CONTROLE QUÍMICO DE ERVAS INFESTANTES NA CULTURA DO ALGODOEIRO HERBÁCEO NO CARIRI CEARENSE

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1 CONTROLE QUÍMICO DE ERVAS INFESTANTES NA CULTURA DO ALGODOEIRO HERBÁCEO NO CARIRI CEARENSE Antonia Eliene Duarte (UFC / duarte105@yahoo.com.br), José Rodrigues Pereira (Embrapa/Algodão), João Bosco Pitombeira (UFC), José Nilson Pereira (Embrapa/Algodão), José Wellington dos Santos (Embrapa Algodão). RESUMO - A pesquisa foi realizada no Campo Experimental da Embrapa, no município de Barbalha, Ceará, com o objetivo de avaliar o efeito de misturas de herbicidas, aplicadas em pré-emergência, no controle de plantas daninhas em algodoeiro herbáceo (Gossypium hirsutum L.r. latifolium Hutch) sob condições de sequeiro. O uso de misturas vem sendo utilizado, para evitar a resistência, reduzir os custos dos tratamentos, minimizar os efeitos poluentes, além de obter melhor eficiência de controle das plantas daninhas. O delineamento experimental adotado foi blocos ao acaso com 13 tratamentos e três repetições. Utilizou-se a cultivar BRS 187 8H. A mistura pendimethalin + oxadiazon (0,88 + 0,44 kg/ha i.a.) mostou-se mais seletiva ao algodoeiro, com índice de fitotoxicidade de 5%. As misturas proporcionaram um excelente controle das plantas daninhas até os primeiros 30 dias. Aos 60 dias após emergência, o maior índice de controle de plantas daninhas foram registrados nos tratamentos metolachlor + diuron + pendimethalin (1,68 + 1,33+ 0,77kg/ha i.a), metolachlor + diuron (1,92 + 1,52Kg/ha i.a). Não houve diferença entre as misturas duplas, triplas e quádruplas. Os mais elevados rendimentos de algodão em caroço foram registrados nos tratamentos metolachlor + diuron + oxadiazon (1,68 + 1,33+ 0,39kg/ha i.a) e pendimethalin + oxadiazon (0,88 + 0,44kg/ha i.a), que não diferiram da testemunha capinada. Palavras-chave: misturas de herbicidas, controle químico, fitotoxicidade. CHEMICAL WEED CONTROL IN UPLAND COTTON CULTURE IN CARIRI CEARENSE. ABSTRACT - The research was carried out at the Experimental (field) Station of Embrapa, located in Barbalha, Ceará- Brasil, to investigate the effect of herbicide mixtures, applied in pre-emergence, on weed control in upland cotton (Gossypium hirsutum L.r. latifolium Hutch) in rainfed conditions. The use of mixtures has been made to avoid strength reduce costs of treatments, minimize the effect of pollution, besides to get more efficiency in weed control. The experimental design was randomized blocks with 13 treatments e 3 replicates. It was used a cultivar BRS 187 8H. The mixture pendimethalin + oxadiazon (0,88 + 0,44 kg/ha) showed itself more selective to cotton with fitotoxicity index 5%. The mixtures provided a satisfactory weed control till the initials 30 days. Sixty days after planting, the biggest index of weed control was registered in metolachlor + diuron + pendimethalin (1,68 + 1,33+ 0,77kg/ha i.a), metolachlor + diuron (1,92 + 1,52Kg/ha i.a). There was not difference among the double, triple e quadruple mixtures. The highest seed cotton yeld were registred in metolachlor + diuron + oxadiazon (1,68 + 1,33+ 0,39kg/ha i.a) and pendimethalin + oxadiazon (0,88 + 0,44kg/ha i.a) which do not diverged of the regular weeding. Palavras-chave: mixtures of herbicide, chemical control, fitotoxicity.

