NOVAS SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS E OUTRAS DROGAS
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- Alexandre das Neves de Abreu
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1 NOVAS SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS E OUTRAS DROGAS Inquérito ao público do festival NOS Alive 2017 SINOPSE Direção de Serviços de Monitorização e Informação Divisão de Estatística e Investigação SICAD Dezembro 2017
2 Ficha Técnica Título: Novas Substâncias Psicoativas e Outras Drogas. Inquérito ao Público do Festival NOS Alive 2017 Autor: Calado, Vasco; Lavado, Elsa; Dias, Lúcia Editor: Morada: Parque de Saúde Pulido Valente, Alameda das Linhas de Torres, n.º 117 Edifício SICAD Lisboa - Portugal Edição: Esta informação está disponível no sítio web do Serviço de Intervenção nos Comportamentos e nas Dependências,
3 Índice Agradecimentos... 7 Introdução... 9 Método Procedimento Amostra Resultados Consumos de substâncias psicoativas Álcool comportamentos nocivos Substâncias ilícitas Consumos: variáveis sociodemográficas Perceções e Representações Sociais Discussão dos Resultados Conclusões Referências Bibliográficas... 42
4 Índice de Figuras e Tabelas: Fig. 1- Distribuição dos respondentes por dia do evento (N=887) () Fig. 2 Sexo (N=864) () Fig. 3 - Grupos etários (N=866) () Fig. 4 Grupos etários segundo o Sexo (N=844) () Fig. 5 - Residência por NUT II (N=884) () Fig. 6 Nacionalidade (N=885) Fig. 7 - Situação profissional (N=869) () Fig. 8 - Habilitações literárias (N=875) () Fig. 9 «Qual o seu género de música preferido?» (resposta múltipla) (principais categorias) (N=759) () Fig. 10 «Quais as bandas a que vem assistir?» (resposta múltipla) (principais categorias) (N= 845) () Fig Prevalências de consumo: Binge e Embriaguez (N=887) () Fig Prevalências de consumo: NSP e Outras drogas ilícitas (N=887) () Fig Prevalências de consumo de drogas ilícitas ao longo da vida (N=887) () Fig Prevalências de consumo de drogas ilícitas nos últimos 12 meses (N=887) () Fig Prevalências de consumo de drogas ilícitas nos últimos 30 dias (N=887) () Fig Prevalências de consumo de drogas ilícitas nas últimas 48 horas (N=887) () Fig. 17 Prevalências ao Longo da Vida, nos Últimos 12 meses, nos Últimos 30 dias e nas Últimas 48 horas, de qualquer NSP, segundo grupos etários (N=866) () Fig. 18 Prevalências ao Longo da Vida, nos Últimos 12 meses, nos Últimos 30 dias e nas Últimas 48 horas, de qualquer droga ilícita (excluindo as NSP), segundo grupos etários (N=866) () Fig. 19 Prevalências ao Longo da Vida, nos Últimos 12 meses, nos Últimos 30 dias e nas Últimas 48 horas, de qualquer NSP, segundo o sexo (N=864) () Fig. 20 Prevalências ao Longo da Vida, nos Últimos 12 meses, nos Últimos 30 dias e nas Últimas 48 horas, de qualquer droga ilícita (excluindo as NSP), segundo o sexo (N=864) () Fig Prevalências ao Longo da Vida, nos Últimos 12 meses, nos Últimos 30 dias e nas Últimas 48 horas, de qualquer NSP, segundo situação face ao trabalho (N=869) () Fig. 22 Prevalências ao Longo da Vida, nos Últimos 12 meses, nos Últimos 30 dias e nas Últimas 48 horas, de qualquer droga ilícita (excluindo as NSP), segundo situação face ao trabalho (N=869) () Fig. 23 Prevalências ao Longo da Vida, nos Últimos 12 meses, nos Últimos 30 dias e nas Últimas 48 horas, de qualquer NSP, segundo habilitações literárias (N=875) () Fig. 24 Prevalências ao Longo da Vida, nos Últimos 12 meses, nos Últimos 30 dias e nas Últimas 48 horas, de qualquer droga ilícita (excluindo as NSP), segundo habilitações literárias (N=875) () Fig. 25 Prevalências ao Longo da Vida, nos Últimos 12 meses, nos Últimos 30 dias e nas Últimas 48 horas, de qualquer NSP, segundo a nacionalidade (N=885) () Fig. 26 Prevalências ao Longo da Vida, nos Últimos 12 meses, nos Últimos 30 dias e nas Últimas 48 horas, de qualquer droga (excluindo as NSP), segundo a nacionalidade (N=885) ()... 27
5 Fig. 27 Prevalências ao Longo da Vida, nos Últimos 12 meses, nos Últimos 30 dias e nas Últimas 48 horas, de qualquer NSP, segundo o dia do evento (N=887) () Fig. 28 Prevalências ao Longo da Vida, nos Últimos 12 meses, nos Últimos 30 dias e nas Últimas 48 horas, de qualquer droga (excluindo as NSP), segundo o dia do evento (N=887) () Fig. 29 Prevalências ao Longo da Vida, nos Últimos 12 meses, nos Últimos 30 dias e nas Últimas 48 horas, de qualquer NSP, segundo o género musical preferido (1ª linha) (N=759) () Fig. 30 Prevalências ao Longo da Vida, nos Últimos 12 meses, nos Últimos 30 dias e nas Últimas 48 horas, qualquer droga (excluindo as NSP), segundo o género musical preferido (1ª linha) (N=759) () Fig. 31 Conhecimento do termo Novas Substâncias Psicoativas (N=887) () Fig. 32 Conhecimento do termo Novas Substâncias Psicoactivas, considerando apenas os grupos de consumidores de NSP ao longo da vida e nos últimos 12 meses () Fig. 33 Se sabe o que são NSP, diga o que entende, considerando a totalidade dos respondentes e apenas os consumidores de NSP ao longo da vida () Fig. 34 Aquisição de alguma NSP, nos últimos 12 meses ou anteriormente (N=887) () Fig. 35 Modo de aquisição NSP, nos últimos 12 meses ou anteriormente (N) Fig. 36 Aquisição de alguma droga ilícita (excluindo NSP) pela internet, nos últimos 12 meses ou anteriormente (N=887) () Fig. 37 Nos últimos 12 meses ou anteriormente, algum amigo/conhecido recorreu a algum serviço de urgência médica devido ao consumo de NSP (N=887) () Fig. 38 Perceção de risco de consumo ocasional/regular de NSP (N=887) () Fig. 39 Perceção de risco de consumo ocasional e regular de NSP, considerando apenas os consumidores recentes de NSP (N=9) () Fig. 40 Perceção de maior ou menor risco para a saúde do consumo de NSP em comparação com o consumo de outras drogas ilícitas (N=887) () Fig. 41 Perceção de maior ou menor risco para a saúde do consumo de NSP em comparação com o consumo de outras drogas ilícitas, em função da situação face ao consumo (N=887) () Fig Se entende que o consumo de NSP acarreta mais ou menos riscos para a saúde do que as drogas ilegais tradicionais, diga porquê (questão 14.) (N=496) () Tabela 1 - Prevalências de consumo ao Longo da Vida, nos Últimos 12 Meses, nos Últimos 30 Dias e nas Últimas 48 Horas (N=887) (n e ) Tabela 2 Prevalências de consumo de NSP (PLV, 12M e 30D) na população jovem, obtidas em vários estudos nacionais ()... 39
