INDICADORES ECONÔMICOS, TECNOLÓGICOS E SOCIAIS DOS PRODUTORES FAMILIARES DA COMUNIDADE DE CAXEIRO, EM JUAREZ TÁVORA, PB
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1 INDICADORES ECONÔMICOS, TECNOLÓGICOS E SOCIAIS DOS PRODUTORES FAMILIARES DA COMUNIDADE DE CAXEIRO, EM JUAREZ TÁVORA, PB Maria Auxiliadora Lemos Barros 1, Robério Ferreira dos Santos 2, Paulo de Tarso Firmino 3, José Mário Cavalcanti de Oliveira 4, Kleodósio Leôncio da Silva 5, (1) Embrapa Algodão, Rua Osvaldo Cruz, 1143, Centenário, Campina Grande, PB, dora@cnpa.embrapa.br, (2) Embrapa Sede, roberio.santos@embrapa.br, (3) Embrapa Algodão, firmino@cnpa.embrapa.br, (4) Embrapa Algodão, jmario@cnpa.embrapa.br. (5) Embrapa Algodão. RESUMO Com a abertura do mercado para o exterior, em 1990, exigência da adaptação da economia brasileira à globalização, ficou patente que o algodão então produzido no Brasil não era competitivo em termos internacionais, tendo como conseqüência o aparecimento do Brasil entre os grandes países importadores de pluma. Uma conseqüência foi a redução da produção de algodão por parte da agricultura familiar brasileira, que não tem condições de utilizar a mesma matriz produtiva dos grandes produtores. A produção de algodão é, no entanto, altamente importante para a agricultura familiar, principalmente no Nordeste, já que se constitui numa das poucas alternativas de geração de renda, uma vez que se localiza nesta região o segundo pólo de consumo industrial de pluma do Brasil. Objetivou-se neste trabalho levantar o perfil socioeconômico dos produtores familiares da comunidade de Caxeiro, no município de Juarez Távora, na Paraíba, já que um programa sustentável de recuperação do algodão no Nordeste depende muito do conhecimento da base material de produção, sobretudo da fertilidade das terras, da formação social e do ambiente socioeconômico em que eles atuam, destacando o acesso diversificado ao mercados, ao crédito, à informação, à compra de insumos e ao exercício da cidadania Observou-se no levantamento realizado que as famílias são pobres, a maioria detendo a posse temporária das terras, o que os conduzem ao exercício de uma agricultura intinerante dentro do próprio município que, junto com a grande migração que ocorre com os filhos adolescentes e alto nível de analfabetismo encontrado, constituem-se em explicações para o uso de uma tecnologia tradicional no campo. Há necessidade de incorporar tecnologias adequadas ao perfil desses produtores para garantir a reprodução da agricultura familiar local em bases rentáveis e sustentáveis. INTRODUÇÃO Com a abertura do mercado para o exterior, exigência da globalização da economia brasileira, em 1990, ficou patente que o algodão então produzido no Brasil não era competitivo em termos internacionais (SANTOS & SANTOS, 1997). Como resultado, o Brasil passou a figurar entre os grandes países importadores de pluma. A existência de um parque têxtil moderno no país, a disponibilidade de terras planas nos cerrados brasileiros, a proatividade da Embrapa Algodão junto com diversos parceiros da região Centro Oeste e do oeste da Bahia e a criação de fundos de apoio à pesquisa e de fundações de produtores levou os grandes agricultores do cerrado brasileiro para a produção de algodão, utilizando a mesma matriz tecnológica usada nos grandes países exportadores de fibra de algodão. Uma conseqüência foi a redução da produção de algodão por parte da agricultura familiar brasileira, que não tem condições de utilizar a mesma matriz produtiva dos grandes produtores. A produção de algodão é, no entanto, altamente importante para a agricultura familiar, principalmente do Nordeste, já que se constitui numa das poucas alternativas de geração de renda, uma vez que se localiza nesta região o segundo pólo de consumo industrial de pluma do Brasil.
