DECISÃO MONOCRÁTICA Artigo 84-A, 1º, do Regimento Interno

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1 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO PLENÁRIO GABINETE DA CONSELHEIRA SUBSTITUTA ANDREA SIQUEIRA MARTINS PROCESSO: N o /18 ORIGEM: PREFEITURA MUNICIPAL DE SANTO ANTONIO DE PÁDUA ASSUNTO: REPRESENTAÇÃO DECISÃO MONOCRÁTICA Artigo 84-A, 1º, do Regimento Interno REPRESENTAÇÃO EM FACE DE EDITAL DE PREGÃO. ALEGAÇÃO DE EXISTÊNCIAS DE CLÁUSULAS NO INSTRUMENTO CONVOCATÓRIO EM DESACORDO COM A LEGISLAÇÃO REGENTE DA MATÉRIA. REQUERIMENTO DE MEDIDA CAUTELAR. DEFERIMENTO, NOS TERMOS DO ART. 84-A DO REGIMENTO INTERNO DESTE TRIBUNAL. CONHECIMENTO, DEFERIMENTO, COMUNICAÇÃO, DETERMINAÇÃO E EXPEDIÇÃO DE OFÍCIO. Trata o presente processo de representação, com pedido de tutela provisória, impetrada pela sociedade empresária JL & M Construtora e Incorporadora Ltda ME., devidamente qualificada nestes autos, em face da Prefeitura Municipal de Santo Antônio de Pádua quanto a possíveis irregularidades no Edital de Concorrência nº 030/2018. O instrumento convocatório combatido tem por objeto os serviços de coleta e transporte de lixo urbano, varrição, pintura, poda de árvores, capinação, limpeza, manutenção e conservação de praças e áreas urbanizadas, limpeza das margens de rios e riachos do Município, no valor estimado de R$ ,28. 13:30 horas. O certame licitatório está agendado para o dia , às

2 Na peça apresentada pela sociedade empresária representante é contestada a regularidade de algumas cláusulas do edital e de seus anexos, a saber: - obrigatoriedade dos licitantes apresentarem Certificado de Registro Cadastral (item 7.1 do edital), o que seria incompatível com a modalidade licitatória da Concorrência; - exigência de comprovação de inscrição e certificação das empresas junto ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis - IBAMA (item do edital); - omissão do instrumento convocatório quanto à necessária comprovação pelos interessados de possuírem autorização do IBAMA para o uso de motosserra; - irregular obrigatoriedade de realização de visita técnica (item 7.4.b do instrumento convocatório); - indefinição no termo de referência do número e das especificações técnicas dos veículos, bem como da qualidade dos materiais a serem utilizados e, ainda, do quantitativo de pessoal a ser empregado; - contradição entre o item 7.4.e.1 do edital e o item 9.2 do termo de referência quanto ao limite de idade da frota a ser utilizada; - imprecisão das regras impostas ao futuro contratado quanto à divulgação dos serviços (item 12 do termo de referência). Em razão das referidas impugnações, é requerida a instauração de procedimento de apuração neste Tribunal, bem como a suspensão do certame até que a Entidade proceda às devidas correções.