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7 Agradecimentos Um especial agradecimento a todos os participantes do festival NOS Alive que generosamente aceitaram ser entrevistados e que, abdicando de algum do seu tempo, contribuíram decisivamente para que este estudo pudesse ser feito. Agradece-se também aos entrevistadores que, com grande empenho e profissionalismo, conduziram as entrevistas: Ana Henriques, Ana Rita Félix, Frederico Raposo, José Almeida, Joana Bernardo, Lara Fidalgo, Margarida Dias, Pedro Florindo, Rita Manguinhas e Sara Henriques. 7
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9 Introdução O presente estudo resulta de uma parceria entre o Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD), a Egas Moniz Cooperativa de Ensino Superior, C.R.L e o Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses, I.P., no âmbito do projeto europeu NPS-Euronet ( que tem como objetivo principal desenvolver uma abordagem integrada de modo a melhorar a capacidade de identificar e avaliar Novas Substâncias Psicoativas (NSP) e estimar a dimensão do seu uso e os existentes padrões de consumo na Europa. O projeto NPS-Euronet coordenado a nível nacional pelo Professor Álvaro Lopes e pelo Dr. Mário João Dias assenta na triangulação de metodologias de química analítica com uma abordagem epidemiológica, nomeadamente junto da população que frequenta contextos recreativos. Neste sentido, em Portugal, a par da análise química a Estações de Tratamento de Águas Residuais, procedeu-se em simultâneo à aplicação de um questionário junto do público do festival de música NOS Alive 2017, que decorreu em Lisboa. O SICAD colaborou na conceção e na aplicação deste último instrumento e na análise dos resultados obtidos que aqui se apresentam. 9
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11 Método Procedimento Seguiu-se a metodologia já testada em contextos semelhantes (Calado & Lavado, 2016), que consiste na aplicação de um questionário semiaberto ao público prestes a entrar no recinto de um festival de música, neste caso o NOS ALIVE Lisboa 2017 nos três dias em que o festival decorreu: 6,7 e 8 de julho de As entrevistas foram realizadas sob supervisão dos autores, tendo sido conduzidas por entrevistadores designados para o efeito e a quem foi dada formação específica para melhor desempenhar a tarefa. Do procedimento resultou uma amostra de conveniência constituída por 887 inquiridos. Amostra Distribuída de forma relativamente equitativa entre os três dias do festival (Figura 1), a amostra contempla mais elementos do sexo feminino do que do sexo masculino (Figura 2) e é constituída maioritariamente por jovens e jovens adultos (63 dos inquiridos têm menos do que 25 anos e 92 menos de 35 anos). A idade média é de 24 anos, a moda de 18 e a mediana de 22 anos, sendo que os elementos do sexo masculino estão em maioria apenas no grupo etário dos anos (Figuras 3 e 4). Os inquiridos residem sobretudo na região da Grande Lisboa (figura 5) e são quase todos de nacionalidade portuguesa, sendo que aqueles que são cidadãos estrangeiros são pouco mais do que 10 (Figura 6). Refletindo a juventude da amostra, a maioria dos inquiridos é estudante (Figura 7) e com habilitações literárias ao nível do ensino secundário ou menos (Figura 8). Rock, música Indie e Pop destacam-se como os estilos musicais preferidos (Figura 9), enquanto Foo Fighters, The Weekend e Imagine Dragons foram as bandas que mais levaram os inquiridos ao festival (Figura 10). 11
12 Fig. 1- Distribuição dos respondentes por dia do evento (N=887) () 8 julho 30,6 6 julho 33,1 7 julho 36,3 Fig. 2 Sexo (N=864) () feminino 56,9 masculino 43,1 Fig. 3 - Grupos etários (N=866) () anos 6, anos 2, anos 28, anos 62,9
13 Fig. 4 Grupos etários segundo o Sexo (N=844) () anos 36,9 63, anos 53,1 46, anos 49,0 51, anos 47,4 52, masc. fem. Teste Qui-quadrado: X 2 =18.997, d.f.=3, p= Fig. 5 - Residência por NUT II (N=884) () , ,4 13,9 10,1 2,0 1,6 0,6 norte centro lisboa alentejo algarve reg.autón. estrang. 13
14 Fig. 6 Nacionalidade (N=885) estrangeiro 10,8 portugal 89,2 Fig. 7 - Situação profissional (N=869) () outra situação* 5,7 empregado 36,1 estudante 58,2 * 24 entrevistados desempregados, 23 trabalhadores/estudantes e 2 em outras situações não especificadas. Fig. 8 - Habilitações literárias (N=875) () 14 mest./dout. 13,9 3º C. ou inf. 12,1 polit./lic. 30,3 secund. 43,7
15 Fig. 9 «Qual o seu género de música preferido?» (resposta múltipla) (principais categorias) (N=759) () rock 49,7 indie/alternativa 23,3 pop 18,8 hip hop 10,3 heavy/punk 5,9 electronica 4, Fig. 10 «Quais as bandas a que vem assistir?» (resposta múltipla) (principais categorias) (N= 845) () foo fighters 33,2 the weekend 18,4 imagine dragons 14,9 the xx 11,6 alt j 11,6 depeche mode 9,
