Como o cinema nacional pode ser socialmente relevante e interessante?

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Ayrton Azeredo Meneses
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1 São Paulo, Ano II, n. 04, jan./abr. de 2015 Como o cinema nacional pode ser socialmente relevante e interessante?

2 A igreja e o cinema Autor: José Ulisses Leva Quem não vem pelo amor vem pela dor: uma abordagem da doutrina da salvação no filme Renúncia: suas Escolhas Definem seu Futuro Autor: Mário Sérgio Batista O espiritismo é como vemos no cinema e na TV? Autor: Paulo Henrique Wedderhoff São Paulo, Ano I, n. 04, jan./abr. de

3 A igreja e o cinema josé Ulisses Leva 1 Introdução Feliz ideia teve a revista Espaço Ética de referenciar o cinema como temática para Desde 1895, Lumière encanta os nossos olhos. O cinema é, sem dúvida alguma, uma das artes contempladas no período Contemporâneo. Buscando sempre um diálogo com os demais saberes, devemos nos perguntar como entender a relação entre a Igreja e o cinema. Qual é a contribuição da Igreja em relação à arte cinematográfica? Como a Igreja se vê retratada no cinema? Quais são as reações da Igreja quando percebe distorções dogmáticas nas telas do cinema? Concílio Ecumênico Vaticano II Celebrando os 50 anos do Concílio Ecumênico Vaticano II ( ), temos a alegria de apresentar o Decreto sobre os Meios de Comunicação Social - INTER MIRIFICA, assinado pelo papa beato Paulo VI, em 4 de dezembro de Entre as admiráveis intervenções da técnica, que de modo particular nos tempos atuais, com o auxílio de Deus, o engenho humano extraiu das coisas criadas, a Mãe Igreja com especial solicitude aceita e faz progredir aquelas que de preferência se referem ao espírito humano, que rasgaram 1 Mestre em Teologia Dogmática pela Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção. Doutor em História Eclesiástica pela Pontifícia Universidade Gregoriana (Itália). É professor de História Eclesiástica na Pontifícia Universidade de São Paulo. juleva@pucsp.br São Paulo, Ano I, n. 04, jan./abr. de

4 caminhos novos na comunicação fácil de toda sorte de informações, pensamentos e determinações da vontade. Dentre estas invenções, porém, destacam-se aqueles meios que não só por sua natureza são capazes de atingir e movimentar os indivíduos, mas as próprias multidões e a sociedade humana inteira, como a imprensa, o cinema, o rádio, a televisão e outros deste gênero, que por isso mesmo podem ser chamados com razão de Instrumentos de Comunicação Social (INTER MIRIFICA, 1963, n. 1). A Igreja incentiva o uso de todos os meios de comunicação, dentre eles o cinema, para manifestar seu apreço às técnicas e ao seu bom manuseio para o bem de toda a humanidade. A Igreja Católica, tendo sido constituída por Cristo Nosso Senhor a fim de levar a salvação a todos os homens e, por isso, impelida pela necessidade de evangelizar, considera sua obrigação pregar a mensagem de salvação, com o recurso também dos instrumentos de comunicação social, e ensinar aos homens o seu reto uso (INTER MIRIFICA, 1963, n. 3). Buscando sempre aperceber os benefícios do bem comum e mantendo constantemente o diálogo com a sociedade por meio dos recursos disponíveis, a Igreja Católica orienta de modo particular os cristãos a averiguar a eficácia dos meios de comunicação e perceber possíveis incongruências em relação à sua moral e à sua doutrina. De resto, pertence nomeadamente aos leigos a tarefa de vivificar esses mesmos instrumentos com um espírito humano e cristão, para que correspondam plenamente à grande esperança da família humana e ao desígnio divino (INTER MIRIFICA, 1963, n. 3). O Concílio Ecumênico Vaticano II foi momento de abertura da Igreja aos homens e mulheres do nosso tempo. A Igreja abriu-se ao mundo contemporâneo, mas não se descuidou da reta doutrina. Assegurando a presença dos cristãos no mundo, ela salvaguardou a integridade da mensagem salutar do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo. Particularmente faz-se mister que todos os interessados formem sua reta consciência acerca do uso destes instrumentos, sobretudo naquilo que se refere a problemas agudamente agitados em nossa época (INTER MIRIFICA, 1963, n. 5). O Decreto INTER MIRIFICA alerta para que a arte seja pautada na moral. Seja sempre um ambiente capaz de produzir o melhor aos quantos que participam com alegria dos meios eficazes de comunicação. [...] às relações que se estabelecem entre os direitos da arte e as normas da lei moral (INTER MIRIFICA, 1963, n. 6). [...] obedeçam estritamente às leis morais, principalmente se se tratar de coisas que exigem a devida reverência ou que incitem com mais facilidade o homem, ferido pelo pecado original, a desejos perversos (INTER MIRIFICA, 1963, n. 7). A realização do Concílio Ecumênico Vaticano II mostra a presença marcante e eficaz da Igreja no mundo. Orienta os cristãos a serem sal e luz em todas as realidades. Indica a vivacidade do nosso tempo, solicita aos cristãos fazerem parte do mundo e os orienta na perspicácia para produzirem bons frutos em todos os ambientes. Como, porém, um eficaz apostolado para toda uma Nação está a exigir a unidade de intenções e de forças, o Santo Sínodo estabelece e ordena que Secretariados Nacionais para assuntos de imprensa, cinema, rádio e televisão sejam instituídos em todos os países e amparados por todos os recursos. Caberá, portanto, a estes Secretariados estabelecer medidas que visem, no uso destes meios, a formar retamente a consciência dos fiéis, bem como incentivar e regular tudo quanto for feito nesta matéria por católicos (INTER MIRIFICA, 1963, n. 21). A Igreja no Brasil e o cinema Levando em conta a necessidade de mostrar seu interesse pelo cinema e ouvindo os clamores da Igreja no sentido de constituir presença marcante no diálogo com a sociedade, em 1967 foi instituído pela Igreja Católica o prêmio Margarida de Prata, idealizado pelo artista plástico Márcio Mattar, o primeiro ganhador Paulo Gil Soares com o filme Vila de Leva-e-traz. São Paulo, Ano I, n. 04, jan./abr. de