2 INTRODUÇÃO O algodoeiro herbáceo (Gossypium hirsutum L. r. latifolium Hutch.) é uma planta de origem tropical, também explorada comercialmente em países subtropicais. Além da fibra, seu principal produto, o algodoeiro produz diversos subprodutos, que apresentam também grande importância econômica, destacando-se o línter, que corresponde a cerca de 10% da semente do algodão, o óleo bruto, média de 15,5% da semente, a torta, que é quase a metade da semente, além da casca e do resíduo (4,9% do total). Como cultura industrial, o algodão tem, na sua cadeia produtiva, diversos setores, que empregam e/ou fornecem ocupação, desde o campo até a indústria de confecção (ARAÚJO et al., 2004). O Brasil obteve na safra 2003/2004 uma produção de /t de algodão em caroço, com hectares plantados e produtividade média de kg/ha. (CONAB, 2004). No Brasil é crescente o uso de herbicidas no controle de plantas daninhas. O uso de herbicidas requer o conhecimento acerca das características físicas e químicas dos herbicidas, além das reações das diferentes espécies de plantas daninhas, para que um determinado herbicida atinja os objetivos almejados: controle eficiente, eficácia, fitotoxicidade nula para a cultura e economicidade (BELTRÃO e PEREIRA, 2001). Vidal e Merotto Junior (2001) comenta que no Brasil são gastos anualmente cerca de 2,5 milhões de reais com herbicidas. Estes produtos apresentam diversas vantagens, destacando-se: controle eficiente, não danificam a estrutura do solo, rapidez de utilização, baixo custo, aumento no lucro da atividade agrícola, etc. Contudo, quando se deseja prevenir o aparecimento de biótipos resistentes aos herbicidas, os cientistas indicam o uso de misturas, considerando pelo menos dois mecanismos de ação diferente para cada espécie. Segundo NÓBREGA et al. (1998) a competição entre a cultura e as plantas daninhas constituise fator limitante da produção final da cultura. O trabalho teve por objetivo avaliar a fitotoxicidade e testar a eficiência de herbicidas aplicados em misturas duplas, triplas e quádruplas no controle de plantas daninhas na cultura do algodoeiro herbáceo em cultivo de sequeiro. MATERIAL E MÉTODOS Este estudo foi conduzido em condições de campo na Estação Experimental da Embrapa, no município de Barbalha, no estado do Ceará, com altitude média de 405m, com precipitação pluvial anual de 1150mm e solo de textura arenosa e baixo teor de matéria orgânica, do tipo Latossolo Vermelho-Amarelo. A precipitação pluvial ocorrida de janeiro a fevereiro foi superior a 450mm; de março a maio foi entre 100 e 200mm e de junho a julho foi inferior a 20mm. O delineamento experimental foi blocos ao acaso, com 13 tratamentos e três repetições. Os tratamentos foram: metolachlor + pendimethalin (1,92+ 0,88kg/ha i.a); metolachlor + diuron (1,92 + 1,52kg/ha i.a); metolachlor + oxadiazon (1,92 + 0,44kg/ha); diuron + pendimethalin (1,52 + 0,88kg/ha); diuron + oxadiazon (1,52 + 0,44kg/ha); pendimethalin + oxadiazon (0,88 + 0,44kg/ha); metolachlor + diuron + pendimethalin (1,68 + 1,33 + 0,77kg/ha); metolachlor + diuron + oxadiazon (1,68 +1,33 + 0,39kg/ha); metolachlor + pendimethalin + oxadiazon (1,68 + 0,77 + 0,39kg/ha); diuron + pendimethalin +oxadiazon(1,33+0,77+0,39kg/ha);metolachlor+diuron+pendimethalin+oxadiazon (1,44 + 1,14+ 0,66 + 0,33kg/ha); testemunha capinada e testemunha sem capina. A área do experimento foi de 1216m 2, com parcelas experimentais de 5,0m x 4,0m. Utilizou-se a cultivar de algodão BRS 187 8H, semeada no espaçamento de 1,0m entre fileiras, com 10 plantas por