16 Resultados Consumos de substâncias psicoativas A tabela 1 apresenta em resumo as prevalências de comportamentos nocivos ligados ao álcool (binge e embriaguez), de consumo de Novas Substâncias Psicoativas (NSP) 1 e de substâncias ilícitas (aqui designadas de drogas ilícitas ditas tradicionais). Em termos de prevalência, pode considerar-se o binge e a embriaguez práticas generalizadas entre a população em estudo. Entre as drogas ilícitas, destaca-se claramente o consumo de cannabis, sendo que também a cocaína, o ecstasy (e outras metanfetaminas), o LSD (e outros alucinogénios) e os cannabinoides sintéticos são relevantes ao nível da experimentação (longo da vida), mas de pouca expressão quando se analisa o consumo recente (12 meses). As restantes substâncias ilícitas são de consumo pouco mais do que residual. A prevalência de consumo atual (30 dias) de NSP é inferior a 1. No entanto, destes, a maioria declarou ter consumido uma destas substâncias nas 48 horas anteriores à inquirição. Os consumidores de NSP são também consumidores de outras drogas ilícitas (sobretudo cannabis), sendo que apenas 7 dos inquiridos que consumiram uma NSP ao longo da vida nunca consumiram uma outra droga ilícita. Quando se analisam os consumidores recentes e atuais de NSP, verifica-se que todos consumiram igualmente outras drogas ilícitas nos mesmos períodos temporais O termo Novas Substâncias Psicoativas (NSP) foi adotado em Portugal no final de 2012, seguindo a tendência europeia de substituir expressões usadas correntemente, como «drogas legais», «smart drugs» ou «legal highs», por um termo sem carga positiva e que pusesse a tónica na «novidade» ou detrimento da «legalidade». Segundo aprovou a Comunidade Europeia, em 2005, Novas Substâncias Psicoativas são drogas que não constam das tabelas das Convenções das Nações Unidas mas que podem constituir uma ameaça para a saúde pública comparável às drogas ilícitas (King & Kicman, 2011). Esta é também a definição adotada pelas Nações Unidas (UNODC, 2013).
17 Tabela 1 - Prevalências de consumo ao Longo da Vida, nos Últimos 12 Meses, nos Últimos 30 Dias e nas Últimas 48 Horas (N=887) (n e ) Álcool P48H P30D P12M PLV (consumiu pelo menos uma vez na vida) n n n n Binge Embriaguez NSP Cannabinoides sintéticos Catinonas sintéticas Plantas Feniletilamina Piperazinas Análogos da cocaína Ketamina Outras NSP Outras drogas ilícitas Cannabis Cocaína Ecstasy Anfetaminas LSD Opiáceos Esteroides anabolizantes Outras substâncias ilícitas tradicionais
18 Álcool comportamentos nocivos Revelando a grande familiaridade da população em estudo com o consumo de álcool, a grande maioria dos respondentes (77) declarou comportamentos binge 2 no último ano anterior à inquirição e um pouco mais de metade (58) declarou ter-se embriagado de forma severa 3 no mesmo período. As percentagens descem consideravelmente quando se tomam em consideração apenas os últimos 30 dias, mas mesmo assim 22 dos respondentes consumiram bebidas alcoólicas de forma binge e 9 embriagaram-se de forma severa nas 48 horas anteriores à inquirição (Figura 11). Fig Prevalências de consumo: Binge e Embriaguez (N=887) () ,9 71,9 LV (pelo menos 1 vez na vida) 76,7 57,8 56,8 34,5 21,5 8,6 12M 30D 48H Binge Embriaguez Tomar 5 ou mais copos (se homem) ou 6 ou mais (se mulher) de qualquer bebida alcoólica na mesma ocasião. 3 Cambalear, dificuldade em falar, vomitar e/ou não recordar depois o que aconteceu.
19 Substâncias ilícitas Cerca de metade dos respondentes consumiu drogas ilícitas (excluindo as NSP) alguma vez na vida, 1/3 fê-lo no último ano anterior à inquirição e 1/5 nos últimos 30 dias. Aqueles que consumiram este tipo de substâncias nas 48 horas anteriores à inquirição totalizam 9 da amostra. O consumo de NSP é muito menos expressivo, sendo praticamente inexistente quando se consideram as 48 horas, os 30 dias ou 12 meses anteriores à inquirição 4, tendo apenas alguma expressão ao nível da experimentação (Figura 12). Fig Prevalências de consumo: NSP e Outras drogas ilícitas (N=887) () ,1 32,5 0 19,7 6,3 1,0 0,7 0,5 LV (pelo menos 1 vez na vida) 12M 30D 48H 8,7 Qualquer NSP Qualquer drg (excl NSP) Entre as drogas ilícitas, destaca-se claramente a cannabis (apenas 2 dos consumidores de drogas ilícitas ao longo da vida nunca consumiram cannabis). Num segundo plano, com prevalências bem menores, mas ainda assim relevantes, encontram-se a cocaína e o ecstasy, sendo que todas as outras drogas consideradas apresentam níveis de consumo recente e atual inferiores a 2 e 1, respetivamente. Entre as NSP, merecem destaque os cannabinoides sintéticos, mas também produtos derivados de plantas (como a salvia divinorum ou o kratom, por exemplo), com prevalências de consumo ao longo da vida ao nível de algumas drogas ditas tradicionais, como os alucinogénios ou as anfetaminas. No entanto, quando se considera períodos mais recentes (últimos 12 meses ou 30 dias), verifica-se que o consumo deste tipo de substâncias é residual, em qualquer dos casos inferior a 1. (Figuras 13, 14, 15 e 16) É preciso ter em consideração o reduzido número de consumidores recentes e atuais de NSP quando, mais à frente, se proceder ao cruzamento dos dados com a variável situação face ao consumo de NSP. O facto do grupo daqueles que consumiram este tipo de substâncias nos 12 meses anteriores à inquirição se reduzir a 9 indivíduos inviabilizou algumas análises e obriga a ler com cuidado as análises realizadas.
