ENSINO MÉDIO EJA Etapa 3

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "ENSINO MÉDIO EJA Etapa 3"

Transcrição

1 HISTÓRIA HISTÓRIA DO BRASIL E DO RIO GRANDE DO SUL - Período colonial - Banbdeirantes - Escravidão - açúcar, café - pacto colonial A FORMAÇÃO DA NAÇÃO BRASILEIRA O PROCESSO DE INDEPENDÊNCIA DO BRASIL Independência do Brasil - 07 de setembro de um acontecimento que integra o processo de crise do Antigo Sistema Colonial, iniciada com as revoltas de emancipação no final do século XVIII. - rebeliões de emancipação, destacando-se a Inconfidência Mineira e a Conjuração Baiana. Foram os primeiros movimentos sociais da história do Brasil a questionar o pacto colonial e assumir um caráter republicano. - parte integrante da decadência do Antigo Regime europeu, debilitado pela Revolução Industrial na Inglaterra e principalmente pela difusão do liberalismo econômico e dos princípios iluministas - restringiu-se à esfera política, não alterando em nada a realidade sócio-econômica, que se manteve com as mesmas características do período colonial. - passagem da idade moderna para a contemporânea, representada pela transição do capitalismo comercial para o industrial. OS MOVIMENTOS DE EMANCIPAÇÃO A Inconfidência Mineira - primeiro movimento social republicano-emancipacionista de nossa história. - marginalizava as camadas mais populares, configurando-se num movimento elitista estendendo-se no máximo às camadas médias da sociedade, como intelectuais, militares, e religiosos. - precária articulação militar e a postura regionalista, ou seja, reivindicavam a emancipação e a república para o Brasil e na prática preocupavam-se com problemas locais de Minas Gerais. O mais grave contudo, foi a ausência de uma postura clara que defendesse a abolição da escravatura. O desfecho do movimento foi assinalado quando o governador Visconde de Barbacena suspendeu a derrama - seria o pretexto para deflagrar a revolta - e esvaziou a conspiração, iniciando prisões acompanhadas de uma verdadeira devassa. Os líderes do movimento foram presos e enviados para o Rio de Janeiro responderam pelo crime de inconfidência (falta de fidelidade ao rei), pelo qual foram condenados. Todos negaram sua participação no movimento, menos Joaquim José da Silva Xavier, o alferes conhecido como Tiradentes, que assumiu a responsabilidade de liderar o movimento. Após decreto de D. Maria I é revogada a pena de morte dos inconfidentes, exceto a de Tiradentes. Alguns tem a pena transformada em prisão temporária, outros em prisão perpétua. Cláudio Manuel da Costa morreu na prisão, onde provavelmente foi assassinado. Tiradentes, o de mais baixa condição social, foi o único condenado à morte por enforcamento. Sua cabeça foi cortada e levada para Vila Rica. O corpo foi esquartejado e espalhado pelos caminhos de Minas Gerais (21 de abril de 1789). Era o cruel exemplo que ficava para qualquer outra tentativa de questionar o poder da metrópole. O exemplo parece que não assustou a todos, já que nove anos mais tarde iniciava-se na Bahia a Revolta dos Alfaiates, também chamada de Conjuração Baiana. A influência da loja maçônica Cavaleiros da Luz deu um sentido mais intelectual ao movimento que contou também com uma ativa participação de camadas populares como os alfaiates João de Deus e Manuel dos Santos Lira.Eram pretos, mestiços, índios, pobres em geral, além de soldados e religiosos. Justamente por possuir uma composição social mais abrangente com participação popular, a revolta pretendia uma república acompanhada da abolição da escravatura. Controlado pelo governo, as lideranças populares do movimento foram executadas por enforcamento, enquanto que os intelectuais foram absolvidos. Outros movimentos de emancipação também foram controlados, como a Conjuração do Rio de Janeiro em 1794 e a Revolução Pernambucana de Apesar de contidas, todas essas rebeliões foram determinantes para o agravamento da crise do colonialismo no Brasil, já que trouxeram pela primeira vez os ideais iluministas e os objetivos republicanos. 1

2 A FAMÍLIA REAL NO BRASIL E A PREPONDERÂNCIA INGLESA Se o que define a condição de colônia é o monopólio imposto pela metrópole, em 1808 com a abertura dos portos, o Brasil deixava de ser colônia. O monopólio não mais existia. Rompiase o pacto colonial e atendia-se assim, os interesses da elite agrária brasileira, acentuando as relações com a Inglaterra, em detrimento das tradicionais relações com Portugal. Esse episódio, que inaugura a política de D. João VI no Brasil, é considerado a primeira medida formal em direção ao "sete de setembro". Há muito Portugal dependia economicamente da Inglaterra. Essa dependência acentua-se com a vinda de D. João VI ao Brasil, que gradualmente deixava de ser colônia de Portugal, para entrar na esfera do domínio britânico. Para a Inglaterra industrializada, a independência da América Latina era uma promissora oportunidade de mercados, tanto fornecedor, como consumidor. Com a assinatura dos Tratados de 1810 (Comércio e Navegação e Aliança e Amizade), Portugal perdeu definitivamente o monopólio do comércio brasileiro e o Brasil caiu diretamente na dependência do capitalismo inglês. Em 1820, a burguesia mercantil portuguesa colocou fim ao absolutismo em Portugal com a Revolução do Porto. Implantou-se uma monarquia constitucional, o que deu um caráter liberal ao movimento. Mas, ao mesmo tempo, por tratar-se de uma burguesia mercantil que tomava o poder, essa revolução assume uma postura recolonizadora sobre o Brasil. D. João VI retorna para Portugal e seu filho aproxima-se ainda mais da aristocracia rural brasileira, que sentia-se duplamente ameaçada em seus interesses: a intenção recolonizadora de Portugal e as guerras de independência na América Espanhola, responsáveis pela divisão da região em repúblicas. O SIGNIFICADO HISTÓRICO DA INDEPENDÊNCIA A aristocracia rural brasileira encaminhou a independência do Brasil com o cuidado de não afetar seus privilégios, representados pelo latifúndio e escravismo. Dessa forma, a independência foi imposta verticalmente, com a preocupação em manter a unidade nacional e conciliar as divergências existentes dentro da própria elite rural, afastando os setores mais baixos da sociedade representados por escravos e trabalhadores pobres em geral. Com a volta de D. João VI para Portugal e as exigências para que também o príncipe regente voltasse, a aristocracia rural passa a viver sob um difícil dilema: conter a recolonização e ao mesmo tempo evitar que a ruptura com Portugal assumisse o caráter revolucionário-repu-blicano que marcava a independência da América Espanhola, o que evidentemente ameaçaria seus privilégios. A maçonaria (reaberta no Rio de Janeiro com a loja maçônica Comércio e Artes) e a impren-sa uniram suas forças contra a postura recolonizadora das Cortes. D. Pedro é sondado para ficar no Brasil, pois sua partida poderia representar o esfacelamento do país. Era preciso ganhar o apoio de D. Pedro, em torno do qual se concretizariam os interesses da aristocracia rural brasileira. Um abaixo assinado de oito mil assinaturas foi levado por José Clemente Pereira (presidente do Senado) a D. Pedro em 9 de janeiro de 1822, solicitando sua permanência no Brasil. Cedendo às pressões, D. Pedro decidiu-se: "Como é para o bem de todos e felicidade geral da nação, estou pronto. Diga ao povo que fico". É claro que D. Pedro decidiu ficar bem menos pelo povo e bem mais pela aristocracia, que o apoiaria como imperador em troca da futura independência não alterar a realidade sócioeconômica colonial. Contudo, o Dia do fico era mais um passo para o rompimento definitivo com Portugal. Graças a homens como José Bonifácio de Andrada e Silva (patriarca da 2 independência), Gonçalves Ledo, José Clemente Pereira e outros, o movimento de independência adquiriu um ritmo surpreendente com o cumpra-se, onde as leis portuguesas seriam obedecidas somente com o aval de D. Pedro, que acabou aceitando o título de Defensor Perpétuo do Brasil (13 de maio de 1822), oferecido pela maçonaria e pelo Senado. Em 3 de junho foi convocada uma Assembléia Geral Constituinte e Legislativa e em primeiro de agosto considerou-se inimigas as tropas portuguesas que tentassem desembarcar no Brasil. Em Portugal, a reação tornava-se radical, com ameaça de envio de tropas, caso o príncipe não retornasse imediatamente. No dia sete de setembro de 1822, D. Pedro que se encontrava às margens do riacho Ipiranga, em São Paulo, após a leitura das cartas que chegaram em suas mãos, bradou: "É tempo... Independência ou morte... Estamos separados de Portugal". Chegando no Rio de Janeiro (14 de setembro de 1822), D. Pedro foi aclamado Imperador Constitucional do Brasil. Era o início do Império. A independência não marcou nenhuma ruptura com o processo de nossa história colonial. As bases sócioeconômicas (trabalho escravo, monocultura e latifúndio), que representavam a manu-tenção dos privilégios aristocráticos, permaneceram inalteradas. O "sete de setembro" foi apenas a consolidação de uma ruptura política, que já começara 14 anos atrás, com a abertura dos portos. 1824: UMA CONTITUIÇÃO ANTIDEMOCRÁTICA "Causa-me horror só ouvir falar em revolução". Muniz Tavares, antigo revolucionário de 1817 na Assembléia Constituinte (21/maio/1823). Anais do Parlamento Brasileiro - Assembléia Constituinte, 1823, tomo I, Rio de Janeiro, pág. 90. "Durante as discussões da Constituinte ficou manifesta a intenção da maioria dos deputados de limitar o sentido do liberalismo e de distingui-lo das reivindicações democratizantes. Todos se diziam liberais, mas ao mesmo tempo se confessavam antidemocratas e antirevolucionários. As idéias revolucionárias provo-cavam desagrado entre os constituintes. A conciliação da liberdade com a ordem seria o preceito básico desses liberais, que se inspira-vam em Benjamim Constant e Jean Baptiste Say. Em outras palavras: conciliar a liberdade com a ordem existente, isto é, manter a estrutura escravista de produção, cercear as pretensões democratizantes". Emília Viotti da Costa - Da Monarquia à República: Momentos Decisivos Livraria Editora Ciências Humanas São Paulo, 1979, pág.116, Segunda Edição O primeiro processo constitucional do Brasil iniciou-se com um decreto do príncipe D. Pedro, que no dia 3 de junho de 1822 convocou a primeira Assembléia Geral Constituinte e Legislativa da nossa história, visando a elaboração de uma constituição que formalizasse a independência política do Brasil em relação ao reino português. Dessa maneira, a primeira constituição brasileira deveria ter sido promulgada. Acabou porém, sendo outorgada, já que durante o processo constitucional, o choque entre o imperador e os constituintes, mostrou-se inevitável. A abertura da Assembléia deu-se somente em 3 de maio de 1823, para que nesse tempo fosse preparado o terreno através de censuras, prisões e exílios aos opositores do processo constitucional. A) ANTECEDENTES: DIVERGÊNCIAS INTERNAS O contexto que antecede a Assembléia foi marcado pela articulação política do Brasil contra as tentativas recolonizadoras de Portugal, já presentes na Revolução do Porto em Neste mesmo cenário, destacam-se ainda, divergências internas entre conservadores e liberais radicais. Os primeiros, representados por

3 José Bonifácio resistiram inicialmente à idéia de uma Constituinte, mas por fim pressionados, acabaram aderindo, com a defesa de uma rigorosa centralização política e a limitação do direito de voto. Já os liberais radicais, por iniciativa de Gonçalves Ledo, defendiam a eleição direta, a limitação dos poderes de D. Pedro e maior autonomia das províncias. B) O ANTEPROJETO: LIBERAL E ANTIDEMOCRÁTICO Com um total de 90 membros eleitos por 14 províncias, destacavam-se na Constituinte, proprietários rurais, bacharéis em leis, além de militares, médicos e funcionários públicos. Para elaborar um anteprojeto constitucional, foi designada uma comissão composta por seis deputados sob liderança de Antônio Carlos de Andrada, irmão de José Bonifácio. O anteprojeto continha 272 artigos influenciados pela ilustração, no tocante à soberania nacional e ao liberalismo econômico. O caráter classista e portanto antidemocrático da carta, ficou claramente revelado com a discriminação dos direitos políticos, através do voto censitário, onde os eleitores do primeiro grau (paróquia), tinham que provar uma renda mínima de 150 alqueires de farinha de mandioca. Eles elegeriam os eleitores do segundo grau (província), que necessitavam de uma renda mínima de 250 alqueires. Estes últimos, elegeriam deputados e senadores, que precisavam de uma renda de 500 e 1000 alqueires respectivamente, para se candidatarem. A postura elitista do anteprojeto aparece também em outros pontos, como a questão do trabalho e da divisão fundiária. O escravismo e o latifúndio não entraram em pauta, pois colocariam em risco os interesses da aristocracia rural brasileira. Segundo Raymundo Faoro "o esquema procurará manter a igualdade sem democracia, o liberalismo fora da soberania popular". Tratava-se portanto, de uma adaptação circunstancial de alguns ideais do iluminismo aos interesses da aristocracia rural. "Afastando o perigo da recolonização; excluindo dos direitos políticos as classes inferiores e praticamente reservando os cargos da representação nacional aos proprietários rurais; concentrando a autoridade política no Parlamento e proclamando a mais ampla liberdade econômica, o projeto consagra todas as aspirações da classe dominante dos proprietários rurais, oprimidos pelo regime de colônia, e que a nova ordem política vinha justamente libertar." (PRADO JR., Caio. Evolução política do Brasil). C) A DISSOLUÇÃO DA ASSEMBLÉIA A posição da Assembléia em reduzir o poder imperial, faz D. Pedro I voltar-se contra a Constituinte. Declarando-se em sessão permanente, a Assembléia é dissolvida por um decreto imperial em 12 de novembro de A resistência conhecida como "Noite da Agonia" foi inútil. Os irmãos Andradas, José Bonifácio, Martim Francisco e Antônio Carlos são presos e deportados. D) A CONSTITUIÇÃO DE 1824 Foi a primeira constituição de nossa história e a única no período imperial. Com a Assembléia Constituinte dissolvida, D. Pedro I nomeou um Conselho de Estado formado por 10 membros que redigiu a Constituição, utilizando vários artigos do anteprojeto de Antônio Carlos. Após ser apreciada pelas Câmaras Municipais, foi outorgada (imposta) em 25 de março de 1824, estabelecendo os seguintes pontos: Υ um governo monárquico unitário e hereditário. Υ voto censitário (baseado na renda) e descoberto (não secreto). Υ eleições indiretas, onde os eleitores da paróquia elegiam os eleitores da província e estes elegiam os deputados e senadores. Para ser eleitor da paróquia, eleitor da província, deputado ou 3 senador, o cidadão teria de ter, agora, uma renda anual correspondente a 100, 200, 400, e 800 mil réis respectivamente. Υ catolicismo como religião oficial Υ submissão da Igreja ao Estado. Υ quatro poderes: Executivo, Legislativo, Judiciário e Moderador. O Executivo competia ao imperador e o conjunto de ministros por ele nomeados. O Legislativo era representado pela Assembléia Geral, formada pela Câmara de Deputados (eleita por quatro anos) e pelo Senado (nomeado e vitalício). O Poder Judiciário era formado pelo Supremo Tribunal de Justiça, com magistrados escolhidos pelo imperador. Por fim, o Poder Moderador era pessoal e exclusivo do próprio imperador, assessorado pelo Conselho de Estado, que também era vitalício e nomeado pelo imperador. Nossa primeira constituição fica assim marcada pela arbitrariedade, já que de promulgada, acabou sendo outorgada, ou seja, imposta verticalmente para atender os interesses do partido português, que desde o início do processo de independência política, parecia destinado ao desaparecimento. BRASIL IMPÉRIO - 1º REINADO E REGÊNCIAS PRIMEIRO REINADO ( ) Regime político: Monarquia Constitucional (D. Pedro I afirmava que juraria a liberal constituição se ela fosse digna do Brasil e do seu imortal imperador ) Reação à constituição: Confederação do Equador (movimento republicano e separatista liderado por frei Caneca no Nordeste e que foi duramente reprimido) A ABDICAÇÃO DE D. PEDRO I (1831) Problema principal: o Brasil era uma sociedade extremamente heterogênea onde os diversos grupos disputavam o poder (entre estes diversos grupos de elite só havia um denominador comum; a manutenção da escravidão). Problemas enfrentados por D. Pedro I a partir de 1825 que levaram-no a abdicação: envolvimento do imperador em problemas dinásticos em Portugal gerando críticas derrota na guerra da Cisplatina (1828) quebra do banco do Brasil endividamento com a Inglaterra para a compra da independência imposição do ministério dos marqueses composto só por portugueses em O PERÍODO REGENCIAL ( ) A primeira experiência republicana brasileira Significado da abdicação: vitória de um liberalismo calcado na escravidão e no latifúndio Principais grupos políticos: Liberais exaltados ou farroupilhas: defendiam maior autonomia para as províncias e o fim do poder moderador Restauradores ou caramurus: portugueses que queriam a volta de Dom Pedro I. Liberais moderados ou chimangos: defensores da centralização do poder, Com a morte de D. Pedro I acontece uma rearticulação partidária: parte dos moderados se une com os exaltados formando os LIBERAIS e outra parte se une com os restauradores formando os CONSERVADORES. TENDÊNCIAS POLÍTICAS NO PERÍODO REGENCIAL: MARÉ LIBERAL (regências trinas e una de Feijó) - medidas descentralizadoras: guarda nacional (origem do

4 coronelismo), código do processo criminal (judiciário municipal com juiz de paz eleito na paróquia), ato adicional de 1834 (eleição direta para regentes e criação das assembléias legislativas municipais) MARÉ CONSERVADORA (regência una de Araújo Lima) - medidas centralizadoras: anulou o ato adicional, o código do processo e passou a nomear os chefes das guardas nacionais. REVOLTAS REGENCIAIS: Expressam os diferentes interesses locais que lutavam por maior participação do poder. A ruptura de elites permite manifestações de setores marginalizados. GUERRA DOS FARRAPOS Rio Grande do Sul - entre 1835 e 45 - luta dos produtores de charque do sul por maior autonomia SABINADA - Bahia em movimento autonomista de classe média. CABANAGEM Pará - entre 1836 e 37 - movimento popular contra o autoritarismo do governo central. REVOLTA DOS MALÊS - Bahia em revolta de escravos muçulmanos aproveitando-se de divergências nas elites. BALAIADA - Maranhão e Piauí em movimento popular contra as arbitrariedades das elites. Aproveitam-se dos atritos entre conservadores e liberais. BRASIL IMPÉRIO - 2º REINADO ( ) O GOLPE DA MAIORIDADE (1840): Golpe liberal para afastar o regente Araújo Lima. Nas eleições que ocorrem no mesmo ano os liberais são vitoriosos, mas o ministério conservador continua no poder ao dissolver a câmara (eleições do cacete). TRANSAÇÃO E CONCILIAÇÃO POLÍTICA A implantação do parlamentarismo no Brasil: a partir de 1848, as elites conservadoras e liberais se conciliam para garantir o trabalho escravo e o latifúndio no Brasil. A estabilidade foi garantida pelo parlamentarismo às avessas. Ao contrário do sistema inglês, no Brasil cabia ao imperador nomear o ministério. Inicia-se, assim, um rodízio no poder já que quem reinava, governava e administrava era o rei. CAFÉ Inicialmente plantado no Vale do Paraíba sob forma de PLANTATION, o café se expande para o oeste paulista, em busca de terra roxa. Nesta última região a produção vai alcançar seu apogeu devido a vários fatores: melhor tecnologia de beneficiamento, terra/relevo favoráveis e, principalmente, a utilização da mão de obra assalariada (após os fracassos do senador Vergueiro com o sistema de parceria, o estado passa a subvencionar a imigração). Em São Paulo, ao contrário da região do Vale, desenvolvesse uma burguesia rural que investia em bancos e indústria. Esta nova classe social estará por trás dos movimentos republicano e abolicionista. INDUSTRIALIZAÇÃO Vários motivos impulsionaram o desenvolvimento industrial brasileiro a partir de 1850 (ERA MAUÁ): investimentos da burguesia cafeeira, crescimento do mercado interno devido ao assalariamento, a tarifa Alves Branco que aumentou para 60% os impostos de importação. Em represália à política protecionista do império a Inglaterra passa a pressionar pelo fim do tráfico negreiro ( BILL ABERRDEEN ) o que vai acontecer em 1850 com a lei EUSÉBIO DE QUEIRÓS. O fim do tráfico também foi importante para o surto industrial já que permitiu uma vultuosa liberação de 4 capitais e estimulou a vinda de imigrantes. O Barão de Mauá compreendeu este contexto favorável e levou adiante diversas iniciativas como linhas férreas, iluminação a gás, cabo submarino, investimento bancário,... Mauá acabou falido pois não teve apoio para os seus projetos. O Brasil continuava a ser um país latifundiário, conservador, aristocrático, escravista. CRISE DO IMPÉRIO BRASILEIRO ( ) Origem da crise: GUERRA DO PARAGUAI ( ) - Brasil, Argentina e Uruguai formaram a Tríplice Aliança contra o Paraguai, governado por Francisco Solano Lopez. Deve-se destacar como causas básicas do conflito os interesses na livre navegação da bacia platina (O Paraguai necessitava de uma saída para o mar) e os interesses do capital inglês na região (interessado em evitar o desenvolvimento econômico do Paraguai). O Brasil, apesar de vitorioso na guerra, perdeu boa parte de suas reservas acumuladas com a exportação. O exército, até então desprestigiado, afirmou-se como instituição. Parte de seu contingente era formado por antigos escravos que se tornaram livres após o conflito, aumentando o sentimento antiescravista. OUTROS FATORES GERADORES DA CRISE DO IMPÉRIO A PARTIR DE 1870: A Influência das Idéias Européias - A população urbana passa a contestar a escravidão, considerada responsável pelo "atraso" do país frente às demais nações "civilizadas". O aumento da resistência negra contribuía para a busca de uma solução para a denominada "questão servil. A ideologia positivista passa a influenciar a intelectualidade brasileira com suas idéias de "Progresso, "civilização", "ciência", ordem. Desencadeia-se a campanha abolicionista (José do Patrocínio e Joaquim Nabuco) o que força o governo imperial optar por uma abolição lenta e gradual: lei do ventre livre (1871), lei dos sexagenários (1885) e, finalmente, a lei áurea (1888). O Movimento Republicano: Em 1870 é formado o partido republicano composto pela elite agrária paulista e por setores urbanos do RJ. Seus objetivos básicos, além da república, eram a descentralização do poder e o abolicionismo. Com a lei áurea, a elite agrária do Vale do Paraíba adere ao movimento. Conflito Igreja e Império : De acordo com a constituição de 1824, estado e igreja eram unidos no Brasil (padroado). As bulas papais só teriam validade no Brasil após aprovação do imperador (beneplácito), o que provocava insatisfação do papado. As relações entre a Igreja e o Império começaram a entrar em crise quando a bula Sylabbus, publicada pelo papa Pio IX, proibiu a ligação entre católicos e maçons ( D. Pedro II era maçom). A crise ficou conhecida por "Questão Religiosa" e rompeu definitivamente as relações entre o estado e o clero, antiga base de sustentação do sistema monárquico. O Descontentamento Militar: Com a vitória na Guerra do Paraguai, em 1870, o Exército ganhou importância política e passou a contestar as estruturas político-sociais do Império adotando uma política antiescravista e republicana (influência do positivista Benjamim Constant). O descontentamento em relação ao tratamento dispensado pelo Império ao Exército redundou em vários incidentes envolvendo a oficialidade, entre 1884 e 1889, conhecidos como a "questão militar". "O Povo Assistiu Bestializado a proclamação da república" - O estabelecimento da República no Brasil não teve uma participação popular, o povo julgou tratar-se de uma "parada militar". D. Pedro II foi derrubado por um golpe militar articulado por Benjamim Constant e Deodoro da Fonseca com apoio da elite agrária. Em 15 de novembro de 1889, o marechal Deodoro da Fonseca assumiu o governo, com o título de chefe do governo provisório, e um ministério composto de republicanos históricos e liberais que aderiram à república.

