DETERMINAÇÃO DE ERROS EM PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS DE UMA MATERNIDADE DO PIAUÍ

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1 DETERMINAÇÃO DE ERROS EM PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS DE UMA MATERNIDADE DO PIAUÍ RESUMO SILVA FILHO, F. L; 1 OLIVEIRA, E. C. R; 1 CARNEIRO, S. M. P; 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAU͹ A prescrição consiste em um documento legal de responsabilidade de uma equipe multidisciplinar, representando o ponto de partida de um longo percurso que culmina na administração do medicamento ao paciente. Visando detectar indicadores que podem comprometer a segurança do paciente, o presente trabalho analisou prescrições on line e manuscritas em uma maternidade do Piauí. O estudo foi desenvolvido por meio da coleta de prescrições on line e manuscritas sendo posteriormente analisadas de acordo com os parâmetros estabelecidos pelo boletim nº 2, volume 5 de junho de 2016, disponibilizado pelo Instituto para Práticas Seguras no uso de Medicamentos (ISMP). Observou-se que nas prescrições online de 805 medicamentos analisados, 68% apresentaram erros. Desse total, 40% relacionaram-se ao uso de abreviaturas contraindicadas. Para prescrição manuscrita, de um total de medicamentos prescritos analisados, cerca de 67% apresentaram erros de prescrição, sendo que a maioria refere-se à falta de indicação do volume de diluente (23%) e ao uso de abreviaturas contraindicadas (26%). O estudo possibilitou, por meio da identificação de erros de prescrição de medicamentos a apresentação de falhas no ato da prescrição que podem comprometer a segurança do paciente, sendo necessário a elaboração de uma prescrição padronizada por meio da equipe multidisciplinar. Palavras-chave Erros de prescrição; Segurança do paciente; Prescrição padronizada; ABSTRACT The prescription consists of a legal document of responsibility of a multidisciplinary team, representing the starting point of a long route that culminates in the administration of the medicine to the patient. In order to detect indicators that may compromise patient safety, the present study analyzed online and handwritten prescriptions in a maternity ward in Piauí. The study was developed through the collection of online and handwritten prescriptions and was subsequently analyzed according to the parameters established by bulletin nº 2, volume 5 of June, 2016, made available by the Institute for Safe Practices in the Use of Medicines (ISMP). It was observed that in the online prescriptions of 805 drugs analyzed, 68% presented errors. Of this total, 40% related to the use of contraindicated abbreviations. For handwritten prescriptions, out of a

2 total of 1,065 prescribed drugs analyzed, about 67% presented prescribing errors, most of them referring to the lack of indication of diluent volume (23%) and the use of contraindicated abbreviations (26%). The study made it possible, through the identification of medication prescription errors, to point out deficiencies in prescription that may compromise patient safety, requiring the elaboration of a standardized prescription through the multidisciplinary team. Keywords - Prescription errors; Patient safety; Standardized prescription; INTRODUÇÃO Definido como um documento legal, a prescrição consiste no ponto de partida para uma série de eventos dentro do processo de medicação até a utilização pelo paciente, sendo de responsabilidade do Médico e do Farmacêutico, quem prescreve e quem dispensa o medicamento, respectivamente. Em um ambiente hospitalar, outro componente de responsabilidade legal destas prescrições diz respeito à equipe de enfermagem, responsáveis pela administração de medicamentos [1,2,3], sendo assim, a prescrição é considerada um elo de troca de informações escrita entre os profissionais de saúde. No Brasil, a prescrição de medicamentos é normatizada pela Lei nº 5.991, de 17 de dezembro de 1973, que apresenta algumas normas para a execução adequada de uma receita [4]. Quando não executadas corretamente, as prescrições podem desencadear uma série de fatores que culminam no comprometimento da segurança do paciente. Os erros provenientes das prescrições médicas, decorrentes da falta de clareza, podem confundir os profissionais e comprometer a segurança do paciente [5]. Os tipos de erros mais citados pelos profissionais em hospitais são aqueles relacionados a prescrição/transcrição de medicamentos [5]. A implantação da prescrição eletrônica pode ter forte impacto nos erros de prescrição, recomendadas a adoção para evitar ao máximo as prescrições escritas à mão [6]. Diante do exposto o presente trabalho tem como objetivo analisar e determinar as taxas de erros em prescrições on line e manuscritas em uma maternidade da Região Nordeste do Brasil, identificando pontos que podem desencadear em um comprometimento da segurança do paciente. Adicionalmente, o estudo visa destacar a eficiência dos boletins do Instituto para Práticas Seguras no uso de Medicamentos (ISMP), como ferramenta no desenvolvimento de indicadores de risco relacionados a segurança do paciente. METODOLOGIA O exposto trabalho consiste em estudo prospectivo, descritivo e exploratório de base documental executado por meio de analise de prescrições, on line e manuscritas, em uma maternidade da Região Nordeste do Brasil, usando como ferramenta de analise o Boletim número 2, volume 5 de junho de 2016,