20 Fig Prevalências de consumo de drogas ilícitas ao longo da vida (N=887) () NSP Cannabinoides sintéticos Plantas Catinonas sintéticas Análogos da cocaína Piperazinas Feniletilamina Ketamina e outros dissociativos Outras NSP 4,3 2,1 0,8 0,5 0,3 0,2 0,2 0,3 Cannabis Ecstasy Cocaína LSD Anfetaminas Opiáceos Esteroides anabolizantes Outras drogas tradicionais 1,1 0,1 0,8 2,8 6,0 5,9 4,8 50, Fig Prevalências de consumo de drogas ilícitas nos últimos 12 meses (N=887) () NSP Cannabinoides sintéticos Plantas Catinonas sintéticas Análogos da cocaína Piperazinas Feniletilamina Ketamina e outros dissociativos Outras NSP 0,7 0,2 0,0 0,0 0,1 0,1 0,1 0,0 20 Cannabis Ecstasy Cocaína LSD Anfetaminas Opiáceos Esteroides anabolizantes Outras drogas tradicionais 1,2 1,4 0,5 0,1 0,5 3,0 3,2 31,
21 Fig Prevalências de consumo de drogas ilícitas nos últimos 30 dias (N=887) () NSP Cannabinoides sintéticos Plantas Catinonas sintéticas Análogos da cocaína Piperazinas Feniletilamina Ketamina e outros dissociativos Outras NSP 0,5 0,1 0,0 0,0 0,1 0,1 0,1 0,0 Cannabis Ecstasy Cocaína LSD Anfetaminas Opiáceos Esteroides anabolizantes Outras drogas tradicionais 1,2 0,6 0,8 0,3 0,1 1,9 0,3 19, Fig Prevalências de consumo de drogas ilícitas nas últimas 48 horas (N=887) () NSP Cannabinoides sintéticos Plantas Catinonas sintéticas Análogos da cocaína Piperazinas Feniletilamina Ketamina e outros dissociativos Outras NSP 0,3 0,1 0,0 0,0 0,1 0,0 0,0 0,0 Cannabis Ecstasy Cocaína LSD Anfetaminas Opiáceos Esteroides anabolizantes Outras drogas tradicionais 0,3 0,5 0,2 0,2 0,1 0,0 0,1 8,
22 Consumos: variáveis sociodemográficas Quando se analisam as prevalências de consumo de NSP em função da idade, verifica-se que a maior percentagem de consumidores encontra-se nos grupos etários mais novos: e anos. O grupo etário dos mais velhos (45-54 anos) apresenta uma prevalência de consumo ao longo da vida considerável, mas, tal como o grupo etário dos anos, não apresenta declarações de consumo nos últimos 12 meses, 30 dias e 48 horas (Figura 17). Fig. 17 Prevalências ao Longo da Vida, nos Últimos 12 meses, nos Últimos 30 dias e nas Últimas 48 horas, de qualquer NSP, segundo grupos etários (N=866) () ,5 13,3 5,3 1,9 0,9 1,6 0,0 0,0 0,7 0,8 0,0 0,0 0,6 0,4 0,0 0,0 LV U12M U30D U48H Teste Qui-quadrado (entre consumidores e não consumidores): longo da vida, últimos 12 meses, últimos 30 dias e últimas 48 horas - não válido 22 No caso das outras drogas ilícitas, ao nível da experimentação, são os grupos etários intermédios (25-34 e anos) quem apresentam as maiores prevalências de consumo, enquanto no último ano anterior à inquirição foram os respondentes mais novos (15-24 e 25-34) quem mais consumiu estas substâncias. Quando se toma em consideração o consumo atual (últimos 30 dias e últimas 48 horas), verifica-se que a prevalência decresce com a idade, sendo que nenhum respondente pertencente ao grupo etário mais velho (45-54) declarou ter consumido qualquer das drogas ilícitas consideradas nestes períodos temporais (Figura 18).
23 Fig. 18 Prevalências ao Longo da Vida, nos Últimos 12 meses, nos Últimos 30 dias e nas Últimas 48 horas, de qualquer droga ilícita (excluindo as NSP), segundo grupos etários (N=866) () ,3 61,0 45,5 42,1 34,1 33,7 22,0 15,1 5,3 17,3 9,4 0,0 9,4 7,2 3,8 0,0 LV U12M U30D U48H Teste Qui-quadrado (entre consumidores e não consumidores): longo da vida - X 2 =19.928, d.f.=3, p=0.000, últimos 12 meses - X 2 =14.611, d.f.=3, p=0.002, últimos 30 dias e últimas 48 horas não válido Em relação ao sexo, verifica-se que os elementos do sexo masculino consomem consideravelmente mais drogas ilícitas tanto ditas tradicionais, como NSP do que os elementos do sexo feminino. A diferença entre os dois sexos é, no caso das NSP, maior na experimentação e no consumo recente e, no caso das outras drogas ilícitas, proporcionalmente mais expressiva no consumo atual (Figuras 19 e 20). Fig. 19 Prevalências ao Longo da Vida, nos Últimos 12 meses, nos Últimos 30 dias e nas Últimas 48 horas, de qualquer NSP, segundo o sexo (N=864) () , ,9 1,3 0,5 0,8 0,8 0,4 0,6 LV U12M U30D U48H masc fem Teste Qui-quadrado (entre consumidores e não consumidores): longo da vida não significativo e últimos 12 meses, últimos 30 dias e últimas 48 horas - não válido