5 A REPÚBLICA VELHA ( ) PRIMEIRA FASE: A REPÚBLICA DA ESPADA: OS MILITARES NO PODER O período imediatamente posterior à proclamação da República, entre 1889 e 1894, é caracterizado pela hegemonia política do exército, recebendo, por isso, a denominação de República da Espada. A República da Espada foi responsável pela transição do regime monárquico para o regime republicano. A participação popular no processo foi nula e a República resultou da aglutinação de interesses políticos dos militares, da classe média urbana e da elite cafeeira. Após a deposição do imperador, ficaram claras as diferenças existentes entre os republicanos. A ala militar queria um executivo forte e um regime centralizado, enquanto a aristocracia cafeeira reivindicava o Federalismo que lhes permitiria manobrar as economias estaduais sem a interferência do governo central. Os militares assumiram o poder logo após a deposição do imperador, mas os cafeicultores ganharam a disputa final. O GOVERNO PROVISÓRIO DE DEODORO DA FONSECA ( ) Presidido por Deodoro, o Governo Provisório suspendeu a Constituição de 1824 e passou a governar por meio de decretos-leis. No dia 16, foi banida a família imperial, que deixou o país na madrugada do dia seguinte. Embora unidos na luta contra a Monarquia, os republicanos estavam divididos em relação à forma que deveria adotar o novo regime. Muitos civis queriam a convocação imediata de uma Assembléia Constituinte e a formação de um governo descentralizado e controlado pelo poder Legislativo. Já os militares positivistas desprezavam as eleições e propunham a formação de uma ditadura republicana. A instabilidade política dos primeiros meses levou Deodoro a convocar a Constituinte, em junho de Realizadas as eleições, a Assembléia Constituinte deu início aos seus trabalhos no dia 15 de novembro. Principais medidas tomadas pelo Governo Provisório: Estabeleceu a República federativa como regime político, sob a denominação de Estados Unidos do Brasil; As províncias passaram a se chamar estados; As assembléias provinciais e as Câmaras Municipais foram dissolvidas; Foram nomeados novos governantes para os estados e municípios; Criação da bandeira republicana, com o lema positivista Ordem e Progresso; Concessão da cidadania brasileira aos estrangeiros aqui residentes (o ato ficou conhecido como a grande naturalização); Convocação de uma Assembléia Constituinte; Separação entre Igreja e Estado, instituição do casamento civil e secularização dos cemitérios; Reforma do código penal. A CONSTITUIÇÃO DE 1891 A primeira Constituição da República (a Segunda do Brasil) foi promulgada em 24 de fevereiro de Inspirada na Carta Constitucional norte-americana, instituía a República Federativa como forma de governo e o regime representativo, que permitia à população exercer o poder indiretamente, por meio de representantes escolhidos em eleições diretas. 5 O presidente da República seria eleito por voto direto para um mandato de quatro anos. Eleitores seriam todos os cidadãos do sexo masculino, alfabetizados e maiores de 21 anos. A exigência de alfabetização excluía da vida política a maior parte da população, já que nesse período poucos sabiam grafar o próprio nome. Ainda segundo a Constituição, o primeiro presidente deveria ser indicado pela Assembléia. Foram escolhidos Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto para os cargos de presidente e vice-presidente da República. Seguindo o princípio federativo, a nova Constituição delegava maior autonomia aos estados. Entre as novas atribuições, as unidades da federação ganhavam poderes para elaborar a própria Carta Constitucional, eleger seus governantes e estabelecer impostos sobre suas exportações. O governo central só poderia intervir nos estados para manter a ordem, a forma republicana de governo, fazer cumprir as leis ou enfrentar invasão estrangeira. Deodoro enfrentou dificuldades desde o momento em que assumiu o Governo Provisório. Para comandar a POLÍTICA ECONÔMICA foi nomeado Rui Barbosa, que procurou incentivar a industrialização no país. Para isso, adotou medidas que aumentaram a emissão de papel-moeda e facilitaram o crédito às empresas. Conhecida como encilhamento, essa política provocou inflação galopante e instabilidade no mercado financeiro. Encilhamento (ministro Ruy Barbosa): tentativa de estimular a criação de empresas industriais e comerciais através de uma política emissionista e de empréstimos externos. Acabou gerando um movimento especulativo e a criação de diversas indústrias fantasmas devido a ausência de mecanismos de controle. Em 1891 o país estava no auge da crise financeira. Era grande a especulação na bolsa de valores em conseqüência das facilidades de crédito, da liberdade dos bancos e das emissões exageradas de moeda. A situação provocou a desvalorização da moeda nacional em relação à libra esterlina e a falência de inúmeras empresas, trazendo a perda de grandes capitais e mesmo das pequenas economias investidas nessas empresas. Enquanto isso, acirravam-se as disputas políticas entre civis e militares positivistas. Deodoro, acusado de autoritarismo, entrava em rota de colisão com o poder Legislativo. Em agosto de 1891, o Congresso começou a discutir projeto de lei que diminuía os poderes do presidente. Inconformado, Deodoro dissolveu o Congresso e decretou o estado de sítio a 3 de novembro. A reação dos oposicionistas não demorou muito. A 22 de novembro, os ferroviários da Central do Brasil desencadearam movimento grevista no Rio de Janeiro. No dia seguinte, o almirante Custódio de Melo colocava-se à frente da tripulação de vários navios ancorados na baía da Guanabara, declarandose em rebelião contra o governo. Desgastado, Deodoro acabou por renunciar. Floriano Peixoto assumiu então a Presidência. O GOVERNO DO MARECHAL FLORIANO ( ) (2º governo militar republicano) No governo, Floriano premiou Custódio de Melo com o Ministério da Marinha e reabriu o Congresso. Ao mesmo tempo, colocou políticos paulistas em altos postos. Com o apoio do Partido Republicano Paulista e da população carioca, governou de forma autoritária e atraiu contra si diversos setores políticos e militares. Para completar, estimulou a deposição dos presidentes de estados

6 que haviam apoiado Deodoro. Para o lugar deles, nomeou homens de sua confiança. Em fevereiro de 1893, eclodiu no Rio Grande do Sul a Revolução Federalista. Liderados por um ex-monarquista, Gaspar Silveira Martins, os rebeldes exigiam o afastamento do governador Júlio de Castilhos e a instituição do regime parlamentarista no país. A última exigência atingia diretamente o governo de Floriano. Meses depois, em setembro de 1893, o almirante Custódio de Melo, que se havia afastado do governo por se considerar injustiçado, encabeçou mais uma rebelião, a Revolta da Armada. Os dois movimentos foram duramente reprimidos. Não faltaram fuzilamentos sumários e atos de atrocidade. A Revolta da Armada terminou em abril de 1894, mas a Revolução Federalista se prolongaria até agosto de 1895, quando, já sob a presidência de Prudente de Moraes, um acordo colocaria fim ao conflito. A REPÚBLICA DO CAFÉ-COM-LEITE ( ) Os primeiros anos da República serviram para consolidar o poder econômico e político dos cafeicultores, sobretudo os de São Paulo. Longe de significar mudança na estrutura política, isso representou a permanência das práticas de dominação existentes em todo o país desde o período imperial. O caráter federativo da República acabou por facilitar a hegemonia das oligarquias 1 locais já existentes, que se viram fortalecidas pela autonomia conquistada pelos estados. Muitas vezes, essas oligarquias se organizavam em torno de partidos políticos regionais, como o Partido Republicano Paulista (PRP). Mas em diversas regiões do país, eram os grandes proprietários de terras ou ricos comerciantes que ditavam as regras políticas: era o coronelismo 2. Controlando eleitores, os coronéis garantiam sempre ao seu candidato ampla maioria de votos. Por volta de 1900, foi inaugurada a política dos governadores. Nessa época, o governo federal lançou mão de um mecanismo que dava a ele o poder de confirmar ou rejeitar a posse dos candidatos eleitos nos estados para o Congresso Nacional. Este poder dava ao presidente melhores condições para negociar apoio político. Afinal, só os aliados conseguiam confirmar assento no legislativo nacional. Em compensação, ao se instalar no Congresso, o candidato eleito passava a favorecer também seus correligionários pelos estados. Mais tarde, a partir da gestão do presidente Afonso Pena, teve início a política do café-com-leite, pela qual se revezavam na Presidência da República políticos de São Paulo e de Minas Gerais. A expressão tem uma explicação simples: São Paulo era o maior produtor de café do país, enquanto Minas produzia muito leite. Este acordo dominou a maior parte da história política brasileira entre 1889 e Por isso, esse período é conhecido como República do cafécom-leite ou Primeira República. AS RIQUEZAS DE UM PAÍS RURAL Entre o fim do século XIX e o início do século XX, a exportação de matérias-primas e de gêneros tropicais continuou sendo a principal marca da economia brasileira. Condicionada às variações do mercado internacional, ela passou nesse período por grande expansão. Contribuíram para isso alguns fatores externos, como a expansão do comércio internacional, o aumento da população mundial sobretudo norteamericana, grande consumidora de café -, a industrialização e o desenvolvimento dos transportes. Fatores internos também concorreram para o crescimento da economia nacional. Dentre eles, a mudança no regime de trabalho, 1 Oligarquia: governo formado por pequeno grupo de pessoas pertencentes a um mesmo partido ou família. Esse grupo se perpetua no poder, impedindo a alternância no governo por meios autoritários e antidemocráticos. 6 com o fim da escravidão e o afluxo de imigrantes. Mas nem tudo era expansão e enriquecimento no país. Na verdade, a ênfase na exportação de produtos tropicais provocou a diminuição da produção de gêneros alimentícios para consumo interno. Na época, a compra de alimentos do exterior chegou a representar 30% da importação total do país. Outro efeito negativo foi o endividamento externo. A dívida externa entre 1890 e 1910 chegou a triplicar; em 1930 passava de 250 milhões de libras. A excessiva dependência em relação aos produtos primários destinados à exportação deixava a economia vulnerável às flutuações do mercado internacional. O CAFÉ DOMINA A ECONOMIA O mais importante produto brasileiro teve a decisiva contribuição do braço imigrante para chegar a representar 70% do comércio internacional do país. São Paulo, na época o maior produtor de café do país, recebeu cerca de 2 milhões de imigrantes entre 1889 e Nem todos acabaram nas lavouras de café. Muitos foram para os centros urbanos, dinamizados em grande parte pelos recursos e capitais gerados com a produção e exportação do café. A atividade cafeeira sempre foi pontilhada por crises. O aumento da procura internacional provocava a elevação da exportação, assim como do preço do produto. Isso fazia com que novos agricultores cultivassem café. Com o aumento da produção, passava a existir desequilíbrio entre oferta e procura. Em conseqüência, havia superprodução e os preços caíam, levando a economia nacional à crise. Com o tempo, o governo passou a intervir na produção e na venda do café; o preço do produto passou a ser então resultado de uma política deliberada do governo, que representava os interesses dos fazendeiros. Em 1895, quando uma superprodução fez os preços internacionais despencarem, apareceram os primeiros estudos destinados a evitar futuros prejuízos. Mas a solução começaria a surgir em 26 e 27 de fevereiro de 1906, quando os governantes de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais firmaram o CONVÊNIO DE TAUBATÉ (cidade paulista). Esse acordo foi aceito pelo governo federal e sua aplicação representou a primeira intervenção estatal para valorizar um produto, em benefício de um grupo social, os cafeicultores. Em síntese, o Convênio implementou as seguintes medidas: garantia de preços mínimos para os produtores; criação de dificuldades para a exportação de café inferior ao tipo 7, que deveria ser consumido no país; organização de serviço perma-nente de propaganda do café, impostos elevados para dificultar a ampliação das áreas de cultivo; compra e retenção, pelo governo, das sobras de exportação para impedir a queda dos preços. Para financiar tais medidas, o governo poderia solicitar empréstimos no exterior, até o limite de 154 milhões de libras esterlinas. Com o objetivo de valorizar o produto, o governo retirou do mercado em quatro anos, oito milhões e meio de sacas de café. Mas a retração dos mercados internacionais por causa da primeira Guerra Mundial ( ) provocou nova crise. O equilíbrio foi restabelecido apenas com uma forte geada em 1918, que destruiu parte dos cafezais paulistas e reduziu a safra. Novas crises iriam acontecer. Em 1924 foi criado o Instituto Brasileiro do Café(IBC), com poderes para reter a produção sem limites de quantidade. Era uma tentativa de resolver o problema definitivamente, mas este perdurou, arrastando o país a uma crise ainda mais séria a partir de Assim, de crise em crise, a economia brasileira seguiria, por muito tempo, dependendo do café e dos mercados internacionais.

7 ATIVIDADES INDUSTRIAIS Nos primeiros anos de República, o número de fábricas cresceu cinco vezes, passando de pouco mais de 600 em 1889 para 3258 em Um terço delas ficava no Distrito Federal. Outro terço se dividia entre São Paulo e Rio Grande do Sul. O setor têxtil ocupava o primeiro lugar, seguido pelo alimentício. Na década de 1920, impulsionado pelas riquezas do café, São Paulo se tornaria o maior centro industrial do país, com cerca de 40% da produção. Para isso colaborou também a mão-de-obra imigrante. Em 1901,começou a funcionar a primeira usina elétrica paulista, financiada por capitais ingleses, belgas e franceses. Mas foi a Primeira Guerra Mundial que deu à indústria seu primeiro grande impulso. Dos estabelecimentos existentes em 1920, pouco menos da metade tinha sido fundada durante o conflito. É que com a guerra muitos produtos pararam de chegar ao país e acabaram substituídos pela produção nacional. Ao mesmo tempo, os países litigantes precisavam de mais e de mais alimentos, estimulando novas indústrias, como a de carne congelada. O Brasil, que nem vendia o produto antes da guerra, exportou mais de 60 mil toneladas de carne em Em 1920, o setor alimentício passou a ocupar o primeiro lugar na produção nacional. OS MOVIMENTOS SOCIAIS NA PRIMEIRA REPÚBLICA A principal marca da vida política durante a República do café-com-leite foi a completa ausência da participação democrática dos cidadãos na condução dos negócios públicos. Controlados pelos coronéis e pelas oligarquias, os partidos não constituíam canais para essa participação. Desse modo, as insatisfações da sociedade não encontravam válvulas de escape nem vias de acesso até os centros políticos de decisão. 1. MISTICISMO E REVOLTA O Brasil republicano guardava muitas semelhanças com o período imperial. Grande parte da população vivia em estado de extrema pobreza, sem terra, com baixos salários e sem garantias de vida. No Nordeste, a situação era pior. Calamidades naturais agravavam a miséria decorrente da excessiva concentração de terras, o latifúndio. A violenta seca entre 1877 e 1879 matou 300 mil nordestinos. Muitos se uniam para saquear e assaltar, formando bandos de cangaceiros. Outros se reuniam em torno de beatos para esquecer os males deste mundo ou mesmo lutar contra as autoridades. Embora alguns dos beatos fossem manipulados por coronéis, muitos acabaram massacrados pelas oligarquias e pelas forças do governo A GUERRA DE CANUDOS Cearense de nascimento, Antônio Vicente Mendes Maciel, o futuro Antônio Conselheiro, foi educado para seguir carreira religiosa. Seu pai, pequeno comerciante, morreu em Com 29 anos de idade, teve então de abandonar os estudos para assumir os negócios do pai. Inapto para a atividade, abandonou o comércio e passou a perambular pelo sertão. Em fins da década de 1860, transferiu-se para o norte da Bahia, onde começou sua pregação religiosa. Reuniu ali número crescente de fiéis, muitos expulsos de suas terras pelos coronéis. Em 1893, Antônio queimou em Bom Conselho, Bahia, os editais de cobrança de impostos municipais, determinada pelo governo federal. Perseguidos pela polícia, ele e seus seguidores se refugiaram em Canudos, onde construíram o arraial de Belo Monte. De 1893 a 1897, cerca de 30 mil sertanejos viveram nessa comunidade. Diante da miséria em que vivia a população do sertão, esse lugar representava uma alternativa de vida: lá os pobres do campo encontravam conforto espiritual e condições para seu 7 sustento. Ali não existia latifúndio nem opressão do coronel. A população do arraial dedicava-se às culturas de subsistência, ao artesanato e à construção de casas. Com o tempo, Canudos passou a representar uma ameaça para as oligarquias da região. Sua vida igualitária atraia para o povoado a mão-de-obra superexplorada pelos latifundiários, o que provocava a queda da influência dos coronéis sobre a população local.o governo lançou contra ele nada menos que quatro expedições militares. A primeira, com cem homens, foi vencida facilmente em novembro de 1896, por cerca de mil seguidores de Conselheiro. A Segunda expedição reunia 550 soldados e entre outras armas dois canhões e duas metralhadoras. Partiu triunfalmente e voltou arrasada, perdendo mais de cem soldados. No Rio de Janeiro, o presidente Prudente de Morais autorizou a formação de nova expedição. Á frente de soldados, estava o coronel Moreira César. Em março de 1897, a expedição caiu numa emboscada. Moreira César foi morto e 800 de seus soldados bateram em retirada. O governo federal mobilizou então 5 mil homens, comandados pelo general Artur Guimarães. Preparou-se a opinião pública: o exército iria salvar a República. A 24 de setembro de 1897, Canudos estava cercada. Os combates duraram até o dia 5 de outubro, quando então a cidade sucumbiu diante da superioridade bélica do inimigo A GUERRA DO CONTESTADO Ocorreu em uma região de litígio entre os estados do Paraná e Santa Catarina. Daí o nome de Guerra do Contestado. Envolveu cerca de 20 mil sertanejos e durou quatro anos, de 1912 a 1916, com combates quase ininterruptos. O problema de terras era grave na região. Os coronéis pressionavam os agregados 3 a saírem das fazendas e estabelecerem-se por conta própria, apesar de quase não existirem na região terras disponíveis. Além disso, havia a ferrovia São Paulo-Rio Grande do Sul, cuja construção tinha sido concedida ao empresário norte-americano Percival Farquhar, dono da Brasil Railway Company. Na região, havia diversos pregadores religiosos, beatos e profetas populares. Embora fossem conhecidos como monges, não tinham ligação com a Igreja. Por meio deles, a inquietação popular se manifestou. O mais conhecido dos monges foi José Maria, que morreria logo no começo do conflito. José Maria era contra a República, que considerava a lei do diabo, porque via nela a razão dos sofrimentos infligidos à sua gente. Seus seguidores fundaram várias aldeias fora do controle das autoridades. Temerosos de que o exemplo frutificasse, os governos estaduais, e mais tarde o governo federal, lançaram contra elas várias expedições militares. Os habitantes passaram então à resistência armada. As lutas se prolongariam até Nelas, as forças do governo se valeram dos mais modernos armamentos contra combatentes munidos de facões, foices e armas rudimentares. Saldo final: 20 mil mortos, entre os quais crianças, mulheres e velhos. 2. A INQUIETAÇÃO URBANA Enquanto no campo os líderes religiosos captavam parte das insatisfações populares, nas cidades a revolta assumia formas diversas. Uma delas era a explosão espontânea, como a Revolta da Vacina ocorrida no Rio de Janeiro, em Outra era a rebelião, como a dos marinheiros que eclodiu em 1910 na capital federal. 3 Agregado ou morador: trabalhador rural que mora em terreno cedido pelo dono da terra, prestando-lhe serviços em troca de pequeno salário.

