EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ FEDERAL DA 9ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL

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1 EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ FEDERAL DA 9ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL PARECER Nº: 03/2014/LLO/PRDF AUTOS Nº: (digital) IMPETRANTE: FEDERACAO NACIONAL DOS POLICIAIS RODOVIARIOS FEDERAIS FENAPRF IMPETRADO: COORDENADOR GERAL DE RECURSOS HUMANOS DO DEPARTAMENTO DE POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL EMENTA: MANDADO DE SEGURANÇA. CURSO DE FORMAÇÃO. CONTAGEM DE TEMPO COMO DE EFETIVO EXERCÍCIO PARA FINS DE APOSENTADORIA. ART. 14, 2º, DA LEI 9.624/98. NECESSIDADE DE RECOLHIMENTO DA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. DECADÊNCIA DO DIREITO DA ADMINISTRAÇÃO DE CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. PARECER PELA CONCESSÃO DA SEGURANÇA. O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, pela Procuradora da República que esta subscreve, no uso de suas atribuições legais, em cumprimento ao disposto no art. 12 da Lei /2009, vem à presença de Vossa Excelência manifestar-se na causa, de acordo com os fatos e fundamentos adiante aduzidos. 1

2 I. SINOPSE FÁTICA MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Trata-se de mandado de segurança impetrado FEDERACAO NACIONAL DOS POLICIAIS RODOVIARIOS FEDERAIS FENAPRF contra ato do COORDENADOR GERAL DE RECURSOS HUMANOS DO DEPARTAMENTO DE POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL, objetivando a suspensão da exigência do recolhimento de PSS para fins de averbação do tempo destinado ao curso de formação profissional. pelo Narra a impetrante que os policiais rodoviários federais participam de curso de formação, pelo qual recebem uma bolsa no valor de 50% da remuneração do servidor da ativa no início da carreira, sem que, contudo, seja descontado desse valor o percentual relativo à Contribuição Previdenciária. Não há tampouco depósito da Contribuição Patronal por parte da Administração. Em razão dessa falta, o tempo referente ao curso de formação profissional não tem sido averbado nos assentos funcionais dos policiais como de efetivo exercício. Aduz a impetrante que, no caso dos seus substituídos, decaiu a Fazenda do direito de cobrar as referidas contribuições previdenciárias, tendo em vista o decurso do prazo de cinco anos. Ademais, não havendo sido efetuado, pela União, o recolhimento da correspondente Contribuição Previdenciária à época própria, não caberia aos beneficiários realizá-lo, eis que, por expressa previsão legal, a obrigação é de responsabilidade exclusiva da União. Requer, assim, seja declarada a ilegalidade da condição fixada pela Autoridade Coatora, no sentido de se exigir o prévio recolhimento da contribuição ao PSS para que se alcance a averbação do tempo referente ao curso de formação profissional nos assentos funcionais dos policiais substituídos, em face da decadência do direito de promover a cobrança da Contribuição Previdenciária, determinando, por conseguinte, que o Impetrado promova tal averbação de tempo de serviço, para todos os fins legais, inclusive previdenciários. 2

3 A autoridade coatora prestou informações, aduzindo ser legal a retenção e o recolhimento das contribuições previdenciárias correspondentes ao período do curso de formação. II -FUNDAMENTAÇÃO Vieram os autos ao Ministério Público Federal. A questão central do presente writ funda-se na controvérsia sobre a exigência de recolhimento tardio de valores relativos ao PSS sobre a bolsa recebida pelos policiais rodoviários federais durante o curso de formação. As partes concordam no que tange à obrigatoriedade do recolhimento da contribuição referente ao PSS, constando do Memorando Circular nº 43/2004-CGRH/DPRF/MJ determinação para que as Coordenadorias Regionais adotassem o seguinte procedimento: Autuar processo individual para averbar o tempo de serviço, relativo ao curso de formação, desde que seja efetuado o recolhimento da contribuição referente ao PSS, que deverá ser recolhido pelo servidor, por meio de DARF, modelo em anexo, conforme estabelecido no Ato Declaratório n 37, de 21 de setembro de 2000, da Secretaria da Receita Federal, publicado no Diário Oficiai de 25 de setembro de 2000, página 28, utilizando o código de receita CPSS - Contribuição do Servidor Civil Ativo, o percentual de 11% (onze por cento) sobre a remuneração de competência (no caso, auxílio financeiro, conforme a Orientação Normativa n" 2/SRH/MP, de 25 de março de 2002). Atentar para a obrigatoriedade do recolhimento da contribuição patronal, que deverá ser recolhida, pela regional de lotação do servidor, também por meio de DARF, utilizando o código de receita Esclarecemos que somente poderá ser averbado o tempo de curso de formação após o devido recolhimento, tanto por parte do servidor quanto pela Administração. Ocorre que, como exposto pelo impetrante, embora a contribuição fosse devida, ela não foi descontada/recolhida pela Administração no prazo 3

4 máximo de cinco anos contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento do tributo poderia ter sido efetuado. Dessa forma, transcorridos mais de cinco anos sem que a União tenha constituído os correspondentes créditos tributários, operou-se a decadência, conforme dicção do art. 173, I, do Código Tributário Nacional, a conferir: Art O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados: I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; Não obstante, os servidores ora substituídos fazem jus à averbação do tempo como de efetivo exercício, para fins de aposentadoria, em consonância com o art. 14, 2º, da Lei 9.624/98 (conversão da MP nº de 05/12/1997), in verbis: Art. 14. Os candidatos preliminarmente aprovados em concurso público para provimento de cargos na Administração Pública Federal, durante o programa de formação, farão jus, a título de auxílio financeiro, a cinqüenta por cento da remuneração da classe inicial do cargo a que estiver concorrendo. ( ) 2º Aprovado o candidato no programa de formação, o tempo destinado ao seu cumprimento será computado, para todos os efeitos, como de efetivo exercício no cargo público em que venha a ser investido, exceto para fins de estágio probatório, estabilidade, férias e promoção. 4

5 Em outras palavras, tendo o servidor realizado o curso de formação para Policial Rodoviário Federal após 05 de dezembro de 1997, tem ele direito à averbação do tempo de serviço para fins de aposentadoria, ainda que não tenha sido efetuado o recolhimento das contribuições em razão da decadência do direito da Administração de constituir o respectivo crédito tributário. É que a omissão da União, no caso, não pode prejudicar os servidores, em sua legítima expectativa de ver averbado tempo de serviço efetivamente prestado. III. CONCLUSÃO Diante do exposto, opina o MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL pela concessão da segurança. Brasília, 08 de janeiro de 2014 Luciana Loureiro Oliveira Procuradora da República 5