24 Fig. 20 Prevalências ao Longo da Vida, nos Últimos 12 meses, nos Últimos 30 dias e nas Últimas 48 horas, de qualquer droga ilícita (excluindo as NSP), segundo o sexo (N=864) () ,5 45,5 37,9 27,2 24,5 16,3 12,6 5,7 LV U12M U30D U48H masc fem Teste Qui-quadrado (entre consumidores e não consumidores): longo da vida - X 2 =12.201, d.f.=1, p=0.000, últimos 12 meses - X 2 =11.110, d.f.=1, p=0.001, últimos 30 dias - X 2 =8.977, d.f.=1, p=0.003, últimas 48 horas - X 2 =12.883, d.f.=1, p=0.000 Os inquiridos que não só são estudantes nem estão só a trabalhar isto é, basicamente desempregados e trabalhadores-estudantes, englobados na categoria «outra situação» são aqueles que mais consumiram NSP e outras drogas ilícitas ao longo da vida, sendo que os estudantes se destacam por menores prevalências ao nível da experimentação (Fig. 21 e 22). Fig Prevalências ao Longo da Vida, nos Últimos 12 meses, nos Últimos 30 dias e nas Últimas 48 horas, de qualquer NSP, segundo situação face ao trabalho (N=869) () , ,3 8,0 1,0 1,0 2,0 1,0 0,3 0,0 0,8 0,0 0,0 LV U12M U30D U48H estudante empregado outra situação Teste Qui-quadrado (entre consumidores e não consumidores): longo da vida - X 2 =13.023, d.f.=2, p=0.001 e últimos 12 meses, últimos 30 dias e últimas 48 horas - não válido
25 Fig. 22 Prevalências ao Longo da Vida, nos Últimos 12 meses, nos Últimos 30 dias e nas Últimas 48 horas, de qualquer droga ilícita (excluindo as NSP), segundo situação face ao trabalho (N=869) () ,1 65,3 60,5 32,4 32,8 32,7 21,7 20,4 16,6 9,5 8,0 2,0 LV U12M U30D U48H estudante empregado outra situação Teste Qui-quadrado (entre consumidores e não consumidores): longo da vida X 2 =25.086, d.f.=2, p=0.000 e últimos 12 meses, últimos 30 dias e últimas 48 horas - não significativo Quem mais consumiu NSP ao longo da vida foram os inquiridos com maiores qualificações académicas, especialmente aqueles com qualificações ao nível da licenciatura e politécnico, seguindo-se aqueles com mestrado ou doutoramento concluído, sendo que, em termos de experimentação, quem apresenta as menores prevalências de consumo são os respondentes com menores qualificações. No entanto, quando se analisa o consumo recente e atual, verifica-se que os respondentes com menores qualificações são quem mais se destaca, a par daqueles com qualificações ao nível da licenciatura e politécnico. Em relação ao consumo de drogas ilícitas ditas tradicionais, o padrão é parecido: quanto maiores as qualificações académicas, maiores são as prevalências de consumo ao longo da vida, sendo que no consumo recente e atual são precisamente os respondentes com maiores qualificações quem menos consome (Figuras 23 e 24). 25
26 Fig. 23 Prevalências ao Longo da Vida, nos Últimos 12 meses, nos Últimos 30 dias e nas Últimas 48 horas, de qualquer NSP, segundo habilitações literárias (N=875) () ,4 7,4 4,7 2,8 1,9 2,3 0,3 0,9 0,3 1,5 0,8 0,0 0,9 0,3 0,8 0,0 LV U12M U30D U48H 3º C. ou inf. secund. polit./licenc. mestr./dout. Teste Qui-quadrado (entre consumidores e não consumidores): longo da vida - X 2 =8.460, d.f.=3, p=0.037 e últimos 12 meses, últimos 30 dias e últimas 48 horas - não válido Fig. 24 Prevalências ao Longo da Vida, nos Últimos 12 meses, nos Últimos 30 dias e nas Últimas 48 horas, de qualquer droga ilícita (excluindo as NSP), segundo habilitações literárias (N=875) () ,3 60,4 46,6 34,3 33,0 34,0 30,2 27,0 21,7 21,9 20,7 10,7 10,4 8,6 9,8 4,1 LV U12M U30D U48H 3º C. ou inf. secund. polit./licenc. mestr./dout. Teste Qui-quadrado (entre consumidores e não consumidores): longo da vida X 2 =32.206, d.f.=3, p=0.000 e últimos 12 meses, últimos 30 dias e últimas 48 horas - não significativo Os inquiridos de nacionalidade estrangeira apresentam maiores prevalências de consumo de NSP do que os de nacionalidade portuguesa, sendo a diferença proporcionalmente mais expressiva ao nível do consumo recente e atual. Em relação às outras drogas ilícitas, embora de forma menos acentuada, verifica-se o mesmo: em comparação com os de nacionalidade portuguesa, os inquiridos estrangeiros são maiores consumidores deste tipo de substâncias, sendo a diferença proporcionalmente mais expressiva ao nível dos últimos 30 dias e 48 horas (Figuras 25 e 26).