3 Em atendimento ao previsto no art. 84-A, 7º 1, do Regimento Interno deste Tribunal, aprovado pela Deliberação 167/1992, o presente processo foi distribuído a minha relatoria em É o Relatório. Ab initio, registro que atuo nestes autos por força dos Atos Executivos nºs e , publicados no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro, respectivamente, nas datas de 04 e 11 de abril de devidamente identificada e qualificada. A representação em tela foi ofertada por sociedade empresária Ademais a matéria é de competência deste Tribunal e estão indicados, de forma circunstanciada, os fatos alegados, preenchendo, assim, os respectivos pressupostos de admissibilidade, elencados no artigo 58 do Regimento Interno deste Tribunal, aprovado pela Deliberação 167/1992. Quanto ao mérito, o representante contesta a regularidade de algumas cláusulas do edital, pertinentes aos requisitos de habilitação dos licitantes, bem como possíveis incorreções e omissões do termo de referência. No tocante à previsão de realização de visita técnica (item 7.4.b do edital), é necessário indicar que, de fato, a sua obrigatoriedade para toda e qualquer licitação tem sido repelida hodiernamente pela doutrina administrativa pátria e pelos Tribunais de Contas. 1 Artigo 84-A (...) 7º Os procedimentos de qualquer natureza que contenham pedidos de tutela provisória, após protocolizados neste Tribunal, devem ser imediatamente sorteados e distribuídos a Relator, que, consoante as peculiaridades do caso, determinará o trâmite necessário à apreciação dos pedidos, inclusive estabelecendo prazo para manifestação das instâncias instrutivas.

4 Quanto a este tema, vale lembrar que, em , foi aprovado pelo Plenário desta Corte de Contas enunciado de Súmula acerca do tema em questão: ENUNCIADO A previsão de obrigatoriedade de realização de visita técnica enquanto requisito de habilitação em licitações do Poder Público representa cláusula potencialmente restritiva à competitividade, sendo substituível por declaração formal de que a empresa tem pleno conhecimento das condições e peculiaridades inerentes à natureza do serviço; caso a Administração opte pela manutenção da exigência, deve fazê-lo justificadamente. Neste sentido, a partir da Decisão prolatada no processo TCE/RJ nº /15, Conselheira Relatora Marianna M. Willeman, foi sedimentado o entendimento de que a visita técnica deve obedecer aos seguintes critérios: caso entenda, em razão da complexidade do objeto, que a vistoria ao local de obras é imprescindível ao cumprimento adequado das obrigações contratuais, deve a Administração justificar e demonstrar de forma objetiva no edital tal condição. caso contrário, deve ser facultativa e não obrigatória; podendo ser substituída por declaração firmada pelo responsável técnico da licitante de que conhece o local onde será executada a obra, prestado o serviço, e/ou fornecido o bem; com previsão no instrumento convocatório de cláusula de responsabilidade das licitantes/contratadas por eventuais prejuízos em virtude da não participação na visita, de modo que esta ausência não sirva para futuros pleitos de quaisquer espécie; de qualquer forma, não deve estar limitada a dias préfixados; para que não ocorra conhecimento prévio dos participantes da licitação, podendo ser realizada por qualquer profissional devidamente habilitado pela empresa licitante;

5 Portanto, das impropriedades narradas na representação em tela, ao menos uma se encontra (obrigatoriedade de realização de visita técnica) contrária aos pronunciamentos das Cortes de Contas, indicando a presença do fumus boni juris, requisito necessário à concessão da cautelar requerida, nos termos do artigo 84-A do Regimento Interno desta Corte. Assim sendo e considerando que a realização do procedimento licitatório se encontrada marcada para o dia , às 13:30 horas, observo a presença também do requisito do periculum in mora apto à concessão da cautelar de adiamento do certame. No que tange ao terceiro requisito para a concessão da tutela provisória, qual seja, o denominado periculum in mora inverso, registro que não vislumbro eventual configuração de irreversibilidade dos efeitos da concessão da medida tutelar, nos termos do artigo 84- A, 5º, do Regimento Interno deste Tribunal, revelando-se o adiamento da licitação como medida de prudência, a ser adotada até que esta Corte de Controle Externo se pronuncie definitivamente acerca deste processo. Em conclusão, deve o jurisdicionado providenciar a retificação do instrumento convocatório no concernente a visita técnica, devendo ser instado a se pronunciar acerca das demais alegações apresentadas pelo representante. Após o retorno do processo a esta Corte, devem o Corpo Instrutivo e o Parquet de Contas emitir parecer sobre a impugnação em tela, no prazo de 5 (cinco) dias, levando em conta os argumentos eventualmente apresentados pelo gestor público responsável. Pelo exposto e examinado, síntese do que foi examinado, Decido:

