DISCURSO DO Excelentíssimo Senhor Vice-Presidente da República, José Alencar Gomes da Silva
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- Sara Barroso Figueira
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1 DISCURSO DO Excelentíssimo Senhor Vice-Presidente da República, José Alencar Gomes da Silva ÍNTEGRA Ilustre presidente Carlos Lessa do BNDES, nosso anfitrião aqui, hoje; ilustre senhor Henrique Garcia, Presidente da Corporação Andina de Fomento; nossos companheiros, Ministro Anderson Adauto, dos Transportes, Marcio Fortes, do Desenvolvimento de Indústria e Comércio, Embaixador Samuel Pinheiro Guimarães; nosso bom amigo mineiro, Vice-presidente do BID, Dr. Paulo Paiva; Excelentíssimo Senhor Guido Mantega, Secretário de Relações Internacionais do Ministério do Planejamento; nosso caríssimo e eminente amigo Governador do Mato Grosso do Sul, Zeca do PT que, como governador de um Estado que faz fronteira ali, está atento a esse trabalho de integração. Quero cumprimentar as excelentíssimas autoridades aqui presentes; senhoras e senhores, cumprimentos a todos os brasileiros sempre interessados por esses grandes projetos, na pessoa do ilustre Dr. Eliezer Batista da Silva, que nos honra aqui com a sua presença. Quero cumprimentar a todos os senhores e senhoras, que participam desta reunião de abertura neste congresso. Primeiramente, congratulo-me com o BNDES e com a CAF pela realização desse trabalho de cooperação em projetos que promovam a integração física, econômica e sócio-cultural da América do Sul. Agradeço o honroso convite que me foi feito para estar aqui presente neste encontro, cujos objetivos estratégicos justificam o entusiasmo de todos que dele participam. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social e a Corporação Andina de Fomento, responsáveis pela realização desse encontro, asseguram, pelo que representam, sucesso absoluto e certamente os bons resultados serão para todos os países integrantes. Os estudos na identificação dos projetos levaram em conta as características, as potencialidades e as vocações de cada país, de tal modo que a capacidade competitiva de cada um deles possa ser alavancada. O desenvolvimento e a integração dos países do Novo Mundo exigem trabalho que ofereça à América do Sul condições de sair para o Atlântico e para o Pacífico, com infraestrutura de transporte terrestre fluvial, comunicações, energia. Para compreender a significação desse trabalho, tomemos como exemplo os Estados Unidos, país também de dimensão continental integrado costa a costa: é a América do Norte, com suas ligações
2 - 2 - bio-oceânicas entre o interior continental e as Costas do Atlântico e do Pacífico. Aqui, buscamos a valorização a integração e a exploração das potencialidades de cada país sul-americano. Nenhum dispõe dessa ligação leste-oeste. Esta provavelmente é uma situação de desvantagem competitiva para o continente sul-americano. Procurando superar essa desvantagem e seguindo a tendência global de economia de bloco houve, ao longo das últimas décadas, a formação de várias associações entre países da América do Sul. O objetivo era o comércio inter-regional, a promoção e regulamentação dos negócios recíprocos, a complementação econômica e o estabelecimento gradual e progressivo de um mercado comum latino-americano. O melhor exemplo tem sido o esforço que se faz para levar avante o Mercosul. A consolidação dessas alianças irá também fortalecer a América do Sul nas negociações da Área de Livre Comércio para as Américas. O Brasil tem considerado alguns segmentos para as negociações que serão levadas a efeito como nos produtos siderúrgicos, mineração, indústria têxtil e confecções, calçados, produtos alimentícios, indústria de papel e celulose. Soube que há pouco tempo recebemos lá no palácio em Brasília um grupo de industriais dispostos a fazer um grande investimento na área de celulose. Esses industriais geram uma demonstração de que, ainda que o Brasil detenha apenas 1% do comércio internacional de celulose, tenhamos condições de colocar nos pátios das fábricas de celulose do Brasil matéria prima por um terço do preço que custa nos Estados Unidos, no Canadá e, se não me engano, na Finlândia, que é o país que mais se ocupa desse setor. Demonstramos uma capacidade competitiva natural do Brasil, graças à qualidade do solo, às condições também de fotossíntese que nós possuímos, de absoluta hegemonia no quadro internacional para a produção de celulose. No entanto, nós nem começamos a investir em celulose. Isso acontece em todos os países da América do Sul, em todos os países que estão aqui representados e que precisam encontrar, cada um deles, suas vocações, em setores para os quais estejam em condições de competir no mercado internacional. É óbvio que tudo isso justifica o entusiasmo por essa integração. Cada um de nós recebeu uma pasta que mostra vários projetos de vários países. É importante que já começa essa preocupação pela integração, mas é preciso que nós tenhamos condições de tratar com objetividade cada projeto desses, transformando-os em realidade. É aquela história: todo projeto começou um dia com um sonho, mas esse sonho tem que se
