MORFOLOGIA E ARGILOMINERAIS: INDISPENSÁVEIS AO ENTENDIMENTO NO MANEJO AGRÍCOLA DO SOLO.
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- Rubens Raminhos
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1 MORFOLOGIA E ARGILOMINERAIS: INDISPENSÁVEIS AO ENTENDIMENTO NO MANEJO AGRÍCOLA DO SOLO. Introdução MORPHOLOGY AND ARGILOMINERAIS: INDISPENSABLE TO UNDERSTANDING IN AGRICULTURAL MANAGEMENT OF SOIL. Apresentação: Pôster Marielly da Luz Santos; Tainã Cádija Almeida de Mamede; Joselisa Maria Chaves O estudo dos solos incluindo a morfologia e análise dos componentes mineralógicos é de suma importância para o conhecimento da gênese do solo, do seu comportamento físico e químico. Em virtude disso, se torna importante a compreensão de determinadas propriedades do solo, como cor, textura e consistência, frente ao manejo efetivo no sistema agrícola. A avaliação das alterações ocorridas em propriedades dos solos em função do seu uso e manejo assume grande importância prática, uma vez que o entendimento das modificações ocorridas nas propriedades químicas e físicas, decorrentes do seu cultivo, pode fornecer elementos para produção em bases sustentáveis (Canellas et al., 2003; Rangel & Silva, 2007; Costa et al., 2008; Carneiro et al., 2009). O objetivo deste trabalho compreende descrever algumas propriedades morfológicas do solo, assim como a presença de argilominerais com intuito de contribuir acerca da temática manejo de solos. Fundamentação Teórica O solo se caracteriza como um componente indispensável existente na superfície terrestre servindo como sustentáculo da vida dos organismos presentes no espaço geográfico. Assim, faz necessário o ensino de solo nas comunidades escolares de forma a despertar nestes indivíduos a importância em estudar e preserva-los, enfatizando que o ser humano depende diretamente ou indiretamente deste recurso, especialmente para a alimentação necessária a sobrevivência humana. Como recurso natural dinâmico, o solo é passível de ser degradado em função do uso inadequado pelo ser humano. Nesta condição, o desempenho de suas funções básicas fica severamente prejudicado, acarretando interferências negativas no equilíbrio ambiental,
2 diminuindo a qualidade de vida nos ecossistemas, principalmente naqueles que sofrem mais diretamente a interferência humana como os sistemas agrícolas e urbanos. (LIMA et. 2007). O estudo científico do solo, a aquisição e disseminação de informações sobre o papel que o mesmo exerce, e sua importância na vida do homem, são condições primordiais para sua proteção e conservação, e a garantia da manutenção de um ambiente sadio e sustentável. (LIMA et. 2007). Sendo assim, torna-se fundamental a utilização da análise espectral nos solos, uma técnica de baixo custo, que propicia o estudo dos seus atributos, que são de grande valia para o entendimento de seus componentes. A utilização de técnicas de Sensoriamento Remoto em conjunto com informações geográficas permite o monitoramento dos componentes do solo com elevado padrão de qualidade, sendo o comportamento espectral do alvo, conhecido preliminarmente muito relevante para obtenção de informações e interpretação quantitativas e qualitativas (DEMATTÊ et al., 1998; GENÚ & DEMATTÊ, 2011). Pesquisas atreladas a estudos do solo como física, química, biologia e mineralogia tem contribuído no avanço para maiores conhecimentos deste e suas interações (DALMOLIN et al., 2004). Logo percebe-se que a importância do estudo do solo se dá ao fato de ser um componente fundamental do ecossistema terrestre, o qual interage com os diferentes compartimentos bióticos e abióticos, sendo o principal substrato utilizado pelas plantas para o seu crescimento e disseminação. (LIMA et al., 2007) Metodologia A realização do trabalho ocorreu em 4 etapas definidas: descrição do perfil de solo (campo e laboratório), dos horizontes, processamento das amostras e análise espectral em laboratório. Em primeira instância foi feita a limpeza e descrição do perfil de solo em campo, seguida da coleta das amostras, as quais foram encaminhadas ao laboratório (LABESPECTRO-PPGM), e submetidas a analise espectral. As diferenças de cor entre os horizontes diagnósticos foram consideradas por meio da carta de Munsell e com auxílio de uma faca o solo foi estocado para verificar o grau de coesão e adesão entre as partículas dos diferentes horizontes. A partir disso com o uso de uma trena foram definidos os horizontes de solo sendo: A1, A2, AB e Bt. A textura foi avaliada a partir da análise tátil conforme Brady & Weil (2013), assim como pelo teste do vidro, o qual é fundamentado na sedimentação diferenciada dos constituintes da terra (NEVES et al, 2009). O método adotado para a coleta
