CRESCIMENTO INICIAL DE MILHO IRRIGADO COM ÁGUA SALINA NO MACIÇO DE BATURITÉ, CEARÁ 1

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1 CRESCIMENTO INICIAL DE MILHO IRRIGADO COM ÁGUA SALINA NO MACIÇO DE BATURITÉ, CEARÁ 1 Elânia Soares de Sena 2, Amitair Ferreira Lima 3, Jonnathan Richeds da Silva Sales 3, Geocleber Gomes de Sousa 4, José Thomas Machado de Sousa 3 RESUMO: A salinidade é um dos maiores estresses abióticos que limitam a produção agrícola nas regiões de climas árido e semiárido. O objetivo desse trabalho foi avaliar o efeito do estresse salino da água de irrigação no crescimento inicial da cultura do milho. O experimento foi conduzido no período de agosto a outubro de 2017 na área da Fazenda Experimental Piroás da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro- Brasileira (UNILAB). O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso com quatro repetições. Os tratamentos foram constituídos de cinco níveis de salinidade da água de irrigação (1,0; 2,0; 3,0; 4,0 e 5,0 ds m -1 ). Aos 45 dias após a semeadura (DAS) foram analisadas as seguintes variáveis: área foliar (AF), número de folhas (NF) e diâmetro do caule (DC). O aumento dos níveis salinos das águas de irrigação foi prejudicial para as variáveis analisadas na fase de crescimento. PALAVRAS-CHAVE: Zea mays L, Semiárido, Estresse salino. INITIAL GROWTH OF IRRIGATED CORN WITH SALINE WATER IN BATURITÉ MASS, CEARÁ ABSTRACT: The salinity is one of the largest abiotic limiting in agricultural production in regions of arid and semiarid climates. The objective of this work was to evaluate the effect of saline stress of irrigation water in the early growth of corn crop. The experiment was carried out in the period from August to October 2017, in the area of Piroás Experimental Farm, from the University of international integration of the Afro-Brazilian Lusophony. The experimental design consisted of randomized blocks with four replications. The treatments consisted of five levels of salinity of the irrigation water (1.0; 2.0; 3.0; 4.0 and 5.0 ds m-1). At 45 days after sowing (DAS), the following variables were analyzed: leaf area (AF), leaf number (NF) and stem diameter (DC). The increase of the saline levels of irrigation water was detrimental to the variables analyzed in the growth phase. KEYWORDS: Zea mays, semiarid, saline stress INTRODUÇÃO A salinidade dos solos é um dos fatores de maior importância quando se fala em estresses abióticos que limitam a produção agrícola nas regiões de climas árido e semiárido (Lutts, 1996; Macêdo et al., 2005). Fatores como temperaturas elevadas, chuvas irregulares, 1 Trabalho extraído de monografia. Financiado pela Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico FUNCAP 2 Eng. Agrônoma graduada pela UNILAB; elaniasena35@hotmail.com 3 Estudante de Agronomia da UNILAB; amitairlima@gmail.com; jonnathanagro@gmail.com; thssousa2015@gmail.com 4 Prof. Doutor, Instituto de Desenvolvimento Rural, UNILAB, Redenção, CE; sousagg@unilab.edu.br