2 Objetivou-se neste trabalho levantar o perfil socioeconômico dos produtores familiares da comunidade de Caxeiro, no município de Juarez Távora, na Paraíba, já que um programa sustentável de recuperação do algodão no Nordeste depende muito do conhecimento da base material de produção, sobretudo da fertilidade das terras, da formação social e do ambiente socioeconômico em que eles atuam, destacando o acesso diversificado ao mercados, ao crédito, à informação, à compra de insumos e ao exercício da cidadania (ABRAMOVAY,1997). MATERIAL E MÉTODO Os dados foram levantados com a aplicação de questionários a uma amostra de 20 famílias, de um universo de 50, selecionados de modo aleatório, visando-se identificar indicadores sociais e atividades econômicas que predominam na comunidade de Caxeiro, local escolhido para implantação, pela Embrapa Algodão e parceiros, da unidade demonstrativa do agronegócio do algodão de sequeiro, onde foram realizadas atividades de capacitação de produtores e familiares no planejamento, produção, agregação de valor e comercialização da produção do algodão e seus subprodutos. RESULTADO E DISCUSSÃO No que se refere aos aspectos sociais, constata-se, na Tabela 1, que 74,5% dos membros das famílias da amostra correspondem a filhos, uma média de 5,5 por família, e que 50,3% dos familiares da amostra trabalham na propriedade. Isto é importante, já que uma das grandes vantagens comparativa da agricultura familiar aparece no uso da mão-de-obra da família, o que barateia seu custo monetário de produção. O nível de escolaridade dos familiares da amostra da comunidade de Caxeiro dá destaque a importância de políticas públicas que incentivem a alfabetização, pois 79% podem ser considerados analfabetos (somando-se os que tem o primeiro grau incompleto, que assinam o nome e os que não sabem assinar o nome). Os Indicadores sobre as condições de moradia dos familiares da amostra em estudo destacaram-se como positivos: todas as moradias são próprias, todas têm energia elétrica disponível e 65% das famílias queimam o lixo doméstico. Como indicadores negativos, destacam-se: 60% das famílias consomem água de açude sem tratamento, 60% das famílias da amostra possuem banheiro na parte de fora da casa; 50% não utilizam nenhum tipo de tratamento de dejetos, sendo que 50% possuem fossa. Observa-se, na Tabela 2, que 62% dos chefes de família entrevistados afirmaram ter a posse temporária da terra, recebendo-a do proprietário, com direito de exploração por dois anos, sem pagamento de foro e sem compromisso de divisão da produção obtida, mas com o compromisso de devolvê-la no final do prazo estabelecido, pronta para a implantação de pastagens; 32% dos entrevistados possuem a posse definitiva da terra; 81% dos chefes de família disseram utilizar a terra para plantio de lavouras. O plantio em curva de nível foi um dos primeiros efetuados na comunidade, influenciando 67% dos produtores da amostra. A técnica de plantio manual predominou, sendo que 90% dos produtores entrevistados disseram realizar o desbaste; 100% realizam capinas; 95% aplicam inseticidas; 100% não fazem adubação nas lavouras e 42% da mão-de-obra utilizada na amostra foi familiar. Outro destaque que se pode retirar da Tabela 2 é que 47% das famílias da amostra receberam renda bruta (sem desconto de taxas e impostos) com atividades não agrícolas e 22% com aposentadoria. A renda bruta média total não agrícolas por família foi de R$ 207,11, 15% maior que um salário mínimo que vigorava na época do levantamento; como é bruta, caracteriza o estado de pobreza que prevalece na comunidade.
3 CONCLUSÃO Observou-se no levantamento realizado na comunidade de Caxeiro, em Juarez Távora - PB, que as famílias são pobres, a maioria detendo a posse temporária das terras, o que os conduzem ao exercício de uma agricultura intinerante dentro do próprio município que, junto com a grande migração que ocorre com os filhos adolescentes e alto nível de analfabetismo encontrado, constituem-se em explicações para o uso de uma tecnologia tradicional no campo. Há necessidade de se incorporar tecnologia adequada ao perfil desses produtores para garantir a reprodução da agricultura familiar local, em bases sustentáveis, por meio de estudos que tenham como objetivo determinar uma maior eficiência alocativa e distributiva que a atual, contribuindo para capacitar as atuais e as novas gerações de proprietários e trabalhadores rurais. Tabela 1. Indicadores Sociais na Comunidade de Caxeiro, em 2000 Indicadores Total (nº) % Caracterização Familiar. Total de membros na família Filhos ,5 Total Pessoas da família que trabalham na propriedade Nível de escolaridade dos familiares. apenas assinam nome º grau incompleto º grau completo não assinam nome não tem idade escolar 4 3 Moram em casa própria 100 Piso trabalhado em cimento 90 Água consumida do açude 60 Banheiros fora casa 60 Dejetos humanos. fossa 50. céu aberto 50 Destino lixo. queimado 65 Energia Elétrica 100 Meio de comunicação (rádio e televisão) 85 Fonte: Dados da Pesquisa de Campo Obs. Todos percentuais são em relação ao total de familiares
4 Tabela 2. Indicadores econômicos e tecnológicos da amostra da comunidade de Caxeiro, em 2000 Discriminação Participação % Média 1. Posse da Terra (ha) 100,00 9,00 Própria 32,35 4,00 Arrendada 5,88 10,00 Posse temporária 61,77 6,00 2. Formas de Uso (ha) 100,00 9,00 Terra de Lavoura 80,87 7,00 3.Preparo do Solo 100,00 a) Manual 25,00 b) Animal 10,00 c) Motomecanizado 30,00 d) Manual+Animal 20,00 e) Manual+Animal+Motomecanizada 15,00 4.Tipo de Aração e Gradagem 100,00 Aração e gradagem em contorno 66,67 5.Tecnica de Plantio 100,00 Manual 60,00 Manual+ Tração Animal 40,00 6. Faz Desbaste 90,00 7. Faz Capinas 100,00 8. Não Utiliza Adubação 100,00 9. Usa Inseticidas 95, Tipo mão-de-obra Utilizada (dias/homem) Total 100,00 134,90 Familiar 41,55 56,05 Contratada 58,45 78,85 11.Uso de Crédito Rural Custeio 100,00 12.Comercialização da Produção Total 100,00 Após Colheita 50,00 Quinzenal 40, Vendas na Comunidade 55, Produção de Algodão Área Colhida (ha) 76,66 5,50 Produção (kg) 814,70 Rendimento Médio (kg/ha) 148,13 Produção Vendida (t) 789,70 Valor da Produção Total (R$) 65,57 471,27 Valor da produção Vendida (R$) 95,51 456, Renda Bruta Anual (R$) Total 100, ,38 Com Atividades Agrícolas 30,81 765,78 Com Atividades Não Agrícolas 47, ,00 Com Aposentadoria 21,87 543,60 Fonte: Dados da Pesquisa de Campo.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABRAMOVAY, R. Agricultura Familiar e Uso do Solo. São Paulo em Perspectivas. São Paulo, V. 11, N.º 2, p , Abr/Jun, SANTOS, R. F., SANTOS, J. W. dos. Crise na cadeia Produtiva do Algodão. Revista Oleaginosas e Fibrosas, v. 1, n.º 1, dez. 1997, p
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