3 foi baseado no Manual de descrição e coleta de solo no campo de Santos e colaboradores (2005). As amostras foram secas em estufa a 45 C, por 24 h, moídas e peneiradas (malha de 2 mm) para homogeneização dos efeitos da umidade. Depois deste processo, as amostras foram pesadas e acondicionadas em placas de petri de 13,5 cm de diâmetro para serem feitas as leituras pelo sensor. Utilizou-se uma placa-padrão branca, com 100 % de reflectância. Utilizou-se o espectro de referência da biblioteca USG e a versão usada da ENVI 5,3. Resultados e Discussões A partir da descrição em campo do perfil do Argissolo Vermelho Amarelo (SANTANA, 2008) localizado entre o módulo VII e o GeoNat, obteve-se as diferenças de cor e textura. Foi possível evidenciar nos diferentes horizontes A1, A2, AB e Bt, presença de resíduos de minerais primários de quartzo e em menor proporção feldspato ao longo do perfil. Foi registrada também a atividade biológica de formigas, cupins, aranhas e minhocas, e uma quantidade significativa de coprólitos de minhocas no horizonte superficial A1, podendo influenciar assim no conteúdo da matéria orgânica. Em relação a cor dos horizontes, obteve-se os resultados observados no Quadro 1. Quadro 1- Cor dos horizontes do Argissolo Vermelho-amarelo (perfil I) da UEFS. Fonte: Própria. Horizonte A Horizonte AB Horizonte Bt Bruno-escuro Bruno amarelo escuro, Vermelho amarelado (7YR 3/2, úmido) (10YR, 4/4 úmido) (5YR, 4/6, úmido) Em seguida, foi realizado o teste de consistência dos diferentes horizontes, os quais podem ser visualizados no quadro 2. Quadro 2- Consistência dos horizontes do Argissolo Vermelho-amarelo. Fonte: Própria. TESTE HORIZONTE A HORIZONTE AB HORIZONTE B Dureza Dura Muito dura Muito dura Friabilidade Friável Firme Muito firme Pegajosidade Ligeiramente Ligeiramente Pegajosa Plasticidade pegajosa Ligeiramente plástica pegajosa Ligeiramente plástica Plástica Em relação a friabilidade foi observado que apenas o horizonte A, resultou em um material friável, apresentando neste caso o grau de umidade na capacidade de campo, o qual atende a condição de manejo agrícola ideal, viabilizando uma melhor permeabilidade do solo.
4 A consistência é muito dependente da umidade do solo, sendo influenciada também pela textura, composição mineralógica, teores de matéria orgânica e os tipos de cátions adsorvidos (KER et.al, 2012). Em relação a textura, obteve-se o resultado da classe textural Francoargiloarenosa para os horizontes A e Bt (Quadro 3). Quadro 3- Textura e percentagem das frações granulométricas presentes nos horizontes de acordo com sedimentação diferenciada dos constituintes da terra (NEVES et al, 2009) HORIZONTES AREIA (%) SILTE (%) ARGILA (%) CLASSE TEXTURAL A Franco argiloarenosa Bt a47,62 28,57 23,81 Franco argiloarenosa Vale ressaltar que um solo de textura argilosa pode apresentar problemas em relação ao manejo, em virtude de a argila possuir um intervalo muito estreito em relação a umidade, podendo no estágio de secagem apresentar contração e possíveis fendas e no estágio de umedecimento apresentar expansão, deixando o solo pegajoso e plástico. O tipo de argila existente - expansiva ou não expansiva- irá dificultar em maior ou menor grau o preparo do solo, podendo exigir o uso de implementos agrícolas, como escarificadores, subsoladores, grades de discos, descompactação do solo. A partir do espectro de referência da biblioteca USG que foi utilizado e a versão usada da ENVI 5,3 o resultado do gráfico (Figura 1) demonstrou que o horizonte A apresentou menor reflectância e atenuação das bandas de absorção, certamente devido a presença da matéria orgânica evidente na descrição do perfil, quando comparados aos horizontes AB e Bt. Esses apresentaram bandas de absorção nos seguintes comprimentos de onda: 600 a 900 nm, devidos aos óxidos de ferro, especialmente a goethita e nm, à caulinita. Figura 1- Análise espectral do Argilossolo vermelho amarelo UEFS-BA.