3 - 3 - transformar em idéia, a idéia em projeto e o projeto em realidade, para que cumpra seus objetivos. Então, é importante demais que se realizem reuniões como esta, para que possamos realmente começar a tratar desses assuntos com absoluta objetividade, cônscios de que, unidos, teremos muito mais condições para as negociações nesse mercado cada vez mais globalizado. Tudo isto irá acontecer na medida em que possamos estar cada vez mais próximos Ontem, ilustre presidente Lessa tive a oportunidade de conversar com o presidente e de dizer a ele que estava vindo a este encontro. Ele me pediu que trouxesse em seu nome os votos de boas-vindas a todos que deles participam e reiterar a sua vontade de integração física, integração política, econômica, cultural, científica, tudo aquilo que possa fortalecer o nosso chamado subcontinente. É sub porque, no mapa, quando o mapa está na parede, ele está abaixo da América do Norte - mas ele provavelmente é o continente que possui as maiores potencialidades para ser um supercontinente... Estávamos citando papel e celulose, mas há os produtos químicos, plástico e derivados de petróleo, fármacos, mercado de informática, indústria eletrônica, indústria mecânica e automotriz, para só alguns exemplos. Considerando a importância de organizar-se um espaço sul-americano mais competitivo, a partir da contigüidade geográfica, da identidade cultural e de valores compartilhados, outras iniciativas estão em andamento. Reunidos em Brasília entre 30 de agosto e 1º de setembro de 2000, os presidentes dos países da região concluíram ser imprescindíveis o desenvolvimento e a modernização de sua infra-estrutura. Foi então elaborado o Plano de Ação para a Integração da Infraestrutura Sul-Americana. Ainda naquele ano, ministros de energia, telecomunicações, transporte, planejamento e desenvolvimento assistiram, em Montevidéu, à apresentação de uma versão nova e enriquecida do Plano, com doze eixos de integração e desenvolvimento de seis processos setoriais para otimizar a competitividade e a sustentabilidade da cadeia logística. Dar continuidade e seqüência à concretização desses e de outros planos é o que nos cabe fazer com a celeridade possível, para alcançarmos uma América do Sul geograficamente integrada, politicamente sintonizada, economicamente forte e comercialmente competitiva. No que concerne ao Brasil, e especialmente ao programa de desenvolvimento do Presidente Luís Inácio Lula da Silva, nosso país tem atuado em diferentes áreas, de forma consistente. O equilíbrio nas contas externas é um dos objetivos e o BNDES
4 - 4 - oferece apoio a grandes, pequenas e médias empresas que queiram exportar seguindo a orientação do Presidente da República de priorizar e incrementar as relações entre o Brasil e os países sul-americanos. Com vistas ao crescimento das importações e da cooperação econômica, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social deu início a uma série de contatos formais com instituições de fomento de grandes empresas em toda a América do Sul. Dentre essas negociações pode-se ressaltar o estabelecimento de uma linha de financiamento de 1 bilhão de dólares para retomada de comércio bilateral entre o Brasil e a Argentina, sendo 500 milhões de dólares para o comércio em cada sentido. Essa linha de crédito visa recompor o nível de negócio, que hoje é correspondente a apenas 10% do volume de 5 anos atrás. Possibilidades interessantes foram vislumbradas também entre o Brasil e a Venezuela, tendo como garantia recebíveis de petróleo. Nesse sentido o BNDES está financiando aviões, o metrô de Caracas e a ponte sobre o rio Orenoco. O BNDES garantirá ainda linhas de financiamento de exportações de empresas brasileiras para a Venezuela e Bolívia. Há uma barreira comercial que a Venezuela aplica na Zona Franca de Manaus, mas está no bojo das negociações entre os dois países reduzi-la. Existem possibilidades de interação entre Petrobrás e a Pedevesa, da Venezuela, em complemento ao quadro atual de atuação da empresa brasileira como majoritária do maior grupo industrial Argentino. O BNDES concedeu à Colômbia financiamento para a compra de máquinas e equipamentos. Tudo isso é uma demonstração da decisão efetiva do governo brasileiro de estar presente nesta integração. Esta integração é importantíssima para todos nós - especialmente com a integração costa a costa nós podemos criar uma nova era para o nosso continente. Nós temos características diferenciadas em cada uma dessas regiões do continente e elas podem se somar a muitas sinergias entre os países. O que não pode haver é nenhuma hegemonia ou vontade de hegemonia. É preciso que estejamos certos de que a América do Sul será mais forte. O problema de integração de negócios, integração de comércio com o objetivo básico de oferecer ao consumidor condições de adquirir bens de consumo a um custo mais econômico - e, obviamente, produzido para que seja a custo mais econômico com melhor qualidade produzido - naqueles países para os quais haja vocação para aquele tipo de produto, requer que haja, justamente, um trabalho sério de descoberta da vocação de cada uma dessas regiões que possamos integrar para o campo do turismo, por exemplo.
