REQUERIMENTO. (Do Sr. Carlos Souza) Senhor Presidente:

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1 REQUERIMENTO (Do Sr. Carlos Souza) Requer o envio de Indicação ao Ministério da Defesa, sugerindo que sejam adotadas providências determinativas para o combate à biopirataria na Amazônia. Senhor Presidente: Nos termos do art. 113, inciso I e 1.º, do Regimento Interno da Câmara dos Deputados, requeiro a V. Ex.ª seja encaminhada ao Poder Executivo a Indicação anexa, sugerindo ao Ministério da Defesa que sejam adotadas providências determinativas para o combate à biopirataria na Amazônia. Sala das Sessões, em de de Deputado CARLOS SOUZA

2 INDICAÇÃO N.º, DE 2007 (Do Sr. Carlos Souza) Sugere ao Ministério da Defesa que sejam adotadas providências determinativas para o combate à biopirataria na Amazônia. Excelentíssimo Senhor Ministro da Defesa: Sabemos todos da imensa responsabilidade que o Brasil tem perante o mundo quanto à preservação do seu patrimônio biológico, especialmente por deter uma grande diversidade de espécies vegetais e animais, principalmente na Região Amazônica. Tais recursos naturais possuem valor inestimável, com aplicação na indústria farmacêutica, cosmética e outras, obrigando-nos, com isso, impedir a exploração comercial de tais recursos retirados do País de forma ilícita. É notório o fato de que recursos biológicos e o conhecimento indígena estão sendo pilhados e inclusive patenteados por empresas e instituições internacionais. O relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara dos Deputados que investigou o tráfico de plantas e animais silvestres, concluída em janeiro de 2003, constatou a existência de esquemas e rotas de tráfico de animais da fauna brasileira, do comércio ilegal de madeira e de biopirataria de diversos materiais genéticos que, em seu conjunto, chegam a movimentar no País cerca de 1 bilhão de dólares. Trata-se

3 2 de uma atividade ilegal extremamente lucrativa, de amplitude internacional, perdendo apenas para o tráfico de drogas e de armamento. Tenho sido nesta Casa do Congresso Nacional um dos maiores combatentes à essa prática nefasta, que dilapida o nosso patrimônio e agride a nossa soberania há mais de há oitenta anos, desde quando o inglês Henry Vickman contrabandeou as primeiras sementes de seringueira para a Inglaterra. Historicamente esse foi o primeiro registro da biopirataria na Amazônia, delito responsável pelo fim da hegemonia brasileira na produção da borracha no início do século XX. Não podemos nos esquecer de que o pau-brasil e o pau de anilia sofreram fenômenos semelhantes aos que são enfrentados atualmente no campo da biodiversidade: a exploração mercantil sistemática de nossas riquezas por estrangeiros. Essa marca como cenário de ações de piratas em nosso litoral parece ser uma mácula que carregamos como país tradicionalmente explorado. Devemos, sim, nos opor ao ecologismo oportunista, exploratório, depredador, incentivado entre nativos, e executado por piratas estrangeiros. Alguns ilustres brasileiros, até movidos por boa-fé e falsas informações, hoje em dia, discordam da tese e dos fatos que comprovam interesses espúrios estrangeiros na nossa Amazônia, emprestando apoio até às tentativas de sua internacionalização. A biopirataria é o contrabando quantitativo e qualitativo de espécies de plantas e de animais retirados do território brasileiro para alegados centros de pesquisas em vários lugares do mundo, seja do comércio, da indústria ou da área de biotecnologia. Mostram-se como aliados aparentes, vindos de diversos países estrangeiros, mas na realidade prejudicam de maneira gigantesca a economia e o usufruto da biodiversidade do nosso país. Verifiquemos algumas informações balizadoras da temática da biopirataria no Brasil: Apenas doze países em todo o mundo são