8 2.1. A REVOLTA DA VACINA Tudo começou quanto o governo, alegando razões de saúde pública, começou a invadir as casas de habitantes do Rio de Janeiro para combater focos de mosquitos. Sem conseguir explicar claramente que os mosquitos transmitiam febre amarela, as autoridades não consultavam os cidadãos. A privacidade dos lares era simplesmente invadida. Na chefia da Saúde Pública do Rio de Janeiro estava um jovem médico de nome Osvaldo Cruz. Nessa época, a capital federal passava por profunda remodelação. As moradias populares da região central davam lugar a largas avenidas. Conhecida como Revolta da Vacina, a rebelião teve em sua origem outros inúmeros fatores, tais como a carestia e o desemprego, decorrentes da política econômica; a falta de democracia; as obras de modernização da cidade, com a conseqüente demolição de cortiços, desabrigando milhares de pessoas humildes. Para contornar a revolta, o governo desencadeou uma repressão indiscriminada. Milhares de pessoas foram confinadas em cadeias. Centenas acabaram enviadas para o Acre; as que sobreviveram à viagem foram submetidas a trabalhos forçados nas obras de construção da estrada de ferro Madeira - Mamoré, que também consumia centenas de vidas ao tentar romper a floresta Amazônica A REVOLTA DA CHIBATA Com a Proclamação da República, os castigos corporais foram abolidos da Marinha. Mas um ano depois estavam de volta. Faltas leves eram punidas com prisão na solitária, a pão e água. Faltas graves, com 25 chibatadas. Em 22 de novembro de 1910, sob a liderança de João Cândido, os marinheiros se revoltaram. Eles assumiram o controle de navios da Marinha de Guerra fundeados na bahia de Guanabara. Mataram alguns oficiais que resistiram ao movimento e passaram a exigir, principalmente, o fim dos castigos corporais. Para pressionar, ameaçavam bombardear o Rio de Janeiro, sede do governo. Temeroso, o presidente Hermes da Fonseca aboliu os castigos e concedeu anistia aos revoltosos. Estes depuseram as armas e entregaram os navios aos oficiais, a 26 de novembro. Dois dias depois, o marechal baixou decreto excluindo-os da Marinha por indisciplina. A 4 de dezembro, foram presos 22 marinheiros. No dia 9, o governo decretou estado de sítio, prendendo mais de uma centena de rebeldes. Muitos dos envolvidos morreram nas prisões. Dezesseis, de sede, calor e sufocamento em cela subterrânea na ilha das Cobras; nove, fuzilados durante viagem que conduzia 105 desterrados para a Amazônia. João Cândido sobreviveu à ilha das Cobras e foi internado como louco no Hospital dos Alienados O MOVIMENTO OPERÁRIO Em 1907, havia no Brasil cerca de 50 mil operários. Boa parte deles estava distribuída pelas fábricas existentes. Mas muitos eram ferroviários, portuários, trabalhadores da construção civil, padeiros, sapateiros, etc. no início do século, o Rio de Janeiro concentrava o maior número de fábricas, seguido por São Paulo, que só assumiria a liderança industrial do país pouco antes de Muitos desses trabalhadores urbanos eram imigrantes, sobretudo italianos, espanhóis e portugueses. Os imigrantes traziam da Europa idéias que a ordem oligárquica considerava subversivas. Com efeito, no Velho Mundo, o socialismo, o comunismo e o anarquismo estavam em alta no movimento operário: idéias inaceitáveis aos governantes da Primeira República. Em síntese, os operários exigiam justiça social, que se traduzia num primeiro momento em melhores salários, jornada de 8 oito horas de trabalho, direito a férias, proibição do trabalho infantil, proibição do trabalho noturno para as mulheres, aposentadoria, assistência médico-hospitalar, etc. Na luta por esses direitos, muitos julgavam que só haveria justiça com a transformação radical da sociedade, que deveria deixar de ser capitalista, baseada na propriedade privada, para ser socialista, fundada na propriedade coletiva dos meios de produção. Isso só seria conquistado por meio de uma revolução que destruísse o Estado burguês. Era, pelo menos, o que apregoavam os anarquistas. A greve sempre foi um recurso utilizado pelos trabalhadores para conquistar seus direitos. Em 1907, por exemplo, os operários de São Paulo fizeram uma greve geral pela jornada de oito horas. O movimento grevista mais importante ocorreu em Começou em São Paulo, que era a cidade onde havia o maior número de ativistas anarquistas. A polícia matou um jovem trabalhador e isso foi o estopim para uma greve geral e grandes passeatas no centro da cidade. Os operários levantaram barricadas no bairro do Brás e houve tiroteios durante vários dias. Em seguida, o movimento se propagou por todo o país. Como resultado da influência da Revolução Russa, foi fundado, em 1922, o Partido Comunista do Brasil (PCB). Entretanto, a maior influência no movimento sindical brasileiro continuaria a ser ainda por algum tempo o anarquismo. Para se ter uma idéia dessa influência, basta dizer que durante a Primeira República circularam 334 jornais anarquistas em todo o país. 3. O TENENTISMO O tenentismo foi um movimento que surgiu na década de 1920 entre oficiais militares, principalmente jovens tenentes e capitães. Eles queixavam-se de que o exército se encontrava abandonado, sem material, e de que o governo só lhe atribuía missões humilhantes, como depor governadores que não se enquadravam na política dominante. Os tenentes queriam moralizar a vida política brasileira, pôr fim à corrupção eleitoral. Queriam deixar de ser jagunços das oligarquias. Tinham idéias progressistas e ao mesmo tempo conservadoras: pregavam o voto secreto e a reforma do ensino, mas achavam que os militares eram os únicos capazes de salvar a pátria, pois a população era despreparada e inculta. Desde o final do século XIX pode-se perceber um movimento no interior do exército promovido pelos militares florianistas, que consi-deravam o exército como o verdadeiro responsável pela implantação da República no país. Essa tendência reforçou o sentimento de corpo dos militares que, a partir do governo de Prudente de Morais, passaram a ocupar um lugar secundário na política nacional. Sem poder político efetivo, porém organizados dentro de uma instituição centralizada, parte dos militares enxergava a república se corromper pelos políticos civis, que haviam se apropriado do poder. Apesar desse sentimento de corpo e a uma certa oposição a política desenvolvida pelos coronéis, não foi o exército como um todo que participou das rebeliões que ocorreram na década de 20. O movimento armado foi organizado principalmente pelos tenentes e contou com a simpatia e a participação de elementos da baixa oficialidade (sargentos, cabos e soldados) enquanto que a cúpula militar se manteve fiel a ordem. O Tenentismo é, assim, completamente superado, pois suas antigas propostas são esvaziadas através das conquistas da nova Constituição. As oligarquias conservadoras estão garantidas e restauradas no poder e os "direitistas" satisfeitos com o poder do Estado, regulador das tensões A COLUNA PRESTES

9 No inicio de abril de 1925, as forças gaúchas comandadas pelo capitão Luís Carlos Prestes se uniam com as tropas que fugiam de São Paulo. Os dois grupos haviam participado das rebeliões do ano anterior, mantiveram focos de resistência e procuravam manter e fortalecer sua organização, para retomar a luta pelo grande ideal: Salvar a Pátria. Depois de convencer os líderes paulistas da possibilidade da vitória contra o governo e as tropas fiéis a ele, Prestes iniciou a longa marcha afastando-se do país. A coluna atravessou o Paraguai no final de abril e voltou ao país através do Mato Grosso. Do Mato Grosso, passando por Goiás, a coluna dirigiu-se para o Nordeste, atingindo o Estado do Maranhão no mês de novembro de 1925, chegando logo depois a ameaçar diretamente a cidade de Teresina. Na região nordeste os rebeldes percorreram praticamente todos os estados, chegando a ameaçar efetivamente a cidade de Teresina. Em todos os momentos a maior resistência virá das forças arregimentadas pelos coronéis. Em fevereiro de 1927 a Coluna Prestes estava reduzida a pouco mais de seiscentas pessoas mal armadas e esgotadas pela grande marcha. Seus líderes decidiram, então, se refugiar na Bolívia. Algum tempo depois, Luis Carlos Prestes entraria em contato com o marxismo, ao qual se converteria em O FIM DA REPÚBLICA VELHA Washington Luis, o último governante da república velha, assumiu o governo enfraquecido e já sem contar com o apoio amplo das oligarquias regionais, que haviam sido o sustentáculo político do regime. Temendo a oposição das oligarquias regionais, procurou compor o seu governo contando com o apoio de líderes políticos de estados como o Rio Grande do Sul, onde Washington Luis buscou o apoio de Getúlio Vargas para o seu ministério. A QUESTÃO SUCESSÓRIA O rompimento da aliança de São Paulo com Minas deu-se quando os paulistas ao invés de indicarem um político mineiro para a sucessão de Washington Luis, indicaram Júlio Prestes, político paulista ligado ao setor dos cafeicultores. A ruptura do acordo determinou a formação da Aliança Liberal, envolvendo os governos do Rio Grande do Sul, Paraíba e Minas Gerais que lançaram a candidatura de Getúlio Vargas à presidência da república. A derrota da Aliança Liberal e a acusação de fraude praticada pelos paulistas na eleição, foi o estopim para o início da Revolução de 30. Tropas do Rio Grande do Sul marcharam em direção ao Rio de Janeiro. No Nordeste, a a rebelião teve à frente Juarez Távora. O presidente esboçou uma resistência, mas foi deposto em 24 de outubro. Externamente, a superprodução de 1928 e A CRISE MUNDIAL DE 1929 (que levou ao desastre econoômico a Bolsa de Valores de Nova Iorque) foram a gota dágua para pôr fim ao modelo agrário-exportador e ao estado oligárquico. A maioria dos cafeicultores e outros setores ligados à exportação tiveram inúmeros prejuízos. O FIM DA REPÚBLICA OLIGÁRQUICA: revolução de Em 1929, ocorreu a GRANDE DEPRESSÃO CAPITALISTA que desestruturou de vez a política do café com Leite. Nas eleições de 1930, SP trai MG e lança a candidatura de Júlio Prestes. MG, Pb e RS formam a aliança liberal e lançam Getúlio Vargas. Vargas foi derrotado mas acaba iniciando uma revolução com apoio dos tenentes (o assassinato de João Pessoa, candidato a vice na chapa de Getúlio, é considerado a causa imediata do movimento). A revolução significou a passagem de um Brasil arcaico para um país moderno. O estado, a partir de 1930, não seria mais controlado por oligarquias. Ele passaria a ter a função de árbitro dos diversos interesses dentro da sociedade brasileira. A REVOLUÇÃO DE 30 E A ERA VARGAS GETÚLIO DORNELLES VARGAS O GOVERNO PROVISÓRIO ( ) Naturalmente, a ascensão de Vargas ao poder acarretou a suspensão da Constituição de O novo governo governaria doravante por meio dos decreto-leis (atos do executivo com força de lei), já que todos os órgãos legislativos foram dissolvidos. Foram nomeados interventores para os Estados, reorganizando o poder em cada ente federado. A União passou a dispor de dois novos ministérios: o do Trabalho, Indústria e Comércio, e o de Educação e Saúde. A estrutura do poder judiciário também foi alterada, sendo criadas as justiças especializadas do Trabalho, Eleitoral e a Militar. Com vistas a solucionar a grave crise no setor cafeeiro devido à superprodução, o governo foi obrigado a queimar sacas de café. A idéia era manter o preço em cotações mínimas. Cumpre destacar que, a despeito da industrialização por que o Brasil passou nas décadas de 30 e 40, até a década de 50 o café continuou sendo nosso principal produto. No entanto, a protelação de uma Constituição para o país e a insatisfação com o interventor do Estado de São Paulo geraram a Revolução Constitucionalista de 1932, que compeliu Vargas à convocação de uma Constituinte. As eleições da Constituinte se realizaram, possuindo um grande contingente de representantes as antigas oligarquias, apesar de em número menor estarem representantes classistas eleitos por sindicatos. CARACTERÍSTICAS DA CARTA CONSTITUCIONAL DE 1934: Poder executivo com direito de intervenção nas áreas política e econômica. O cargo de Vice-presidente foi extinto; As mulheres passaram a ter direito a voto; Voto secreto universal. Havia deputados eleitos indiretamente por sindicatos (deputados classistas); Onda de nacionalismo (limitação a imigração, nacionalização de empresas de seguros, do subsolo nacional) e das comunicações (restrito inicialmente à imprensa); Estabelecimento da Justiça Trabalhista, concedendo os primeiros direitos trabalhistas; Criação da Justiça Eleitoral (garantindo a lisura das eleições) e da Justiça Militar; Eleições indiretas para o 1o. Presidente constitucional. Eleição pelo congresso de Getúlio Vargas. Vargas visava com seu governo a unir os inúmeros setores que o apoiaram, formando um governo de coalizão, uma vez que nenhuma das forças políticas obtinha poder suficiente para assumir o controle isoladamente. Foi o chamado "Estado de Compromisso". O GOVERNO CONSTITUCIONAL DE GETÚLIO VARGAS ( ) A partir de 1934, crescem no Brasil duas tendências políticas. A primeira delas era o nazi-fascismo; a segunda, o socialismo marxista. Ambas criticavam o Estado burguês-liberal e a "democracia" por ele desenvolvida. Contudo elas possuíam diferenças inconciliáveis. Convém destacar a importância desses dois grupos políticos para nossa História, já que foram os primeiros grupos surgidos imbuídos de uma ideologia, superando os projetos pretéritos, puramente regionalistas. 9

10 AIB (AÇÃO INTEGRALISTA BRASILEIRA), O fascismo brasileiro (Integralismo), foi criado por Plínio Salgado em Preconizava a criação de um Estado ditatorial ultranacionalista e anticomunista. Este fascismo caboclo impressionava a classe média, o alto clero e parcelas reacionárias da sociedade em geral. Seu lema era a trilogia "Deus, pátria e família". Os membros ativos da AIB usavam uniformes verdes, o sigma grego que parece um "E" como logotipo do partido e uma saudação ("Anauê!"), como a dos nazistas. Criam no "Estado integral", uma ditadura de partido e chefe únicos. Os integralistas alimentavam o sonho de atingir o poder com o apoio de Vargas. ANL (ALIANÇA NACIONAL LIBERTADORA) Congregava as oposições a Vargas, tendo uma linha discretamente socialista marxista. A ANL opunha-se a todos os totalitarismo de direita, preconizava a criação de um Estado democrático, popular, o cancelamento do pagamento da dívida externa, a efetuação de uma reforma agrária e a nacionalização das empresas estrangeiras. O crescimento da ANL, sob o comando de Luís Carlos Prestes, incomodava as elites dirigentes e as que sonhavam com o poder (a AIB, por exemplo). Vargas, pressionado pelas oligarquias, inicia a repressão aos membros da ANL, obrigando-os a agir na clandestinidade. O Partido Comunista do Brasileiro que se associara à ANL opta pela revolução armada para tomar o poder. Um levante difuso, heterogêneo, mal planejado, mal executado, ao final de novembro de 1935 é sufocado por Getúlio, que decreta estado de sítio. O levante é conhecido com o nome de Intentona Comunista. O estado de sítio se prolonga até o ano seguinte. Toda a oposição de esquerda foi violentamente reprimida. NO PLANO ECONÔMICO, Vargas era um tanto nacionalista, evitando ao máximo a entrada de capital estrangeiro. Foi nesse período também que aumentou sobremodo a intervenção estatal na economia. O Estado participava como planejador econômico. Posteriormente, durante o Estado Novo, o Estado passou a ter grandes empresas e a participar da economia não só por meio do planejamento, mas também como um investidor. No início de 1937, as várias correntes políticas iniciam a movimentação para as eleições à presidência. São lançados candidatos: Armando Sales (oligarquias paulistas), José Américo de Almeida (paraibano, apoiado pelos "getulistas") e Plínio Salgado (forças de ultradireita). No entanto, ninguém conta com o apoio concreto de Vargas, e por um motivo simples: ele não queria sair da presidência. Para tanto, contava com o apoio dos grupos dominantes conservadores (temerosos do comunismo), dos integralistas (defensores de um Estado forte) e de militares, como o Ministro da Guerra (Eurico Gaspar Dutra), o chefe do Estado-Maior (Goes Monteiro) e o Secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro (Filinto Muller). Para dar mais "veracidade" à necessidade de um golpe, o governo forjou um plano mirabolante, pelo qual os comunistas tomariam o poder: era o Plano Cohen. Neutralizadas as oposições de esquerda (desde 1935 abatidas), não foi difícil para Vargas esvaziar a resistência liberal. A 10 de novembro de 1937, pretextando a "salvação nacional" contra o perigo comunista, o Congresso foi cercado, a resistência liberal dominada e uma Constituição outorgada, a Polaca (redigida por Francisco Campos). Começa aí a segunda fase do governo Getúlio Vargas, o Estado Novo. O ESTADO NOVO 0 GOVERNO DITATORIAL DE GETÚLIO VARGAS ( ) Após a implantação do Estado Novo, ou seja, um segundo golpe de Estado, Getúlio Vargas continuou na presidência, desta 10 vez ditatorialmente. O período do Estado Novo foi, a um só tempo, de grande avanço nas políticas sociais e econômicas, sobretudo devido à implantação de uma ampla legislação trabalhista - para os trabalhadores urbanos - e de apoio à industrialização, e de expressivo retrocesso em termos de liberdade política, como a extinção dos partidos políticos, a censura e a repressão. Para centralizar o controle da burocracia oficial, Getúlio Vargas criou, em 1938, o Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP). Este foi responsável pela profissionalização da carreira de servidor público, constituindo grande avanço para o país. Os cargos passaram a ser escolhidos de acordo com critérios técnicos, e não por indicações políticas. Em 1939, criou o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), com a tarefa de divulgar as ações do governo - sobretudo na Hora do Brasil - e controlar ideologicamente os meios de comunicação. Esse foi principal sustentáculo do regime, responsável pela censura e pela propaganda governamental. Sindicatos - Para controlar e fiscalizar o sindicalismo operário, foram ampliados os serviços estatais de aposentadoria, criados em 1940, o imposto sindical e o salário mínimo, e posta em vigor a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), em Ao lado dessa política de concessões aos trabalhadores - auxílionatalidade, salário-família, licença para gestante, estabilidade no emprego (após 10 anos), descanso semanal remunerado - extinguiu-se o direito de greve e a independência dos sindicatos, os quais passaram a ser dirigidos por "pelegos", falsos líderes sindicais ancorados no governo. NO CAMPO ECONÔMICO, Getúlio Vargas avançou no controle estatal das atividades ligadas ao petróleo e a combustíveis por meio da criação do Conselho Nacional do Petróleo, em Estimulou a indústria de base com a fundação da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) de Volta Redonda, no Rio de Janeiro, em 1941, e obteve financiamento norte-americano para instalação da Fábrica Nacional de Motores, no Rio de Janeiro, em Inaugurou, também, a Companhia Vale do Rio Doce, com o fito de explorar minérios. A fim de contribuir com a formação de mão-de-obra especializada para o setor industrial, instalou o Serviço Nacional da Indústria (Senai), em 1942, e o Serviço Social da Indústria (Sesi), em Convém assinalar a diminuição da influência inglesa na economia nacional durante o período varguista, sendo essa substituída pela presença crescente do capital norteamericano. Houve significativo crescimento no número de indústrias nacionais durante o período da II Guerra Mundial. Fenômeno semelhante já havia sido observado durante a I Grande Guerra, mas dessa vez foi mais expressivo. Cumpre lembrar, ainda acerca da economia nacional, a substituição dos velhos mil-réis pelo Cruzeiro, fato ocorrido em Por fim, convém esclarecer, que os direitos trabalhistas de que muito se vangloriam os varguistas ficaram restritos aos trabalhadores urbanos. A estrutura fundiária brasileira, causa de boa parte de nossas problemas ainda hoje, permaneceu inalterada durante todo o governo Vargas. Ele limitou-se a transferir capitais para as indústrias, mantendo a exploração secular dos trabalhadores rurais. O BRASIL E A II GUERRA MUNDIAL A participação do Brasil no esforço de guerra dos Aliados deveuse principalmente à pressão norte-americana, embora Getúlio tivesse certa simpatia pelos governos fascistas. O governo varguista negociou a entrada brasileira na Guerra em troca de financiamento para seus projetos econômicos. Em 1942, o Brasil rompeu relações e declarou guerra aos países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão). Em 1944, FEB