3 disponibilizado pelo ISMP [7]. A amostra foi construída pela coleta de 200 prescrições on line no sistema da maternidade e 200 prescrições manuscritas encaminhadas ao dispensário da Farmácia Central. Após a coleta, analisaramse os medicamentos prescritos e distribuiu-se de acordo com os parâmetros estabelecidos pelo boletim, de modo que, apenas 1 (um) erro foi considerado para cada medicamento prescrito. RESULTADOS E DISCUSSÃO Todas as prescrições analisadas apresentavam identificação do paciente, setor hospitalar e identificação do médico prescritor, estando de acordo com as normas do estabelecimento e com as exigências da legislação. O publico a quem se destinavam as prescrições era composto de gestantes, mulheres recorrentes de partos normais e cesarianas no estabelecimento, e neonatos, caracterizando-se como um grupo populacional que requer atenção específica. As 400 prescrições analisadas apresentaram alta taxa de erros de prescrição de medicamentos. Cerca de 68% para prescrições on line e 67% para prescrições manuscritas, como mostra a Figura 1.0. Por meio desses dados observa-se uma falta de consenso entre a equipe multidisciplinar no ato da prescrição podendo desencadear insegurança na interpretação desses documentos podendo culminar em riscos a segurança do paciente. Figura 1.0 Comparação dos erros de prescrição de medicamentos presentes nas prescrições On line e Manuscritas de uma maternidade do nordeste do Brasil. Essa alta taxa de erros distribui-se nos diversos parâmetros observados de acordo com o Boletim do ISMP, onde são observados: a dose, forma farmacêutica, posologia, via de administração, tipo e volume de diluente aplicado, tempo e velocidade de infusão de medicamentos e medicamentos

4 prescritos por extenso. Aplicando esses parâmetros à alta taxa de erros de medicamentos prescritos em ambas as modalidades de prescrições da maternidade foi possível observar pontos que podem comprometer a segurança do paciente. As Figuras 2.0 e 2.1 apresentam a distribuição dos erros de medicamentos prescritos nas prescrições on line e manuscritas respectivamente destacando que a maior parte desses erros se concentra no uso inadequado de abreviaturas no ato da prescrição, caracterizando uma ausência de padronização entre a equipe multidisciplinar. Subsequentemente, a ausência do volume de diluente foi outro parâmetro que se destacou nas prescrições manuscritas, podendo resultar em variação da dose a ser administrada ao paciente podendo resultar em ausência ou exacerbação do efeito do medicamento. Figura 2.0 Distribuição percentual dos erros de prescrições avaliados em 805 medicamentos prescritos em 200 prescrições online de uma maternidade do Piauí. Figura 2.1 Distribuição percentual dos erros de prescrições avaliados em 1065 medicamentos prescritos em 200 prescrições manuscritas em uma maternidade do nordeste do Brasil. Prescrições ambíguas, ilegíveis ou incompletas, bem como com ausência de padronização da nomenclatura dos medicamentos prescritos, uso

5 de abreviaturas e presença de rasuras, são fatores que podem contribuir para a ocorrência de erros [5,8]. Para evitar esses erros, é necessário que a prescrição seja apropriada, com doses adequadas em intervalos definidos, durante o tempo indicado de tratamento e deve-se garantir que os medicamentos sejam eficazes, seguros e com qualidade [6]. CONCLUSÕES O presente estudo possibilitou, por meio dos erros encontrados nas prescrições de medicamentos, o desenvolvimento de indicadores que apontam a necessidade de uma prescrição padronizada por meio de uma equipe multidisciplinar. Adicionalmente, os boletins disponibilizados pelo ISMP, consistem em ferramentas que, quando bem aplicadas, podem contribuir para o desenvolvimento da prática segura do uso de medicamentos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1 Araújo PTB, Uchôa SAC. Avaliação da qualidade da prescrição de medicamentos de um hospital de ensino. Ciência e saúde coletiva, 2011, 16(1): Fuchs FD, Wannmacher L, Ferreira MBC. Farmacologia clínica: Fundamentos da terapêutica racional. 3ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; Souza JMC, Thomson JC, Catisti DG. Avaliação de prescrições medicamentosas de um hospital universitário brasileiro. Revista brasileira de educação médica, 2008, 32(2): Brasil. Lei nº 5.991, de 17 de dezembro de Dispõe sobre o controle sanitário do comércio de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos e dá outras providências. Diário Oficial da União 1973; 19 dez. 5 Miasso AI, Grou CR, Cassiani SHB et al. Erros de medicação: tipos, fatores causais e providências tomadas em quatro hospitais brasileiros. Revista da Escola de Enfermagem da USP, 2006, 40(4): Rosa MB, Perini E, Anacleto TA, Neiva HM, Bogutchi T. Erros na prescrição hospitalar de medicamentos potencialmente perigosos. Rev. Saúde Pública (43): Instituto para Práticas Seguras no Uso de Medicamentos (ISMP Brasil). Programa Nacional de Segurança do Paciente: indicadores para avaliação da prescrição, do uso e da administração de medicamentos Parte II. Boletim ISMP Brasil. 2016; 5(2): 1-8. Disponível em: Acesso em: abril Cassiani SHB, Monzani AAS, Silva AEBC et al. Identificação e análise dos erros de medicação em seis hospitais brasileiros. Ciência e Enfermagem, 2010, 16(1):85-95