INTERAÇÃO ENTRE SALINIDADE E BIOFERTILIZANTES NA CULTURA DO ARROZ
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- Adelina Belém Vieira
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1 INTERAÇÃO ENTRE SALINIDADE E BIOFERTILIZANTES NA CULTURA DO ARROZ José Brendo de Oliveira Silva 1, Geocleber Gomes de Sousa 2, Márcio Henrique da Costa Freire 2, Emanuel Riebeiro de Ceita, Kelly Nascimento Leite 3 1 Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, Instituto de Desenvolvimento Rural, brendo_oliver@hotmail.com 2 Professor Adjunto, Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, Instituto de Desenvolvimento Rural, sousagg@unilab.edu.br 3 Professora, Universidade Federal do Acre, kellyleite14@hotmail.com 4.Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, Instituto de Desenvolvimento Rural, emanuelceita@hotmail.com 5.Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, Instituto de Desenvolvimento Rural, marciocfreire@gmail.com RESUMO: A salinidade é um dos estresses abióticos que mais afeta o crescimento das plantas afetando o potencial osmótico da solução do solo, causando estresse hídrico e provocando efeitos tóxicos nas plantas, que resultam em injúrias no metabolismo e em desordens nutricionais. O objetivo deste trabalho foi avaliar a interação entre diferentes níveis de salinidade da água de irrigação em solo com e sem biofertilizante de bovino e caprino no crescimento, na produção de biomassa da cultura do arroz. O experimento foi conduzido a pleno sol na Fazenda Experimental da Unilab, localizada no maciço de Baturité, no período de maio de 2016 a julho de O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado (DIC), em esquema fatorial 5x3, referentes aos valores de condutividade elétrica da água de irrigação - CEa: 0,5; 1,0; 2,0; 3,0 e 4,0 ds m -1, em solo sem biofertilizante, com biofertilizante bovino e caprino. Foram avaliadas as seguintes variáveis: altura da planta, número de folhas, comprimento da raiz e a matéria seca da parte aérea. O biofertilizante caprino foi mais eficiente que o bovino na atenuação dos efeitos negativos dos sais da água de irrigação nas variáveis estudadas. PALAVRAS-CHAVE: Salinidade. Biofertilizante. Oryza sativa
2 INTRODUÇÃO A orizicultura é muito dependente da qualidade da água de irrigação, a qual está diretamente associada à salinidade e a toxicidade. De acordo Larré et al. (2014) a salinidade afeta a germinação e o vigor da semente, não só dificultando a cinética da absorção da água, mas também facilitando a entrada de íons em quantidade tóxica nas sementes em embebição. O estresse salino é um dos fatores que mais reduz o crescimento e a produtividade das plantas em todo o mundo (BAGHALIAN et al., 2008), evidenciando um menor potencial osmótico da solução do solo, causando estresse hídrico e provocando efeitos tóxicos nas plantas que resultam em injúrias no metabolismo e em desordens nutricionais (GARCIA et al., 2007; CAVALCANTE et al., 2009; SOUSA et al., 2010). Uma das estratégias de manejo, que vem sendo recentemente estudada em plantas cultivadas em ambiente salino é a utilização de biofertilizantes. Este produto surge como forma de reciclagem de estercos frescos e resíduos orgânicos bovinos e é conhecido como defensivo natural de plantas (PENTEADO, 2007). O biofertilizante de bovino e caprino pode ser produzido pelo próprio agricultor, gerando economia de insumos (fertilizantes químicos) e, ainda, promovendo melhorias no saneamento ambiental, diminuindo a contaminação do lençol freático, o descarte de resíduos e até mesmo a emissão de gases indutores do efeito estufa (CANAFISTULA & CARVALHO, 2008; DRUMOND et al., 2010; SOUSA et al., 2013). METODOLOGIA O experimento foi conduzido em uma área da Fazenda Experimental da Universidade Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB). A semeadura das sementes da cultivar Meruinho foi realizada em vasos plásticos com capacidade de 6 litros, em 19 Maio de 2016, com 2 centímetros de profundidade. Após o estabelecimento das plântulas, aos 8 dias após a semeadura (DAS), fez-se o desbaste, deixando-se uma planta por vaso. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, em esquema fatorial 5x3, com cinco repetições. O primeiro fator consistiu de cinco níveis de salinidade da água de irrigação (0,5 ds m -1 ; 1,0 ds m -1 ; 2,0 ds m -1 ; 3,0 ds m -1 ; 4,0 ds m -1 ) e o segundo compreendeu três condições de cultivo : sem biofertilizante (B0); com biofertilizante bovino comum (B1) e com biofertilizante caprino (B2). Na preparação da água salina, foram utilizados os sais de NaCl, CaCl 2.2H 2 O e MgCl 2.6H 2 O, na proporção de 7:2:1 (MEDEIROS, 1992). A irrigação foi iniciada após o desbaste com uma frequência de irrigação diária. O biofertilizante bovino e o caprino foram preparados a partir de uma mistura de partes iguais de esterco fresco bovino e água não salina com condutividade elétrica da água - CEa = 0,5 ds m -1 sob fermentação aeróbia, durante 30 dias, em recipiente plástico. As aplicações dos biofertilizantes foram em dosagens de 800 ml divididas em duas aplicações, com o intervalo de uma semana. O biofertilizante bovino e o caprino foram preparados a partir de uma mistura de partes iguais de esterco fresco bovino e água não salina com condutividade elétrica da água - CEa = 0,5 ds m -1 sob fermentação aeróbia, durante 30 dias, em recipiente plástico. A aplicação dos biofertilizantes foram em dosagens de 800 ml divididas em duas aplicações com 400 ml cada, com o intervalo de uma semana.
3 Os teores de nutrientes (N, P, K, Ca, Mg, Fe, Cu, Zn e Mn) na composição química da matéria seca dos biofertilizantes líquidos encontram-se na Tabela 1. As análises foram realizadas adotando-se as metodologias sugeridas por Malavolta et al. (1997). Tabela 1 - Composição de macro e micronutrientes essenciais na matéria seca de biofertilizante (BIO) bovino (B1) e caprino (B2) BIO N P K Ca Mg S Fe Cu Zn Mn g L -1 mg L -1 B1 2,73 3,1 2,3 3,1 0,6-42,6 0,2 6,1 6,1 B2 0,26 0,26 4,2 4,0 0,9-82,6 0,1 3,8 0,8 FONTE: SILVA, José Brendo de Oliveira Aos 45 dias após a semeadura, foram analisadas as seguintes variáveis: altura de planta (com régua em centímetro), número de folhas (completamente expandidas), comprimento da raiz (com régua em centímetro) e a matéria seca da parte aérea (acondicionada em saco de papel, identifica e lavada a estufa de circulação de ar com temperatura de 60 C, até atingir peso constante. Os resultados foram submetidos à análise de variância e de regressão, e as médias comparadas pelo teste de Tukey com p<0,05, utilizando-se o programa SAEG/ UFV (RIBEIRO JÚNIOR, 2001). RESULTADOS E DISCUSSÃO Verifica-se que as variáveis, altura de plantas, número de folhas, comprimento da raiz e a matéria seca da parte aérea foram influenciados significativamente, pela interação entre a salinidade da água de irrigação e os biofertilizantes (bovino e caprino). Para a variável altura de planta (Figura 1A) o modelo polinomial quadrático foi o que melhor se ajustou para os tratamentos com B1 e B2, com valores máximos de (35,68 cm) e (39,96 cm) para uma condutividade elétrica da água (CEa) de (2,07 ds m -1 ) e (2,25 ds m -1 ), respectivamente. Já para o BO o modelo linear decrescente foi o melhor que se ajustou aos dados. Ou seja, essa tendência pode ser justificada pelo incremento de nutrientes essenciais presente nos biofertilizantes. Sousa et al. (2012) estudando irrigação com água salina e biofertilizante bovino na cultura do amendoim, também verificam maior altura de plantas em solo com o fertilizanate orgânico. A emissão de folhas foi reduzida com o aumento dos níveis salinos sem o biofertilizante sendo o modelo polinomial quadrático, com valores máximo de (4,9) para uma CE ( 2,3 ds m -1 ) o que mostra o efeito depreciador dos sais nesta variável. Para o biofertilizante bovino e caprino, o modelo polinomial quadrático também foi o melhor, com valores máximo de (5) para o bovino e de (5) para caprino com CE de (1,96 ds m -1 ) e (2,4 ds m -1 ), respectivamente (Figura 1B). Leithya et al. (2009), também encontraram número elevado de