A importância da experiência vivenciada no PIBID para a formação de. Professores de Filosofia

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1 RELATO DE EXPERIÊNCIA: A importância da experiência vivenciada no PIBID para a formação de Professores de Filosofia Angela Maria da Silva PIBID/UNIOESTE/FILOSOFIA INTRODUÇÃO: O programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) é um programa financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) que vem sendo desenvolvido na Universidade Estadual do Oeste do Paraná- UNIOESTE, Campus Toledo, no âmbito da Licenciatura em Filosofia. O programa busca uma articulação entre ensino superior e ensino médio, objetivando a qualidade da educação, desenvolvendo atividades práticopedagógicas para a melhoria do ensino-aprendizagem dos alunos envolvidos no programa. Além disto, busca contribuir para o desenvolvimento dos próprios graduandos bolsistas, uma vez que possibilita um contato direto dos estudantes com o ambiente escolar ainda em sua formação. Como explica Jorge Almeida Guimarães - Presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior Capes: O Pibid, contudo, não é simplesmente um programa de bolsas. É uma proposta de incentivo e valorização do magistério e de aprimoramento do processo de formação de docentes para a educação básica. Os alunos de licenciatura exercem atividades pedagógicas em escolas públicas de educação básica, contribuindo para a integração entre teoria e prática, para a aproximação entre universidades e escolas e para a melhoria de qualidade da educação brasileira. Para assegurar os resultados educacionais, os bolsistas são orientados por coordenadores de área docentes das licenciaturas e por supervisores docentes das escolas públicas onde exercem suas atividades. (Um estudo avaliativo do programa institucional de bolsa de iniciação à docência - PIBID, p. 05, 2014).

2 Na maior parte dos cursos de licenciatura, o contato com a prática unindo os saberes da formação e os saberes práticos é possível somente no momento de estágio, nas etapas finais do curso. Esta demora da prática docente, na maioria das vezes, deixa os graduandos desmotivados e insatisfeitos com o curso, o que em alguns casos resulta em evasão. Nesse contexto, o PIBID pode se constituir como um excelente motivador e de grande importância para os discentes nos cursos de licenciatura, caracterizando-se como um ambiente formativo de grande eficácia na medida em que os graduandos são inseridos no ensino médio ainda em sua formação, oportunizando os vínculos com as instituições de ensino médio. Além de pouco contato com a prática por parte dos graduandos, um outro problema enfrentado pelos cursos de licenciatura diz respeito à própria valorização da profissão de docência. Para Silva (2009), A docência se tornou uma profissão de abnegados. Lecionar é uma tarefa difícil que os cursos de formação inicial parecem não estar considerando. Nos cursos de licenciatura, as disciplinas de educação não recebem a devida prioridade e o pouco que se ensina nada mais faz do que massificar os alunos, ignorando que cada uma daquelas pessoas na sala de aula é um ser humano a ser considerado em sua individualidade, incluindo o professor (SILVA, 2009, p. 2). No caso das licenciaturas da área de Ciências Humanas como a Filosofia esse problema parece ainda maior. Grande parte dos alunos costuma rejeitar as disciplinas pedagógicas e somente uma pequena parcela mostra desejo de engajamento na profissão docente. Nesse sentido, pensamos que o PIBID também possa contribuir com a busca de soluções para problemas pautados nesse âmbito. Diante disso, o objetivo do presente trabalho é fazer um relato da experiência vivenciada pela bolsista do PIBID/UNIOESTE da Licenciatura em Filosofia durante toda a permanência como bolsista, mostrando a atuação