2 drenagem deficiente e manejo inadequado da irrigação estão diretamente relacionados a eventos de salinidade. A irrigação com água salina, na maioria das vezes, resulta em efeito adverso nas relações solo-água-planta, ocasionando desequilíbrio principalmente nas funções fisiológicas e bioquímicas das plantas provocando o fechamento dos estômatos, diminuição do potencial osmótico das raízes, transporte, assimilação e distribuição de nutrientes essenciais para as plantas (Sousa et al., 2010), afetando diretamente na produtividade das culturas. O milho (Zea mays L.), é uma planta de ciclo anual, pertencente à família gramineae e originária da América Central. Cultivado em todo Brasil, apresenta grande importância econômica e social, sendo um dos cereais mais produzidos no país, sua utilização vai desde a alimentação humana e animal até a indústria de alta tecnologia e utilização na produção de biocombustíveis (Silva & Silva, 2017). De acordo com Ayers & Westcot (1999), o milho (Zea mays L.), é uma cultura moderadamente sensível a salinidade, apresentando salinidade limiar da água de 1,1 ds m -1 e do solo de 1,7 ds m -1. As respostas ao estresse salino variam amplamente dependendo do genótipo da planta e de seu estágio fisiológico. Enquanto algumas espécies apresentam elevada tolerância à salinidade, outras são altamente susceptíveis (Willadino & Camara, 2010). Diante do exposto, o objetivo desse trabalho foi avaliar o efeito do estresse salino da água de irrigação no crescimento inicial de plantas de milho. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no período de agosto a outubro de 2017 na área experimental pertencente a Fazenda Piroás, na Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB), pertencente ao município de Redenção, Ceará na região do Maciço de Baturité. Segundo a classificação de Koppen, o clima da região é do tipo BSh, sendo caracterizado como semiárido, muito quente, com chuvas predominantes nas estações do verão e outono. O delineamento experimental utilizado foi 4 blocos ao acaso com 5 tratamento, totalizando 20 unidades experimentais. Os tratamentos foram constituídos de cinco níveis de salinidade da água de irrigação (1,0; 2,0; 3,0; 4,0 e 5,0 ds m -1 ), com irrigação diária. A quantidade dos sais NaCl, CaCl 2.2H 2 O, MgCl 2.6H 2 O utilizadas no preparo das águas de irrigação foi determinada de forma a se obter a CEa (condutividade elétrica da água) desejada na proporção 7:2:1 obedecendo a relação entre CEa e sua concentração (mmol c L -1 = CE x 10)

3 (Rhoades et al., 2000). Aos 45 dias após a semeadura, as plantas foram coletadas da parcela útil (fileiras centrais) e analisadas as seguintes variáveis: número de folhas (contagem direta das folhas), diâmetro do caule (com paquímetro digital a uma altura de aproximadamente 2 cm da superfície do solo); área foliar, pelo método não destrutivo (comprimento da folha x largura da folha x número de folhas x 0,75) (Almeida et al., 2003). RESULTADOS E DISCUSSÃO Conforme análise de variância houve efeito significativo da salinidade da água de irrigação (p < 0,01) para a variável área foliar (AF), diâmetro do caule (DC) e número de folhas (NF) em plantas de milho. A salinidade da água de irrigação afetou negativamente o crescimento das plantas (Figura 1), sendo o efeito linear decrescente para a variável área foliar (AF), com o aumento da salinidade da água de irrigação, apresentando decréscimos de até 58% da área foliar. Cabe destacar que em condições de estresse salino as plantas diminuem a expansão foliar para que haja uma redução da taxa transpiratória, fechando os estômatos, evitando assim, a absorção dos sais prejudiciais (Gomes et al., 2011).Conforme Nazário et al. (2013) ao avaliarem o estresse salino em planta de milho, evidenciaram declínio da área foliar à medida que se aumentava a salinidade da água irrigação. Observa-se, na Figura 2 que o aumento da salinidade reduziu o número de folhas das plantas do milho, com os menores valores sendo observado no tratamento com maior condutividade elétrica da água de irrigação. A diminuição do número de folhas das plantas decorrente do estresse salino é uma das escolhas da planta para manter a absorção de água, tendo como consequência as alterações morfológicas e anatômicas, que se reflete na redução da transpiração (Oliveira et al., 2011). Conforme Sousa et al. (2016) irrigando a cultura do milho com água salina crescente, obtiveram menor emissão de folhas no tratamento com água de irrigação de 5,0 ds m -1. O aumento dos sais da água irrigação influenciou negativamente a variável diâmetro do caule (Figura 3), sendo o modelo que melhor se ajustou foi o linear. De acordo com Sousa et al. (2016), o estresse salino proporcionado pelo aumento da concentração de sais da água de irrigação reduziu o crescimento das plantas de milho avaliado pelo diâmetro caulinar.