11 (Força Expedicionária Brasileira) foi enviada, participando efetivamente da II Guerra Mundial. Ao término da Guerra, tornou-se insustentável a realidade brasileira: externamente luta pela democracia; internamente mantém uma ditadura. Getúlio foi obrigado, pois, a redemocratizar o país. A incipiente oposição foi surpreendida pela antecipação de Vargas nessa direção. Seus primeiros atos foram a convocação de eleições, decretação de anistia a presos políticos e liberdade partidária e de imprensa. Surgiram 16 novos partidos, dos quais se destacavam a UDN (a oligarquia antigetulista e americanizada), o PSD (grandes proprietários rurais e a burguesia urbana que apoiava Vargas), o PTB (representava o populismo varguista, baseado no paternalismo sindical) e o PCB (fundado em 1922, mas posteriormente cassado). Vargas, porém, alimenta o desejo de continuar no governo. Decreto populista como a "lei Malaia", antiimperialista e nacionalista foi promulgado.criou, ainda, o MUT (Movimento de Unificação dos Trabalhadores) para apoiá-lo. Surgiu o "Queremismo", movimento defensor da convocação de uma constituinte com Vargas. Surpreendentemente esse movimento foi apoiado até pelos comunistas. As oposições, desconfiadas das intenções getulistas, movimentaram-se juntamente à cúpula militar e articulam o golpe de 29 de outubro de Os ministros militares destituíram Getúlio Vargas e passaram o governo ao Presidente do Supremo Tribunal Federal, José Linhares, até a eleição e posse do novo Presidente da República, o general Dutra, em janeiro de A REPÚBLICA LIBERAL-CONSERVADORA - ( ) EURICO GASPAR DUTRA ( ) Eurico Gaspar Dutra havia sido ministro da Guerra do governo de Getúlio Vargas e foi por este apoiado nas eleições. Isso demonstra a forte influência que Getúlio mantinha sobre a maior parcela da população nacional. Dutra (PTB e PSD) venceu as eleições contra Eduardo Gomes, candidato da UDN, e Yedo Fiúza, do PCB. dos representantes eleitos pela sigla, obrigando os comunistas a agirem novamente na ilegalidade. Abriram-se as portas da economia brasileira a inúmeras importações norte-americanas (bens supérfluos e obsoletos) e o Cruzeiro foi desvalorizado, para tentar evitar o crescimento excessivo das importações. A ala nacionalista do partido fez cerrada campanha contra o governo, obrigando-o a recuar um pouco no seu entreguismo (1947). Entretanto, as oligarquias industriais, a fim de garantir o acúmulo de capitais, exigiam o congelamento do salário-mínimo. Isso provocava, é claro, greves permanentes cuja responsabilidade era imputada aos comunistas. Mais de 100 sindicatos sofreram intervenção governamental com o intuito de encurralar o movimento popular. GETÚLIO DORNELLES VARGAS ( ) Não foi difícil para Getúlio convencer o eleitorado de que ele era a solução. Setores dissidentes (maioria) do PSD e todo o PTB apoiaram a candidatura do "pai dos pobres", como era conhecido Getúlio, que derrotou Eduardo Gomes (UDN) e Cristiano Machado (candidato oficial do PSD, sem apoio do próprio partido, além de não ter a mínima expressão política). Contudo, para o legislativo, o PSD foi novamente o grande vencedor. As marcas do governo Vargas são, irrefutavelmente, o populismo e o nacionalismo. Getúlio tentou conciliar o inconciliável: NO PLANO INTERNO, desenvolver uma indústria nacional, através de um acúmulo de capital; NO PLANO EXTERNO, criar uma economia independente do capitalismo internacional, agora sob a liderança norte-americana. Nacionalismo - No primeiro ano de seu governo, Getúlio denunciou a espantosa remessa de lucros das empresas estrangeiras para suas matrizes, uma terrível sangria para a economia nacional. Por conta disso, foi aprovada a Lei de Remessas de Lucro, aprovada em 1952, obrigando as empresas multinacionais a reinvestirem no mínimo 10% de seu lucro líquido. CONSTITUIÇÃO DE Primeiramente, deve-se destacar a promulgação de uma nova Constituição, cujos traços principais foram o retorno da democracia, assegurando mandato presidencial de 5 anos, eleições diretas e a manutenção de inúmeros direitos trabalhistas conquistados ao longo da Era Vargas. No plano interno, o general Dutra pretendeu acatar os objetivos de interesse da classe dominante. O Estado Novo de Vargas havia sido adequado à burguesia para uma acumulação primitiva de capital. Depois disso, já fortalecido, o Estado tornou-se um obstáculo, e a burguesia passou a querer participar mais de perto nas decisões governamentais. Ações Internas - Caracterizou o governo Dutra: redução da intervenção do Estado na economia (a pedido da UDN); aperfeiçoamento da assistência estatal nos setores de saúde, alimentação, transporte e energia (o plano SALTE, a pedido do PSD e do PTB); a adoção de uma política econômica liberalizante, de forma a facilitar o acúmulo de capital às custas de baixos salários, e a expansão das empresas estrangeiras. Esta última medida trouxe reflexos funestos para a economia nacional, de vez que esgotaram-se as reservas cambiais adquiridas ao longo da II Guerra Mundial. Política Externa - O general alinhou-se com os norteamericanos na Guerra Fria, enquadrando-se na divisão mundial entre os blocos capitalista e socialista. Romperam-se relações com a URSS, e o PCB teve seu registro de funcionamento cassado, bem como cassados foram os mandatos 11 Ao mesmo tempo, desenvolveu uma política nacionalista, o que fez o Presidente norte-americano cancelar certos empréstimos prometidos anteriormente. Apesar disso, Vargas realizou a expansão da Siderúrgica Nacional, a criação da hidrelétrica de Paulo Afonso, a fundação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico, a Eletrobrás entre outras coisas. Os trabalhadores eram manejados a fim de acreditarem que o desenvolvimento os beneficiaria diretamente, o que apavorava os setores mais tradicionais. Além disso, a tolerância do governo para com os partidos de esquerda inquietava os militares, alinhados com os norte-americanos e receosos do "perigo vermelho": uma nova fobia iria de agora em diante justificar quaisquer golpes... A reorganização dos sindicatos pelo Ministro do Trabalho, João Goulart, à sombra do peronismo argentino, tornou intolerável aos setores mais à direita qualquer apoio ao Presidente. PLANO LAFER-O ponto central do governo, no entanto, foi o Plano Lafer-do ministro Horácio Lafer-, que PRIORIZAVA OS SEGUINTES SETORES: ENERGIA, TRANSPORTE E INDÚSTRIA DE BASE. EM 1953, SURGE A PETROBRÁS, frustrando as multinacionais do petróleo em explorar o combustível fóssil do nosso solo e não obstante as crescentes pressões do governo norte-americano. Neste mesmo ano, o ritmo da industrialização nacional entrou num impasse: para crescer precisava de recursos, internos e externos. Internos, com a expansão do crédito, financiamento, arrocho salarial e, infelizmente, inflação. Externamente, com a facilitação das importações, redução das taxas de câmbio e aproximação dos EUA. Se por um lado isso beneficiava a burguesia industrial e a

12 agricultura agroexportadora (a minoria dominante), por outro prejudicava sobremodo a classe média, as massas operárias e o povo em geral. Dessa maneira, os trabalhadores, desrespeitando o pacto de aliança com o governo, entraram em greve geral durante 29 dias. Trezentos mil operários paulistas exigiam aumento salarial. O temor da classe dominante era que Vargas perdesse o controle do movimento sindical. Outros atritos surgiram com o governo dos EUA. O principal deles decorreu da renúncia brasileira em enviar tropas para a Guerra da Coréia, foco da Guerra Fria. Em represália, os norte-americanos cancelaram empréstimos e provocaram a queda do preço do café. Naturalmente, a elite econômica nacional pendeu para o lado dos americanos. TRABALHISMO E POPULISMO - Em 1954, Goulart propôs o aumento do salário mínimo em 100%, o que escandalizou a burguesia industrial. O governo recuou diante das pressões e a oposição passou a explorar até mesmo a vida íntima e familiar do Presidente. Nessa campanha, visando desestabilizar o governo de Getúlio, destaca-se o jornalista udenista Carlos Lacerda. Os trabalhadores se agitavam e Getúlio teve medo de perdêlos: por isso, em maio aprovou o aumento salarial de 100%, perdendo, assim, o apoio da burguesia, dos proprietários e dos militares, além dos conservadores de todas as classes. Os trabalhadores, sós, sem organização própria, seriam incapazes de lutar para manter Getúlio. Um indivíduo da guarda pessoal do Presidente tentou matar LACERDA - O ATENTADO DA RUA TONELEIROS -, o que agitou as Forças Armadas, as quais passaram a exigir a renúncia do "pai dos pobres" (agosto de 1954). A resposta de Getúlio foi o suicídio (24 de agosto), deixando uma carta-testamento na qual denunciava a oposição imoral que sofreu por conta de suas idéias nacionalistas. Vargas queria o impossível: beneficiar o povo e as classes dominantes ao mesmo tempo dentro de um capitalismo nacionalista, mas sem recursos próprios, nem interesse em se desligar da dependência. JUSCELINO KUBITSCHEK ( ) Apesar de ser "cria" do Estado Novo, Juscelino não estava sintonizado de forma alguma com os ideais totalitários. Ao contrário: liberal por formação, democrata por convicção e político por outros motivos, Juscelino sempre teve um desempenho administrativo renovador e dinâmico. Quando ainda era candidato, prometeu que, em seu mandato, o país teria um desenvolvimento só comparável ao de meio século (crescer 50 anos em 5). PLANO DE METAS - Foi a chamada POLÍTICA DESENVOLVIMENTISTA, o Plano de Metas (energia, transporte, alimentação, indústria de base, educação e construção de Brasília), tendo o Estado como coordenador dessa tarefa. Os recursos para tal empreendimento foram trazidos na maior parte do exterior, o que nos alinhou de novo com os norte-americanos - e fez crescer escandalosamente a dívida externa -, e num menor grau do interior, com a emissão de papel-moeda, medida inflacionária. Durante o governo Juscelinista, recrudesceram-se as disparidades regionais, destacando-se o Nordeste como a região mais pobre do país. A preocupação com essas áreas agravaram-se após nova seca ocasionando o surgimento da SUDENE (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste, 1959). 12 DESENVOLVIMENTO - Novos investimentos públicos são realizados visando a ocupar a mão-de-obra flutuante (construção de estradas, barragens, novas siderúrgicas). O CAPITAL ESTRANGEIRO OBSOLETO É ATRAÍDO SOB A FORMA DE INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA. Essa resolveria vários problemas: a superprodução petrolífera daqueles anos; a transferência de maquinaria obsoleta americana para o Brasil; e a expansão das economias alemã e francesa do pós-guerra. Assim, surgem as fábricas Willis-Overland (americana), a Volkswagen (alemã) e Simca- Chambord (francesa), além de outras. Forma-se uma elite dirigente convencida da necessidade do capital estrangeiro como dinamizador de nosso desenvolvimento industrial. Para essa elite, o nosso subdesenvolvimento ligava-se ao antigo modelo agro-exportador; bastava, portanto, industrializar o país e nosso atraso seria superado. Para completar o "desenvolvimento", Juscelino fez construir uma nova capital, Brasília, síntese do seu programa desenvolvimentista. No planalto central, entre índios e onças, surge o centro administrativo daquilo que seria o futuro Brasil. Os efeitos desta política não tardaram a ser sentidos. Υ OS CUSTOS SOCIAIS O modelo econômico juscelinista só beneficiava a burguesia e a classe média alta, capaz de comprar os bens de consumo produzidos pelas novas empresas. A inflação, decorrente das constantes emissões de papelmoeda, desvalorizava o dinheiro e os salários, aumentando o custo de vida. Os nordestinos emigravam para o centro-sul, em busca de melhores oportunidades, agravando a penúria nas periferias dos centros urbanos. A dependência avolumada do capital externo criava enorme déficit no balanço de pagamentos. Os credores internacionais chegaram a temer a insolvência do Brasil. A dívida externa galopante obrigava o governo a pedir empréstimos ao FMI, até que nos foi negado um pedido. Em troca, Juscelino rompeu com o Fundo Monetário. JÂNIO QUADROS (1961) Jânio assumiu a presidência da República em 31 de janeiro de 1961, herdando de Juscelino Kubitschek um país em acelerado processo de concentração de renda e inflação. Muito embora a vice-presidência houvesse ficado para o PTB, com João Goulart, finalmente a UDN conseguia chegar ao poder. Isso foi conseguido graças ao estilo ímpar de Jânio, que constituía o chamado populismo caricato: atacava as elites com denúncias de corrução e acenava em defesa das camadas oprimidas. Sua ligação com a UDN, entretanto, tornava seu discurso contraditório, já que ela (a UDN) era a representante das elites a que ele atacava. Uma vez empossado, Jânio tomou medidas um tanto controvertidas. A proibição do uso de biquínis nas praias é o maior exemplo desses atos governamentais. No plano externo, exerceu uma política não alinhada. Apoiou Fidel Castro diante da tentativa fracassada de invasão da Baía dos Porcos pelos norte-americanos. Em 18 de agosto de 1961, condecorou o ministro da indústria de Cuba, Ernesto "Che" Guevara, com a

13 Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, a mais alta comenda brasileira. Além disso, Jânio rompeu com o partido que o elegeu, a UDN, provocando enorme insatisfação. Economia - Para derrotar a inflação, Jânio adotou uma política econômica ditada pelo FMI (Fundo Monetário Internacional): restringiu o crédito e congelou os salários. Com isso, obteve novos empréstimos, mas desagradou ao movimento popular e aos empresários. No entanto, a inflação não foi extirpada. CRISE POLÍTICA - Pressões norte-americanas e da UDN provocaram freqüentes atritos entre o Presidente e o Congresso Nacional. No dia 24 de agosto de 1961, Carlos Lacerda, Governador da Guanabara, denunciou pela TV que Jânio Quadros estaria articulando um golpe de Estado. No dia seguinte, o Presidente surpreendeu a nação: em uma carta ao Congresso, afirmou que estava sofrendo pressões de "forças terríveis" e renunciou à presidência. Quando da renúncia, o Vice-presidente João Goulart estava fora do país, em visita oficial à China. O Presidente da Câmara, Ranieri Mazilli, assumiu a presidência como interino, no mesmo dia, 25 de agosto. A UDN e a cúpula das Forças Armadas tentaram impedir a posse de Jango, por estar ele ligado ao movimento trabalhista. Os ministros da Guerra, Odílio Denys, da Marinha, vice-almirante Silvio Heck, e o brigadeiro Gabriel Grún Moss, da Aeronáutica, pressionaram o Congresso para que considerasse vago o cargo de Presidente e convocasse novas eleições. O governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, encabeçou a RESISTÊNCIA LEGALISTA, apoiado pela milícia estadual. Em seguida, criou a CADEIA DA LEGALIDADE: encampou a Rádio Guaíba, de Porto Alegre, e, transmitindo em tempo integral, mobilizou a população e as forças políticas para resistir ao golpe e para defender a Constituição. As principais emissoras do país aderiram à rede, e a opinião pública respaldou a posição legalista. Em 28 de agosto de 1961, o general Machado Lopes, comandante do 3º Exército, sediado no Rio Grande do Sul, também declarou apoio a Jango. Em 2 de setembro, o problema foi contornado: o Congresso aprovou uma emenda à Constituição (Emenda No. 4) que instituiu o regime parlamentarista, no qual os poderes se concentram primordialmente nas mãos do Primeiro-ministro, esvaziando sobremaneira os poderes presidenciais. Jango tomou posse, mas sem os poderes imanentes ao regime presidencialista Na "esquerda", GOVERNO No campo oposto, na junto a Jango, JANGO "direita",encontravamse estavam A crise do o IPES, o IBAD e a organizações estado de TFP (Tradição, Família como a UNE, a compromisso; e Propriedade). CGT e as Ligas Camponesas; JOÃO GOULART ( ) Jango assumiu a presidência em 7 de setembro de 1961, sob o regime parlamentarista, e governou até o Golpe de 64, em 1º de abril. Seu mandato foi marcado pelo confronto entre diferentes políticas econômicas para o Brasil, conflitos sociais e greves urbanas e rurais. Seu governo é usualmente dividido em duas fases: Fase Parlamentarista (da posse em 1961 a janeiro de 1963) e a Fase Presidencialista (de janeiro de 1963 ao Golpe em 1964). PLEBISCITO - O parlamentarismo foi derrubado em janeiro de 1963: em plebiscito nacional, 80% dos eleitores optaram pela restauração do presidencialismo. Enquanto durou, o parlamentarismo teve três primeiros-ministros, entre eles, Tancredo 13 Neves, que renunciou para candidatar-se ao governo de Minas Gerais. CONQUISTAS TRABALHISTAS - Em 1961 a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria e o Pacto de Unidade e Ação, de caráter intersindical, convocaram uma greve reivindicando melhoria das condições de trabalho e a formação de um ministério nacionalista e democrático. Foi esse movimento que conquistou o 13º salário para os trabalhadores urbanos. Os trabalhadores rurais realizaram, no mesmo ano, o 1º Congresso Nacional de Lavradores e Trabalhadores Agrícolas, em Belo Horizonte, Minas Gerais. O Congresso exigiu reforma agrária e CLT (Consolidação das Leis de Trabalho) para os trabalhadores rurais. Em 62, com a aprovação do Estatuto do Trabalhador Rural, muitas ligas camponesas se transformaram em sindicatos rurais. PLANO TRIENAL - João Goulart realizou um governo contraditório. Procurou estreitar as alianças com o movimento sindical e setores nacional-reformistas, mas paralelamente tentou implementar uma política de estabilização baseada na contenção salarial. Seu Plano Trienal de Desenvolvimento Econômico e Social, elaborado pelo ministro do Planejamento Celso Furtado, tinha por objetivo manter as taxas de crescimento da economia e reduzir a inflação. Essas condições, exigidas pelo FMI, seriam indispensáveis para a obtenção de novos empréstimos, para a renegociação da dívida externa e para a elevação do nível de investimento. REFORMAS DE BASE O Plano Trienal também determinou a realização das chamadas reformas de base: reforma agrária, fiscal, educacional, bancária e eleitoral. Para o governo, elas eram necessárias ao desenvolvimento de um "capitalismo nacional" e "progressista". O anúncio dessas reformas aumentou a oposição ao governo e acentuou a polarização da sociedade brasileira. Jango perdeu rapidamente suas bases na burguesia. Para evitar o isolamento, reforçou as alianças com as correntes reformistas: aproximouse de Leonel Brizola, então deputado federal pela Guanabara, de Miguel Arraes, governador de Pernambuco, da UNE (União Nacional dos Estudantes) e do Partido Comunista, que, embora na ilegalidade, mantinha forte atuação nos movimentos popular e sindical. O PLANO TRIENAL FOI ABANDONADO EM MEADOS DE 1963, MAS O PRESIDENTE CONTINUOU A IMPLEMENTAR MEDIDAS DE CARÁTER NACIONALISTA: limitou a remessa de capital para o exterior, nacionalizou empresas de comunicação e decidiu rever as concessões para exploração de minérios. As retaliações estrangeiras foram rápidas: governo e empresas privadas norte-americanas cortaram o crédito para o Brasil e interromperam a negociação da dívida externa. AGITAÇÃO NO CONGRESSO - No Congresso se formaram a Frente Parlamentar Nacionalista, em apoio a Jango, e a Ação Democrática Parlamentar, que recebia ajuda financeira do Instituto Brasileiro de Ação Democrática (I.B.A.D.), instituição mantida pela Embaixada dos Estados Unidos. Crescia a agitação política. A polarização entre esquerda e direita foi-se recrudescendo. A CRISE se precipitou no dia 13 de março, em razão da realização de um grande COMÍCIO em frente à Estação CENTRAL DO BRASIL, no Rio de Janeiro. Perante 300 mil pessoas Jango decretou a nacionalização das refinarias privadas de petróleo e desapropriou, para a reforma agrária, propriedades às margens de ferrovias, rodovias e zonas de irrigação de açudes públicos. Paralelamente a tudo isso, cumpre assinalar que a economia encontrava-se extremamente desordenada. APOIO AO GOLPE - Em 19 de março foi realizada, em São Paulo, a maior mobilização contra o governo: a "Marcha da Família com Deus pela Liberdade", organizada por grupos da direita, com

14 influência dos setores conservadores da Igreja Católica. A manifestação, que reuniu cerca de 400 mil pessoas, forneceu o apoio político para derrubar o Presidente. No dia 31 de março, iniciou-se o verdadeiro movimento para o golpe. No mesmo dia, tropas mineiras sob o comando do general Mourão Filho marcharam em direção ao Rio de Janeiro e a Brasília. Depois de muita expectativa, os golpistas conseguiram a adesão do comandante do 2º Exército, General Amaury Kruel. Jango estava no Rio quando recebeu o manifesto do General Mourão Filho exigindo sua renúncia. No dia 1º de abril pela manhã, parte para Brasília na tentativa de controlar a situação. Ao perceber que não conta com nenhum dispositivo militar e nem com o apoio armado dos grupos que o sustentavam, abandona a capital e segue para Porto Alegre. Nesse mesmo dia, ainda com Jango no país, o Presidente do Senado, Auro de Moura Andrade, declarou vaga a Presidência da República. Ranieri Mazzilli, Presidente da Câmara dos Deputados ocupou o cargo interinamente. Exilado no Uruguai, Jango participou da articulação da Frente Ampla, um movimento da Redemocratização do país, junto a Juscelino e a seu ex-inimigo político, Carlos Lacerda. Mas a Frente não logrou êxito. João Goulart morreu na Argentina em A RUPTURA INSTITUCIONAL DE 1964 OS GOVERNOS MILITARES MAL. CASTELLO BRANCO ( ) renda, mas o propósito foi desviado, tornando-se o grande financiador da classe média. AI-2 - Em 27 de outubro de 1965 Castello Branco edita o AI- 2: dissolviam-se os partidos políticos e conferia-se ao executivo poderes para cassar mandatos e decretar o estado de sítio sem prévia autorização do Congresso. Estabelecia também a eleição indireta para a Presidência da República transformando o Congresso Nacional em Colégio Eleitoral. Ato Complementar nº 04, de novembro de 1965, instituiu o sistema bipartidário no país. Foi criada a Arena (Aliança Renovadora Nacional), de apoio ao governo, reunindo integrantes da UDN e setores do PDS, enquanto o MDB reunia os oposicionistas. AI-3 - Prevendo uma derrota nas eleições para os governos de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, o governo baixou em 5 de fevereiro de 66 o AI-3: as eleições para governadores e para municípios considerados de segurança nacional passariam a ser indiretas. Em novembro do mesmo ano, Castello Branco fechou o Congresso e iniciou uma nova onda de cassações. O CONGRESSO FOI REABERTO COM PODERES CONSTITUINTES. A 6A. CONSTITUIÇÃO DO PAÍS e 5a. da República traduzia a ordem estabelecida pelo regime: institucionalizou a ditadura, incorporou as decisões impostas pelos atos institucionais, hipertrofiou o Executivo, que passou a ter a iniciativa de projetos de emenda constitucional, reduziu os poderes e prerrogativas do Congresso e instituiu uma nova Lei de Imprensa e a Lei de Segurança Nacional. A nova Carta foi votada em 24 de janeiro de 67 e entrou em vigor no dia 15 de março. Em 1 de Abril de 1964, o Congresso elegeu para presidente o chefe do Estado-Maior do exército, o Marechal Humberto de Alencar Castello Branco. Empossado em 15 de Abril de 1964, governaria até março de 1967 (inicialmente seu mandato seria um ano mais exíguo, mas foi prorrogado). Usou atos institucionais como instrumentos de repressão: fechou associações civis, proibiu greves, interveio em sindicatos e cassou mandatos de políticos. No dia 13 de junho de 64, criou o SNI (Serviço Nacional de Informações). Em 27 de outubro o Congresso aprovou uma lei que extinguiu as Ligas Camponesas, a CGT, a UNE e as UEEs (Uniões Estaduais de Estudantes). Em 18 de outubro mandou invadir e fechar a Universidade de Brasília pela polícia militar. As ações repressivas do governo eram estimuladas por grande parte dos oficias do Exército. A chamada "linha dura" defendia a pureza dos princípios "revolucionários" e a exclusão de todo e qualquer vestígio do regime deposto. Usando de pressões, Castello Branco conseguiu que o Congresso aprovasse várias medidas repressivas. Uma das maiores vitórias foi a permissão dada à justiça militar de julgar civis por crimes políticos. PAEG - O plano econômico adotado pelo governo chamou-se PAEG (Plano de Ação Econômica do Governo). Foi elaborado pelos ministros Roberto Campos e Otávio Gouveia de Bulhões, e visavam a extirpar a inflação e a industrializar o país. Abriu-se a economia ao capital estrangeiro, instituiu-se a correção monetária, e estabeleceu-se o arrocho salarial para as classes menos favorecidas. Ademais, foi criado o Banco Central. Em troca da estabilidade a que os trabalhadores tinham direito (após dez anos, não podiam ser demitidos), foi implementado o FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço). Com o dinheiro do Fundo, surgiu o BNH (Banco Nacional de Habitação), que servia para financiar construções de residências. O objetivo inicial era fornecer crédito às populações de mais baixa 14 MAL. ARTHUR DA COSTA E SILVA ( ) O Marechal Arthur da Costa e Silva assumiu em 15 de março de 1967 e governou até 31 de agosto de 1969, quando foi afastado por motivos de saúde. Destaca-se no governo Costa e Silva a criação do Fundo Nacional do Índio (Funai) e do Movimento de Brasileiro de Alfabetização (Mobral). Convém, também, observar que, no início de seu governo, passou a vigorar o Cruzeiro Novo, que consistia no corte de 3 zeros do antigo. Repressão - Logo nos primeiros meses de governo, enfrentou uma onda de protestos que se espalharam por todo o país. O autoritarismo e a repressão recrudesceram-se na mesma proporção em que a oposição se radicalizou. Cresceram as manifestações de rua nas principais cidades do país, em geral, organizadas por estudantes. Em 17 de abril de 1968, 68 municípios, inclusive todas as capitais, são transformadas em áreas de segurança nacional e seus prefeitos passaram a ser nomeados pelo presidente da República Talvez o ano mais conturbado do século em todo o mundo, 1968 também foi um ano agitadíssimo no Brasil. A radicalização política era dia a dia maior; greves em Osasco e Contagem (MG) abalaram a economia nacional; a formação da Frente Ampla (aliança entre Jango, Juscelino Kubitschek e Carlos Lacerda contra o regime), o caso Édson Luís, a Passeata dos Cem Mil e o AI-5 são alguns dos exemplos da agitação no âmbito nacional. Inúmeros grupos armados de esquerda surgiram em todo o país. Destacam-se a ALN (Aliança Libertadora Nacional), liderada por Marighella, a VAR-Palmares (Vanguarda Armada Revolucionária), sob o comando de Carlos Lamarca, o MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de outubro - data da morte de Che Guevara na Bolívia) e o PCdoB. (O PCB posicionou-se contra a luta armada.) Na Guerrilha urbana, teve papel de realce o sequestro do embaixador norte-americano Charles Elbrick, pela ALN. Algumas guerrilhas interioranas foram mais duradouras, entre as quais a de Ribeira, e

