O CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR NA IMPORTÂNCIA PARA O COMÉRCIO ELETRÔNICO
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- Lara Cortês Benke
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1 O CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR NA IMPORTÂNCIA PARA O COMÉRCIO ELETRÔNICO Carolina Cicarelli GUASTALDI 1 RESUMO: O presente trabalho tem como meta analisar o Código de Defesa do Consumidor como instrumento capaz de proteger o cidadão nas relações de comércio via internet. Investigar alguns aspectos do contrato de consumo eletrônico e a possibilidade do consumidor exercer o direito de arrependimento, previsto no artigo 49º do Código de Defesa do Consumidor, uma vez que não há interpretação específica em normas para essa matéria. Palavras-chave: Internet. Direito do Consumidor. Contratos Eletrônicos. Direito de Arrependimento. Garantias. Analogia. 1 INTRODUÇÃO Hoje em dia a procura por produtos na Internet para compras, vendas e os mais variados tipos de negócios está cada vez maior, já que esta via de comércio proporciona uma grande praticidade e agilidade na aquisição ou na oferta de um produto. Esse novo meio de negociação recebeu o nome de comércio eletrônico, o qual engloba a oferta, a demanda e a contratação de bens, serviços e informações. Neste artigo, serão discutidos o direito do consumidor, as questões de contratos eletrônicos, o direito de arrependimento do comprador, as garantias que o comprador deve adquirir e a possibilidade de ser usar analogia. 2 CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR Sabe-se que a população não consegue ficar um só dia sem consumir, vender ou comprar algo. Em virtude da falta de tempo que as pessoas acabam por ter devido à grande carga de trabalho ou afazeres do cotidiano, esse aumento da procura por produtos via Internet cresce cada vez mais. Devido a isso, os problemas que, como qualquer tipo de empresa venha a ter com seu consumidor, acaba 1 Discente do 1º ano do curso de Direito das Faculdades Integradas Antonio Eufrásio de Toledo de Presidente Prudente. lou_cicarelli@hotmail.com
2 ocorrendo também nesse comércio eletrônico. Atualmente a legislação aplicável a essa matéria é escassa no mundo todo. Não existe uma legislação específica capaz de impor ordem aos ambientes eletrônicos, o que aumenta a desconfiança do consumidor em relação a esse meio comercial, então para fugir dessas desconfianças usa-se o código de Defesa do Consumidor. A defesa do consumidor ganhou status constitucional com a Constituição de 1934, nos artigos 115º e 117º, que estabelecia a proteção à economia popular. A Constituição Federal Brasileira de 1988 inovou ao incluir a questão da proteção ao consumidor entre os direitos e garantias fundamentais do cidadão, segundo disposto no artigo 5, inciso XXXII [1], onde diz que o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor. Percebeu-se que o consumidor exerce papel essencial no funcionamento do mercado e no desenvolvimento da economia. Em 11 de setembro de 1990 foi promulgada a Lei nº do Código de Defesa do Consumidor da qual o objetivo é diminuir a diferença entre o consumidor e o fornecedor, pretendendo disciplinar por completo as relações de consumo, definindo a figura do fornecedor, do consumidor, além das práticas comerciais abusivas e tipos de penalidades a serem impostas; regulando assim, os possíveis conflitos entre fornecedor e consumidor. [2] O Código de Defesa do consumidor é um órgão que estabelece normas de proteção e defesa do consumidor de ordem pública e de interesse social. O Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produtos ou serviços como destinatário final. Com a introdução da internet em nosso cotidiano e as facilidades que esta nos proporciona, tem sido cada vez maior a procura por produtos via digital como eletrodomésticos, eletrônicos, objetos de uso pessoal e os mais variados tipos de produto. Com a grande escala de procura por esses produtos, muitas vezes o consumidor sem perceber acaba caindo em golpes, enganos, falsos produtos, publicidade dúbia, e outros danos. Por esses e outros motivos, não existindo uma lei específica que trata da defesa do consumidor via internet o Direito teve que se adaptar e utilizar o Código do Consumidor para julgar e solucionar os problemas relacionados com a via eletrônica.