5 A Igreja Católica no Brasil reagiu positivamente em relação às resoluções emanadas pelo Concílio Ecumênico Vaticano II. O Decreto INTER MIRIFICA, promulgado em 1963, se fez ecoar em nossas terras, provocando uma feliz recepção. A Igreja buscava relacionarse com o mundo, e a Igreja no Brasil colocou-se pronta para conversar e dialogar com o mundo do cinema. A Igreja no Brasil premiou em 2013 o cineasta Cristiano Navarro, com o filme À Sombra de um Delírio Verde. A Igreja se encanta com a arte do cinema mantendo seus critérios morais e salvaguardando sua doutrina. O belo mostrado nas telas se enquadra diretamente no plano do Criador. Sendo assim, ao mesmo tempo que incentiva a arte, ela orienta ao belo espetáculo que proporcione beleza e sutileza. A Igreja retratada no cinema O filme Aparecida o Milagre, dirigido por Tizuka Yamasaki em 2010, reafirmou os dogmas cristãos e marianos. Os bispos no Brasil viram com bons olhos a doutrina da Igreja presente nas telas do cinema. Yamasaki mostrou com acuidade as verdades da fé em Cristo Jesus, sob o olhar de sua mãe, Maria Santíssima, e sua presença desde sempre em terras brasileiras. A Igreja sempre se colocará em diálogo quando convidada a se pronunciar. Os documentos mostram sua presença vivaz no mundo, sobretudo colaborando com o bem e com o belo. Quando belas películas se apresentam no mercado, os bispos assistem e incentivam a presença dos cristãos valorizando os roteiros, produtores e atores. Diálogo e sintonia são imprescindíveis. De resto, este Santo Sínodo confia que as presentes instruções e normas sejam de boa vontade aceitas e fielmente observadas por todos os filhos da Igreja, para que também eles, usando destes meios, não venham a sofrer nenhum dano, mas, como a luz e o sal, conservem a terra e iluminem o mundo; convida, outrossim, todos os homens de boa vontade, nomeadamente aqueles que dirigem estes meios, a que se empenhem em fazê-los ordenar unicamente ao bem comum da sociedade humana, cuja sorte depende mais e mais do reto uso deles [...] (INTER MIRIFICA, 1963, n. 24). São Paulo, Ano I, n. 04, jan./abr. de

6 Conclusão A Igreja incentiva as artes e a cultura em geral. Por isso, como outrora com os antigos monumentos de arte, se glorifique por estas novas inovações o Nome do Senhor, segundo a palavra do Apóstolo: Jesus Cristo ontem e hoje, o mesmo também pelos séculos (Heb 13, 8) (INTER MIRIFICA, 1963, n. 24). Desde sempre o acervo cultural e religioso da Igreja vem sendo mostrado e apreciado ao longo dos séculos. A Igreja sempre admirou o belo e nele retrata a beleza do Altíssimo nas suas telas, imagens e edificações, lembrando que a majestosa arquitetura da Igreja Católica é Patrimônio da Humanidade. A Igreja passa pela linha do tempo assegurando o espaço com vivaz tenacidade e harmonia. A Igreja no Brasil conta sua história através das linhas arquitetônicas presentes em todo o nosso território. Belíssimas são suas igrejas, capelas, matrizes e catedrais, colégios, universidades e arquivos. Assim como a Igreja contempla sua arte e incentiva que todos a conheçam, ela mesma admira a arte que se apresenta nas telas do cinema. Ela convida a contemplar e vislumbrar o belo que muitos homens e mulheres produzem e retratam nos esplêndidos filmes. Evidentemente, a Igreja estará sempre atenta ao patrimônio arquitetônico ligado ao Depósito da Fé. Dignifica a beleza e corrige possíveis deslizes, tanto na arte apresentada quanto na arte cênica, mostrada quer nos teatros, nas novelas ou nas telas do cinema. Como Igreja, nós, cristãos, estamos sempre na perspectiva do diálogo, promovendo o bem comum. Referência bibliográfica COMPÊNDIO DO CONCÍLIO VATICANO II. Constituições, decretos e declarações. Decreto Inter Mirifica. 18. ed. Petrópolis: Vozes, Imagens: e São Paulo, Ano I, n. 04, jan./abr. de

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