6 I Pelo CONHECIMENTO da Representação em tela, tendo em vista o preenchimento dos requisitos de admissibilidade elencados no artigo 58 do Regimento Interno deste Tribunal, aprovado pela Deliberação 167/1992; II Pelo DEFERIMENTO DA MEDIDA CAUTELAR REFERENTE AO ADIAMENTO DO CERTAME, até o pronunciamento definitivo desta Corte acerca do mérito desta Representação, nos termos do artigo 84-A do Regimento Interno deste TCERJ; III Pela COMUNICACAO ao Prefeito do Município de Santo Antônio de Pádua, conforme previsto no 1º do artigo 6º da Deliberação nº 204/96, para que adie a presente licitação até pronunciamento conclusivo desta Corte de Contas neste processo, bem como adote as providências a seguir relacionadas, no prazo de 10 (dez dias) dias, nos termos do art. 84-A, 3º, do Regimento Interno deste TCERJ: III.1 Apresentar justificativas que demonstrem de forma objetiva que a vistoria ao local de obras é imprescindível ao cumprimento adequado das obrigações contratuais ou rever as disposições do instrumento convocatório e de seus anexos relativos a visita técnica, estabelecendo que: (a) a participação na realização da visita não é uma imposição aos licitantes, mas uma faculdade; (b) que a visita poderá ser substituída por declaração do responsável técnico do licitante de que tem conhecimento pleno do objeto, com expressa ciência de que não poderá alegar desconhecimento de circunstâncias que influenciem na execução do contrato, com reflexo nos respectivos custos e preços; observando em qualquer hipótese que: (a) a visita técnica não deve estar limitada a dias pré-fixados; (b) a mesma pode ser realizada por qualquer profissional devidamente habilitado da empresa licitante;

7 III.2 Remeter esclarecimentos para as demais alegações constantes da representação em tela: III Obrigatoriedade dos licitantes apresentarem Certificado de Registro Cadastral (item 7.1 do edital), o que seria incompatível com a modalidade licitatória da Concorrência; III Exigência de comprovação de inscrição e certificação das empresas junto ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis - IBAMA (item do edital); III Omissão do instrumento convocatório quanto à necessária comprovação pelos interessados de possuírem autorização do IBAMA para o uso de motosserra; III Indefinição no termo de referência do número e das especificações técnicas dos veículos, bem como da qualidade dos materiais e do quantitativo de pessoal a serem empregados; III Contradição entre o item 7.4.e.1 do edital e o item 9.2 do termo de referência quanto ao limite de idade da frota a ser utilizada; III Imprecisão das regras impostas ao futuro contratado quanto à divulgação dos serviços (item 12 do termo de referência). III.3 Enviar a análise e julgamento de eventuais impugnações administrativas ao Edital de Concorrência nº 030/2018;

8 III.4 Publicar errata, no caso de alterações no ato convocatório, observando o disposto no artigo 21, 4º, da Lei 8.666/93 c/c art. 8º, 1º, IV e 2º da Lei nº /11; III.5 Remeter o Edital de Concorrência nº 030/2018 pelo sistema informatizado do e-tce, acompanhado de todos os elementos estabelecidos no Anexo da Deliberação nº 280/2017; que tome Ciência desta Decisão; IV Pela EXPEDIÇÃO DE OFÍCIO à Representante, a fim de V Pela DETERMINAÇÃO à Secretaria Geral de Controle Externos (SGE), através da Coordenadoria de Exame de Editais (CEE), bem como ao Ministério Público Especial, para que, no prazo de 5 (cinco) dias cada, procedam a análise do presente processo, conforme o art. 84-A, 7º, do Regimento Interno deste TCERJ. GA-2, de de ANDREA SIQUEIRA MARTINS CONSELHEIRA SUBSTITUTA