda quinzena (Fig 11C) a convergência de massa foi mais notável entre o MT e o oeste do RS, com a presença de um cavado invertido e anomalia negativa do vento meridional, e consequente anomalia positiva deste entre o nordeste da Argentina e a Bolívia. Também houve ventos de sul mais fortes a leste da Região Sul e no litoral do Sudeste, o que evidenciou a presença de episódios de ZCOU e ZCAS nesse período. Uma circulação anticiclônica dominou o escoamento entre o leste da Argentina, Uruguai e sul do RS, o que evidencia a anomalia negativa de precipitação, principalmente no RS.

15 A) B) C) Figura 11: Linhas de corrente e anomalia da componente meridional do vento em 850 hpa para o mês de março de 2013 e, Linhas de corrente e anomalia da componente meridional do vento em 850 hpa quinzenal no período de 1 a 15/03 (B) e de 16 a 31/03 (C) Superfície: A análise do campo médio da pressão ao nível do mar (Fig 12A) mostra a presença dos Anticiclones Subtropicais tanto do Pacifico quanto do Atlântico apresentando-se dentro da média climatológica. Percebe-se também a presença do cavado invertido localizado entre a Bolívia e o oeste do RS. Este cavado, que aparece ao longo das duas quinzenas (Fig 12B) e (Fig 12C), é mais aprofundado na segunda. Na segunda quinzena (Fig 12C) ficou mais evidente a presença de uma alta pressão a leste da Província de Buenos Aires, da Argentina, mas que amplamente dominou o padrão da circulação entre 30S e 43S no continente e se estendendo até 55S no Atlântico sudoeste. Também a presença de um cavado a sudeste da Província de Buenos Aires

16 (Fig 12B) evidenciou a passagem de uma frente fria pelo interior da Argentina e sul do Brasil, associada a um intenso ciclone extratropical nos primeiros dias do mês. A) B) C) Figura 12: Pressão ao nível médio do mar (PNMM) e anomalia de pressão para o mês de março de 2013 e, Pressão ao nível médio do mar (PNMM) e anomalia de pressão no período de 1 a 15/03 (B) e de 16 a 31/03 (C). Elaborado pelo Meteorologista Luiz Kondraski de Souza Colaboradores: Naiane Araujo e Camilla Correia