4 3 considerados megadiversos, ou seja, possuem 70% de todas as espécies de vertebrados, borboletas e plantas pesquisadas. Cinco deles estão na América Latina. Brasil é dono da maior biodiversidade do planeta com 56 mil espécies, ou 22% de todas as espécies descritas de plantas superiores. A Amazônia possui mais de duas mil e quinhentas espécies de árvores, liderando ainda o ranking de peixes de água doce e de mamíferos. Sabe-se que o mercado mundial de medicamentos oriundos de plantas alcança a cifra de 320 bilhões de dólares por ano, sendo que 40% dos remédios são oriundos direta ou indiretamente de fontes naturais. Sabe-se ainda que cerca de 20 mil extratos de plantas nativas indispensáveis à fabricação de remédios saem ilegalmente do Brasil por ano, e que institutos estrangeiros de pesquisas, em conluio com ONGs ambientalistas e outras instituições supranacionais, colhem diariamente até 45 amostras sem qualquer controle governamental. Vem crescendo assustadoramente a exploração de nossos recursos genéticos em reservas indígenas e em unidades de conservação (parques nacionais, estações ecológicas, áreas de proteção ambiental), bem como o uso de conhecimentos dos povos indígenas e de comunidades locais como informações primárias para as pesquisas de novos fármacos. O ecologismo oportunista, exercido com a concordância de vários governantes, é estratégia de dominação neocolonial bastante conhecida e que somente pode ser combatida por governantes sérios e

5 4 verdadeiramente comprometidos com os destinos da nação brasileira. Grandes interesses são protegidos pelas ações de grupos internacionais organizados, no pleno gozo da proteção de países que subsidiam suas ações. Essas organizações visam aos interesses de seus países, tendo em vista a associação a multinacionais exploradoras de recursos naturais, a fim de evitar possíveis prejuízos a seus próprios países. As investidas internacionais voltadas para a Amazônia, as notícias intencionalmente deturpadas sobre a devastação da Floresta, as novas proposições de uma Escola de Geopolítica que prega a soberania relativa, a campanha sistemática do movimento ecológico para preservação da Amazônia, são todos indícios claros de que a soberania nacional encontra-se seriamente ameaçada. Os biopiratas agem muito à vontade na imensidão dos espaços amazônicos, como visitantes, curiosos, admiradores das belezas naturais, escritores, missionários, turistas, antropólogos, etnólogos, e procuram captar a amizade, a confiança dos habitantes locais, sobretudo, das comunidades indígenas. A mais recente dessas inomináveis expropriações é a que diz respeito ao a biopiratas alemães, norte-americanos, holandeses e de várias regiões da Europa que estão entrando clandestinamente na Amazônia para fazer bioprospeção de solo, água e a coleta ilegal de essências de plantas e de microorganismos. Eles ingressam no território brasileiro a partir da cidade colombiana de Las Piedras, localizada nas imediações da Vila Bittencourt, que fica entre as sedes dos municípios de São Gabriel da Cachoeira e Tabatinga, no Amazonas. Os biopiratas utilizam os rios Putumayo e Caquetá, em território colombiano, para ingressar no Brasil. Após cruzar linha de fronteira da Colômbia com o Brasil, esses grupos usam lanchas voadeiras para navegar e fazer tranqüilamente suas prospecções às margens dos rios Japurá, Iça e Juruá, no médio Solimões. A ação dos biopiratas foi relatada, com pelo zootecnista José Leland Juvêncio Barroso, dando conta que, nos últimos dois anos, houve

6 5 um crescimento do tráfego de estrangeiros ao longo dos rios da região, fato que ganhou imensuráveis proporções após o governo da Colômbia intensificar o abate de aviões suspeitos na fronteira com o Brasil. Temos, portanto, que nos apressar. Tal assertiva comprova a verdade contida na advertência feita aos tamoios pelo Padre Antonio Vieira, quando abordou o aspecto do apoio prestado pelos índios aos invasores franceses: Eles não querem o nosso bem, eles querem os nossos bens. Sala das Sessões, em de de Deputado CARLOS SOUZA