3 como integrante do projeto e discutindo as potencialidades dessa prática pedagógica para a formação do filosofo-educador. PALAVRAS-CHAVE: Filosofo-educador; Formação; Vivência; PIBID. METODOLOGIA: Os procedimentos metodológicos adotados por este trabalho constituemse da descrição e análise das atividades realizadas pelo PIBID/ UNIOESTE Campus Toledo durante um ano de minha permanência como bolsista PIBID Filosofia. O desenvolvimento do Projeto PIBID no campus Toledo conta atualmente com um grupo de quarenta e dois bolsistas graduandos, oito bolsistas supervisores de oito escolas da rede estadual de ensino -parceiras do Projeto e três bolsistas coordenadores do Projeto. Para realização das atividades, o total de bolsistas se dividiu em oito grupos, onde cada grupo desenvolveria suas ações em uma das cinco escolas. Assim, eu, a autora deste trabalho, relato aqui minha experiência em uma das escolas parceiras, pertencente à rede estadual de ensino do município de Toledo/PR. Eu e os outros graduandos bolsistas em um primeiro momento realizamos visitas à escola Estadual Jardim Europa para conhecer o ambiente escolar, como também para esclarecimentos quanto ao projeto e para a maior interação de seus participantes. Em seguida, fizemos visitas à escola com o propósito de caracterizá-la, conhecendo a instituição escolar no que diz respeito à estrutura física, administrativa e pedagógica. Posteriormente, observamos aulas de Filosofia da professora supervisora, para, finalmente, realizarmos atividades de intervenção didático-pedagógica. Nessa ocasião, realizamos atividades com alunos dos primeiros e segundos anos do ensino médio com o intuito de que os mesmos despertassem um interesse maior pelas aulas de Filosofia, sendo elas: o uso de oficina como prática pedagógica e debates de apoio para a melhoria no desenvolvimento filosófico dos alunos. Durante o percurso, algumas atividades

4 foram desenvolvidas no campus de Toledo, como as reuniões entre os componentes dos grupos, atividades de estudo e planejamento da oficina, elaboração de trabalhos para eventos, bem como a participação em eventos. Abaixo, descreverei as atividades desenvolvidas, discutindo-as com o propósito de analisar o alcance de suas contribuições à formação dos discentes em Filosofia, bolsistas do Projeto. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Conhecendo o projeto e seus objetivos Para o começo dos trabalhos, foi necessário um estudo individual do próprio Projeto PIBID/UNIOESTE/FILOSOFIA a fim de conhecer as suas linhas de pesquisa, ensino e extensão. Também foram realizadas leituras e discussões de textos em grupos para a fundamentação teórica das atividades a serem realizadas pelo PIBID, de modo a dar o suporte teórico necessário para a realização do Projeto. A chegada na escola: A chegada na escola inicia-se com uma grande expectativa para que fosse realizado um bom trabalho por parte dos bolsistas. Apesar de a maioria dos bolsistas na ocasião serem iniciantes no curso, tínhamos a idéia de que a experiência que estava sendo proporcionada fosse de grande importância em nossas formações. Assim, realizamos as primeiras atividades no ambiente escolar, que consistiram em um conhecimento e caracterização da escola. Pretendíamos que, inseridos no meio escolar junto aos professores e em particular com a professora supervisora do projeto, aprimorássemos o processo de ensino-aprendizagem dos alunos, especialmente na disciplina de Filosofia. Em relação à caracterização da escola, chamou-nos atenção o fato do colégio ser bem rigoroso no sentido físico e educacional. Segundo o Projeto Político- Pedagógico da escola, Atualmente o Colégio Estadual Jardim Europa conta

