Ação de Extratos Aquoso e Etanólico de Espécies de Espécies Vegetais na Germinação de Sementes de Commelina benghalensis L..

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1 Ação de Extratos Aquoso e Etanólico de Espécies de Espécies Vegetais na Germinação de Sementes de Commelina benghalensis L.. Thiago Ometto Zorzenoni; José Roberto Pinto de Souza; Sandra Aparecida Sahyun UEL/C.C.A./Departamento de Agronomia, Caixa Postal 6.001, CEP Londrina - PR. jose@uel.br RESUMO O objetivo do experimento foi avaliar o efeito dos extratos aquosos e etanólico de espécies medicinais sobre germinação de sementes de trapoeraba (C. benghalensis). O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com tratamentos dispostos em arranjo fatorial 2x15 (extrato aquoso e etanólico, 15 espécies vegetais e 2 testeminha com água deionizada) e quatro repetições. As espécies e as partes utilizadas para a obtenção dos extratos foram Ageratum conysoides L. (folhas, flores e ramos), Artemisia absinthium L. (folhas), Baccharis trimera Less (folhas), Catharanthus roseus G. Don. (folhas e flores) Chenopodium ambrosioides L. (flores e folhas), Duboisia leichardtii R. (folhas), Duranta repens L.(folhas), Erytrina speciosa L. (folhas e flores), Eucalyptus citriodora Hook (folhas), Pinus eliotes L. (folhas), Ocimum gratissimum L. ( folhas e flores), Salvia officinalis L. (folhas), Sambucus australis Cham. E. Schlt., Tropaeolum mageus (folhas e flores), Malva silvestris L. (Flores e folhas). O número plântulas germinadas foi maior com a aplicação do extrato etanólico do que aquoso ao 7º e 21º dia após a semeadura (DAS). As espécies E. citriodora e P. eliotes reduziram significativamente a germinação das sementes de trapoeraba até o 7 o DAS. Palavras chave: Commelina benghalensis, planta daninha, alelopatia, controle natural ABSTRACT

2 The objective of this study was to evaluate the effects of aquous and ethanolic extracts of medicinal species on seed germination of Commelina benghalensis. The experimental design was completely randomized with treatments (15 species aquous extracts, 15 ethanolic extracts and a 2 check was deionized water) with 4 replicates. The species and plant parts used to obtain the extracts were Agerantum conysoides L. (leaves, flowers and branches), Artemisia absinthium L.(leaves), Bacharis trimera Less (leaves), Catharantus roseus G. Don (leaves and flowers), Chenopodium ambrosioides L. (leaves and flowers), Duboisia leichardtii R. (leaves), Duranta repens L.(leaves), Erytrina speciosa L. (leaves and flowers), Eucalyptus citriodora Hook (leaves), Pinus eliotes L. (leaves), Ocimum gratissimum L. (leaves and flowers), Salvia Officinalis L. (leaves), Sambucus australis Cham. E. Schlt., Tropaeolum mageus (leaves and flowers) and Malva silvestris L. (leaves and flowers). Seedlings were greater with ethanolic extracts than aquous at 7 o and 21 o day after sowing (DAS). E. citriodora and P. eliotes reduced the germination C. benghalensis seeds until 7 o DAS. Keywords: Commelina benghalensis, allelopathy, medicinal plant INTRODUÇÃO A trapoeraba é uma planta herbácea da família Commelinaceae, originada do sul e do sudoeste asiático. Ocorre com freqüência na Índia, Sri Lanka, Indochina, Austrália, África e Brasil. É uma infestante muito agressiva em culturas anuais de verão nas regiões Central e Meridional do Brasil (KISSMANN, 1997). Um dos aspectos da biologia da trapoeraba, é sua eficiente capacidade de estabelecer e perpetuar-se em diferentes ambientes (Holm et al., 1977; Budd et al., 1979; Wilson, 1981). Sua reprodução se dá vegetativamente por meio de curtos rizomas e sexualmente por sementes aéreas e subterrâneas formadas nos rizomas (LORENZI, 2000; KISSMANN, 1997). O controle dessa planta infestante se realiza principalmente com o controle químico, mecânico e alternativos. Dentre estes encontra-se a alelopatia, método alternativo que utiliza a inibição do crescimento de uma espécie vegetal através da liberação de substancias produzidas por outra planta (RAVEN.et. al., 2001). A alelopatia pode ocorrer entre espécies cultivadas, entre espécies cultivadas e plantas infestantes, com também entre infestantes. Os ácidos fenólicos, cumarinas, terpenóides, alcalóides, flavonóides, etilenos e vários outros compostos apresentam ação alelopáticas (RICE, 1979). As plantas de Salvia, Eucaliptus e Artemísia liberam produtos voláteis tóxicos como canfeno, dipentano, pineno que inibem o desenvolvimento de outras plantas (ALMEIDA, 1988).

