MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO AUDITORIA INTERNA SECRETARIA DE ORIENTAÇÃO E AVALIAÇÃO PARECER SEORI/AUDIN MPU Nº 698/2014
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1 MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO AUDITORIA INTERNA SECRETARIA DE ORIENTAÇÃO E AVALIAÇÃO PARECER SEORI/AUDIN MPU Nº 698/2014 Referência : Correio eletrônico de 24/2/2014. Protocolo AUDIN-MPU nº 360/2014. Assunto : Administrativo. Licitações e contratos. Instrução Normativa SLTI/MPOG nº 2/2008. Interessado : Procuradoria da República em São Paulo. Trata-se de consulta encaminhada pela Senhora Secretária Estadual da Procuradoria da República em São Paulo a respeito da obrigatoriedade da observância das disposições da IN SLTI/MPOG nº 2/2008, alterada pela IN nº 6/2013, traduzida nos seguintes questionamentos: 1) No tocante à Instrução Normativa do MPOG nº 2/2008, alterada pela IN nº 6/2013, indagamos se devemos seguir as prescrições integralmente, com especial foco nas contas vinculadas? 2) No tocante à Portaria n. 17, de 19/7/2013, que prevê os valores limites para os postos de vigilância no Estado de São Paulo, como equacioná-la com o aumento do percentual de periculosidade (18% para 30%) e o novo acordo coletivo vigente, a partir de janeiro/2014, para fins de novo certame em fase de publicação? 2. Em atenção, importa notar, preliminarmente, que o Tribunal de Contas da União tem observado em seus julgados as normas presentes na Instrução Normativa SLTI/MPOG nº 2/2008, a exemplo do que se observa nos Acórdãos nºs 2.594/2011 2ª Câmara e 860/2012 Plenário, ambos, parcialmente transcritos abaixo: ACÓRDÃO TCU Nº 2.594/2011 2ª CÂMARA VOTO DO MINISTRO-RELATOR (...) 5. Acompanhando a análise da Secex/GO, entendo que o primeiro ponto foi devidamente esclarecido pelo pregoeiro, o qual demonstrou, por meio dos Relatórios de Avaliação das Propostas, que as desclassificações ocorreram por descumprimento de diversos itens editalícios, bem como por desconformidade dos preços ofertados com as exigências da IN MPOG nº 2, de 30 de abril de 2008 (alterada pela IN MPOG nº 3, 15 de outubro de 2009), que dispõe sobre regras e diretrizes para a contratação de serviços contínuos ou não. (Destacamos.) 1/6 mbo postos-vigilancia.doc
2 ACÓRDÃO TCU Nº 860/2012 PLENÁRIO PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO (...) 98. Diante do exposto, os autos são submetidos à consideração superior, para propor: I) determinar ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - MT, com base no art. 45 da Lei 8443/92, que: 2) adote metodologias de mensuração de serviços prestados que submetam a remuneração da contratada mediante a mensuração de resultados e que eliminem a possibilidade de remunerar a empresa com base na quantidade de horas trabalhadas ou nos postos de trabalho, consoante estabelecido no art. 11 da IN nº 2, de 30 de abril de 2008, do MPOG; (destacamos). 3. Além disso, as disposições constantes da recente IN SLTI/MPOG nº 6, de 23 de dezembro de 2013, que alteraram a IN SLTI/MPOG nº 2/2008, tiveram como antecedentes as determinações expedidas pelo TCU, a exemplo dos Acórdãos nºs 2.798/2010 e 1.214/2013, ambos do Plenário, cujas determinações expedidas pela Corte de Contas foram incorporadas pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão a esta Instrução Normativa, consoante se verifica no seu preâmbulo, in verbis: INSTRUÇÃO NORMATIVA SLTI/MPOG Nº 6/2013 Altera a Instrução Normativa nº 2, de 30 de abril de 2008, e seus Anexos I, III, IV, V e VII e inclui o Anexo VIII. A SECRETÁRIA DE LOGÍSTICA E TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO DO MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO, no uso das atribuições que lhe confere o Decreto nº 7.675, de 20 de janeiro de 2012, e considerando o disposto na Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, na Lei nº , de 17 de julho de 2002, no Decreto nº 2.271, de 7 de julho de 1997, no Decreto nº 1.094, de 23 de março de 1994, no Acórdão TCU nº 2.798/2010 Plenário e no Acórdão TCU nº 1.214/2013 Plenário (destacamos). 4. A par disso, apesar de se reconhecer que a IN SLTI/MPOG nº 2/2008 constitui-se no principal parâmetro de orientação normativa, no âmbito da Administração Pública Federal, a respeito da contratação de serviços terceirizados, ela não é de aplicação obrigatória no âmbito do MPU, ex vi do disposto, em primeira mão, no art. 127 da Constituição Federal, que garante autonomia funcional e administrativa ao Ministério Público da União. Vejamos: Art O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. 1º - São princípios institucionais do Ministério Público a unidade, a indivisibilidade e a independência funcional. 2/6 mbo postos-vigilancia.doc