27 Fig. 25 Prevalências ao Longo da Vida, nos Últimos 12 meses, nos Últimos 30 dias e nas Últimas 48 horas, de qualquer NSP, segundo a nacionalidade (N=885) () ,4 6, ,1 2,1 0,5 0,8 0,4 1,0 LV U12M U30D U48H portugal estrangeiro Teste Qui-quadrado (entre consumidores e não consumidores): longo da vida - não significativo e últimos 12 meses, últimos 30 dias e últimas 48 horas - não válido Fig. 26 Prevalências ao Longo da Vida, nos Últimos 12 meses, nos Últimos 30 dias e nas Últimas 48 horas, de qualquer droga (excluindo as NSP), segundo a nacionalidade (N=885) () ,5 49,9 40,6 31,6 30,2 18,5 12,5 8,2 LV U12M U30D U48H 27 portugal estrangeiro Teste Qui-quadrado (entre consumidores e não consumidores): longo da vida X 2 =4.547, d.f.=1, p=0.040, últimos 30 dias - X 2 =7.390, d.f.=1, p=0.010 e últimos 12 meses e últimas 48 horas - não significativo
28 As prevalências de consumo de NSP e outras drogas ilícitas variam consideravelmente em função do dia do festival (Figuras 27 e 28), revelando que a dimensão do consumo de substâncias psicoativas é diferente de público para público presente neste tipo de eventos, que, por sua vez, depende em grande medida do tipo de música tocada. De facto, quando se analisam as prevalências de consumo de drogas ilícitas em função do estilo de música preferido 5, verifica-se que são substancialmente diferentes. Assim, em relação às NSP, são os adeptos de música Heavy/Punk quem mais experimentou este tipo de substâncias, enquanto nos consumos recentes e atuais se destaca quem prefere música Indie/alternativa. Por outro lado, os adeptos de música eletrónica de dança (House, Techno, Trance) destacam-se por um menor consumo de NSP. Em relação às outras drogas ilícitas, é precisamente quem prefere música eletrónica de dança quem mais consome, seja ao nível da experimentação, do consumo recente ou atual. Neste caso, em comparação com o verificado para as NSP, as diferenças entre estilos de música são mais acentuadas. Os adeptos de música Pop apresentam os menores consumos de drogas ilícitas ditas tradicionais (Figuras 29 e 30). Fig. 27 Prevalências ao Longo da Vida, nos Últimos 12 meses, nos Últimos 30 dias e nas Últimas 48 horas, de qualquer NSP, segundo o dia do evento (N=887) () ,1 9,0 3,3 2,0 0,6 0,4 1,0 0,6 0,4 0,3 0,6 0,4 LV U12M U30D U48H 1º dia 2º dia 3º dia 28 Teste Qui-quadrado (entre consumidores e não consumidores): longo da vida - X 2 =8.068, d.f.=2, p=0.018 e últimos 12 meses, últimos 30 dias e últimas 48 horas não válido 5 Dado que a pergunta acerca do estilo de música preferido possibilitava mais do que uma resposta, construiu-se a variável da preferência musical com base na primeira escolha, isto é, a resposta mais imediata.
29 Fig. 28 Prevalências ao Longo da Vida, nos Últimos 12 meses, nos Últimos 30 dias e nas Últimas 48 horas, de qualquer droga (excluindo as NSP), segundo o dia do evento (N=887) () ,5 51,7 42,8 37,4 34,8 24,4 22,8 20,2 15,9 10,5 9,3 5,9 LV U12M U30D U48H 1º dia 2º dia 3º dia Teste Qui-quadrado (entre consumidores e não consumidores): longo da vida - X 2 =12.707, d.f.=2, p=0.002 e últimos 12 meses X 2 =12.205, d.f.=2, p=0.002, e últimos 30 dias e últimas 48 horas não significativo Fig. 29 Prevalências ao Longo da Vida, nos Últimos 12 meses, nos Últimos 30 dias e nas Últimas 48 horas, de qualquer NSP, segundo o género musical preferido (N=759) () , ,8 8, ,0 0,7 0,3 3,4 0,9 0,9 0,9 4,3 2,9 2,1 1,4 1,8 0,0 0,0 4,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 rock pop indie/ altern. hip hop electr. heavy punk 29 LV U12M U30D U48H Teste Qui-quadrado (entre consumidores e não consumidores): longo da vida, últimos 12 meses, últimos 30 dias e últimas 48 horas não válido
30 Fig. 30 Prevalências ao Longo da Vida, nos Últimos 12 meses, nos Últimos 30 dias e nas Últimas 48 horas, qualquer droga (excluindo as NSP), segundo o género musical preferido (N=759) () ,8 29,0 20,5 35,3 25,9 52,1 32,1 22,9 52,6 40,4 24,6 68,0 48,0 36,0 32,0 59,3 40, ,1 12,1 6,0 10,0 10,5 11,1 11,1 0 rock pop indie/ altern. hip hop electr. heavy punk LV U12M U30D U48H Teste Qui-quadrado (entre consumidores e não consumidores): longo da vida - X 2 =15.601, d.f.=7, p=0.029, últimos 12 meses e últimos 30 dias não significativo e últimas 48 horas não válido 30
31 Perceções e Representações Sociais A grande maioria (71) dos inquiridos declarou não conhecer o termo Novas Substâncias Psicoativas (Figura 31). Naturalmente, o desconhecimento acerca do termo é maior entre não consumidores de NSP. De facto, quando se restringe a análise aos consumidores de NSP, o panorama é diferente, ainda que o desconhecimento não deixe de ser considerável: metade dos consumidores de NSP ao longo da vida declarou conhecer o termo, enquanto os consumidores recentes estão aparentemente mais bem informados: 67 dizem conhecer o termo (Figura 32). Fig. 31 Conhecimento do termo Novas Substâncias Psicoativas (N=887) () não conhece 70,9 sim conhece 29,1 Fig. 32 Conhecimento do termo Novas Substâncias Psicoactivas, considerando apenas os grupos de consumidores de NSP ao longo da vida e nos últimos 12 meses () LV (N=56) U12M (N=9) 31 sim, conhece 50,0 não conhece 50,0 sim, conhece 66,7 não conhece 33,3
32 Os 203 inquiridos que declararam conhecer o termo Novas Substâncias Psicoativas associam-no principalmente a substâncias químicas, manipuladas em laboratório e de natureza sintética e também às lojas (smartshops) que em Portugal, até 2013, vendiam estes produtos psicoativos. Merecem destaque também os 7 e 6 que associam o termo à dimensão legal e a substâncias com propriedades alucinogénias, respetivamente. Quando se restringe a análise apenas aos 22 inquiridos que consumiram NSP alguma vez na vida e que declararam conhecer a expressão, verifica-se que, em comparação com a totalidade dos inquiridos que conhecem o termo, tendem a não associar tanto o termo a substâncias químicas e associam-no mais à dimensão legal e à maior potência psicoativa. A associação às lojas é expressiva nas respostas de ambos os grupos de entrevistados (Figura 33). Fig. 33 Se sabe o que são NSP, diga o que entende, considerando a totalidade dos respondentes e apenas os consumidores de NSP ao longo da vida () sintéticas/ químicas smart shops 4,5 25,6 22,7 25,1 legais ácidos/ alucinog. novas drogas 7,4 4,5 6,4 4,9 22,7 mais potentes artificiais 2,5 2,0 9, cons. LV de NSP (N=22) global (N=203) 32 Apenas uma percentagem mínima de inquiridos declarou ter adquirido NSP 6. De facto, a percentagem de inquiridos que adquiriu este tipo de substâncias ao longo da vida e nos últimos 12 meses é de 3 e 0.6, respetivamente (Figura 34). Mesmo quando se restringe a análise àqueles que consumiram NSP alguma vez na vida ou no último ano antes da inquirição, verifica-se que 52 e 44, respetivamente, nunca adquiriram as substâncias. Quem adquiriu há mais de um ano antes da inquirição, fê-lo sobretudo em lojas de porta aberta (smartshops), mas também através de amigos e no mercado de rua. Quando se toma em consideração os últimos 12 meses, o principal meio de aquisição de NSP foi através de amigos, sendo que ninguém declarou ter adquirido este tipo de substâncias em lojas (Figura 35). Tal como no caso das NSP, a Internet não parece ter real importância como forma de aquisição de substâncias ilícitas ditas tradicionais (Figura 36). 6 Num segundo momento, foi explicado aos inquiridos que revelaram não estarem familiarizados com o termo Novas Substâncias Psicoativas que estas substâncias são aquelas que em Portugal, até 2013, eram de venda livre em lojas especializadas (smartshops). Mesmo que de forma difusa e imprecisa, a maior parte destes inquiridos pareceu saber do que se estava a falar ou, pelo menos, tinha uma ideia.