3 metro linear de fileira, sendo as sementes deslintadas quimicamente e tratadas com o inseticida Monceren e o fungicida Carbofuran. A semeadura foi efetuada em e a colheita realizada em Os herbicidas foram aplicados em pré-emergência com pulverizador costal jacto, com capacidade de 20L, equipado com bico Teejet Para a avaliação das variáveis fitotoxicidade (aos 15 dias após a emergência das plântulas) e do controle de plantas daninhas, (aos 30 e 60 dias após a emergência das plântulas), foi utilizada escala EWRC (EUROPEAN WEED RESEARCH COUNCIL, 1964). RESULTADOS E DISCUSSÃO Os valores médios de fitotoxicidade, controle de plantas daninhas aos 30 e 60 dias após a emergência da cultura (DAE), número de plantas mortas de algodão, número de capulhos e produtividade de algodão em caroço encontra-se na Tabela 1. Quanto à fitotoxicidade das misturas herbicídicas no algodão, constatou-se que a mistura pendimethalin + oxadiazon (0,88+0,44) foi a de maior seletividade, com índice de fitotoxicidade de 5%. O mais elevado índice médio de injúria foi registrado na mistura metolachlor + pendimethalin (1,92+0,88) de 58,33%, cuja fitotoxicidade a cultura foi alta (severa a extremamente severa), de acordo com o estabelecido pela escala EWRC. Pode-se observar, também, que a redução na dose do metolachlor nas misturas, tende a diminuir o efeito fitotóxico na planta do algodão. A cultivar apresentou boas características da fibra, de um modo geral. Quanto ao controle das plantas daninhas, verifica-se maior eficácia das misturas aos 30 DAE, cujos valores médios não diferiram significativamente da testemunha capinada. No entanto, aos 60 DAE, constatou-se diferenças significativas entre algumas misturas e a testemunha capinada. O mais elevado índice médio de controle foi obtido pela mistura metolachlor + diuron + pendimethalin (1,68+1,33+0,77) de 68,33%, que não diferiu da testemunha capinada, mas diferiu das misturas duplas metolachlor + oxadiazon (1,92 + 0,44) 10,67%, pendimethalin + oxadiazon (0,88 + 0,44) 10,67% e da mistura tripla metolachlor + pendimethalin + oxadiazon ( 1,68 + 0,77 + 0,39) 10,67%, exceto da mistura quádrupla e das demais duplas e triplas. O número de plantas mortas não foi afetado pelo uso das misturas herbicídicas, visto que não diferiram significativamente entre si e das testemunhas. Com relação a produtividade de algodão em caroço, a maioria das misturas herbicídicas não diferiram entre si, nem da testemunha capinada e não capinada. As misturas metolachlor + oxadiazon e metolachlor + diuron + pendimethalin + oxadiazon, foram as únicas que proporcionaram redução significativa do rendimento em relação a testemunha capinada. A baixa produtividade do algodão em caroço para todos os tratamentos pode ser atribuída ao excesso de chuvas no início do desenvolvimento da cultura e a redução no índice pluviométrico na região, nos períodos de maior demanda hídrica do algodoeiro, crescimento vegetativo e reprodutivo. Levando-se em conta o número de capulhos por plantas, verificou-se depressão dessa variável na mistura metolachlor + oxadiazon em relação a testemunha capinada.