15 principalmente a Guerrilha do Araguaia. Esta prolongou-se de 1972 a AI-5 - Em discurso na Câmara Federal, o deputado Márcio Moreira Alves, do MDB, exortou o povo a não comparecer às festividades do dia da Independência. Os militares, sentindo-se ofendidos, exigiram sua punição. A Câmara, contudo, não aceitou a exigência. Foi a gota d'água. Em represália, a 13 de dezembro de 1968, o ministro da Justiça, Gama e Silva, apresentou ao Conselho de Segurança Nacional o Ato Institucional Nº. 5, que entregou o país às forças mais retrógradas e violentas de nossa História recente. O Ato abrangia inúmeras medidas, algumas das quais merecem destaque: pena de morte para crimes políticos, prisão perpétua, fim das imunidades parlamentares, transferência de inúmeros poderes do Legislativo para o Executivo, etc. Mais abrangente e autoritário de todos os outros atos institucionais, o AI-5 na prática revogou os dispositivos constitucionais de 67. Reforçou os poderes discricionários do regime e concedeu ao Exército o direito de determinar medidas repressivas específicas, como decretar o recesso do Congresso, das assembléias legislativas estaduais e das Câmaras municipais. O Governo poderia censurar os meios de comunicação, eliminar as garantias de estabilidade do Poder Judiciário e suspender a aplicação do habeas-corpus em casos de crimes políticos. O Ato ainda cassou mandatos, suspendeu direitos políticos e anulou direitos individuais. Derrame - Em 1969, surpreendentemente Costa e Silva sofreu um derrame cerebral. Seu Vice, Pedro Aleixo foi impedido de assumir, pois os militares da linha dura alegavam que ele era contra os "princípios revolucionários". Na verdade, Aleixo havia-se posicionado contrariamente ao AI-5. Uma Junta Militar assumiu o poder, fechou o Congresso e impôs a Emenda Nº. 1 de 1969, cujo conteúdo acarretou a revogação da Constituição de 1967, passando a Emenda a ser a nova Constituição do país. JUNTA MILITAR (1969) O medo de que o civil Pedro Aleixo assumisse compeliu as Forças Armadas a assumir o controle. A desconfiança em relação aos civis era notória, particularmente por ter o Vice-presidente Aleixo se posicionado em desacordo com o AI-5. Não que ele fosse um democrata, mas a radicalidade do Ato era demasiada. A junta militar foi integrada pelas três Armas: a chefia competia ao Gal. Lira Tavares, mas junto ao Almirante Augusto Rademarck e ao Brigadeiro Márcio de Sousa Melo. Governou por dois meses: de 31 de agosto de 1969 até 30 de outubro do mesmo ano. O curto período de governo da Junta não impediu que outorgassem, pela 3a. vez na História brasileira, uma Constituição. Para disfarçar, todavia, denominaram as normas de Emenda Nº. 1 de Ademais impuseram uma nova Lei de Segurança Nacional. Decretou-se também a reabertura do Congresso, após dez messe em recesso. Em 25 de outubro de 1967, os parlamentares elegeram Emílio Garrastazu Médici para a presidência. GAL. EMÍLIO GARRASTAZU MÉDICI ( ) Emílio Garrastazu Médici assumiu a Presidência em 30 de outubro de 1969 e governou até 15 de março de Seu Governo ficou conhecido como "os anos negros da ditadura". O movimento estudantil e sindical estavam contidos e silenciados pela repressão policial. Nesse período é que se deram a maior parte dos desaparecimentos políticos e a tortura tornou-se prática comum dos DOI-CODIs, órgãos governamentais responsáveis por anular os esquerdistas. O fechamento dos canais de participação política levou a esquerda a optar pela luta armada e pela guerrilha urbana. O governo respondia com mais repressão e com uma intensa propaganda. Foi lançada a campanha publicitária cujo slogan era: "Brasil, ame-o ou deixe-o". 15 1o. PND - O endurecimento político, entretanto, foi mascarado pelo "milagre econômico", crescimento extraordinário do PIB (cerca de 10% ao ano), diversificação das atividades produtivas e o surgimento de uma nova classe média com alto poder aquisitivo. Tudo isso repousando sobre o aumento estrondoso da concentração de renda, dando-nos o título de país mais injusto do planeta. O crescimento deveu ao Plano Nacional de Desenvolvimento, cujo artífice era o então ministro Delfim Neto. Mas o crescimento não se deveu a milagre: iniciou-se um processo galopante de endividamento (dívida em 1964=1,5 bi; 1970=14 bi; 1985=90 bi), a especulação no Open Market com títulos do governo prejudicou sobremodo a produção e a concentração de renda e da propriedade agrária agravou-se acentuadamente. Para esconder da população facetas negativas do governo, os índices oficiais de inflação foram manipulados. Lamentável é saber que o endividamente não se reverteu em distribuição mais equitativa da renda, mas serviu para custear obras faraônicas, de necessidade duvidosa, tais como a Ponte Rio-Niterói, a Transamazônica, a Usina de Itaipu, etc. Ao final do governo, as taxas de crescimento começavam a declinar. Deveu-se tal fato principalmente à Crise do Petróleo em 1973, que nos atingiu profundamente, uma vez que, nesse período, a maior parte do petróleo consumido aqui era importada. Assumiu o governo Ernesto Geisel, mais ligado à linha Castellista (ou da Sorbonne) do que à linha dura. A CRISE INTERNACIONAL DO PETRÓLEO desencadeada em 1973 afetou o desenvolvimento industrial e aumentou o desemprego. Diante desse quadro, Geisel propôs um projeto de abertura política "lenta, gradual e segura". O plano de abertura é atribuído ao ministro-chefe do Gabinete Civil, general Golbery do Couto e Silva. Chama-se a Golbery de "eminência parda", pois era ele quem efetivamente planejava a maior parte dos atos do governo, sem contudo assumir o cargo de Presidente. Ainda assim, cassaram-se mandatos e direitos políticos. GAL. ERNESTO GEISEL ( ) Em 15 de março de 1974, o General Ernesto Geisel assumiu a presidência. Teve que enfrentar dificuldades econômicas e políticas que anunciavam o fim do "Milagre Econômico" e ameaçavam o Regime Militar, além dos problemas herdados de outras gestões: já no final de 1973, a dívida externa contraída para financiar as obras faraônicas do governo ultrapassava os 10 bilhões de dólares. Em 1974, a inflação chegava a 34,5% e dificultava a correção dos salários. PND II - Geisel, surpreendentemente, ao invés de utilizar-se de uma política recessiva de maior contenção, se propôs a investir no crescimento econômico. O Brasil permaneceu, assim, com grande endividamento externo, mas direcionando os investimentos na indústria, para projetos que substituíssem importações. A meta era alcançar um crescimento industrial de 12% ao ano até Para isso desenvolveu o II Plano Nacional de Desenvolvimento (PND), que visava a criar bases para a indústria (procurando reduzir a dependência em relação a fontes externas). Com o objetivo de ampliar as fontes alternativas de energia para fazer frente à Crise do Petróleo, os investimentos se estenderam para O SETOR ENERGÉTICO: iniciou-se um programa visando à implantação de um combustível alternativo à gasolina, o álcool. Surgiu então o Proálcool (Programa Nacional do Álcool), ao mesmo tempo que desencadeou um campanha de racionamento de combustíveis. Ainda na área de energia, foi aprovado em 1975 o Programa Nuclear Brasileiro, uma aliança com os alemães que previa a instalação de uma usina de enriquecimento de urânio, além de centrais Termonucleares.

16 Esse programa, firmado com a Alemanha Ocidental, fez com que os Estados Unidos ameaçassem cortar o crédito pretendido pelo governo brasileiro, no valor de 50 milhões de dólares para fins militares. Geisel, não aceitando tal ameaça, adiantou-se, rompendo o acordo militar com os Estados Unidos. Houve também a preocupação com o aproveitamento do potencial hidráulico. Foram construídas as usinas de Tucuruí, no rio Tocantins, e de Itaipu, no rio Paraná, a maior usina hidroelétrica do mundo. No entanto, essas usinas excessivamente grande têm seu benefício questionado. Avalia-se que melhor teria sido a construção de várias pequenas hidrelétricas do que uma gigantesca. LEI FALCÃO - Nas eleições de 1974, o crescimento das oposições mostrou-se patente. Em troca, em 24 de junho de 1976, o governo promulgou a Lei Falcão, que impedia o debate político nos meios de comunicação, particularmente no rádio e na televisão. Em 20 de Janeiro de 1976, o General da linha dura Eduardo d'ávila Mello foi afastado do comando do 2º Exército e substituído pelo General Dilermando Gomes Monteiro. A medida foi tomada em conseqüência das mortes do jornalista Wladimir Herzog, em 25 de outubro de 1975, e do operário Manuel Fiel Filho, em 17 de janeiro de 1976, no interior do DOI- Codi, órgão de repressão vinculado ao Exército. Quando de suas mortes, a nota do governo alegava que eles haviam se suicidado. Em 12 de outubro de 1977 foi também exonerado o ministro do Exército, o General Sílvio Frota, também da linha dura, por sua oposição à liberalização do regime. Geisel desmanchou, com isso, as articulações do exministro para concorrer à presidência. PACOTE DE ABRIL - Prevendo uma vitória da oposição nas eleições de 1978, Geisel fechou o Congresso por duas semanas e decretou em abril de 77 o "Pacote de Abril", que alterava as regras eleitorais: as bancadas estaduais da Câmara não podiam ter mais do que 55 deputados ou menos que seis. Com isso, os estados do Norte e do Nordeste, menos populosos, porém mais controlados pela Arena, garantiriam uma boa representação no Congresso, contrabalançando as bancadas do Sul e Sudeste, onde a oposição era mais expressiva, e o número de eleitores era muito superior. O pacote mantém as eleições indiretas para governadores e criou a figura do senador biônico: um em cada três senadores passaria a ser eleito indiretamente pelas Assembléias Legislativas de seus estados. Em 15 de outubro de 1978 o MDB apresentou seu candidato ao colégio eleitoral, o general Euler Bentes, que recebeu 266 votos, contra 355 votos do candidato do governo, João Baptista Figueiredo. Nas eleições legislativas de 15 de novembro a Arena obteve em todo o país 13,1 milhões de votos para o Senado e 15 milhões para a Câmara; o MDB conseguiu 17 milhões de votos para o Senado e 14,8 milhões para a Câmara. Geisel conseguiu que a "distensão" seguisse nos seus moldes, lenta, gradual e segura. Obteve a eleição de Figueiredo, mas não impediu o avanço inconteste da oposição. Já ao final de seu mandato, em 1o. de janeiro de 1979, Geisel fez um ato louvável: extinguiu o AI-5. GAL. JOÃO BAPTISTA FIGUEIREDO ( ) Com o crescimento da oposição nas eleições de 1978, o processo de abertura política ganhou força. Assumindo a presidência a 15 de março de 1979, João Baptista Figueiredo teve a difícil tarefa de garantir a transição do regime ditatorial para a democracia. ANISTIA - Já a 29 de agosto de 1979, foi aprovada a Lei da Anistia. O movimento para aprovar tal medida havia começado na segunda metade da década de 70, reunindo entidades do movimento estudantil e sindical, organizações populares, 16 OAB, ABI e a Igreja. Objetivava-se uma anistia "ampla, geral e irrestrita". A vitória, no entanto, foi considerada parcial uma vez que a anistia não perdoava os participantes de "atos terroristas", consoante texto legal, mas também liberava os militares acusados de assassinatos e torturas. REFORMA PARTIDÁRIA - Em 22 de novembro foi aprovada a Lei Orgânica dos Partidos, que extinguia a Arena e o MDB e restabelecia o pluripartidarismo no país. A partir daí, cresceu um movimento cuja intenção era estabelecer eleições diretas para os cargos executivos. Em 13 de novembro de 1980, foi restabelecida a eleição direta para governadores e foram extintos os cargos de senadores biônicos, respeitados, contudo, os mandatos em curso. No entanto, para evitar uma fragorosa derrota da situação, proibiram-se as coligações partidárias, o voto passou a ser vinculado e de legenda, e a cédula não apresentava os nomes dos partidos, apenas dos candidatos. No final dos anos 70 a inflação chegava a 94,7% ao ano. Em 1980 bateu 110% e, em 1983, 200%. O Brasil entrou numa recessão cuja principal conseqüência foi o desemprego. Em agosto de 1981, havia 900 mil desempregados somente nas regiões metropolitanas. No início dos anos 80, segundo dados do IBGE, 80 milhões de pessoas (67% dos brasileiros) viviam nas cidades, contra uma população rural de 39 milhões de pessoas. A região Sudeste era a mais rica e industrializada, com 44% dos habitantes do país. Mesmo capitais como Recife e Salvador tiveram um aumento populacional de 45% e 33%. Infelizmente o crescimento dos centros urbanos não era acompanhado de planejamento ou de incremento de serviços como transporte, saneamento básico, bem como atendimento público de saúde, educação e justiça. Felizmente, o crescimento populacional, ou melhor, o inchaço populacional vinha desacelerando. Entre 1970 e 1980, o crescimento foi de 27,8% enquanto no período anterior, de 60 a 70, foi de 32,9% e, entre 1980 e 1991, conforme o penúltimo censo, chegou a 23,5%. Em 1980 o analfabetismo ainda atingia 25% dos habitantes. A resolução desses problemas eram algumas das reivindicações dos movimentos sociais urbanos da época. Começavam a surgir diversos loteamentos clandestinos, cada vez mais comuns nas periferias. Nesse quadro, os aliados ao regime militar (a antiga ARENA) fundiram-se no Partido Democrático Social (PDS), e o antigo MDB tornou-se o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). O Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) ressurgiu (após briga entre a sobrinha de Vargas e Brizola, verdadeiro herdeiro do trabalhismo) e em 1980 foi registrado o Partido dos Trabalhadores (PT), liderado pelo líder dos metalúrgicos Luiz Inácio "Lula" da Silva, que desde 1978 liderava as mais importantes greves da região do ABC de São Paulo. No entanto, o PT não reunia apenas trabalhadores das fábricas paulistas, mas também grande parte do movimento sindical rural e urbano, intelectuais, militantes eclesiais de base e setores de esquerda dentro do MDB. Em 1980, Leonel Brizola fundou o PDT, reunindo outra parte do movimento trabalhista (ele perdeu na justiça a sigla do PTB para a sobrinha de Getúlio Vargas). Com o tempo, novas lideranças - principalmente trabalhistas - começaram a despontar em todo o país, o que viria gerar muitos desencontros com relação ao direcionamento do movimento sindical. A organização intersindical acontece entre 21 e 23 de agosto de 1981, e foi realizada a 1a. Conferência das Classes Trabalhistas em São Paulo, em Praia Grande. Ali se formou a comissão pró-cut (Central Única dos Trabalhadores), fundada dois anos depois. Com o objetivo de unir as várias tendências do movimento trabalhista, a CUT apresentou uma proposta de organização sindical independente. Pela primeira vez, conseguia-se congregar trabalhadores do campo e da cidade. No entanto, por ser muito forte, os sindicatos dos metalúrgicos ficou de fora, privando a CUT de possuir um dos sindicatos mais expressivos da época.

17 Devido ao crescimento da oposição, por meio da emenda constitucional de 4 de setembro em 1980, o governo tentou manter o controle da transição democrática, promulgando o mandato dos vereadores e prefeitos e adiando por dois anos as eleições para a Câmara Federal e Senado, governos estaduais, prefeituras, Assembléias Estaduais e Câmara de Vereadores. Nas eleições para governador, as oposições somadas obtiveram 25 milhões de votos. O PMDB elegeu 9 governadores e o PDT, um. O PDS obteve 18 milhões de votos, elegendo 12 governadores. Embora perdendo em número de votos, o regime manteve o controle do processo de democratização e articulou a sucessão de Figueiredo, que ocorreria em novembro de RIOCENTRO - Convém lembrar, o fracassado atentado ocorrido em 1981, no Riocentro. Suspeitou-se que a "linha dura" o havia planejado para desestabilizar a transição para a democracia. No entanto, a bomba explodiu no colo dos agentes do exército, antes de eles chegarem ao local supostamente planejado. Tal fato fez com que Golbery do Couto e Silva pedisse demissão, pois ele queria a apuração do caso, que contudo foi negada. A polícia tratou de dar um basta às investigações, deixando o caso obscuro até hoje. Diretas-Já - Já em novembro de 1983, o PT iniciou a disputa presidencial: no dia 27 reuniu cerca de 10 mil pessoas em São Paulo e em várias outras cidades num movimento para pressionar o Congresso para a aprovação da emenda do Deputado Dante de Oliveira, que estabelecia as eleições diretas para Presidente. Deu-se início às maiores manifestações populares já vistas em toda a História nacional. O movimento pelas eleições diretas cresceu espetacularmente. As maiores manifestações ocorreram em São Paulo, onde em 12 de fevereiro de 1984 reuniram-se 200 mil pessoas, e no Rio de Janeiro, onde realizaram-se duas grandes manifestações: a primeira em 21 de março com 300 mil e a segunda com 1 milhão de pessoas. O movimento se espalhou por todo país. Porto Alegre foi às ruas em 13 de abril com 150 mil manifestantes e Vitória, em 18 de Abril, com 80 mil. São Paulo, um dia antes, já havia feito nova manifestação com 1,7 milhão de pessoas. O movimento ficou conhecido como DIRETAS-JÁ e teve em Ulysses Guimarães seu mais popular defensor, tanto que ficou conhecido como o "Senhor Diretas" A EMENDA DANTE DE OLIVEIRA foi a plenário no dia 25 de abril. 298 deputados votaram a favor, 65 contra e três se abstiveram, mas 112 parlamentares não compareceram para votar, com medo de decepcionar os eleitores votando contra a Emenda. Seriam necessários apenas mais 22 votos para sua aprovação. SUCESSÃO PRESIDENCIAL - Após essa derrota, iniciou-se a corrida para a disputa das eleições indiretas. O governador de Minas Gerais, Tancredo Neves, lançou-se candidato da oposição e encontrou em Ulysses Guimarães um grande apoio. O PDS lançou Paulo Maluf como candidato do governo, mas divergências fizeram com que parte do PDS se aproximasse do PMDB. Da união nasceu a Aliança Democrática (PMDB + Dissidentes do PDS, que formaram a Frente Liberal, posteriormente PFL). Nela encontravase José Sarney, que, rompido com o PDS, filiou-se ao PMDB e foi indicado para concorrer junto com Tancredo como Vice-presidente. O PT acusou as eleições indiretas de serem um farsa e recusou-se a participar. Tancredo Neves foi eleito em 19 de janeiro de 1985, com 485 votos, contra 180 de Paulo Maluf e 25 abstenções. Seria o primeiro presidente civil após de 21 anos de ditadura militar. O BRASIL CONTEMPORÂNEO 17 TANCREDO NEVES Após um violento na História do Brasil, foi eleito o primeiro presidente civil em mais de 20 anos. A ansiedade de todo o país pela sua posse e por uma reorganização da sociedade, ainda amedrontada pelo regime militar, era nítida. Apesar de indireta a eleição de Tancredo foi recebida com grande entusiasmo pela maioria dos brasileiros. No entanto, Tancredo não chegou a assumir a Presidência. Na véspera da posse foi internado no Hospital de Base, em Brasília, com fortes dores abdominais e José Sarney toma seu lugar interinamente no dia seguinte, em 15 de março de Depois de sete cirurgias, veio a falecer em 21 de Abril, aos 75 anos de idade, vítima de infecção generalizada. Deu-se uma comoção nacional, tantas as esperanças que haviam sido depositadas em Tancredo. Em 22 de abril, Sarney foi investido oficialmente no cargo. Governou até 1990, um ano a mais que o previsto na carta-compromisso da Aliança Democrática, pela qual chegou ao poder. JOSÉ SARNEY ( ) Emendão - A expressão "Nova República", criada por Ulysses Guimarães para designar o plano de governo da Aliança Democrática, foi assumida por Sarney como sinônimo de sua administração. Em 10 de maio de 1985, uma Emenda Constitucional restabeleceu as eleições diretas para as prefeituras das cidades consideradas pelo Regime Militar como áreas de segurança nacional. A emenda também concedeu o direito de voto aos analfabetos e aos jovens maiores de 16 anos, além de extinguir a fidelidade partidária e abrandar as exigências para registro de novos partidos. Isso permitiu a legalização do PCB e do PC do B e o surgimento de um grande número de pequenas agremiações. A mais importante medida dessa Emenda, todavia, foi a convocação de uma nova constituinte, que viria a publicar uma Constituição em PLANO CRUZADO I - No primeiro ano de governo, a inflação chegou 225,16%. Em 1º de março de 1986, o ministro da Fazenda, Dílson Funaro, lançou o Plano Cruzado. O plano fez uma reforma monetária: cortou três zeros do Cruzeiro e substituiu-o por uma nova moeda, o Cruzado. Congelou os preços por um ano e também os salários, pelo valor médio dos últimos seis meses acrescido de um abono de 8%. Previu, ainda, o chamado "gatilho salarial": toda vez que a inflação atingir ou ultrapassar 20%, os assalariados teriam um reajuste automático no mesmo valor, mais as diferenças negociadas nos dissídios das diferentes categorias. O Plano Cruzado extinguiu a correção monetária e criou o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) para corrigir a poupança e as aplicações financeiras superiores a um ano. O Plano Cruzado teve efeito imediato de conter a inflação e aumentar o poder aquisitivo da população. O país foi tomado por um clima de euforia. Milhares de pessoas passaram a vigiar os preços no comércio e a denunciar as remarcações feitas. São os "fiscais do Sarney". Cresceu o consumo em todos os extratos sociais. Quatro meses depois, o plano começou a fazer água. As mercadorias desaparecem das prateleiras dos supermercados, os fornecedores passaram a cobrar ágio, e a inflação volta a subir. O governo manteve o congelamento até as eleições, tentando extrair maiores dividendos políticos do plano. A estratégia eleitoral deu certo: o PMDB, partido do Presidente, venceu nos principais Estados do país. A economia, no entanto, ficou desorganizada, e a inflação, disparada. Logo após a eleição de 1986, 21 de novembro, o Plano Cruzado II liberou os preços de produtos, serviços, autorizou que os preços dos aluguéis fossem negociados entre inquilinos e proprietários e alterou o cálculo da inflação, que passou a ser medida com base nos gastos das famílias com renda até cinco salários mínimos. Aumentou os impostos de cigarros e bebidas. Houve grande declínio das