33 Fig. 34 Aquisição de alguma NSP, nos últimos 12 meses ou anteriormente (N=887) () 3 2 3,0 1 0,6 0 sim, nos últimos 12 meses sim, anteriormente aos últimos 12 meses Fig. 35 Modo de aquisição NSP, nos últimos 12 meses ou anteriormente (N) lojas/smart shops 0 13 mercado de rua 1 6 através amigos/ conhecidos 4 9 internet anter.últimos 12 meses últimos 12 meses N 33
34 Fig. 36 Aquisição de alguma droga ilícita (excluindo NSP) pela internet, nos últimos 12 meses ou anteriormente (N=887) () 0,6 0,4 0,6 0,2 0,3 0 sim, nos últimos 12 meses sim, anteriormente aos últimos 12 meses Nenhum inquirido declarou ter recorrido a um serviço de urgência médica devido ao consumo de NSP, enquanto 4 afirmaram que amigos ou conhecidos seus fizeram-no nos últimos 12 meses anteriores à inquirição. A percentagem que declarou que amigos e conhecidos seus recorreram a um serviço de urgência médica pelas mesmas razões há mais de 12 meses é um pouco superior (7) (Figura 37). Fig. 37 Nos últimos 12 meses ou anteriormente, algum amigo/conhecido recorreu a algum serviço de urgência médica devido ao consumo de NSP (N=887) () ,5 6, ,6 4,4 0 últimos 12 meses anteriormente aos últimos 12 meses amigo conhecido
35 De uma forma geral, os inquiridos consideram o consumo de NSP um comportamento de risco, sobretudo quando este tem uma frequência regular. A percentagem que considera tal um comportamento de baixo ou nenhum risco é diminuta: 12 no caso de um consumo ocasional e 1 no caso de um consumo regular. Merece destaque também a percentagem relevante (1/5) de respondentes que declarou não sabe avaliar o grau de risco do comportamento em causa (Figura 38). Quando se restringe a análise aos consumidores recentes de NSP, a situação é diferente, na medida em que tendencialmente atribuem menor risco ao consumo deste tipo de substâncias: por exemplo, nenhum dos consumidores recentes considerou o consumo ocasional de NSP algo de risco elevado. Neste caso, a perceção de risco é completamente diferente quer se trate de um consumo ocasional ou regular. O primeiro é considerado algo de baixo risco ou de risco moderado, sendo que o segundo é tido como um comportamento de risco elevado ou moderado. Mesmo tratando-se de consumidores recentes, a percentagem de respondentes que declarou não saber responder à questão é superior à registada entre a totalidade dos inquiridos (Figura 39). Fig. 38 Perceção de risco de consumo ocasional/regular de NSP (N=887) () Ocasional Regular não sei 19,7 nenhum risco 2,0 baixo risco 9,6 não sei 18,9 nenhum risco 0,3 baixo risco risco mod. 1,0 9,4 risco elevado 34,5 risco mod. 34,2 risco elevado 70,3 Fig. 39 Perceção de risco de consumo ocasional e regular de NSP, considerando apenas os consumidores recentes de NSP (N=9) () risco elevado 0,0 não sabe 22,2 Ocasional risco mod. 33,3 nenhum risco 0,0 baixo risco 44,4 nenhum risco 0,0 não sabe 33,3 Regular risco elevado 33,3 baixo risco 11,1 risco mod. 22,2 35
36 A percentagem de inquiridos que acha que o consumo de NSP comporta mais riscos para a saúde do que o consumo das drogas ilícitas ditas tradicionais é muito maior do que a que acha o contrário: 42 e 6, respetivamente. Uma percentagem considerável acha que tal depende (nomeadamente da substância em causa) ou não sabe responder: 19 e 32, respetivamente (Figura 40). Quando se restringe a análise aos consumidores recentes de NSP, a situação é relativamente diferente: na medida em que parecem ter um maior conhecimento e opiniões mais consolidadas (o que se reflete em menos respostas de «depende» e «não sei»), são quem mais atribui um menor risco e também um maior risco ao consumo deste tipo de substâncias. Os inquiridos que não consumiram qualquer droga ilícita no último ano anterior à inquirição destacam-se como aqueles que menos acham que o consumo de NSP apresenta maior riscos para a saúde do que as outras drogas ilícitas, sendo também aqueles que mais consideram que tal depende ou que não sabem responder (Figura 41). Fig. 40 Perceção de maior ou menor risco para a saúde do consumo de NSP em comparação com o consumo de outras drogas ilícitas (N=887) () não sabe 32,2 depende 19,3 menos 6,3 mais 42,2 36
37 Fig. 41 Perceção de maior ou menor risco para a saúde do consumo de NSP em comparação com o consumo de outras drogas ilícitas, em função da situação face ao consumo (N=887) () Consumidores de NSP nos últimos 12 meses (N=9) depende 11,1 não sabe 22,2 menos 11,1 mais 55,6 Consumidores de drogas (excluindo NSP) nos últimos 12 meses (N=288) não sabe 29,5 depende 17,0 menos 4,5 mais 49,0 Não consumidores de nenhuma droga nos últimos 12 meses (N=599) não sabe 33,6 depende 20,4 menos 7,2 mais 38,9 37