4 Tabela 1. Médias dos dados das variáveis fitotoxicidade (%), controle(%), número de plantas mortas, rendimento (kg/ha) e número de capulhos das misturas herbicídicas estudadas. Barbalha, CE, Doses Fitotoxicidade Controle Nº plantas Rendimento Nº de Misturas herbicídicas (kg/ha) (30 DAE) (60 DAE) mortas Capulhos/pl Metolachlor + pendimethalin 1,92+0,88 58,33a 93,33ª 41,67bc 3,31a 161,1ab 2,60bc Metolachlor + diuron 1,92+1,52 16,67ab 74,33ª 43,67bc 2,85a 285,00ab 3,73abc Metolachlor + oxadiazon 1,92+0,44 40,00ab 75,00a 10,67c 3,36a 105,00b 2,26c diuron + pendimethalin 1,52+0,88 16,67ab 96,00a 41,67bc 4,64a 257,67ab 4,60ab diuron + oxadiazon 1,52+0,44 16,67ab 94,33ª 41,67bc 4,08a 257,67ab 3,26abc Pendimethalin + oxadiazon 0,88+0,44 5,00b 75,00a 10,67c 4,15a 298,00ab 3,06abc Metolachlor + diuron + pendimethalin 1,68+1,33+0,77 36,67ab 96,67ª 68,33ab 2,42a 159,67ab 4,00abc Metolachlor + diuron + oxadiazon 1,68+1,33+0,39 13,33ab 80,00a 30,00bc 3,53a 348,00ab 3,46abc Metolachlor + pendimethalin + oxadiazon 1,68+0,77+0,39 16,67ab 71,67ª 10,67c 2,06a 223,33ab 3,40abc diuron + pendimethalin + oxadiazon 1,33+0,77+0,39 15,00ab 83,33ª 30,00bc 4,59a 278,67ab 3,06abc Metolachlor+ diuron+ pendimethalin +Ox ad. 1,44+1,14+0,66+0,33 31,67ab 81,67ª 32,00bc 4,06a 128,67b 3,33abc Testemunha capinada - 1b 100ª 100ª 3,93a 492,67a 5,00a Testemunha não capinada - 1b 1b 1c 4,23a 166,67ab 2,20c DMS - 49,47 39,44 54,72 3,20 335,85 2,05 Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5 % de probabilidade. 1 Dados transformados em X +1, 0.

5 CONCLUSÕES 1. A mistura pendimethalin + oxadiazon (0,88 + 0,44 kg/ha) mostou-se mais seletiva ao algodoeiro, com índice de fitotoxicidade de 5%; 2. As misturas proporcionaram controle satisfatório de plantas daninhas até os 30 DAE; 3. Aos 60 dias após emergência, o maior índice de controle de plantas daninhas foram registrados nas misturas metolachlor + diuron + pendimethalin e metolachlor + diuron; 4. As baixas produtividades do algodão em caroço obtidos no experimento, podem ser atribuídos a fatores ambientais, especialmente distribuição irregular das chuvas; 5. A produtividade do algodão em caroço não foi afetada significativamente pelo uso de misturas herbicídicas; REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAÚJO, A. E.; SILVA, C. A. D.; FREIRE, E. C.; COSTA, J. N.; AMARAL, J. A. B.; MEDEIROS, J. C.; SILVA, K. L.; BARROS, M. A. L.; BELTRÃO, N. E. M.; SUASSUNA, N. D.;FIRMINO, P. T.; FERREIRA, P. F.; ALMEIDA, R. P.; SANTOS, R. F.; FREIRE, R. M. M.; PEREIRA, S. R. de P. Cultura do Algodão Herbáceo na Agricultura Familiar. Embrapa Algodão. Sistema de Produção, versão eletrônica. Disponível em : sistemas de produção.cnptia.embrapa.br/ Fontes HTML/Algodão/Agricultura Familiar/Autores. Acesso em: 3 out BELTRÃO, N. E. de M.; PEREIRA, J. R.; Injúrias causadas por herbicidas. Cultivar, n. 26, p..3-14, CONAB, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Avaliação da Safra Agrícola 2003/2004. Comparativo da Área, produtividade e produção. Disponível em: Lev 06.pdf Acesso em: 07 nov EWRC (EUROPA WEED RESEARCH COUNCIL). Report off the Third and fourth meetings of the European Weed Research Council Comitee on Methods. Weed Research, n. 4. p. 88, NÓBREGA, L. B.da; VIEIRA, D. J.; BELTRÃO, N. E.de M.; AZEVEDO, D. M. P.. Efeito da mistura e doses dos herbicidas diuron e alachlor no controle de plantas daninhas na cultura do algodão herbáceo. Revista de Oleaginosas e Fibrosas, v. 2. n. 3., p , 1998.