folhas em Pelargonium graveolens, mas decrescente com o aumento da salinidade. De fato, as folhas são órgãos sensíveis, reduzem em tamanho e número na presença de concentrações elevadas de sais. Mahmoud & Mohamed (2008), mencionam que os sais provocam redução ou inibição da divisão e expansão celular, o que pode ocasionar a morte das folhas. Cultivando amendoim irrigadas com águas salinas em solo com biofertilizantes, Costa et al. (2014) verificaram uma superioridade do número de folhas na presença desse insumo O aumento da salinidade das águas inibiu o comprimento de raiz, mas em menor proporção nos tratamentos com biofertilizantes, onde o modelo polinomial quadrático foi o
4 que melhor se ajustou para os tratamentos com B0 e B2, com valores máximos de (8,0 cm) e (11,1 cm) para uma condutividade elétrica da água (CEa) de (2,27 ds m -1 ) e (1,7dS m -1 ), respectivamente, enquanto, o B1 o modelo linear decrescente foi melhor (Figura 1 C). Esse resultado mostra que o biofertilizante caprino ocasionou o aumento da área radicular em comparação com solo sem biofertilizante e com biofertilizante bovino. Campos et al. (2009) avaliando o efeito do estresse salino da água de irrigação em solo com biofertilizante bovino na cultura da mamona, constataram superioridade no comprimento da raiz em nas plantas que recebiam fertilizante orgânico. Trabalhando em casa de vegetação, Cavalcante et al. (2010) aplicando biofertilizante na cultura goiaba sob estresse salino, também encontraram efeito similar ao desse estudo. O modelo que melhor se ajustou para a na matéria seca da parte aérea das plantas, foi o linear decrescente para o B1 e o B2 com o aumento do teor salino das águas de irrigação, e o polinomial quadrático para o BO, com valores máximo de (1,54 g) para uma CEa de (1,86 ds m -1 ) (Figura 1D). Lacerda et al. (2011) constataram que a matéria seca da parte aérea de plantas de milho decresceu linearmente com o aumento da salinidade da água de irrigação. Cavalcante et al. (2010) constataram que a matéria seca de goiaba também decresceu linearmente com o aumento da salinidade da água de irrigação. Figura 1. Altura de plantas (A), número de folhas (B), comprimento de raiz (C) e material seca da parte aérea (D) de plantas de arroz irrigas com águas Salinas em solo sem biofertilizante (SB), com biofertilizante bovino (B) e biofertilizante caprino (C).
5 CONCLUSÕES O biofertilizante caprino foi mais eficiente que o bovino na atenuação dos efeitos negativos dos sais da água de irrigação nas variáveis estudadas. AGRADECIMENTOS Agradecer ao professor Geocleber Gomes de Sousa, pelos ensinamentos, e a todos os colegas de grupo de pesquisa. REFERÊNCIAS FAGERIA, N. K. Adubação e nutrição mineral da cultura de arroz. Rio de Janeiro: EMBRAPA (GARCIA et al., 2007; CAVALCANTE et al., 2009; SOUSA et al., 2010). CANAFISTULA, F. J. F.; CARVALHO, P. C. M. Avaliação da equivalência energética do biogás de esterco de caprino. II Congresso Brasileiro de Energia Solar e III Conferência Regional Latino-Americana da ISES Resumos... Florianópolis, p18-21 LARRÉ, C. F.; MARINI, P.; MORAES, C. L.; AMARANTE, L.; MORAES, D. M. Influência do 24-epibrassinolídeo na tolerância ao estresse salino em plântulas de arroz. Semina, v. 35, n. 1, p , IZZO, R.; NAVARI-IZZO, F.; QUARTACCI, F. Growth and mineral absorption in maize seedlings as affected by increasing NaCl concentrations. Journal of Plant Nutrition, v. 14, n. 07, p , MEDEIROS, J. F. Qualidade da água de irrigação e evolução da salinidade nas propriedades assistidas pelo gat, nos estados do RN, PB e CE f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Agrícola) - Universidade Federal da Paraíba, Campina Grande. RIBEIRO JÚNIOR, J. I. Análises Estatísticas no SAEG. Viçosa, UFV, p. SOUSA, G. G.; AZEVDO, B. M.; ALBUQUERQUE, A. H. P.;MESQUITA, J. B. R.; VIANA, T. V. A. Características agronômicas do amendoinzeiro sob irrigação com águas salinas em solo com biofertilizantes. Revista Agro@mbiente, v. 6, n. 2, p , 2012.
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