5 com 1165 alunos incluindo o Ensino Fundamental, Médio e Profissional, funcionando nos três turnos: Matutino, Vespertino e Noturno (PPP, 2015, p.12). Estávamos diante de uma das mais conhecidas escolas da cidade, o que, para mim foi motivo de preocupação diante do tamanho da responsabilidade e do desafio, mas também de satisfação pela oportunidade que teria em aprender com a experiência. Enquanto estava coletando os dados da escola, através da leitura e estudo do PPP, pude identificar em algumas falas dos gestores aspectos relacionados com a gestão democrática, na medida que eles enfocam suas discussões na participação da comunidade escolar para um melhor funcionamento da escola. O contato com a escola assumiu, para mim, um papel importante na medida em que me fez repensar como é o funcionamento, hoje, da escola, refletindo sobre o meio sócio-político-econômico em que se encontra a instituição. Para uma análise mais crítica desse momento, foram de grande importância as disciplinas de educação como Estágio I e II, cursadas na licenciatura no decorrer do Projeto. Observação e acompanhamento das aulas de Filosofia: Dando continuidade ao Projeto, as atividades realizadas em seguida constituíram-se em nossas observações das aulas de Filosofia, ministradas pela professora supervisora do PIBID. Estar inserida na dinâmica de sala de aula me possibilitou uma reflexão teórica sobre a prática docente, além de oportunizar momentos também de aprendizagem. Esse etapa também contribuiu para a minha própria segurança em relação à sala de aula. Nesse momento, os conhecimentos da disciplina de Didática foram relevantes para nós. O acompanhamento das aulas da professora supervisora me oportunizou uma reflexão sobre as estratégias de ensino da professora, relacionando-as com as várias tendências didáticas da educação brasileira. No caso do ensino de ciências humanas, mais especificamente a Filosofia, há várias tendências didáticas relevantes para se trabalhar no dia-a-dia do professor. Segundo o professor e pesquisador Silvio Gallo (Anpof, 2013, p.2),

6 Em um ou noutro caso, trata-se de uma metodologia aberta, que não tem a intenção de oferecer ao professor um manual de como agir, uma definição absoluta dos rumos da aula, mas uma espécie de bússola, que aponta uma direção, mas não define estritamente o caminho. A aula precisa ser sempre uma criação do professor, que ele faz a partir de sua bagagem filosófica, de seus interesses, de seus problemas, de forma articulada com os interesses e problemas de cada turma de estudantes. Apenas assim o ensino de Filosofia pode ser um aprendizado significativo. Neste sentido, podemos entender que ao professor educador cabe a idéia de pesquisador, ou seja, elaborar sua própria metodologia no sentido de adaptarse ao colégio e aos alunos. É preciso, portanto, elaborar/fazer questões corretas, pertinentes e estimuladoras dos processos que subsidiam a construção do conhecimento pelos alunos. Oficina de Filosofia: O Existencialismo é um humanismo Dentre as ações do projeto, durante o período de observação das aulas de Filosofia na escola, elaboramos e ministramos uma oficina que abordou a construção de conceitos de Ética que utilizassem práticas comuns da vida dos alunos, sendo oferecida a alunos constituintes do projeto PIBID na UNIOESTE/FILOSOFIA, bem como para os professores, coordenadores, supervisores e alunos de licenciatura, posteriormente apresentamos a escola Estadual Jardim Europa. Em um primeiro momento para elaboração da oficina foi delimitado o livro a ser estudado, o autor e seu respectivo texto, em seguida cada bolsista de maneira individual fez sua leitura e seus apontamentos sobre as questões que abordaríamos nesta atividade, posteriormente em encontros semanais discutíamos nossos pontos acerca dos estudos individuais a fim de prepararmos o passo a passo da oficina, bem como os materiais a serem utilizados e os recursos de multimídia e o papel de cada bolsista no momento da aplicação desta atividade, por fim fizemos diversos ensaios para corrigir erros e ou adequar melhor a atividade ao ensino médio.