5 - 5 - Nós ainda nem começamos a explorar as potencialidades turísticas do nosso continente do nosso supercontinente sul-americano. Nós nem começamos a usar como convém nossas potencialidades turísticas. então é preciso que este trabalho também leve uma conscientização de que os países para serem atrativos do ponto de vista político é preciso que haja um trabalho de conscientização, de educação a partir de um motorista de taxi, quando recebe, como há em outros países do mundo que enfatizam a importância do turismo desde o motorista. O motorista já é alguém que está mostrando que o país é hospitaleiro, que o país é honesto, que as atividades são legais, é outra coisa também que é preciso que seja verificada nas integrações dos negócios é a legalidade das transações porque esta legalidade é única forma de lhes dar transparência e lhes dá condições de credibilidade e respeitabilidade. É por isso é que é importante que haja encontros dessa natureza - este é um deles, repito, e outros irão acontecer. E posso dizer que o governo do Brasil, presidido por Luis Inácio Lula da Silva, está absolutamente integrado nesta idéia de fortalecer o nosso continente. Do ponto de vista logístico, parte fundamental dos objetivos desse seminário, o Brasil, assim como toda a América do Sul, está em situação de vulnerabilidade ou desvantagem em relação a numerosos competidores. A falta, a muitos anos, a ausência de investimentos em infra-estrutura de transportes, por exemplo, encarece o produto regional e impõe enorme diferença entre a América do Sul e os Estados Unidos da América. E está aqui presente o Ministro dos Transportes, estão essa é uma das razões pelas quais ele está aqui; ele está atento hoje por determinação de Sua Excelência, o Presidente, para que o Brasil vença aquele período e comece a aplicar seriamente na infra-estrutura de transportes. Apenas para se ter uma idéia dessa diferença, basta essa informação: enquanto no Brasil existem 64 unidades de transferência e armazenagem de carga no transporte hidroviário, o Brasil tem 64 unidades de transferência e armazenagem de cargas no transporte hidroviário; nos Estados Unidos elas chegam a O território é igual, do mesmo tamanho, nos Estados Unidos há unidades de transferência e armazenagem de cargas no transporte hidroviário, nós temos 64. Senhoras e senhores, vejo com muito otimismo a realização deste seminário, pois estou presenciando o interesse de cada país em trazer aqui a sua contribuição. Não tenho dúvidas de que ao final dos trabalhos serão alcançados resultados satisfatórios. É preciso que outras reuniões sejam promovidas, pois delas certamente surgirão novas idéias que facilitem o encontro de soluções para os nossos problemas comuns.
6 - 6 - Dou as boas vindas em nome do governo brasileiro aos representantes dos países irmãos, que unidos pela crença no enorme potencial do esforço comum, aqui vão se dedicar a desenhar um futuro de progresso para os nossos povos. Muito obrigado pelo convite que muito me honrou, de estar aqui terminando esta primeira sessão. Quero dizer que houve muita coisa que anotei nessa primeira página, mas não vou abordar. Uma delas são essas questões de considerar gasto que é investimento, questão do FMI. Isso é o seguinte: eu tenho tratado isso de outra maneira, nós recebemos um país encabrestado, o verbo é esse, encabrestar. Encabrestar significa dominar. Por que o nosso país está encabrestado? Porque tem uma dívida brutal e rolada a uma taxa de juros que representa 20 vezes a taxa básica real de 20 países escolhidos aqui dentro do nosso continente e na Europa. Então nós obviamente não podemos sair desta situação de pobreza absoluta pagando taxas de juros despropositadas como estas. Nós não estamos recomendando nenhum rompimento unilateral, nenhum tratamento heterodoxo para nada, acho que a saída reside no trabalho, na produção, na exportação, na construção de elevados saldos na balança comercial e saldos também elevados em transações correntes, para que nós possamos construir a nossa independência. Porque nesse dia, e isto é válido para todos os países da América do Sul, vamos construir a nossa independência através do trabalho. Estamos aí a braços com o problema dos sem-teto. Então eu acho que nós temos que fazer imediatamente, tomar a iniciativa de construir um milhão de casas populares. Vai custar dez ou quinze mil reais cada uma dessas casas. Há recursos para isso? Há. Basta um ponto percentual do PIB ao ano, para fazer essas construções. Enquanto nós estamos no primeiro semestre, pagamos de juros dez por cento do PIB. Então há recursos para isso e esse um milhão de casas irá gerar empregos até não qualificados e muitos dos sem-teto poderão trabalhar na construção da própria casa. E nós não precisamos fazer doação delas não, podemos vendê-las a trinta anos de prazo com taxas de juros compatível com qualquer um outro país civilizado para uma compra de uma casa própria, já fiz as contas, vai tocar uns 50 reais por mês para cada uma dessas casas durante 30 anos e ela estará paga. Então meus amigos, tem tanta coisa que a gente pode falar, que serve para todos nós. E a minha mensagem final é que durante os trabalhos desse seminário, cada um traga as suas experiências. Porque esse seminário também ou esse encontro poderá se transformar num grande intercâmbio de informações com abertura, com transparência,
7 - 7 - para que nós possamos aproveitar melhor a experiência de cada país envolvido. Muito obrigado pela atenção que me dispensaram e obrigado pelo convite.
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