3 2º Ao Ministério Público é assegurada autonomia funcional e administrativa, podendo, observado o disposto no art. 169, propor ao Poder Legislativo a criação e extinção de seus cargos e serviços auxiliares, provendo-os por concurso público de provas ou de provas e títulos, a política remuneratória e os planos de carreira; a lei disporá sobre sua organização e funcionamento. (Grifo nosso.) 5. Ademais, a leitura do art. 1º da Instrução Normativa em pauta, em conjunto com os termos do Decreto nº 1.094/94, a seguir destacados, levam também, invariavelmente, à conclusão de que as disposições dessa norma não são de observância obrigatória no âmbito do Ministério Público da União, uma vez que se aplicam somente aos órgaõs e unidades da Administração Federal direta, autárquica e fundacional integrantes do Sistema de Serviços Gerais SISG. INSTRUÇÃO NORMATIVA SLTI/MPOG Nº 2/2008 Art. 1º Disciplinar a contratação de serviços, continuados ou não, por órgãos ou entidades integrantes do Sistema de Serviços Gerais SISG. DECRETO Nº 1.094/94 Art. 1º Ficam organizadas sob a forma de sistema, com a designação de Sistema de Serviços Gerais (SISG), as atividades de administração de edifícios públicos e imóveis residenciais, material, transporte, comunicações administrativas e documentação. 1º Integram o SISG os órgãos e unidades da Administração Federal direta, autárquica e fundacional, incumbidos especificamente da execução das atividades de que trata este artigo. 2º Os Ministérios Militares e o Estado-Maior das Forças Armadas poderão aplicar, no que couber, as normas pertinentes ao SISG. Art. 2º O SISG compreende: I - o órgão central, responsável pela formulação de diretrizes, orientação, planejamento e coordenação, supervisão e controle dos assuntos relativos a Serviços Gerais; II - os órgãos setoriais, unidades incumbidas especificamente de atividades concernentes ao SISG, nos Ministérios e órgãos integrantes da Presidência da República; III - os órgãos seccionais, unidades incumbidas da execução das atividades do SISG, nas autarquias e fundações públicas. 6. Por outro lado, muito embora as Unidades Gestoras do Ministério Público da União não estejam obrigadas a observar a disciplina normativa da IN nº 2/2008 e suas alterações, nada impede que as regras por ela estabelecidas sejam aplicadas, no que couber, nas contratações de serviços no âmbito do MPU, até porque são orientações que tem como baliza os princípios constitucionais que regem toda a Administração Pública (art. 37, caput, da Carta Magna), os preceitos da Lei nº 8.666/93 e normas correlatas, bem como a Jurisprudência do Tribunal de Contas da União. 3/6 mbo postos-vigilancia.doc
4 7. Portanto, recomenda-se que a Procuradoria da República em São Paulo observe as prescrições da Instrução Normativa nº 2/2008 e suas alterações, em face, especialmente, de terem sido elas reconhecidas pela Corte de Contas, e por representar instrumento efetivo que pode garantir maior economicidade, agilidade e eficiência nas contratações do tipo regulamentado. 8. Especificamente quanto às contas vinculadas, entendemos que cada Unidade deve avaliar a oportunidade e conveniência, bem como a viabilidade da aplicação dessas regras aos seus contratos. Aliás, cabe consignar que, mesmo no Poder Executivo, onde a IN SLTI/MPOG nº 2/2008 é de observação obrigatória, existe a possibilidade de não adoção das normas relativas à conta vinculada, quando restar comprovada a inviabilidade da sua utilização, conforme disposto no 2º do art. 19-A da nova IN, in verbis: INSTRUÇÃO NORMATIVA SLTI/MPOG Nº 2/2008 (REDAÇÃO DADA PELA IN Nº 6/2013) Art. 19-A. O edital deverá conter ainda as seguintes regras para a garantia do cumprimento das obrigações trabalhistas nas contratações de serviços continuados com dedicação exclusiva de mão de obra: 2º Os casos de comprovada inviabilidade de utilização da conta vinculada deverão ser justificados pela autoridade competente. (Grifamos.) 9. Com relação ao segundo questionamento, cabe observar que as convenções coletivas e acordos coletivos de trabalho são expressamente reconhecidos pelo inc. XXVI do art. 7º da Constituição Federal. Além disso, os incisos VI, XIII e XIV, do mesmo art. 7º, revelam também a importância conferida pelo constituinte às convenções coletivas. Vejamos: CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 DOS DIREITOS SOCIAIS Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo; XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho; XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva; 4/6 mbo postos-vigilancia.doc