7 A oficina situou-se no contexto de abordarmos questões acerca da entrevista do filosofo Jean P. Sartre, no que se refere à ideia de ética na proposta humanista. A proposta da oficina foi pensada a partir do fato que, a maioria dos alunos de ensino médio não utilizam a obra Antologia Filosófica na sala de aula. Neste sentido, achamos ser de grande relevância a utilização deste frutífero material, já que o mesmo é distribuído a todas as escolas do Paraná para que os alunos tenham um maior contato com os textos dos filósofos. Assim, uma saída para dar conta das dificuldades e suprir a carência de estratégicas no uso deste material surgiu foi a ideia no PIBID de elaborarmos oficinas com a utilização deste material gratuito e disponível em todas as escolas da rede Estadual de ensino publico do Paraná na qual o professor pode possibilitar um maior acesso aos textos filosóficos para trabalhar conceitos com os alunos. O objetivo da oficina era que os próprios alunos participantes construíssem conceitos que abordaríamos ao longo da oficina com o material antecipadamente selecionado. Iniciamos com a apresentação de um teatro, como forma de apontar os conceitos envolvidos no texto escolhido; questionamos os alunos sobre o dilema moral apresentado; em seguida, apresentamos o filósofo escolhido para a atividade; destacamos trechos da obra onde se apresentam os conceitos envolvidos na nossa proposta; propusemos questões acerca destes conceitos; apresentamos em forma de slides outras partes do texto para possibilitar a discussão e criação de conceitos; ao final, entregamos aos alunos participantes da oficina bilhetes com supostas conseqüências acerca das escolhas feitas por eles e discutimos se mudariam algo em suas atitudes ou não e porquê. A oficina foi um momento de grande relevância dentro de nossa experiência formativa, pois foi o primeiro momento em que, sozinhos, nos responsabilizamos por um grupo de alunos e conduzimos atividades para eles. Além disso, todo o planejamento e preparação da oficina minuciosamente pensados foram importantes para o sucesso das atividades. Chegar ao fim da oficina sabendo que foi proveitoso para os alunos foi a nossa maior conquista.

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS: Percebemos a importância dessas experiências em nossa formação inicial analisando as atividades e as experiências que foram compartilhadas durante o Projeto PIBID/Filosofia, e também o quanto esses conhecimentos pedagógicos poderiam nos ajudar efetivamente em nossa formação de educadores e, por conseguinte, na nossa própria constituição como professores pesquisadores. A experiência proporcionou a nós, graduandos de licenciatura em Filosofia, conhecer de fato o cotidiano da escola e sua realidade através do contato com os alunos e a professora de Filosofia supervisora do projeto. Para a nossa formação, tivemos a oportunidade real de repensar sobre as práticas da escola e refletir em relação a quanto essas atividades podem se tornar importantes para nós bolsistas quanto para a própria prática docente, visto que, principalmente, no desenvolvimento da oficina, observamos a viabilidade de algumas abordagens de ensino. Pudemos observar também que a aprendizagem depende muito da maneira como os alunos estão sendo envolvidos durante as aulas. É necessário que os alunos sejam incluídos nas aulas do ensino de Filosofia de forma que interajam com o professor e colegas, tornando-os sujeitos e agentes do processo de ensino e aprendizagem, como construtores de conceito. Pude, durante a experiência, pensar sobre as diferentes metodologias de ensino que me proporcionou caracterizar melhor a escola de modo a preparar a execução das atividades em sala de aula, quanto às especificidades da disciplina de filosofia como, por exemplo, a Ética, que foi fundamental para termos segurança nos conceitos apresentados. Sendo assim, acredito que o PIBID possibilitou para mim uma excelente formação, através das experiências vivenciadas, que foi de grande significado para mim como futura educadora. Diante disso, pensamos que o PIBID de Filosofia apresentou-se como uma grande oportunidade de solidificar bases docentes necessárias para o sucesso de futuros professores de Filosofia. AGRADECIMENTOS:

9 A CAPES, pelo apoio financeiro, aos Coordenadores do programa, aos supervisores, aos colegas bolsistas, à UNIOESTE e às escolas participantes do Programa, bem como os seus respectivos alunos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: SILVA, J. G; CHAGAS, L. M. C; ALVES, M. P C. PIBID: a experiência da sala de aula na formação inicial de professores. In Anais da XVII Semana de Humanidades/UFRN, Antologia de Textos Filosóficos / Jairo Marçal, organizador. Curitiba: SEED Pr., p. nteudo=14