DANOS CAUSADOS POR Spodoptera frugiperda SMITH e Helicoverpa zea BOD. (LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE) EM CULTIVARES DE MILHO SUBMETIDOS A DOSES DE NITROGÊNIO

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1 1 DANOS CAUSADOS POR Spodoptera frugiperda SMITH e Helicoverpa zea BOD. (LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE) EM CULTIVARES DE MILHO SUBMETIDOS A DOSES DE NITROGÊNIO Regiane Franco 1*, Thomas N. Martin 2 [orientador], Michele Potrich 1, Laudecir Vargas 1, Laércio Sartor 1 Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Câmpus Dois Vizinhos, Paraná. regianefranco@utfpr.edu.br, michelepotrich@utfpr.edu.br, laudecirvargas@gmail.com, laerciosartor@utfpr.edu.br 2 Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria/RS, Av. Roraima, n.1000, Camobi, CEP: , martin.ufsm@gmail.com *Autor para correspondência Resumo: O objetivo deste trabalho foi avaliar os danos causados por Spodoptera frugiperda e Helicoverpa zea em cultivares de milho, submetidos a diferentes doses de nitrogênio. O trabalho foi realizado na área experimental da UTFPR, Câmpus Dois Vizinhos, no ano agrícola O experimento foi conduzido em blocos casualizados com quatro repetições e os tratamentos foram distribuídos em um bifatorial: duas cultivares de milho (AGN 20A55 HX; CD 308) versus oito doses de nitrogênio (0; 60; 120; 180; 240; 300; 360; 420 kg ha -1 ) em avaliações no tempo (23; 30; 38; 44; 51; 58; 65; 71 dias após a semeadura). Para avaliação do número de plantas danificadas por S. frugiperda, foram amostradas em cada parcela 16 plantas ao acaso e para determinação da porcentagem de espigas atacadas por H. zea, foram avaliadas cinco espigas por parcela em cada repetição. Verificou se que: a) O genótipo convencional CD 308 se mostrou menos resistente ao ataque por S. frugiperda quando comparado com o genótipo AGN 20A55 HX, sendo que as diferentes doses de N favorecem o aumento de danos na cultivar CD 308; b) A porcentagem de danos causados por S. frugiperda não é influenciada pelas diferentes doses de N no genótipo AGN20A55 HX; c) O genótipo transgênico AGN20A55 HX apresentou redução, ao longo das avaliações, nas porcentagens de plantas atacadas por S. frugiperda, sendo, portanto, tolerante a essa praga. d) Não houve correlação entre os fatores: grau de empalhamento da espiga e % espigas atacadas por H.zea. Palavras-chave: adubação nitrogenada, lagarta da espiga, lagarta do cartucho, transgênico, Introdução O milho é uma cultura de grande expressão econômica, sendo o cereal mais cultivado e consumido em todo mundo. Ocupa posição importante em relação ao valor da produção agropecuária, área cultivada e volume produzido, especialmente nas regiões sul e sudeste do Brasil. Dentre os fatores que afetam a produção de milho está o ataque por pragas, dentre elas Spodoptera frugiperda Smith (Lepidoptera: Noctuidae), conhecida popularmente como lagarta do cartucho, e Helicoverpa zea BOD. (LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE), a lagarta da espiga (GALLO et al., 2002). S. frugiperda reduz a área foliar das plantas, ocasionando a redução da taxa fotossintética, favorece o ataque de patógenos, além de danificar as espigas. H. zea ataca os estilos-estigma, prejudicando o processo de fertilização, e também se alimenta dos grãos leitosos, prejudicando a produção. As medidas de controle vêm exigindo o uso cada vez mais frequente de inseticidas, chegando a limites de seis a oito pulverizações em cada safra (MARUCCI et al., 2009), contudo a via química tem a eficiência reduzida em função da localização dos insetos na planta. Outras técnicas de controle de pragas podem ser integradas a fim de reduzir a utilização de defensivos agrícolas, como o cultivo de plantas naturalmente resistentes a insetos, a utilização de plantas geneticamente modificadas e o emprego da adubação equilibrada. Atualmente existem no mercado cultivares de milho geneticamente modificadas, nas quais foram introduzidos genes específicos da bactéria Bacillus thuringiensis, já usada no controle biológico de pragas. Com isso a planta produz proteínas tóxicas a determinadas ordens de insetos considerados pragas, entre eles S. frugiperda e H. zea. Diante desse contexto, este trabalho teve como objetivo avaliar os danos causados por S. 15 e 16 de Outubro de