3 3 CONTRATOS ELETRÔNICOS Nos contratos se vale a manifestação de vontade dos contratantes, oferta e aceitação que se dão por meio de transmissão eletrônica de dados e o registro da respectiva transação ocorre por meio virtual. No conceito de Caio Mário, contrato: é um acordo de vontades, na conformidade da lei, e com a finalidade de adquirir, resguardar, transferir, conservar, modificar ou extinguir direitos. Sendo mais sucinto, disse ser o contrato o "acordo de vontades com a finalidade de produzir efeitos jurídicos. [3] Existem vários tipos de contratos eletrônicos e em cada um deles varia a forma de procura, oferta, compra, venda e pagamentos. Há os chamados contratos interpessoais, que são aqueles que as mensagens eletrônicas são trocadas entre pessoas, como ocorre, por exemplo, em um contrato de ou em uma videoconferência. Já os contratos Interativos são aqueles mais comuns no nosso cotidiano, que permitem a integração da pessoa com a máquina; o comprador internauta seleciona o item que deseja adquirir e após esse processo, declara sua vontade de aceitar a oferta mediante a um clique confirmatório, com esse ato dá-se a formação de um contrato. Existem também os contratos intersistêmicos, que é a integração da máquina com a máquina. Contratos eletrônicos são estes tipicamente inseridos no mundo virtual. Tais contratos não são apenas celebrados eletronicamente como também são executados dessa mesma forma, como exemplo: um produto comprado via internet e pago por cartão de crédito, assim tanto o produto quanto a forma de pagamento ficam vinculados nas mesmas vias eletrônicas; entretanto, existem outros contratos parcialmente executados eletronicamente, mas celebrados por via tradicional, por exemplo: uma compra feita via internet, mas paga normalmente em bancos ou em locais de pagamentos de contas, assim o produto é feito via internet, porém o pagamento é realizado da maneira tradicional, desta fórmula também se vincula um contrato eletrônico. Tendo como aprendizagem, cita-se os dizeres de Maria Helena Diniz, que afirma: "(...) contrato virtual opera-se entre o titular do estabelecimento virtual e o internauta mediante transmissão eletrônica de dados." [4] Reforçando, uma vez que um contrato eletrônico pode ser efetivado entre duas pessoas, não é necessário que uma delas possua um estabelecimento
4 virtual, podendo haver formas de ofertas diferentes, pagamentos e os mais variados tipos de negócios via internet. 4 DIREITO DE ARREPENDIMENTO Muito se questiona sobre a aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor nas relações do meio virtual, sendo assim, por se tratar de caso de arrependimento, este se enquadra nos requisitos da Lei n. 8078/90 e com isso conseqüentemente haverá a aplicação dás regras do Código de Defesa do Consumidor. O problema do arrependimento nas compras on-line é muito comum devido à grande procura populacional, esses estudos permitem mostrar que a Internet não é tão carente de proteção legal como dizem alguns. Segundo o código de defesa do consumidor empregada nos artigos abaixo assegura-nos: Art. 49. O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 (sete) dias a contar de sua assinatura ou do auto de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicilio. O consumidor que se sentir prejudicado pode estar requerendo a devolução do produto, ou o ressarcimento dos valores, sendo que o comprador entenda que só pode haver essa troca se o produto adquirido não correspondia aquilo que se esperava ou ofertava.[5] Parágrafo único. Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo, os valores eventualmente pagos, a qualquer titulo, durante o prazo de reflexão, serão devolvidos, de imediato, monetariamente atualizados.[6] Art. 3º CDC- a Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo atendidos os seguintes princípios. Inc III - Harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo que a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica (Art. 170 da CF), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores. Resumindo, o não uso do Código do Defesa do Consumidor em casos de precisão relacionado a vias eletrônicas, acarreta não só uma infração grave contra a lei, mas também um desrespeito que fera os princípios gerais do direito.