18 exportações e aumento considerável de importações, esgotando as reservas cambiais. Em 20 de janeiro de 1987, foi decretada moratória (suspensão de pagamento dos serviços da dívida externa). O plano provocou um aumento generalizado dos preços: bebidas, por exemplo, subiram 100%; automóveis, 80%; combustíveis 60,16%. A inflação disparou, e a população perdeu a confiança no governo. Cinco meses após sua edição, o ministro Dílson Funaro foi substituído por Luis Carlos Bresser Pereira. PLANO BRESSER - Bresser assumiu o ministério da Fazenda em 29 de abril de A inflação do mês seguinte chegou a 23,26%. Esse recorde foi alimentado pelo déficit público, já que o governo gastava mais do que arrecadava. Em junho, Sarney decretou o congelamento de preços, aluguéis e salários por dois meses. Para deter o déficit público, eliminou o subsídio ao trigo e adiou as grandes obras já planejadas, como a Ferrovia Norte-Sul, o pólopetroquímico do Rio de janeiro e o trem-bala entre Rio e São Paulo, além de aumentar tributos. Foi extinto o gatilho salarial. Retomaram-se as negociações com o FMI, suspendendo a moratória. Entretanto, não se obtiveram resultados satisfatórios. No final do ano, a inflação chegou a 366%. Em 6 de janeiro de 1988 o ministro Bresser saiu, e no seu lugar entrou Maílson da Nóbrega. Maílson da Nóbrega assumiu o Ministério da Fazenda propondo realizar uma política econômica do "Feijão com Arroz": conviver com a inflação sem adotar medidas drásticas, mas apenas ajustes localizados para evitar a hiperinflação. A inflação saiu dos 366% de 1987, para atingir 933% ao longo de PLANO VERÃO - Em 15 de janeiro de 1989, Maílson da Nóbrega apresentou um novo plano econômico: criou o Cruzado Novo (cortam-se três zeros); impôs outro congelamento de preços; acabou com a correção monetária; propôs a privatização de diversas estatais e anunciou vários cortes nos gastos públicos, com a exoneração dos funcionários contratados nos últimos cinco anos. Os cortes não foram feitos, o plano fracassou e a inflação disparou. Só em dezembro de 1989, os preços subiram 53,55%. De fevereiro de 1989 a fevereiro de 1990, a inflação chegou a 2.751%. CONSTITUIÇÃO - Em 15 de novembro de 1986 o Congresso ganhou poderes constituintes. Sob a presidência do deputado Ulysses Guimarães, começou-se a elaborar a nova Constituição em 1º de fevereiro de Foi a primeira Constituição na História do país a aceitar emendas populares que deviam ser apresentadas por pelo menos três entidades associativas e assinadas por no mínimo 3 mil eleitores. Promulgada em outubro de 1988, a Constituição tem 245 artigos e 70 disposições transitórias. Incluiuse um dispositivo que previa sua ratificação pelo Congresso em outubro de 1993 além de transferir a decisão sobre a forma de governo (república ou monarquia constitucional) e sobre o sistema de governo (parlamentarista ou presidencialista) para um plebiscito marcado para 7 de setembro de 1993 e depois antecipado para 21 de abril de A nova carta fixou o mandato presidencial em cinco anos (posteriormente alterado por Emenda Constitucional que o baixou para quatro anos) e a independência entre os três poderes. Substituiu o antigo decreto-lei, usado nos governos militares, pela medida provisória, que perderia a validade caso não fosse aprovada pelo Congresso num prazo de 30 dias. Restringiu o poder das Forças Armadas, estabeleceu eleições diretas com dois turnos para presidência, governos estaduais e prefeituras com mais de 200 mil eleitores. Manteve o voto facultativo para os jovens entre 16 e 18 anos. A Constituição também fixou os direitos individuais e coletivos. A Constituição de 1988 limitou a jornada de trabalho para 44 horas semanais, estipulou o seguro-desemprego, ampliou a licença-maternidade para 120 dias e concedeu licença-paternidade, fixada mais tarde em cinco dias. Também proibiu a ingerência do Estado nos sindicatos e assegurou aos funcionários públicos o 18 direito de se organizar em sindicatos e utilizar a greve como instrumento de negociação, salvo nos casos dos serviços essenciais. Procurou, ainda, dificultar as demissões ao determinar o pagamento de uma multa de 40% sobre o valor total do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) nas dispensas sem justa causa. Em decorrência dos benefícios trabalhistas, culturais e sociais que a Constituição protegeu, designando-os cláusulas pétreas, além da defesa da federação e do voto direto, ficou a Constituição de 1988conhecida como "Constituição Cidadã". FERNANDO COLLOR DE MELLO ( ) PRIMEIRO GOVERNO CIVIL BRASILEIRO, ELEITO POR VOTO DIRETO DESDE Foi também o primeiro escolhido dentro das regras da Constituição de 1988, com plena liberdade partidária e eleição em dois turnos. Collor, ex-governador de Alagoas, político jovem e com amplo apoio das forças conservadoras, derrotou no segundo turno da eleição, Luiz Inácio "Lula" da Silva, migrante nordestino, ex-metalúrgico e destacado líder da esquerda. Entre suas promessas da campanha estão a moralização da política e o fim da inflação. Para as elites, ofereceu a modernização econômica do país consoante a receita do neoliberalismo. Prometeu a redução do papel do Estado, a eliminação dos controles burocráticos da política econômica, a abertura da economia e o apoio às empresas brasileiras para se tornarem mais eficientes e competitivas perante a concorrência externa. PLANO COLLOR - No dia seguinte ao da posse, ocorrida em 15 de março de 1990, o Presidente lançou seu programa de estabilização, o plano Collor, baseado em um gigantesco e inédito confisco monetário, congelamento temporário de preços e salários e reformulação dos índices de correção monetária. Em seguida, tomou medidas duras de enxugamento da máquina estatal, como a demissão em massa de funcionários públicos e a extinção de autarquias, fundações e empresas públicas. Ao mesmo tempo, anunciou providências para abrir a economia nacional à competição externa, facilitando a entrada de mercadorias e capitais estrangeiros no país. Os planos de modernização econômica e de reforma adminsitrativa são bem recebidos, em geral. As elites políticas e empresariais apoiaram a desregulamentação da economia e a redução da intervenção estatal no setor.

19 CORRUPÇÃO - Mas, já em 1991, as dificuldades encontradas pelo plano de estabilização, que não acabou com a inflação e aumentou a recessão, começaram a minar o governo. Circulam suspeitas de envolvimento de ministros e altos funcionários em uma grande rede de corrupção. Até a primeira-dama, Rosane Collor, dirirgente da LBA, foi acusada de malversação do dinheiro público e de favorecimento ilícito a seus familiares. As suspeitas transformaram-se em denúncias graças a uma intensa campanha da imprensa. Em 25 de abril de 1992, Pedro Collor, irmão do Presidente, deu uma explosiva entrevista à revista "Veja". Nela, falou sobre o "esquema PC" de tráfico de influência e de irregularidades financeiras organizadas pelo empresário Paulo César Farias, amigo de Collor e caixa de sua campanha eleitoral. A reportagem teve enorme repercussão e a partir daí surgiram novas revelações sobre irregularidades no governo. Em 26 de maio, o Congresso nacional instalou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as denúncias de irregularidades. Logo depois, a revista "ISTOÉ" publicou uma entrevista de Eriberto França, motorista da secretária de Collor, Ana Acioli. Ele confirmou que as empresas de PC faziam depósitos com regularidade nas contas fantasmas movimentadas pela secretária. IMPEACHMENT - Surgiram manifestações populares em todo o país. Os estudantes organizaram diversas passeatas pedindo o Impeachment do Presidente. Depois de um penoso processo de apuração e confirmação das acusações e da mobilização de amplos setores da sociedade por todo o país, o Congresso Nacional, pressionado pela população, votou o impeachment (impedimento) presidencial. Primeiramente, o processo foi apreciado na Câmara dos deputados, em 29 de setembro de 1992, e, depois, no Senado Federal, em 29 de dezembro de O Parlamento decidiu afastar Collor do cargo de Presidente da República e seus direitos políticos são cassados por oito anos. Foi também denunciado pela Procuradoria-Geral da República pelos crimes de formação de quadrilha e de corrupção. ITAMAR FRANCO ( ) Eleito Vice-presidente da Repúblca, o mineiro Itamar Franco assumiu a presidência interinamente entre outubro e dezembro de 92, e em caráter definitivo em 29 de dezembro de 1992, após o Impeachment de Fernando Collor de Mello. Ele cumpre o restante do mandato cuja duração vai até 31 de dezembro Itamar recebe um país traumatizado pelo processo que levou à destituição do Presidente e procura administrá-lo com equilíbrio. Ao deixar o governo, seu índice de popularidade está entre os mais altos da República. PLEBISCITO - Em Abril de 1993, cumprindo com o previsto na Constituição, o governo realiza um plebiscito para a escolha da forma e do sistema de governo no Brasil. Quase 30% dos votantes, não compareceram ao plebiscito ou anularam o voto. Dos que comparecem às urnas, 66% votaram a favor da república, contra 10% favoráveis à monarquia. O presidencialismo recebeu cerca de 55% dos votos, ao passo que o parlamentarismo obteve 25% dos votos. Em função dos resultados, foi mantido o regime republicano e presidencialista. PLANO REAL - No campo econômico, o governo enfrentou sérias dificuldades. A falta de resultados na política de combate à inflação agravou o desequilíbrio do governo e abalou o prestígio do próprio Presidente da República. Os ministros da Economia sucederam-se, até que o chanceler Fernando Henrique Cardoso é nomeado para o cargo. No final de 1993, ele anunciou seu plano de estabilização econômica, o Plano Real, a ser implantado ao longo de O governo Itamar Franco sofreu as consequências das investigações da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Congresso Nacional, entre 1993 e 1994, em função de denúncias de irregularidades na elaboração do Orçamento da União. 19 A CPI do Orçamento provou o envolvimento de ministros, de parlamentares e de altos funcionários num amplo esquema de manipulação do Orçamento. Confirmou-se o desvio sistemático de verbas para empreiteiras, entidades filantrópicas fantasmas, apadrinhados políticos, etc. Dos dezoito deputados acusados, apenas seis tiveram seus mandatos cassados, perdendo os direitos políticos até Outros quatro renunciaram e oito foram absolvidos. A autoridade do Presidente, contudo, não foi abalada pelos resultados das investigações. No final de seu mandato, Itamar Franco apóia a candidatura do ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, à Presidência da República. FERNANDO HENRIQUE CARDOSO ( ) Senador, ex-chanceler e ex-ministro da Fazenda do governo Itamar Franco, FHC apresentou-se à disputa eleitoral como o idealizador do Plano Real. Seu programa de campanha foi centrado na estabilização da moeda e na reforma da Constituição. Concorreu com o apoio do governo e da aliança formada entre o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), de centro, e o Partido da Frente Liberal (PFL), de direita. Ganhou a presidência no primeiro turno das eleições, derrotando inúmeros candidatos. O governo foi empossado em 1o. de janeiro de 1995, tendo como data para término 31 de dezembro de No entanto, sua reeleição ao final de 1998, também no 1o turno, permitiu-o permanecer no cargo até o término de Ambas as eleições tiveram como principal concorrente o candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) Luiz Inácio "Lula" da Silva, de esquerda. Plano Real - O Presidente também dá continuidade ao Plano Real. Ao longo dos meses, promoveu alguns ajustes na economia, como o aumento da taxa de juros, para desaquecer a demanda interna, e a desvalorização do câmbio, para estimular as exportações e equilibrar a balança comercial. Com o plano, o governo controlou a inflação em níveis bastante baixos. Mas surgiram sinais de recessão econômica já no segundo semestre, como a inadimplência, queda no consumo e demissões em massa. A redução da atividade econômica provocou desemprego nos setores industrial e agrícola. O atraso na implementação da reforma agrária agravou os conflitos no campo. CRISE ASIÁTICA - A política cambial, estigmatizada pela oposição como populista, propiciou baixos níveis de inflação. No entanto, a dependência externa aumentou e a dívida interna explodiu, saltando de 60 bilhões de dólares para mais de US$ 500 bilhões. No final de 1997, iniciou-se uma crise na bolsa de valores de Hong Kong, que posteriormente se alastrou pelo restante do mundo, atingindo fortemente o Brasil. As reservas monetárias brasileiras caíram de US$ 74 bilhões em abril de 1998, para US$ 42 bilhões em outubro. O governo reagiu para salvar o Real e impedir a saída de divisas mediante a elevação das taxas de juros e com o anúncio de medidas econômicas. Recorreu ao FMI, obtendo deste um empréstimo emergencial da ordem de US$ 40 bilhões, mas foi obrigado a adotar um reajuste fiscal (desvalorização cambial, aumento da arrecadação e diminuição de gastos públicos. Tais medidas provocaram recessão da atividade econômica. SOCIAL - A saúde pública permanece em estado lamentável. A falta de atenção aos hospitais públicos indigna a população carente, cuja parca renda não permite a utilização dos hospitais privados. No entanto, há de destacar a tentativa de regulamentação dos planos de saúde privado, procurando evitar distorções e abusos contra os consumidores. Constitui, também, ponto positivo a implantação do remédios genéricos, visando a acabar com a

20 oligopolização do mercado pelas grandes empresas e barateando o preço dos medicamentos. HISTÓRIA DO RIO GRANDE DO SUL POVOAÇÃO CONQUISTA DO TERRITÓRIO Antes da chegada dos portugueses ao Brasil, a região onde está situado o estado do Rio Grande do Sul era habitada por índios guaranis, tapes e charruas. Um dos primeiros registros que faz referência à região data de 1531, quando os navegadores portugueses Martin Afonso de Souza e Pero Lopes, de passagem pela costa (na qual não desembarcaram), batizaram a barra (onde alguns anos depois, foi aberta a passagem para os navios, do oceano para a Lagoa dos Patos) com o nome de Rio Grande de São Pedro. Por um grande período, a região foi visitada apenas por aventureiros, em busca de índios para capturar e escravizar. No início do século XVII, a região até então considerada terra de ninguém, começou a ser ocupada com a chegada dos padres jesuítas, que fundaram as Missões Jesuíticas pela região onde hoje estão situados os estados do Rio Grande do Sul e do Paraná e os países, Paraguai e Argentina. As missões jesuítas, nessa região, tinham como principal característica o grande número de índios guaranis convertidos por grupos pequenos de religiosos. Com o objetivo de garantir a alimentação dos índios convertidos, o Padre Jesuíta Cristovão de Mendonça introduziu o gado nas missões em Em 1641, os bandeirantes expulsam os jesuítas da região. Na fuga dos jesuítas, grande parte do gado se espalhou pela região, virando selvagem (ou chimarrão, como se dizia na época), dando origem ao chamado gado orelhano. Ao final do século XVII, devido aos constantes conflitos de fronteira entre Portugal e Espanha, os jesuítas resolveram concentrar a população indígena convertida em uma área que consideravam mais segura, e escolheram a zona localizada na região noroeste do Rio Grande do Sul. Foram criados os "Sete Povos das Missões". Mas a prosperidade desses povos, que funcionavam independentemente das coroas portuguesa e espanhola, terminou por decretar o seu fim. Em 1750, um tratado firmado entre os dois países estabeleceu que a região das Missões passaria à posse de Portugal, em troca da Colônia de Sacramento, que havia sido fundada pelos portugueses em 1680 nas margens do Rio da Prata, defronte a Buenos Aires. Embora tenha havido resistência por parte de padres e índios, as Missões foram desmanteladas. Mas deixaram um legado que, por muito tempo, seria a base da economia do Rio Grande do Sul: os grandes rebanhos de bovinos e cavalos, criados soltos pelas pradarias. Esses rebanhos atrairiam os colonizadores portugueses, que passaram a se instalar na região de forma sistemática a partir de A descoberta das minas de ouro em Minas Gerais iria, posteriormente, criar uma grande demanda pelo gado da região, e consolidou a ocupação do território. Nessa época, a célula básica da comunidade gaúcha eram as estâncias, sempre com grandes extensões, onde o gado era criado. O primeiro grupo de povoadores organizados e apoiados oficialmente pelo governo veio da Ilha dos Açores, em 1740, e foram acomodados nas proximidades do Porto de Dorneles. Essa população deu origem à cidade de Porto Alegre. Poucos anos após a chegada dos lagunistas, que organizaram a criação e o comércio de gado com as demais capitanias, uma leva de imigrantes açorianos foi dirigida para o Rio Grande com a intenção de povoar a região que anteriormente havia sido ocupada pelas Missões Jesuíticas. O grupo era formado por casais de pequenos agricultores, enviados a fim de desenvolver a agricultura. A primeira leva, chegada em 1740, iria se fixar na hoje Porto Alegre, devido à dificuldade em alcançar a zona das Missões. Aí, em pequenas propriedades, plantariam principalmente trigo. Apesar das atribulações iniciais, a cultura do trigo acabou por ter 20 sucesso, e durante um certo período da história gaúcha, contribuiu de forma expressiva para a balança de exportações. Porém, o grupo de açorianos formava um enclave de pequenos agricultores no meio de uma província dominada pelas grandes propriedades, onde havia pouco mercado para os produtos de sua lavoura. Além disto, sucessivos ataques de ferrugem, que diminuíam consideravelmente a produção de trigo, fizeram com que os açorianos fossem aos poucos abandonando a agricultura e se integrando à economia baseada na pecuária que regia a vida local. O gado venceu, e o Rio Grande continuou a ser por algum tempo a terra dos conflitos de fronteira e da pecuária. Um capítulo a parte na história do Rio Grande do Sul foi a Revolução Farroupilha, que teve inicio em 1835 e durou 10 anos. A Revolta dos Farrapos foi um movimento de imperialistas contra os gaúchos republicanos, causada por motivos econômicos, sociais, políticos e militares. As idéias iluministas, liberais, encantaram a elite rio-grandense, que sofria com os desmandos do poder imperial, que cobrava altos impostos e eram indiferentes as necessidades da região. O conflito tem fim com a assinatura do tratado de Ponche Verde, em primeiro de março de POSICIONAMENTO ESTRATÉGICO NO SUL DO CONTINENTE Limite extremo da colonização portuguesa no Sul do continente latino-americano, o Rio Grande do Sul, desde o início de sua ocupação, desempenhou duas funções vitais. A primeira foi a de ser um local estratégico, cuja manutenção era vital para garantir a presença portuguesa junto às áreas de colonização espanhola. A segunda foi a de servir como fornecedor de alimentos e outros bens para as demais regiões do país. Situado fora do eixo de comércio do Brasil com Portugal, coube ao Rio Grande o papel vital de fornecer o gado que sustentou o ciclo do ouro em Minas Gerais e o do charque, que era o alimento básico dos escravos e da população de baixa renda das cidades brasileiras. A partir do início do século XX, coube também ao Rio Grande a função de "celeiro do país", responsável por uma fatia significativa da produção agrícola nacional. O POVOAMENTO E A INTEGRAÇÃO DO RIO GRANDE DO SUL À ECONOMIA DO BRASIL A presença do gado foi, portanto, o principal atrativo para a fixação no solo do Rio Grande. Embora houvesse, de parte do governo colonial, o interesse de povoar a terra e, dessa forma, garantir a sua posse, foi principalmente devido à iniciativa privada dos que procuravam o Rio Grande, e graças à abundância de gado, que o povoamento se tornou possível. A coroa garantia, aos interessados, a propriedade de um terreno (de dimensões sempre avultadas), mas a dificuldade de subsistência seria problema exclusivo daqueles que se dispusessem a colonizá-lo. A existência de gado, porém, compensava os prováveis problemas: garantia a alimentação e permitia algum lucro, com sua exportação e a venda de couros. A procura do gado do Rio Grande, entretanto, não surgiu só da necessidade de garantir a posse do solo e das vantagens econômicas do aproveitamento e exportação de couros. Um outro motivo, de grande importância, foi a principal mola propulsora para a busca de gado na região e o povoamento que disto resultou. Tratava-se da descoberta das minas de ouro de Minas Gerais, que precisavam, com urgência, de gado muar e cavalar para o transporte, e de gado vacum para a alimentação de sua população, que aumentava rapidamente. A região aurífera se encontrava distante da zona de povoamento do Nordeste, onde, em função dos engenhos e plantações de cana, havia se desenvolvido, principalmente no sertão, a pecuária. Foi por isto que se estabeleceu um crescente comércio de gado entre o Rio Grande do Sul e Minas. Assim, o Rio Grande passou a participar, de forma secundária, da economia da colônia, integrando-se a ela como "fornecedor" das regiões voltadas para atividades de caráter exportador. Este papel

Regências e Segundo Reinado. Alan

Regências e Segundo Reinado. Alan Regências e Segundo Reinado Alan O Período Regencial Inicia-se com a abdicação de D. Pedro I, em 07 de Abril de 1831 e segue até o Golpe da Maioridade, em 1840. Trata-se de um período marcado por especial

Leia mais

Mineração e a Crise do Sistema Colonial. Prof. Osvaldo

Mineração e a Crise do Sistema Colonial. Prof. Osvaldo Mineração e a Crise do Sistema Colonial Prof. Osvaldo Mineração No final do século XVII, os bandeirantes encontraram ouro na região de Minas Gerais Grande parte do ouro extraído era de aluvião, ou seja,

Leia mais

O IMPÉRIO DO BRASIL: PRIMEIRO REINADO 1822-1831. Professor Eric Assis Colégio Pedro II

O IMPÉRIO DO BRASIL: PRIMEIRO REINADO 1822-1831. Professor Eric Assis Colégio Pedro II O IMPÉRIO DO BRASIL: PRIMEIRO REINADO 1822-1831 Professor Eric Assis Colégio Pedro II OS DESAFIOS APÓS A INDEPENDÊNCIA I- Manter a unidade territorial do Brasil. II- Construir o Estado Nacional Brasileiro.