2 frugiperda e H. zea em cultivares de milho convencional e transgênico, submetidos a diferentes doses de nitrogênio. Material e Métodos Este trabalho foi conduzido na área experimental da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Câmpus Dois Vizinhos (UTFPR-DV), no ano agrícola 2010/2011. A área está localizada na região fisiográfica denominada Terceiro Planalto Paranaense, que possui altitude média de 520 m, latitude de 25º 44 Sul e longitude de 53º 04 Oeste, sendo o clima classificado como subtropical úmido mesotérmico (CFa), segundo a classificação de Köppen (MAAK, 1968). O solo da área experimental é classificado como Nitossolo Vermelho Distroférrico típico (EMBRAPA, 2006). O experimento foi conduzido em blocos casualizados, com quatro repetições, e os tratamentos foram distribuídos em um bifatorial: duas cultivares de milho (AGN 20A55 HX; CD 308) versus 8 doses de nitrogênio (0; 60; 120; 180; 240; 300; 360; 420 kg.ha -1 ) em avaliações no tempo [8 épocas de avaliação (23; 30; 38; 44; 51; 58; 65; 71 dias após a semeadura)]. A parcela experimental foi composta por duas fileiras de cinco metros, utilizando espaçamento 0,74 x 0,2 m, totalizando uma área de 7,4 m 2 parcela -1. A semeadura foi realizada no dia 26 de outubro de 2010, sob palhada de aveia preta (Avena strigosa), a qual foi dessecada com herbicida Gliato (0,96 Kg i.a./ha). A demarcação das fileiras de semeadura foi realizada com semeadora para plantio direto e a semeadura realizada manualmente. A adubação nitrogenada foi composta pelas doses estabelecidas para cada tratamento usando como fonte de nitrogênio a ureia (45% de N). Os danos provocados por S. frugiperda nos genótipos de milho foram avaliados semanalmente, sendo realizadas oito avaliações (23; 30; 38; 44; 51; 58; 65; 71 dias após a semeadura). Em cada parcela foram amostradas 16 plantas, escolhidas ao acaso na parte central. No processo de avaliação foram consideradas apenas as folhas novas e para os avaliadores não foram reveladas quais parcelas eram de genótipo Bt (avaliação cega ). Para determinação da porcentagem de espigas atacadas por H. zea avaliou-se cinco espigas por parcela/repetição e, pela relação entre o peso das espigas com palha e o peso das espigas sem palha, determinou-se o grau de empalhamento das espigas. A partir desses dados realizou-se a correlação espigas atacadas pela praga e o grau de empalhamento das espigas. Os dados obtidos foram submetidos a análise de variância. Para tratamentos de efeito qualitativo realizouse a comparação de médias pelo teste Tukey a 5% de probabilidade de erro e para os de efeito quantitativo foram realizados estudos de regressão considerando o maior grau significativo. As análises estatísticas foram realizadas com auxílio do programa Statgraphicsplus 4.1 (MANUGISTICS, 1997). Resultados e Discussão Houve interação entre genótipos de milho e doses de N para o nível de dano 0 (plantas sem dano) (Figura 1). Para o genótipo de milho convencional CD 308, houve redução da porcentagem de plantas com dano 0 com o aumento das doses de N. Já para genótipo Bt AGN20A55 HX a porcentagem de plantas com dano 0 não variou com as doses de adubação nitrogenada aplicadas (Figura 1). No genótipo CD 308, o excesso de N pode ter acarretado um desequilíbrio no metabolismo da planta, favorecendo o acúmulo de N solúvel, principalmente aminoácidos livres, os quais podem ser assimilados pelos insetos. No entanto, a constituição genética da cultivar CD308 também pode ter contribuído para a 15 e 16 de Outubro de