5 5 GARANTIAS DO CONSUMIDOR Os produtos eletrônicos são considerados bens duráveis e têm pelo Código de Defesa do Consumidor um prazo de garantia legal de 90 dias, conforme o Inciso II do Artigo 26. A garantia contratual é aquela ofertada pelo fornecedor, cujo prazo pode variar. A garantia legal é complementar à garantia contratual, assim, se um produto é ofertado como tendo garantia de um ano (contratual), esta garantia deve ser complementar à garantia legal (90 dias), totalizando um período de um ano e três meses. Os itens cobertos pela garantia variam de produto para produto. As informações sobre as garantias estão disposto em seu certificado e no manual de instruções do produto. Há casos também de pedidos de devolução de produtos e mercadorias, muitas vezes o consumidor não sabe, mas se o comprador quiser devolver ou trocar um produto em um prazo de sete dias, ele está seguindo conforme a Lei e deve ser respeitado. Temos de exemplo o texto de Marina Vilela Grilo Barros: A Lei é omissa quanto à abrangência deste prazo e esta lacuna invoca a aplicação do artigo 32, parágrafo único, do Código do Consumidor, o qual prevê que o fabricante e o importador devem prover serviços e peças de reposição ao consumidor por prazo razoável na forma da lei. Cabe ao juiz dizer o que considera por prazo razoável, numa eventual demanda judicial. [7] 6 O USO DA ANALOGIA A analogia é usada no direito para combater lacunas e irregularidades da Legislação. A constatação da existência de uma lacuna no ordenamento do Código de Defesa do Consumidor levou a justiça a utilizar de uma analogia para conseguir resolver problemas relacionados ao comércio eletrônico. Portanto, como vimos, contando com a analogia o Código de Defesa do Consumidor está vinculando suas idéias com as iniciativas da Legislação, que é uma Legislação totalmente adaptável às concepções do mercado como principal instrumento de aplicação. 7 CONCLUSÃO Viemos demonstrar por meio desta que o Código de Defesa do Consumidor demonstra-se apto a solucionar inúmeras questões, como o caso do
6 prazo de reflexão, Direito de arrependimento, garantias e outras seguranças pro consumidor eletrônico. É claro que ainda há carência no trato de leis que organizem de modo eficaz a compra e venda via internet de produtos, deixando assim o consumidor ainda inseguro e ignorante aos seus direitos. No Brasil há preocupações semelhantes refletidas no Projeto de Lei nº 1589/99 da Câmara dos Deputados que, além de determinar expressamente a aplicação ao comércio eletrônico das Normas de Defesa e Proteção do Consumidor, prevê salvaguardas adicionais. Concluindo o assunto, o que precisamos na verdade são de leis especificas que possibilitem uma igualdade e mais segurança para o consumidor eletrônico, conforme existem nas expressas leis de um modo geral. REFERÊNCIAS [1] Art 5 inciso XXXII. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado, [2] CATANA, Luciana Laura Tereza Oliveira, 31 de maio de 2006, disponível em: acessado em: 02/Abril/2011, às 16h47min. [3] MÁRIO, Caio, Instituição do Direito Civil, Vol , ou disponível em: acessado dia 02/Abril/2011, ás 17h33min. [4]DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: teoria das obrigações contratuais e extracontratuais. 17. ed. São Paulo: Saraiva, v. 3. [5] BRASIL., Art 49 Código de Defesa do Consumidor pg. 12 [6] BRASIL, Parágrafo único do código de Defesa do Consumidor pg. 12 [7] BARROS, Marina Vilela Grilo, 24/novembro/2004, disponível em: acessado em: 02/Abril/2011, ás 17h05min.
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