5 A assinatura espectral do solo depende diretamente de sua composição química, física, biológica e mineralógica, sendo que os principais constituintes que afetam seu comportamento espectral são a matéria orgânica e os óxidos de ferro. A matéria orgânica presente no horizonte superficial A justifica a diminuição na intensidade de reflectância deste horizonte. Por se tratar de um argissolo esperava-se a presença de argilas de baixa atividade, assim como foi detectado pela presença de caulinita e goethita especialmente nos horizontes de transição AB e subsuperficial B. O que em caso de manejo agrícola pode ser mais vantajoso se comparado as argilas expansivas, conforme explicado anteriormente. Não foi feita a leitura espectral da hematita, de qualquer forma há possibilidade de haver interferência da mesma nestes horizontes. Além disso a presença da goethita havia sido inferida através da caracterização da cor pelo matiz YR, uma vez que os matizes Y, YR e R estimam teores de óxidos de ferro. Considerações finais O conjunto de características morfológicas de um solo é de suma importância para sua identificação, bem como para determinar as suas características, afim de melhorar o manejo a ser adotado, assim como a sua conservação. Os óxidos de ferro desempenham um papel importante, determinando a cor, estrutura, reações de troca iônica dos solos, além de servir como indicadores de ambientes pedogenéticos. Em virtude disso, o conhecimento desses argilominerais auxilia no bom manejo, desempenho produtivo do solo, assim fazendo pertinente a sua análise. Referências
6 BRADY, Nyle C.; WEIL, Ray R. Elementos da natureza e propriedades dos solos, 3ª ed. Porto Alegre: Bookman, DEMATTÊ, J. A. M; MAFRA A. L; BERNARDES, F. F. Comportamento espectral de materiais de solos e de estruturas biogênicas associadas. Revista Brasileira de Ciência do Solo. v. 22, p CANELLAS, L.P.; VELLOSO, A.C.X.; MARCIANO, C.R.; RAMALHO, J.F.G.P.; RUMJANEK, V.M.; REZENDE, C.E. & SANTOS, G.A. Propriedades químicas de um Cambissolo cultivado com cana-de-açúcar, com preservação do palhiço e adição de vinhaça por longo tempo. R. Bras. Ci. Solo, 27: , CARNEIRO, M.A.C.; SOUZA, E.D.; REIS, E.F., PEREIRA, H.S. & AZEVEDO, W.C. Atributos físicos, químicos e biológicos de solo de cerrado sob diferentes sistemas de uso e manejo. R. Bras. Ci. Solo, 33: , COSTA, F.S.; BAYER, C.; ZANATTA, J.A. & MIELNICZUK, J. Estoque de carbono orgânico no solo e emissões de dióxido de carbono influenciadas por sistemas de manejo no sul do Brasil. R. Bras. Ci. Solo, 32: , DEMATTÊ, J.A.M.; EPIPHANIO, J.C.N.; FORMAGGIO, A.R. Influência da matéria orgânica e de formas de ferro na reflectância de solos tropicais. Bragantia, v.62, p , GENÚ, A. M; DEMATTÊ, J. A. M- Espectrorradiometria de solos e comparação com sensores orbitais. Bragantia, Campinas, v. 71, n. 1, p.82-89, LIMA, Valmiqui Costa; LIMA, Marcelo Ricardo de; MELO, Vander de Freitas (Eds.) O solo no meio ambiente: abordagem para professores do ensino fundamental e médio e alunos do ensino médio. Curitiba: Universidade Federal do Paraná, Departamento de Solos e Engenharia Agrícola, p. LIMA. Marcelo Ricardo de. O solo no ensino de ciências no nível fundamental. Ciência & Educação, v. 11, n. 3, p , RANGEL, O.J.P. & SILVA, C.A. Estoques de carbono e nitrogênio e frações orgânicas de Latossolo submetido a diferentes sistemas de uso e manejo. R. Bras. Ci. Solo, 31: , SANTOS, H. G; LEMOS, R. C. Manual de descrição e coleta de solo no campo. 5. ed. Viçosa: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, p. SANTANA, C. M. F de. Mapeamento dos solos do campus da Universidade Estadual de Feira de Santana, Bahia. Relatório final de Iniciação Científica. PROBIC/UEFS KER, J.C. et al. Pedologia: Fundamentos ed. Viscosa: Sociedade Brasileira do Solos, p.
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