3 suscetibilidade a praga, já que o genótipo AGN20A55 HX não apresentou correlação entre o ataque por S. frugiperda e a aplicação de diferentes doses de N. Esses resultados são semelhantes aos encontrados por Sampaio et al. (2007), que observaram aumento dos danos provocadas por S. frugiperda, nas maiores doses de N aplicado na forma de ureia (0, 15, 30, 45 e 60 kg.ha -1 ). Bortoli et al. (2004), verificaram esse mesmo comportamento em relação as doses de nitrogênio sobre os danos causados por Diatraea saccharalis na cultura do sorgo. Também para nível de dano 0, houve interação entre genótipos de milho versus datas de avaliação (Figura 2). O genótipo CD 308 apresentou menor porcentagem de plantas sem dano, diferindo do genótipo Bt em todas as datas avaliadas. Tais resultados reafirmam que o genótipo convencional CD308 é geneticamente suscetível ao ataque por S. frugiperda, quando comparada ao genótipo Bt. Pois uma planta é resistente quando é menos danificada que outra, em igualdade de condições, devido a sua constituição genotípica (GALLO et al, 2002). Para o genótipo AGN 20A55 HX observou-se aumento da porcentagem de plantas com dano 0 com o decorrer dos dias (Figura 2), o que pode ser explicado pelo fato de produzirem proteínas tóxicas para as lagartas. Na segunda avaliação, sete dias após início do trabalho, observou-se maiores danos a todos os genótipos com menor porcentagem de plantas com dano 0 (Figura 2). A adubação nitrogenada aplicada três dias antes da avaliação pode ter favorecido essa situação, pois segundo Sampaio et al. (2007), o N aumenta a atividade fotossintética da planta e estimula a divisão celular, resultando no acréscimo do teor de proteínas e da biomassa total, o que pode acarretar maior quantidade de tecidos jovens. Plantas mais jovem apresentam tecidos mais jovens, pouco lignificados o que favorece o ataque de pragas. Com o crescimento e desenvolvimento da cultura os teores de lignina aumentam e a planta fica menos suscetível, o que justifica o fato de maior ataque da S. frugiperda na segunda avaliação. O genótipo de milho convencional CD 308 apresentou a maior porcentagem de plantas danificadas por S. frugiperda (74,95%) em relação ao genótipo Bt AGN 20A55 HX (30,8%). Estudos relatam diferentes graus de resistência de genótipos de milho em relação ao ataque por S. frugiperda. Pereira et al. (2000) verificaram variação de cerca de três vezes na intensidade de infestação por essa praga em plantas de milho. Com relação a H. zea, não houve correlação significativa entre a porcentagem de espigas atacadas; as diferentes doses de nitrogênio; as cultivares de milho; o grau de empalhamento da espiga; o peso das espigas com palha. Em estudo realizado por Pereira et al. (2000), observaram que as populações de milho mais produtivas e com espigas de maior peso foram mais atacadas por H. zea, possivelmente, segundo os autores, pelo fato de as espigas dessas populações possuírem maiores comprimento e diâmetro na extremidade, o que faz com que as espigas sejam pouco recobertas pelas palhas, deixando-as expostas ao ataque da praga. Conclusão O genótipo convencional CD 308 é menos resistente ao ataque por Spodoptera frugiperda quando comparado ao genótipo Bt AGN20A55 HX. As diferentes doses de adubação nitrogenada favorecem no aumento de danos causados por Spodoptera frugiperda no genótipo convencional CD 308. A porcentagem de plantas danificadas aumenta ao longo das avaliações no genótipo CD308. O genótipo transgênico AGN20A55 HX apresenta redução, ao longo das avaliações, nas porcentagens de plantas atacadas por Spodoptera frugiperda, sendo, portanto, efetiva no controle dessa praga. 15 e 16 de Outubro de

4 Referências BORTOLI, S.A.; DÓRIA, H.O.S. Aspectos Biológicos e Dano de Diatraea saccharalis (Fabr., 1794) (Lepidoptera: Pyralidae) em Sorgo Cultivado Sob Diferentes Doses de Nitrogênio e Potássio. Ciência Agrotecnologia, v.29, n.2, p , mar./abr., GALLO, D.; NAKANO, O.; SILVEIRA NETO, S.; CARVALHO, R. P. L.; BATISTA, G. C.; BERTI FILHO, E.; PARRA, J. R. P.; ZUCCHI, R. A.; ALVES, S. B.; VENDRAMIN, J. D.; MARCHINI, L. C.; LOPES, J. R. S.; OMOTO, C. Entomologia agrícola. Piracicaba: FEALQ, p. MAAK, R. Geografia física do Estado do Paraná. Curitiba: Banco do Desenvolvimento do Paraná p. MARUCCI, Rosangela C.; MENDES, Simone M.; MOREIRA, Silvino G.; WAQUIL, José M. Levantamento dos Danos Causados pela Infestação de Spodoptera frugiperda (J.E. Smith) em Lavouras Comerciais de Milho Bt na Região Central de MinasGerais. Embrapa Milho e Sorgo: Comunicado Técnico nº134,. Sete Lagoas, Minas Gerais, dez p. PEREIRA, Eliseu J.G.; PICANÇO, Marcelo; GUEDES, Raul N.C.; FALEIRO, Fábio G.; ARAÚJO, João M. Suscetibilidade de populações de milho a Spodoptera frugiperda Smith e Helicoverpa zea Bod. (Lepidoptera: Noctuidae). Acta Scientiarum, v.22, n.4, p , SAMPAIO, H.N.; BARROS, M.F.C.; OLIVEIRA, J.V.; LIMA, F.S. Efeito de doses de nitrogênio e potássio nas injúrias provocadas por Spodoptera frugiperda (J.E.Smith) (Lepidoptera: Noctuidae) na cultura do milho. Revista Brasileira de Ciências Agrárias, v.2, n.3, p , jul-set, e 16 de Outubro de

5 Figura 1. Nível de dano 0 (zero) de plantas de milho em função de doses de nitrogênio (0, 60, 120, 180, 240, 300, 360 e 420 kg ha-1) e dois genótipos de milho (G1:AGN 20A55 HX; G2:CD 308). UTFPR, Câmpus Dois Vizinhos, Figura 2. Nível de dano 0 (zero) de plantas de milho em função de datas de avaliação (0, 7, 14, 21, 18, 35, 42 e 49 dias) e dois genótipos de milho (G1: AGN 20A55 HX; G2:CD 308 UTFPR, Câmpus Dois Vizinhos, e 16 de Outubro de