38 Entre aqueles que justificaram a sua opinião, a principal razão apresentada foi considerar que as NSP têm maiores riscos para a saúde do que as outras drogas ilícitas dado serem substâncias químicas, de natureza sintética, por oposição às outras drogas ilícitas (nomeadamente a cannabis), que são vistas como produtos naturais e, nesse sentido, menos prejudiciais para a saúde. Em segundo lugar, destaca-se a opinião de considerar que as NSP são mais perigosas para a saúde por serem substâncias sobre as quais não se sabe muito, mais uma vez por oposição às drogas ilícitas ditas tradicionais (Figura 42). Fig Se entende que o consumo de NSP acarreta mais ou menos riscos para a saúde do que as drogas ilegais tradicionais, diga porquê (questão 14.) (N=496) () química 26,4 menos conhecidas 12,7 depende 11,7 artificiais 8,1 é igual 7,1 legais 5,0 mais potentes 3,
39 Discussão dos Resultados A tabela 2 compara as prevalências de consumo de NSP registadas no presente estudo com as obtidas em outros estudos recentes conduzidos junto de populações jovens. De modo a permitir uma melhor comparação, incluiu-se apenas os inquiridos no NOS Alive 2017 de nacionalidade portuguesa e com idades compreendidas entre os 15 e os 34 anos. Os respondentes do presente estudo (neste caso, excluindo estrangeiros e com 35 anos ou mais) destacam-se por uma maior prevalência de experimentação de NSP, comparativamente às outras populações em estudo, e só ao nível do consumo declarado pelos participantes no Dia da Defesa Nacional (DDN), em No entanto, quando se consideram os últimos 12 meses ou os últimos 30 dias o caso é diferente: as prevalências de consumo recente e atual de NSP registadas entre o público do NOS Alive 2017 são consideravelmente inferiores às declaradas pelos participantes no DDN, se bem que mais elevadas do que as prevalências obtidas entre o público jovem de outro festival de música, o Rock in Rio Lisboa. Num ponto todos os estudos convergem: o consumo recente e atual de NSP em Portugal parece ser hoje um fenómeno sem grande expressão, pelo menos em comparação com outras substâncias psicoativas, e também em comparação com a realidade de outros países europeus. Tabela 2 Prevalências de consumo de NSP (PLV, 12M e 30D) na população jovem, obtidas em vários estudos nacionais () Estudos População-alvo Ano de recolha dos dados Idade Qualquer droga* P30D P12M PLV NSP Qualquer droga* NSP Qualquer droga* NSP NOS Alive Público do NOS ALIVE RIR ESPAD Público do Rock in Rio Lisboa Alunos do ensino público DDN Participantes no Dia da Defesa Nacional INPG População geral 2016/ *À exceção do NOS Alive Lisboa, nos outros estudos «qualquer droga» inclui NSP.
40
41 Conclusões O presente estudo confirma as conclusões a que chegaram outros estudos recentes conduzidos junto de populações jovens, nomeadamente a elevada prevalência de consumo de bebidas alcoólicas e de comportamentos nocivos ligados ao álcool; a considerável prevalência de consumo de drogas ilícitas, sobretudo cannabis (pois o consumo das restantes drogas ilícitas é reduzido ou mesmo residual); e um consumo recente de NSP muito pouco expressivo, sendo que entre estas substâncias se destacam os cannabinoides sintéticos. O que este estudo demonstra é que, não só as NSP são pouco consumidas pelos jovens portugueses, como há um grande desconhecimento em relação a este tipo de substâncias, a começar pela expressão Novas Substâncias Psicoativas, que não é um termo émico mas uma categoria que é imposta de fora e que, em grande medida, não foi interiorizada pela população jovem. De facto, a generalidade dos inquiridos não está familiarizada com a expressão, nem sequer com as substâncias em causa. Mais, os próprios consumidores demonstram também algum desconhecimento, e ter perceções e representações do fenómeno vagas. Por outro lado, os inquiridos (incluindo aqueles que consomem ou consumiram este tipo de substâncias) revelam não fazer uma apreciação muito positiva das NSP, pelo menos em comparação com as outras drogas ilícitas, consideradas, de uma forma geral, menos prejudiciais para a saúde. Por essa razão, o consumo de NSP parece ser algo sobretudo experimental e não uma prática regular. Para perceber melhor o fenómeno das NSP em Portugal é recomendável a realização de outros estudos, nomeadamente investigações com uma componente qualitativa e que assentem na triangulação de dados provenientes de múltiplas fontes. 41
42 Referências Bibliográficas Balsa, C., Vital, C., Urbano C. (2017). IV Inquérito Nacional ao Consumo de Substâncias Psicoativas na População Geral, Portugal 2016/17. Lisboa: SICAD. Disponível em: _2017_I20relatorio20final_dados_provisorios.pdf Calado, V. & Carapinha, L. (2017). Comportamentos Aditivos aos 18 Anos. Inquérito aos Jovens Participantes no Dia da Defesa Nacional Lisboa: SICAD. Disponível em: _Relatoriocompleto.pdf Calado, V. & Lavado, E. (2016). Representações Sociais da Droga e da Toxicodependência. Inquérito ao Público Jovem Presente no Rock in Rio Lisboa Lisboa: SICAD. Disponível em: e_rock_in_rio16_pt.pdf Feijão, F. (2016). ESPAD Report Resultados do European School Survey Project on Alchool and other Drugs em 35 Países Europeus. Lisboa: SICAD. 42 Disponível em: _ApresentaC3A7C3A3o_Lisboa-SICAD.en_pt.pdf King, L. & Kicman, A. (2011) A Brief History of «New Psychoactive Substances» in Drug Testing and Analysis, 3 (7-8). UNODC (2013) The Challenge of New Psychoactive Substances, Viena: United Nations Publications.
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