Leia mais

Europa no Século XIX FRANÇA RESTAURAÇÃO DA DINASTIA BOURBON LUÍS XVIII CARLOS X LUÍS FELIPE ( 1824 1830 )

Europa no Século XIX FRANÇA RESTAURAÇÃO DA DINASTIA BOURBON LUÍS XVIII CARLOS X LUÍS FELIPE ( 1824 1830 ) Europa no Século XIX FRANÇA RESTAURAÇÃO DA DINASTIA BOURBON -Após a derrota de Napoleão Bonaparte, restaurou-se a Dinastia Bourbon subiu ao trono o rei Luís XVIII DINASTIA BOURBON LUÍS XVIII CARLOS X LUÍS

Leia mais

Generated by Foxit PDF Creator Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. Profª. Maria Auxiliadora 3º Ano

Generated by Foxit PDF Creator Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. Profª. Maria Auxiliadora 3º Ano Profª. Maria Auxiliadora 3º Ano Contradições entre o sistema colonial e as propostas liberais a partir do século XVIII Guerra de sucessão do trono espanhol (1702-1713) Luís XIV conseguiu impor seu neto

Leia mais

ANTECEDENTES A idéia de República

ANTECEDENTES A idéia de República ANTECEDENTES A idéia de República Silêncio, o imperador está governando o Brasil Piada comum entre os republicanos. Para eles, não era apenas o imperador que estava envelhecido e incapaz. O próprio regime

Leia mais

BRASIL NO SÉCULO XIX VINDA DA FAMÍLIA REAL INDEPENDÊNCIA

BRASIL NO SÉCULO XIX VINDA DA FAMÍLIA REAL INDEPENDÊNCIA BRASIL NO SÉCULO XIX VINDA DA FAMÍLIA REAL INDEPENDÊNCIA Vinda da Família Real esteve ligada à conjuntura européia do início do século XIX Napoleão X Inglaterra X Portugal Bloqueio Continental Convenção

Leia mais

Período pré-colonial

Período pré-colonial CHILE Período pré-colonial O navegador português Fernão de Magalhães, a serviço do rei da Espanha, foi o primeiro europeu a visitar a região que hoje é chamada de Chile. Os mapuches, grande tribo indígena

Leia mais

XIII. A República dos Marechais

XIII. A República dos Marechais XIII. A República dos Marechais Governo (Provisório) de Deodoro Primeiras medidas: - Federalismo - Separação entre Igreja e Estado (registro civil de nascimento e casamento civil) - Novos símbolos nacionais

Leia mais

Avaliação da unidade II Pontuação: 7,5 pontos

Avaliação da unidade II Pontuação: 7,5 pontos Avaliação da unidade II Pontuação: 7,5 pontos QUESTÃO 01 (1,0 ponto) A Segunda Grande Guerra (1939-1945), a partir de 7 de dezembro de 1941, adquire um caráter mundial quando os a) ( ) russos tomam a iniciativa

Leia mais

HISTÓRIA. Assinale a alternativa que preenche corretamente os parênteses da Coluna B, de cima para baixo.

HISTÓRIA. Assinale a alternativa que preenche corretamente os parênteses da Coluna B, de cima para baixo. HISTÓRIA 37 Associe as civilizações da Antigüidade Oriental, listadas na Coluna A, às características políticas que as identificam, indicadas na Coluna B. 1 2 3 4 COLUNA A Mesopotâmica Fenícia Egípcia

Leia mais

Maurício Piragino /Xixo Escola de Governo de São Paulo. mauxixo.piragino@uol.com.br

Maurício Piragino /Xixo Escola de Governo de São Paulo. mauxixo.piragino@uol.com.br Democracia Participativa e Direta: conselhos temáticos e territoriais (Conselhos Participativos nas Subprefeituras); Iniciativa Popular, Plebiscitos e Referendo" Maurício Piragino /Xixo Escola de Governo

Leia mais

Brasil Império. Sétima Série Professora Carina História

Brasil Império. Sétima Série Professora Carina História Brasil Império Sétima Série Professora Carina História Confederação do Equador Local: Províncias do Nordeste. Época: 1824. Líderes da revolta: Manuel Paes de Andrade, frei Caneca e Cipriano Barata. Causas:

Leia mais

O TIGRE E A DEMOCRACIA: O CONTRATO SOCIAL HISTÓRICO

O TIGRE E A DEMOCRACIA: O CONTRATO SOCIAL HISTÓRICO 5.11.05 O TIGRE E A DEMOCRACIA: O CONTRATO SOCIAL HISTÓRICO Luiz Carlos Bresser-Pereira Primeira versão, 5.11.2005; segunda, 27.2.2008. No século dezessete, Hobbes fundou uma nova teoria do Estado que

Leia mais

QUARTA CONSTITUIÇÃO (A CONSTITUIÇÃO DO ESTADO NOVO)

QUARTA CONSTITUIÇÃO (A CONSTITUIÇÃO DO ESTADO NOVO) QUARTA CONSTITUIÇÃO (A CONSTITUIÇÃO DO ESTADO NOVO) NOME...Constituição dos Estados Unidos do Brasil DATA...10 de Novembro de 1937 ORIGEM...Outorgada DURAÇÃO...9 anos PREÂMBULO O Presidente da República

Leia mais

CADERNO 1 BRASIL CAP. 3. Gabarito: EXERCÍCIOS DE SALA. Resposta da questão 1: [D]

CADERNO 1 BRASIL CAP. 3. Gabarito: EXERCÍCIOS DE SALA. Resposta da questão 1: [D] Gabarito: EXERCÍCIOS DE SALA Resposta da questão 1: Somente a proposição está correta. Com a expansão napoleônica na Europa e a invasão do exército Francês em Portugal ocorreu a vinda da corte portuguesa

Leia mais

ONDAS REVOLUCIONÁRIAS LIBERAIS EUROPA NO SÉCULO XIX

ONDAS REVOLUCIONÁRIAS LIBERAIS EUROPA NO SÉCULO XIX ONDAS REVOLUCIONÁRIAS LIBERAIS EUROPA NO SÉCULO XIX 1820 Independência da Grécia submetida ao Império turco-otomano, o movimento conquista a autonomia política da região com apoio popular e internacional.

Leia mais

O REGIME REPUBLICANO EM PORTUGAL PARLAMENTARISMO

O REGIME REPUBLICANO EM PORTUGAL PARLAMENTARISMO O REGIME REPUBLICANO EM PORTUGAL PARLAMENTARISMO Republicanismo português As raízes ideológicas remontavam à Revolução Francesa: liberdade, igualdade e fraternidade. Liberdade de pensamento, igualdade

Leia mais

IDADE CONTEMPORÂNEA (a partir de 1789)

IDADE CONTEMPORÂNEA (a partir de 1789) IDADE CONTEMPORÂNEA (a partir de 1789) ERA NAPOLEÔNICA (1799 1815) 1 - O CONSULADO (1799 1804): Pacificação interna e externa. Acordos de paz com países vizinhos. Acordo com a Igreja catolicismo oficial.

Leia mais

Planejamento. Ensino fundamental I 5 o ano. história Unidade 1. Ético Sistema de Ensino Planejamento Ensino fundamental I

Planejamento. Ensino fundamental I 5 o ano. história Unidade 1. Ético Sistema de Ensino Planejamento Ensino fundamental I história Unidade 1 A vinda da família real portuguesa para o Brasil Os desdobramentos sociais, políticos e econômicos da independência do Brasil Os aspectos históricos do início do Império brasileiro O

Leia mais

O Sindicato de trabalhadores rurais de Ubatã e sua contribuição para a defesa dos interesses da classe trabalhadora rural

O Sindicato de trabalhadores rurais de Ubatã e sua contribuição para a defesa dos interesses da classe trabalhadora rural O Sindicato de trabalhadores rurais de Ubatã e sua contribuição para a defesa dos interesses da classe trabalhadora rural Marcos Santos Figueiredo* Introdução A presença dos sindicatos de trabalhadores

Leia mais

A ESCRAVIDÃO CHEGA AO FIM Aula: 37 Pág. 27 PROFª: CLEIDIVAINE 8º ANO

A ESCRAVIDÃO CHEGA AO FIM Aula: 37 Pág. 27 PROFª: CLEIDIVAINE 8º ANO A ESCRAVIDÃO CHEGA AO FIM Aula: 37 Pág. 27 PROFª: CLEIDIVAINE 8º ANO 1 INTRODUÇÃO Colonização: trabalho escravo. Séc. XIX condenação da instituição escravista pelos países europeus (Inglaterra): pressiona

Leia mais

APRESENTAÇÃO Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural Sustentável (CMDRS)

APRESENTAÇÃO Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural Sustentável (CMDRS) APRESENTAÇÃO A formação dos Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural Sustentável (CMDRS) e a participação atuante das comunidades são imprescindíveis para o desenvolvimento rural. É função dos Conselhos

Leia mais

CONSTITUIÇÃO DE 1891

CONSTITUIÇÃO DE 1891 CONSTITUIÇÃO DE 1891 Porto Alegre, dezembro de 2014. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL DE 1891 INFLUÊNCIA E CONTEXTO HISTÓRICO A constituição de 1891 foi fortemente inspirada na constituição

Leia mais

Na ditadura não a respeito à divisão dos poderes (executivo, legislativo e judiciário). O ditador costuma exercer os três poderes.

Na ditadura não a respeito à divisão dos poderes (executivo, legislativo e judiciário). O ditador costuma exercer os três poderes. Ditadura: É uma forma de governo em que o governante (presidente, rei, primeiro ministro) exerce seu poder sem respeitar a democracia, ou seja, governa de acordo com suas vontades ou com as do grupo político

Leia mais

REVOLTAS DURANTE A REPÚBLICA VELHA

REVOLTAS DURANTE A REPÚBLICA VELHA REVOLTAS DURANTE A REPÚBLICA VELHA Unidade 2, Tema 2 e 3. Págs. 50 53 Personagem. Pág. 55 e 64 Ampliando Conhecimentos. Págs. 60-61 Conceitos Históricos. Pág. 65 Em foco. Págs. 66-71 GUERRA DE CANUDOS

Leia mais

Texto Base: Período Napoleônico (1799-1815) Parte I

Texto Base: Período Napoleônico (1799-1815) Parte I Texto Base: Período Napoleônico (1799-1815) Parte I O período napoleônico consolida a vitória dos ideais burgueses na França do final do século XVIII. Mais que isso, a ascensão de Napoleão Bonaparte ao

Leia mais

OITAVO ANO ESINO FUNDAMENTAL II PROFESSORA: ROSE LIMA

OITAVO ANO ESINO FUNDAMENTAL II PROFESSORA: ROSE LIMA OITAVO ANO ESINO FUNDAMENTAL II PROFESSORA: ROSE LIMA http://plataformabrioli.xpg.uol.com.br/historiaresumo/2ano/epopeialusitana.pdf http://blog.msmacom.com.br/familia-real-portuguesa-quem-e-quem-na-monarquia/

Leia mais

Os movimentos de libertação colonial

Os movimentos de libertação colonial Os movimentos de libertação colonial Fatores determinantes Em fins do século XVIII, iniciaram-se os movimentos que tinham como objetivo libertar a colônia do domínio econômico português. Deste momento

Leia mais

UNIDADE 4 A CRISE DO GUERRA MUNDIAL. CAPITALISMO E A SEGUNDA. Uma manhã de destruição e morte.

UNIDADE 4 A CRISE DO GUERRA MUNDIAL. CAPITALISMO E A SEGUNDA. Uma manhã de destruição e morte. UNIDADE 4 A CRISE DO CAPITALISMO E A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL. Uma manhã de destruição e morte. No início de agosto de 1945, os Estados Unidos tentavam, sem resultado, conseguir a rendição japonesa. A solução

Leia mais

Mas, um golpe de Estado militar instaurou a forma republicana presidencialista, em 15 de novembro de 1889.

Mas, um golpe de Estado militar instaurou a forma republicana presidencialista, em 15 de novembro de 1889. Brasil no período de transição: Império para República. Éramos governados por um dos ramos da Casa de Bragança, conhecido como família imperial brasileira que constituía o 11º maior império da história

Leia mais

A POLÍTICA NO SEGUNDO REINADO Aula: 33 Pág. 14. PROFª: CLEIDIVAINE / 8º Ano

A POLÍTICA NO SEGUNDO REINADO Aula: 33 Pág. 14. PROFª: CLEIDIVAINE / 8º Ano A POLÍTICA NO SEGUNDO REINADO Aula: 33 Pág. 14 PROFª: CLEIDIVAINE / 8º Ano 1 D. PDRO II, O NOVO IMPERADOR Após agitações D. Pedro II assume o trono de 1840 a 1889: foi deposto 1º momento tranquilidade

Leia mais

A expansão da América Portuguesa

A expansão da América Portuguesa 8 ANO A/B RESUMO DA UNIDADE 1 DISCIPLINA: HISTÓRIA PROFESSORA: SUELEM *Os índios no Brasil A expansão da América Portuguesa Violência contra os povos indígenas; - Doenças, trabalho forçado; - Foram obrigados

Leia mais

Sugestões de avaliação. História 8 o ano Unidade 4

Sugestões de avaliação. História 8 o ano Unidade 4 Sugestões de avaliação História 8 o ano Unidade 4 5 Nome: Data: Unidade 4 1. Analise a gravura e explique qual crítica ela revela. Gravura anônima do século XVIII. Biblioteca Nacional da França, Paris

Leia mais

Sumário executivo. ActionAid Brasil Rua Morais e Vale, 111 5º andar 20021-260 Rio de Janeiro - RJ Brasil

Sumário executivo. ActionAid Brasil Rua Morais e Vale, 111 5º andar 20021-260 Rio de Janeiro - RJ Brasil Sumário executivo Mais de um bilhão de pessoas sofre com as consequências da inanição é mais que a população dos Estados Unidos, Canadá e União Européia juntas. Em julho desse ano, a reunião de cúpula

Leia mais

Aulas 1 e 2 de Direito Eleitoral Professor: Will

Aulas 1 e 2 de Direito Eleitoral Professor: Will Aulas 1 e 2 de Direito Eleitoral Professor: Will 1) Mudanças que se sujeitam ao princípio da anualidade: a) mudança na lei partidária (filiação, convenção, coligações, número de candidatos etc). b) mudança

Leia mais

A perspectiva de reforma política no Governo Dilma Rousseff

A perspectiva de reforma política no Governo Dilma Rousseff A perspectiva de reforma política no Governo Dilma Rousseff Homero de Oliveira Costa Revista Jurídica Consulex, Ano XV n. 335, 01/Janeiro/2011 Brasília DF A reforma política, entendida como o conjunto

Leia mais

Situa-se na Península Itálica, próxima ao mar Mediterrâneo, Adriático e Tirreno.

Situa-se na Península Itálica, próxima ao mar Mediterrâneo, Adriático e Tirreno. Situa-se na Península Itálica, próxima ao mar Mediterrâneo, Adriático e Tirreno. Foi fundada no século VIII a.c., com a unificação de aldeias latinas e sabinos. Sua história política é dividida em 3 períodos:

Leia mais

Analise duas transformações ocorridas nesse contexto histórico que colaboraram para a crise da República.

Analise duas transformações ocorridas nesse contexto histórico que colaboraram para a crise da República. 1) Leia a afirmativa abaixo que relaciona as conquistas territoriais às profundas alterações políticas, sociais e econômicas ocorridas entre os séculos II e I a.c. A República conquistara para Roma o seu

Leia mais

Ensino Religioso no Brasil

Ensino Religioso no Brasil Ensino Religioso no Brasil Frederico Monteiro BRANDÃO 1 Cláudio José Palma SANCHEZ 2 José Artur Teixeira GONÇALVES³ RESUMO: Esse artigo tem como objetivo expor uma parte da história do ensino religioso

Leia mais

Prova bimestral 4 o ANO 2 o BIMESTRE

Prova bimestral 4 o ANO 2 o BIMESTRE Prova bimestral 4 o ANO 2 o BIMESTRE HISTÓRIA Escola: Nome: Data: / / Turma: Pedro Álvares Cabral foi o comandante da primeira expedição portuguesa que chegou ao território que mais tarde receberia o nome

Leia mais

História. Programação 3. bimestre. Temas de estudo

História. Programação 3. bimestre. Temas de estudo História Olá, pessoal! Vamos conhecer, entre outros fatos, como era o trabalho escravo no Brasil? CHIQUINHA GONZAGA Programação 3. bimestre Temas de estudo O trabalho escravo na formação do Brasil - Os

Leia mais

Trabalho de história 3º tri Integrantes Frederico Strasser Nº:15 Diogo Amorim Nº:12 Guilherme Hasslocher Nº:19 Lucas Fuss Nº:28 Mateus Peres Nº:34

Trabalho de história 3º tri Integrantes Frederico Strasser Nº:15 Diogo Amorim Nº:12 Guilherme Hasslocher Nº:19 Lucas Fuss Nº:28 Mateus Peres Nº:34 Trabalho de história 3º tri Integrantes Frederico Strasser Nº:15 Diogo Amorim Nº:12 Guilherme Hasslocher Nº:19 Lucas Fuss Nº:28 Mateus Peres Nº:34 -Enquanto Buenos Aires se tornava mais poderosa, os lideres

Leia mais

MINERAÇÃO NO BRASIL A DESCOBERTA E EXPLORAÇÃO DO OURO E DO DIAMANTE

MINERAÇÃO NO BRASIL A DESCOBERTA E EXPLORAÇÃO DO OURO E DO DIAMANTE A DESCOBERTA E EXPLORAÇÃO DO OURO E DO DIAMANTE O início da mineração no Brasil; Mudanças sociais e econômicas; Atuação da Coroa portuguesa na região mineira; Revoltas ocorridas pela exploração aurífera;

Leia mais

1554 Fundação da Vila de São Paulo de Piratininga.De início pequena agricultura de substância.(via apresamento).

1554 Fundação da Vila de São Paulo de Piratininga.De início pequena agricultura de substância.(via apresamento). HB. Expansão territorial da colônia. Expansão territorial Bandeirantes. 1554 Fundação da Vila de São Paulo de Piratininga.De início pequena agricultura de substância.(via apresamento). Mão-de-obra indígena.

Leia mais

PARA ONDE VAMOS? Uma reflexão sobre o destino das Ongs na Região Sul do Brasil

PARA ONDE VAMOS? Uma reflexão sobre o destino das Ongs na Região Sul do Brasil PARA ONDE VAMOS? Uma reflexão sobre o destino das Ongs na Região Sul do Brasil Introdução Mauri J.V. Cruz O objetivo deste texto é contribuir num processo de reflexão sobre o papel das ONGs na região sul

Leia mais

Memórias de um Brasil holandês. 1. Responda: a) Qual é o período da história do Brasil retratado nesta canção?

Memórias de um Brasil holandês. 1. Responda: a) Qual é o período da história do Brasil retratado nesta canção? Material elaborado pelo Ético Sistema de Ensino Ensino fundamental Publicado em 2012 Prova bimestral 3 o Bimestre 4 o ano história Data: / / Nível: Escola: Nome: Memórias de um Brasil holandês Nessa terra

Leia mais

A América Espanhola.

A América Espanhola. Aula 14 A América Espanhola. Nesta aula, trataremos da colonização espanhola na América, do processo de independência e da formação dos Estados Nacionais. Colonização espanhola na América. A conquista

Leia mais

Curso de Formação de Conselheiros em Direitos Humanos Abril Julho/2006

Curso de Formação de Conselheiros em Direitos Humanos Abril Julho/2006 Curso de Formação de Conselheiros em Direitos Humanos Abril Julho/2006 Realização: Ágere Cooperação em Advocacy Apoio: Secretaria Especial dos Direitos Humanos/PR Módulo II: Conselhos dos Direitos no Brasil

Leia mais

Sessão Extraordinária da Assembleia Municipal de Odivelas

Sessão Extraordinária da Assembleia Municipal de Odivelas Sessão Extraordinária da Assembleia Municipal de Odivelas Sessão Solene Comemorativa da Implantação da República 05.10.2010 A Revolução Republicana de 1910 Ao assinalarmos cem anos sobre a Revolução Republicana

Leia mais

7 DE SETEMBRO INDEPENDENCIA DO BRASIL

7 DE SETEMBRO INDEPENDENCIA DO BRASIL 7 DE SETEMBRO INDEPENDENCIA DO BRASIL A HISTÓRIA... A Independência do Brasil éum dos fatos históricos mais importantes de nosso país, pois marca o fim do domínio português e a conquista da autonomia política.