4 CONCLUSÕES A irrigação com água salina afetou todas as variáveis analisadas no estágio de crescimento inicial da cultura do milho. REFERÊNCIAS AYERS, R. S.; WESTCOT, D. W. A qualidade da água na agricultura. Campina Grande: UFPB, p. ALMEIDA, M.L.; SANGOI, L.; NAVA, I.C.; GALIO, J.; TRENTIN, P.S.; RAMPAZZO, C. Crescimento inicial de milho e sua relação com o rendimento de grãos. Ciência Rural, v.33, n.2, p , GOMES, K. R.; AMORIM, A. V.; FERREIRA, F. J.; FILHO, F. L. A.; LACERDA, C. F.; FILHO, E. G. Respostas de crescimento e fisiologia do milho submetido a estresse salino com diferentes espaçamentos de cultivo. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v. 15, n. 4, LUTTS, S. Etude des mecanismes de resistance a la salinite chez le riz (Oryza sativa L.): variation somaclonale e strategie d amelioration par utilisation des cultures in vitro f. These (doctorat) - Universite catholique de Louvain, Belgique,1996. MACÊDO, C. E. C. De.; BARROSO, P. A. V.; MOURA, G. E. D. De D.; ALLOUFA, M. A. I. Efeito do Nacl Sobre o Crescimento e a Multiplicação In Vitro de Bananeira. Rev. Bras. Frutic., Jaboticabal - SP, v. 27, n. 2, p , NAZÁRIO, A. A.; BESTETE, L. O.; GARCIA, G. O.; REIS, E. F.; CECILIO, R. A. Desenvolvimento e produção do milho irrigado com água de diferentes condutividades elétricas. Engenharia Ambiental: Tecnologia e Pesquisa, 10, OLIVEIRA, F. A.; CARRILHO, M. J. S. O., MEDEIROS, J. F.; MARACAJÁ, P. B.; OLIVEIRA, M. K. T. Desempenho de cultivares de alface submetidas a diferentes níveis de salinidade da água de irrigação. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v. 15, n. 8, p , RHOADES, J. P.; KANDIAH, A.; MASHALI, A. M. Uso de águas salinas para a produção agrícola. Campina Grande: UFPB, p. SILVA, Bruno Eustáquio Cirilo; SILVA, Marlinda Rufina Jolomba. Viabilidade Econômica- Financeira da Implantação da cultura do milho no município de Santa Teresa-Es. Revista Univap, v. 23, n. 43, p , SOUSA G. G. et al. Acumulação da biomassa, teores e extração de micronutrientes em plantas de milho irrigada com águas salinas. Revista Agropecuária Técnica, v. 31, n. 02, p. 1-10, 2010 SOUSA G. G. De.; LACERDA, C. F. De.; CAVALCANTE, L. F.; GUIMARÃES, F. V. A.;

5 BEZERRA, M. E. De J.; SILVA, G. L. Da. Nutrição mineral e extração de nutrientes de planta de milho irrigada com água salina. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande - PB, v.14, n.11, p , SOUSA, G. G.; VIANA, T. V. A.; SILVA, G. L.; DIAS, C. N.; AZEVEDO, B. M. Interação entre salinidade e biofertilizante de caranguejo na cultura do milho. Magistra, Cruz das Almas, v. 28, n.1, p , SOUSA G. G. et al. Acumulação da biomassa, teores e extração de micronutrientes em plantas de milho irrigada com águas salinas. Revista Agropecuária Técnica, v. 31, n. 02, p. 1-10, WILLADINO, Lilia; CAMARA, Terezinha Rangel. Tolerância das plantas à salinidade: aspectos fisiológicos e bioquímicos. Enciclopédia biosfera, v. 6, n. 11, p. 1-23, Figura 1. Área foliar do milho em função da condutividade elétrica da água de irrigação. Figura 2. Número de folhas do milho em função da condutividade elétrica da água de irrigação. Figura 3. Diâmetro do colmo do milho em função da condutividade elétrica da água de irrigação.