3 O objetivo deste experimento foi estudar o efeito dos extratos aquoso e etanólico de várias espécies vegetais de uso medicinal sobre a germinação de sementes de trapoeraba. MATERIAIS E MÉTODOS As sementes de trapoeraba utilizados no experimento foram beneficiados para obter 100 % de pureza e atingir germinação de 89,6%. As espécies utilizadas para a obtenção dos extratos aquosos e etanólicos foram coletados no Horto Medicinal da Universidade Estadual de Londrina, Londrina, Paraná durante o período da manhã. Em seguida, estas plantas foram colocadas em estufa de circulação forçada de ar à temperatura de 35ºC até atingirem teor de água de 12%. Após a secagem, as plantas foram transportadas para sacos de papel identificados e mantidos em condições de ambiente controlado (ar condicionado a temperatura de 5 ºC). O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com tratamentos dispostos em arranjo fatorial 2x15 [2 tipos de extratos (aquoso e etanólico), 15 espécies vegetais e 2 testemunhas com água deionizada] com 4 repetições. As espécies escolhidas e as partes das plantas utilizadas para a obtenção dos extratos foram: Agerantum conysoides L. (folhas, flores e ramos), Artemisia absinthium L. (folhas), Baccharis trimera Less (folhas), Catharantus roseus G. Don (folhas e flores), Chenopodium ambrosioides L. (flores e folhas), Duboisia leichardtii R. (folhas), Duranta repens L.(folhas), Erytrina speciosa L. (folhas e flores), Eucalyptus citriodora Hook (folhas), Ocimum gratissimum L. (folhas e flores), Salvia officinalis L. (folhas), Sambucus australis Cham. E. Schlt. e Tropaeolum mageus (folhas e flores). Os extratos aquosos foram obtidos com a trituração de 100g de material seco de cada espécie em 200mL de água deionizada. Estes extratos foram deixados em repouso por 24 horas em condições naturais, e após este período foram filtrados e coletados num Becker. Posteriormente, eles foram repassados para frascos de vidro âmbar identificados e mantidos em geladeira até o momento de serem utilizados. Para o preparo dos extratos etanólicos, os materiais foram picados com tesoura e imersos em etanol durante 15 dias em ambiente fechado. Após este período, as soluções foram filtradas e encaminhadas para evaporadores rotativos à vácuo para efetuar as separação do álcool da solução à temperatura entre 80 e 90ºC. Em seguida, as soluções obtidos foram colocadas em estufa com circulação forçada de ar a 40ºC durante dois dias para evaporar o etanol ainda presente. O etanol recuperado do evaporador foi colocado novamente em contato com cada material vegetal para realizar uma segunda extração durante sete dias. Novamente, realizou-se os mesmos procedimentos da primeira extração. Os extratos vegetais obtidos foram mantidos em refrigerador até o momento da utilização.

4 Inicialmente, as sementes de trapoeraba foram colocadas em placas de Petri forradas com papel germinador, e deixadas por 24 horas em estufa com ventilação de ar forçada a temperatura de 75ºC para quebrar a dormência conforme metodologia descrita por Walker& & Evenson (1985b). Em seguida, estas sementes foram imersas em solução de hipoclorito de sódio a 2,5% (v/v) durante 2 minutos. Decorrido os 2 minutos, elas foram retiradas e colocadas em contato com extratos aquoso, etanólico e água deionizada durante uma hora. Terminado estes tratamentos, montou-se os testes de germinação composto por quatro subamostras de 10 sementes cada uma, semeadas sobre papel substrato especial para germinação em caixas plásticas mantidas em germinador tipo BOD com fotoperíodo de 12 horas de luz e temperatura constante de 25ºC. As avaliações foram realizadas aos 7 e 21 dias após a semeadura (BRASIL, 1992). Os dados de número de plântulas germinadas foram transformados em arc sen raiz quadrada (X/100) para a realização da análise de variância, e a comparação entre as médias foi realizada pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os métodos de extração interferiram na germinação das plântulas de trapoeraba. O extrato aquoso apresentou número plântulas germinadas significativamente superior ao etanólico ao 7º e 21º dia após a semeadura (DAS) (Tabela 1). Essa diferença entre a ação do extrato aquoso e etanólico deve-se provavelmente maior número e quantidade de metabólitos secundários que o extrato etanólico retira das plantas. Tabela 1 Número de plântulas germinadas de trapoeraba após a aplicação dos extratos vegetais aquoso e etanólico ao 7º e 21º DAS. Londrina Extratos 7º DAS 21º DAS Aquoso 7,8a 8,9a Etanólico 5,0b 6,1b C.V.(%) 15,8 19,1 Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%. Os extratos das plantas de E. citriodoro e P. eliotes reduziram significativamente a germinação das sementes de trapoeraba ao 7 o DAS (Tabela 2). Já aos 21 o DAS não se verificou interferência das espécies testadas sobre a germinação das sementes.

5 REFERÊNCIAS ALMEIDA, F.S. Alelopatia e as Plantas. Londrina: IAPAR, p. BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para a análise de sementes. Brasília: SNDA/DNDV/CLAV, KISSMANN, G.K. Plantas infestantes e nocivas (Tomo 1). São Paulo: BASF Brasileira S.A., p. LORENZI, H. Plantas daninhas do Brasil. Nova Odessa: Instituto Plantarum, p. RAVEN, P.H.; EVERT, R.F.; EICHHORN,S. E. Biologia Vegetal. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara Koogan S.A. 849p. Tabela 2- Número de plântulas germinadas de trapoeraba após a aplicação de diferentes extratos vegetais ao 7º e 21º DAS. Londrina Espécie 7º DAS 21º DAS Ageratum conysoides 6,4 abc 8,1 a Artemisia absinthium 5,9 abc 6,7 a Baccharis trimera 6,0 abc 6,6 a Catharantus roseus 7,0 ab 8,0 a Chenopodium ambrosioides 5,1 abc 8,2 a Duboisia leichardtii 6,1 abc 6,9 a Duranta repens 6,7 abc 8,3 a Erytrina speciosa 7,7 ab 8,0 a Eucalyptus citriodora 3,3 c 4,8 a Ocimum gratissimum 8,8 a 9,3 a Pinus eliotis 4,0 bc 4,7 a Salvia officinalis 6,0 abc 7,2 a Sambucus australis 7,6 ab 8,3 a Tropaeolum mageus 6,9 abc 7,9 a Malva silvestris L. 6,7 abc 7,8 a Água deionizada 8,6 a 9,2 a C.V. (%) 16,9 Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%.