Leia mais

Período Joanino 1808-1821

Período Joanino 1808-1821 Período Joanino 1808-1821 Bloqueio Continental - 1806 Tratado de Fontainebleau - 1807 Guerras Napoleônicas Fatores Motivadores Invasão das tropas Napoleônicas - Espanha Invasão das tropas Napoleônicas

Leia mais

COLÉGIO O BOM PASTOR PROF. RAFAEL CARLOS SOCIOLOGIA 3º ANO. Material Complementar Módulos 01 a 05: Os modos de produção.

COLÉGIO O BOM PASTOR PROF. RAFAEL CARLOS SOCIOLOGIA 3º ANO. Material Complementar Módulos 01 a 05: Os modos de produção. COLÉGIO O BOM PASTOR PROF. RAFAEL CARLOS SOCIOLOGIA 3º ANO Material Complementar Módulos 01 a 05: Os modos de produção. Modos de Produção O modo de produção é a maneira pela qual a sociedade produz seus

Leia mais

20 CURIOSIDADES SOBRE A GUERRA DO PARAGUAI

20 CURIOSIDADES SOBRE A GUERRA DO PARAGUAI 20 CURIOSIDADES SOBRE A GUERRA DO PARAGUAI No dia 18 de setembro de 1865, ocorre a rendição do Paraguai, depois do cerco de Uruguaiana, no Rio Grande do Sul. É um bom momento para lembrarmos daquele que

Leia mais

A partir desse texto e de seus conhecimentos, responda às questões propostas.

A partir desse texto e de seus conhecimentos, responda às questões propostas. História 0 Na manhã de 12 de agosto de 1798, um panfleto revolucionário afixado em vários lugares da cidade de Salvador dizia: Povo, o tempo é chegado para vós defendêreis a vossa Liberdade; o dia da nossa

Leia mais

PROGRAMA DINHEIRO DIRETO NA ESCOLA: um estudo nas redes municipal de Porto Alegre e estadual do Rio Grande do Sul

PROGRAMA DINHEIRO DIRETO NA ESCOLA: um estudo nas redes municipal de Porto Alegre e estadual do Rio Grande do Sul PROGRAMA DINHEIRO DIRETO NA ESCOLA: um estudo nas redes municipal de Porto Alegre e estadual do Rio Grande do Sul Vera Maria Vidal Peroni PPGEDU UFRGS Este trabalho é parte da pesquisa intitulada: PROGRAMA

Leia mais

Nome: nº. Recuperação Final de História Profª Patrícia

Nome: nº. Recuperação Final de História Profª Patrícia 1 Conteúdos selecionados: Nome: nº Recuperação Final de História Profª Patrícia Lista de atividades 9º ano Apostila 1: Segunda Revolução Industrial (características); Neocolonislimo; Brasil no século XX:

Leia mais

INTEIRATIVIDADE FINAL CONTEÚDO E HABILIDADES DINÂMICA LOCAL INTERATIVA. Conteúdo: Independência dos Estados Unidos

INTEIRATIVIDADE FINAL CONTEÚDO E HABILIDADES DINÂMICA LOCAL INTERATIVA. Conteúdo: Independência dos Estados Unidos Conteúdo: Independência dos Estados Unidos Habilidades: Compreender o processo de independência Norte Americana dentro do contexto das ideias iluministas. Yankee Doodle 1 Causas Altos impostos cobrados

Leia mais

Estado da Paraíba PREFEITURA MUNICIPAL DE TAVARES GABINETE DO PREFEITO

Estado da Paraíba PREFEITURA MUNICIPAL DE TAVARES GABINETE DO PREFEITO LEI Nº 704/2013 DISPÕE SOBRE A CRIAÇÃO DO CONSELHO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL COMPIR E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS. O PREFEITO CONSTITUCIONAL DO MUNICÍPIO DE TAVARES, Estado da Paraíba, usando

Leia mais

CRISE E RUPTURA NA REPÚBLICA VELHA. Os últimos anos da República Velha

CRISE E RUPTURA NA REPÚBLICA VELHA. Os últimos anos da República Velha CRISE E RUPTURA NA REPÚBLICA VELHA Os últimos anos da República Velha Década de 1920 Brasil - as cidades cresciam e desenvolviam * Nos grandes centros urbanos, as ruas eram bem movimentadas, as pessoas

Leia mais

Rei (controla poder moderador) além de indicar o primeiro ministro e dissolve a Câmara de Deputados Monarquia torna-se estável

Rei (controla poder moderador) além de indicar o primeiro ministro e dissolve a Câmara de Deputados Monarquia torna-se estável História do Brasil Professora Agnes (Cursinho Etec Popular de São Roque) Política Interna O SEGUNDO REINADO (1840-1889) * Apogeu da monarquia brasileira. * Centralização política e administrativa. * Pacificação

Leia mais

81AB2F7556 DISCURSO PROFERIDO PELO SENHOR DEPUTADO LUIZ CARLOS HAULY NA SESSÃO DE 05 DE JUNHO DE 2007. Senhor Presidente, Senhoras Deputadas,

81AB2F7556 DISCURSO PROFERIDO PELO SENHOR DEPUTADO LUIZ CARLOS HAULY NA SESSÃO DE 05 DE JUNHO DE 2007. Senhor Presidente, Senhoras Deputadas, DISCURSO PROFERIDO PELO SENHOR DEPUTADO LUIZ CARLOS HAULY NA SESSÃO DE 05 DE JUNHO DE 2007 Senhor Presidente, Senhoras Deputadas, Senhores Deputados, Hoje dia 5 de junho completam 70 anos da fundação da

Leia mais

América Latina: Herança Colonial e Diversidade Cultural. Capítulo 38

América Latina: Herança Colonial e Diversidade Cultural. Capítulo 38 América Latina: Herança Colonial e Diversidade Cultural Capítulo 38 Expansão marítima européia; Mercantilismo (capitalismo comercial); Tratado de Tordesilhas (limites coloniais entre Portugal e Espanha):

Leia mais

1º - Foi um movimento liderado pela BURGUESIA contra o regime absolutista. 2º - Abriu espaço para o avanço do CAPITALISMO.

1º - Foi um movimento liderado pela BURGUESIA contra o regime absolutista. 2º - Abriu espaço para o avanço do CAPITALISMO. APRESENTAÇÃO Aula 08 3B REVOLUÇÃO FRANCESA Prof. Alexandre Cardoso REVOLUÇÃO FRANCESA Marco inicial da Idade Contemporânea ( de 1789 até os dias atuais) 1º - Foi um movimento liderado pela BURGUESIA contra

Leia mais

Como citar este artigo Número completo Mais artigos Home da revista no Redalyc

Como citar este artigo Número completo Mais artigos Home da revista no Redalyc Diálogos - Revista do Departamento de História e do Programa de Pós-Graduação em História ISSN: 1415-9945 rev-dialogos@uem.br Universidade Estadual de Maringá Brasil Castanho, Sandra Maria POLÍTICA E LUTAS

Leia mais

CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1891

CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1891 CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1891 Preâmbulo Nós, os representantes do povo brasileiro, reunidos em Congresso Constituinte, para organizar um regime livre e democrático, estabelecemos, decretamos e promulgamos

Leia mais

Movimentos de Pré- Independência e Vinda da Família Real. História C Aula 08 Prof. Thiago

Movimentos de Pré- Independência e Vinda da Família Real. História C Aula 08 Prof. Thiago Movimentos de Pré- Independência e Vinda da Família Real História C Aula 08 Prof. Thiago Movimentos de Pré- Independência Século XVIII e XIX Crise do mercantilismo e do Estado Absolutista Hegemonia de

Leia mais

ACORDO PARA A PROMOÇÃO E A PROTEÇÃO RECÍPROCA DE INVESTIMENTOS ENTRE O GOVERNO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL E O GOVERNO DA REPÚBLICA DA CORÉIA

ACORDO PARA A PROMOÇÃO E A PROTEÇÃO RECÍPROCA DE INVESTIMENTOS ENTRE O GOVERNO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL E O GOVERNO DA REPÚBLICA DA CORÉIA ACORDO PARA A PROMOÇÃO E A PROTEÇÃO RECÍPROCA DE INVESTIMENTOS ENTRE O GOVERNO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL E O GOVERNO DA REPÚBLICA DA CORÉIA O Governo da República Federativa do Brasil e o Governo

Leia mais

(Perry Anderson, Linhagens do Estado absolutista. p. 18 e 39. Adaptado)

(Perry Anderson, Linhagens do Estado absolutista. p. 18 e 39. Adaptado) 1. (Fgv 2014) O paradoxo aparente do absolutismo na Europa ocidental era que ele representava fundamentalmente um aparelho de proteção da propriedade dos privilégios aristocráticos, embora, ao mesmo tempo,

Leia mais

História - 8º Ano Professor Sérgio A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

História - 8º Ano Professor Sérgio A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL História - 8º Ano Professor Sérgio A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL Como já dizia a importante historiadora Letícia Bicalho Canêdo, a Revolução Industrial não pode ser explicada somente a partir de uma aceleração

Leia mais

Exerc ícios de Revisão Aluno(a): Nº:

Exerc ícios de Revisão Aluno(a): Nº: Exerc íciosde Revisão Aluno(a): Nº: Disciplina:HistóriadoBrasil Prof(a).:Cidney Data: deagostode2009 2ªSériedoEnsinoMédio Turma: Unidade:Nilópolis 01. QuerPortugallivreser, EmferrosqueroBrasil; promoveaguerracivil,

Leia mais

problemas ligados a construção de uma estrada de ferro. Esta estrada de ferro acabou desalojando parte da população local, além de gerar desemprego e

problemas ligados a construção de uma estrada de ferro. Esta estrada de ferro acabou desalojando parte da população local, além de gerar desemprego e Movimentos sociais * A República Oligárquica foi um período turbulento. Várias revoltadas sacudiram o país. * No geral, estas revoltas mostravam insatisfação diante de um sistema de governo que alterava

Leia mais

O IMPÉRIO E AS PRIMEIRAS TENTATIVAS DE ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO NACIONAL - (1822-1889) Maria Isabel Moura Nascimento

O IMPÉRIO E AS PRIMEIRAS TENTATIVAS DE ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO NACIONAL - (1822-1889) Maria Isabel Moura Nascimento O IMPÉRIO E AS PRIMEIRAS TENTATIVAS DE ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO NACIONAL - (1822-1889) Maria Isabel Moura Nascimento Publicado em Navegando na História da Educação Brasileira: http://www.histedbr.fae.unicamp.br/navegando/index.html

Leia mais

VIOLAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS NO PERÍODO DA DITADURA NO BRASIL: E A COMISSÃO DA VERDADE

VIOLAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS NO PERÍODO DA DITADURA NO BRASIL: E A COMISSÃO DA VERDADE VIOLAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS NO PERÍODO DA DITADURA NO BRASIL: E A COMISSÃO DA VERDADE Roberto de Paula Alvarenga RANGEL 1 Claudio José Palma SANCHEZ 2 RESUMO: O presente trabalho busca abordar um breve

Leia mais

História/15 8º ano Turma: 1º trimestre Nome: Data: / /

História/15 8º ano Turma: 1º trimestre Nome: Data: / / História/15 8º ano Turma: 1º trimestre Nome: Data: / / 8ºhist301r ROTEIRO DE ESTUDO RECUPERAÇÃO 2015 8º ano do Ensino Fundamental II HISTÓRIA 1º TRIMESTRE 1. Conteúdos Objetivo 1: Africanos no Brasil (Cap.

Leia mais

O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO

O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO MODO DE PRODUÇÃO: Pode ser entendido com a estrutura econômica de uma sociedade. Incluem-se nessa noção a maneira como essa sociedade produz, distribui, consome

Leia mais

Colonização da América do Norte Formação dos Estados Unidos

Colonização da América do Norte Formação dos Estados Unidos Colonização da América do Norte Formação dos Estados Unidos A ocupação da América do Norte foi marcada por intensos conflitos entre ingleses e indígenas da região. Duas companhias de comércio foram autorizadas

Leia mais

Escola Básica de Custóias/ Faculdade de Letras da Universidade do Porto Núcleo de Estágio em História e Geografia 2011/2012 Estagiária: Diana Barroso

Escola Básica de Custóias/ Faculdade de Letras da Universidade do Porto Núcleo de Estágio em História e Geografia 2011/2012 Estagiária: Diana Barroso Escola Básica de Custóias/ Faculdade de Letras da Universidade do Porto Núcleo de Estágio em História e Geografia 2011/2012 Estagiária: Diana Barroso Escola: Básica de Custóias (sede) Ano: 8º ano Turma:

Leia mais

Os negros na formação do Brasil PROFESSORA: ADRIANA MOREIRA

Os negros na formação do Brasil PROFESSORA: ADRIANA MOREIRA Os negros na formação do Brasil PROFESSORA: ADRIANA MOREIRA ESCRAVIDÃO ANTIGA A escravidão é um tipo de relação de trabalho que existia há muito tempo na história da humanidade. Na Antiguidade, o código

Leia mais

REGULAMENTO INTERNO I. DENOMINAÇÃO / SEDE

REGULAMENTO INTERNO I. DENOMINAÇÃO / SEDE I. DENOMINAÇÃO / SEDE Art.º 1.º A Instinto, Associação Protetora de Animais da Covilhã, é uma associação sem fins lucrativos, que se rege pelos Estatutos, pelo presente Regulamento Interno e demais disposições

Leia mais

Cuba rejeita categoricamente qualquer tentativa de explorar a situação dramática criada para ocupar o país e controlar o petróleo.

Cuba rejeita categoricamente qualquer tentativa de explorar a situação dramática criada para ocupar o país e controlar o petróleo. Leia abaixo a íntegra do discurso do Ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, no Conselho de Dereitos Humanos da ONU, na última terça-feira (1º/3), em Genebra: A consciência humana rejeita

Leia mais

Geografia da Fome. Geopolítica da fome

Geografia da Fome. Geopolítica da fome Atividade facebook para os alunos dos 8 anos C, D e E da Emeb Estância. Continuando a temática "formação da desigualdade social", nesse bimestre vocês me farão uma PESQUISA BIOGRÁFICA DO GEÓGRAFO CHAMADO

Leia mais

CONSTITUIÇÃO FEDERAL

CONSTITUIÇÃO FEDERAL CONSTITUIÇÃO FEDERAL Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida,

Leia mais

TEXTO BASE: Roma Antiga Império (27 a.c. 476)

TEXTO BASE: Roma Antiga Império (27 a.c. 476) TEXTO BASE: Roma Antiga Império (27 a.c. 476) Divide-se em duas fases: Alto Império (séc. I a.c. ao séc. III) Baixo Império (séc. III ao séc. V) ALTO IMPÉRIO O período do Alto Império Romano é caracterizado

Leia mais

Entre 1998 e 2001, a freqüência escolar aumentou bastante no Brasil. Em 1998, 97% das

Entre 1998 e 2001, a freqüência escolar aumentou bastante no Brasil. Em 1998, 97% das INFORME-SE BNDES ÁREA PARA ASSUNTOS FISCAIS E DE EMPREGO AFE Nº 48 NOVEMBRO DE 2002 EDUCAÇÃO Desempenho educacional no Brasil: O que nos diz a PNAD-2001 Entre 1998 e 2001, a freqüência escolar aumentou

Leia mais

FORMAÇÃO ECONÔMICA DO BRASIL Celso Furtado. Professor Dejalma Cremonese

FORMAÇÃO ECONÔMICA DO BRASIL Celso Furtado. Professor Dejalma Cremonese FORMAÇÃO ECONÔMICA DO BRASIL Celso Furtado Professor Dejalma Cremonese A ocupação econômica das terras americanas constitui um episódio da expansão comercial da Europa. O comércio interno europeu, em intenso

Leia mais

Tema DC - 01 INTRODUÇÃO DO ESTUDO DO DIREITO CONSTITUCIONAL RECORDANDO CONCEITOS

Tema DC - 01 INTRODUÇÃO DO ESTUDO DO DIREITO CONSTITUCIONAL RECORDANDO CONCEITOS Tema DC - 01 INTRODUÇÃO DO ESTUDO DO DIREITO CONSTITUCIONAL RECORDANDO CONCEITOS 1 1. CONCEITO BÁSICO DE DIREITO Somente podemos compreender o Direito, em função da sociedade. Se fosse possível ao indivíduo

Leia mais

MESOPOTÂMIA ORIENTE MÉDIO FENÍCIA ISRAEL EGITO PÉRSIA. ORIENTE MÉDIO origem das primeiras civilizações

MESOPOTÂMIA ORIENTE MÉDIO FENÍCIA ISRAEL EGITO PÉRSIA. ORIENTE MÉDIO origem das primeiras civilizações MESOPOTÂMIA FENÍCIA ISRAEL EGITO ORIENTE MÉDIO PÉRSIA ORIENTE MÉDIO origem das primeiras civilizações CIVILIZAÇÕES DA ANTIGUIDADE ORIENTAL Mesopotâmia - Iraque Egito Hebreus Israel Fenícios Líbano Pérsia

Leia mais

PROJETO DE LEI Nº 14/2016 DISPÕE SOBRE A CRIAÇÃO DO CONSELHO MUNICIPAL DE PARTICIPAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA COMUNIDADE NEGRA CAPÍTULO I

PROJETO DE LEI Nº 14/2016 DISPÕE SOBRE A CRIAÇÃO DO CONSELHO MUNICIPAL DE PARTICIPAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA COMUNIDADE NEGRA CAPÍTULO I PROJETO DE LEI Nº 14/2016 DISPÕE SOBRE A CRIAÇÃO DO CONSELHO MUNICIPAL DE PARTICIPAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA COMUNIDADE NEGRA RUI VALDIR OTTO BRIZOLARA, Prefeito Municipal de Morro Redondo, Estado do Rio

Leia mais

1) a) Caracterize a Nova Ordem Econômica Mundial;

1) a) Caracterize a Nova Ordem Econômica Mundial; 1) a) Caracterize a Nova Ordem Econômica Mundial; A Nova Ordem Econômica Mundial insere-se no período do Capitalismo Financeiro e a doutrina econômica vigente é o Neoliberalismo. Essa Nova Ordem caracteriza-se

Leia mais

Histórico das constituições: direito de sufrágio

Histórico das constituições: direito de sufrágio 89 Histórico das constituições: direito de sufrágio André de Oliveira da Cruz Waldemar de Moura Bueno Neto José Carlos Galvão Goulart de Oliveira Graduandos pela Faculdade de Educação, Administração e

Leia mais

Políticas Públicas de Fomento ao Cooperativismo *

Políticas Públicas de Fomento ao Cooperativismo * Políticas Públicas de Fomento ao Cooperativismo * Introdução Euclides André Mance México, DF, 19/10/2007 No desenvolvimento do tema desta mesa, trataremos de três aspectos, a saber: a) de que cooperativismo

Leia mais

REVOLUÇÃO FARROUPILHA OU GUERRAS DOS FARRAPOS. 20 de setembro de 1835-11 de setembro de 1845 LOCAL RIO GRANDE DO SUL

REVOLUÇÃO FARROUPILHA OU GUERRAS DOS FARRAPOS. 20 de setembro de 1835-11 de setembro de 1845 LOCAL RIO GRANDE DO SUL REVOLUÇÃO FARROUPILHA OU GUERRAS DOS FARRAPOS 20 de setembro de 1835-11 de setembro de 1845 LOCAL RIO GRANDE DO SUL FOI O MAIOR E MAIS SANGRENTO CONFLITO ARMADO DA HISTÓRIA DO BRASIL GOVERNO PADRE FEIJÓ

Leia mais

Política de cotas para mulheres na política tem 75% de aprovação

Política de cotas para mulheres na política tem 75% de aprovação Política de cotas para mulheres na política tem 75% de aprovação População conhece pouco a atual lei de cotas, mas acha que os partidos que não cumprem a lei deveriam ser punidos A maioria da população

Leia mais

DIREITO CONSTITUCIONAL PODER LEGISLATIVO

DIREITO CONSTITUCIONAL PODER LEGISLATIVO DIREITO CONSTITUCIONAL PODER LEGISLATIVO Atualizado em 03/11/2015 PODER LEGISLATIVO No plano federal temos o Congresso Nacional composto por duas casas (Câmara dos Deputados e Senado Federal). No âmbito

Leia mais

Reconhecimento: Resolução nº CEE - 1464/85 - D.O. 04/05/85 Ent. Mantenedora: Centro Evangélico de Recuperação Social de Paulo Afonso

Reconhecimento: Resolução nº CEE - 1464/85 - D.O. 04/05/85 Ent. Mantenedora: Centro Evangélico de Recuperação Social de Paulo Afonso COLÉGIO SETE DE SETEMBRO Reconhecimento: Resolução nº CEE - 1464/85 - D.O. 04/05/85 Ent. Mantenedora: Centro Evangélico de Recuperação Social de Paulo Afonso CNPJ: 13.911.052/0001-61 e Inscrição Municipal

Leia mais

Colégio Marista São José Montes Claros MG Prof. Sebastião Abiceu 7º ano

Colégio Marista São José Montes Claros MG Prof. Sebastião Abiceu 7º ano Colégio Marista São José Montes Claros MG Prof. Sebastião Abiceu 7º ano 1. CARACTERÍSTICAS GERAIS DO PERÍODO COLONIAL Colônia de exploração (fornecimento de gêneros inexistentes na Europa). Monocultura.

Leia mais

COMUNIDADE DOS ESTADOS INDEPENDENTES

COMUNIDADE DOS ESTADOS INDEPENDENTES COMUNIDADE DOS ESTADOS INDEPENDENTES Características da União Soviética - Moeda Única - Governo Central - Forças Armadas unificadas Países resultantes da desagregação da União Soviética - Rússia - Armênia

Leia mais