5 XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho; (Destacamos.) 10. Além disso, o art. 611 da CLT, abaixo copiado, estabelece que a convenção coletiva de trabalho tem caráter normativo nas relações individuais de trabalho entre empregados e empregadores abrangidos pelas categorias econômicas e profissionais representadas pelos sindicatos acordantes. DECRETO-LEI Nº 5.452/1943 (CLT) Art Convenção Coletiva de Trabalho é o acordo de caráter normativo, pelo qual dois ou mais Sindicatos representativos de categorias econômicas e profissionais estipulam condições de trabalho aplicáveis, no âmbito das respectivas representações, às relações individuais de trabalho. 11. Nesse contexto, tem-se que a Administração, como tomadora de serviço, também deve considerar, quando compõe o preço máximo da licitação, as disposições trabalhistas previstas na convenção coletiva da categoria sobre o aumento do percentual de periculosidade de 18% para 30%, sob pena, inclusive, de enfrentar dificuldades na contratação, em razão de preço. 12. Desse modo, a Unidade deve considerar o acordo coletivo vigente, a partir de janeiro de 2014, para fins do novo certame em fase de publicação, ainda que o preço máximo estabelecido pela Unidade, com base nas orientações disponíveis no site e em ampla pesquisa de mercado, fique superior aos limites de contratação para os postos de vigilância no Estado de São Paulo, também por aplicação analógica do previsto nos arts. 3º e 4º da própria Portaria SLTI nº 17, de 19/7/2013, do Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão (MPOG), que fixa o teto máximo, in verbis: PORTARIA SLTI/MPOG Nº 17/2013 Art. 3º Os valores limites estabelecidos nesta Portaria não limitam a repactuação de preços que ocorrer durante a vigência contratual, mas apenas os preços decorrentes de nova contratação ou renovação de contrato, tendo em vista que o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, assegura aos contratados o direito de receber pagamento mantidas as condições efetivas da proposta. Art.4º Quando da prorrogação contratual, os contratos cujos valores estiverem acima dos limites estabelecidos nesta Portaria deverão ser renegociados para se adequarem aos novos limites, vedando-se a prorrogação de contratos cuja negociação resultar insatisfatória, devendo o órgão proceder a novo certame licitatório. (Grifou-se.) 13. Nesse particular, importa notar que a Unidade deve negociar a redução do valor da contratação para adequação aos novos limites que forem definidos com a edição da nova portaria, considerando os novos valores da convenção coletiva de 2014, como condição para a renovação do contrato. 5/6 mbo postos-vigilancia.doc
6 14. Ante o exposto, somos de parecer que as disposições da IN SLTI/MPOG nº 2/2008, alterada pela IN SLTI/MPOG nº 6/2013, não são de aplicação obrigatória no âmbito do Ministério Público da União. Porém, este Órgão de Controle Interno recomenda a observância da disciplina normativa da referida norma, pois que reconhecida pelo Tribunal de Contas da União, formatada com base nos pilares Constitucionais que regem a Administração Pública, nos preceitos da Lei nº 8.666/93 e normas correlatas que regulam a contratação de serviços pelo Poder Público. 15. Ademais, entendemos que, para o estabelecimento do preço máximo da licitação para contratação de prestação de serviço de vigilância, em fase de publicação, a Administração deve considerar a convenção coletiva, vigente a partir de janeiro de À consideração superior. Brasília, de abril de MÁRCIA BARROS DE OLIVEIRA CORAG/AUDIN JOSÉ GERALDO DO E. SANTO SILVA Coordenador de Orientação de Atos de Gestão De acordo. À consideração do Senhor Auditor-Chefe. Aprovo. Transmita-se à PR/SP e à SEAUD. Em / 4 / MARA SANDRA DE OLIVEIRA Secretária de Orientação e Avaliação SEBASTIÃO GONÇALVES DE AMORIM Auditor-Chefe 6/6 mbo postos-vigilancia.doc
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