RESTAURAÇÃO, PRESERVAÇÃO E DIGITALIZAÇÃO DE OBRAS RARAS DAS BIBLIOTECAS DA REDE UNESP



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Transcrição:

RESTAURAÇÃO, PRESERVAÇÃO E DIGITALIZAÇÃO DE OBRAS RARAS DAS BIBLIOTECAS DA REDE UNESP Célia Ap. Rufino da SILVA 1 Ivanilda de Lourdes Rosseto LIMA 2 Josimeire Moura da SILVA 3 Nilza Harue SARTORI 4 Regina Gaino Bittencourt BRANDO 5 Regina Maria SENEDA 6 Vânia Aparecida Marques FAVATO 7 1- Assistente de Serviços de Doc. Informação e Pesquisa UNESP Rio Claro 2- Bibliotecária - Diretora Técnica do STBD UNESP Assis 3- Assistente de Serviços de Doc. Informação e Pesquisa UNESP Rio Claro 4- Assistente de Serviços de Doc. Informação e Pesquisa UNESP Rio Claro 5- Assistente de Serviços de Doc. Informação e Pesquisa UNESP Assis 6- Bibliotecária - Diretora Técnica do STBD UNESP Rio Claro 7- Bibliotecária - Mestre em Ciência da Informação UNESP - Assis RESUMO O projeto Restauração, preservação e digitalização do acervo de obras raras das bibliotecas da rede UNESP foi desenvolvido como trabalho final apresentado no encerramento do curso de Aperfeiçoamento em Gestão & Inovação de Bibliotecas e Sistemas de Informação Acadêmicos oferecido pela FEBAB, em parceria com a CGB Coordenadoria Geral de Bibliotecas da UNESP, através da Plataforma Moodle/EAD. O objetivo do projeto é formar um banco bibliográfico do acervo de Obras Raras e Coleções Especiais dispersos nas Bibliotecas da Rede UNESP com aproximadamente 10.886 obras que serão identificadas, catalogadas e digitalizadas de forma a oferecer aos pesquisadores um valioso instrumento de pesquisa. Palavras-Chave: Obras raras e/ou especiais; preservação/conservação; digitalização. ABSTRACT The project "Restoration, preservation and digitization of the collection of rare works of UNESP was developed as the final end of the course presented for Improvement & Innovation in Management of Libraries and Academic Information Systems offered by FEBAB in partnership with the CGB - General Coordinator of Libraries UNESP, through the Moodle Platform / EAD. The project goal is to build a bibliographic database of the collection

of Special Collections and Rare Books in scattered UNESP with about 10 886 works will be identified, cataloged and scanned in order to give researchers a valuable research tool. Keywords: rare works / special; preservation / conservation; digitalization. 1 Introdução Quando se fala em Obra Rara, a primeira idéia que vem em mente é de algo muito valioso, difícil de se encontrar e por se tratar de uma publicação incomum, muitas vezes se estabelece restrição ao acesso mantendo este acervo indisponível. Tudo isto acontece por estar associado a uma imagem equivocada de preservação. Segundo a tese do bibliófilo José Mindlin (1997, p. 22), a gente deve poder tocar naquilo que gosta, sentir objetos e pessoas... As obras raras merecem um tratamento diferenciado por suas próprias características tais como: edições limitadas ou especiais, temporalidade, erro na edição, tipo de papel, ilustrações, dedicatórias, e principalmente o conteúdo da obra, o valor histórico ou gráfico da edição (MINDLIN, 1997, p. 50). O critério cronológico é o fator mais utilizado pelas bibliotecas na indicação das raridades de seus acervos, no entanto, ele não pode ser o único, outros fatores devem ser considerados. Efetuando um estudo sobre a temática, constatamos que cada Biblioteca e Instituição de Pesquisa estabelecem uma política própria para definir os critérios de raridade de seus acervos. Considerando que em 1998, a UNESP deu início ao mapeamento de seu acervo, a próxima etapa será a implementação deste projeto que tem como objetivo principal, o tratamento, a identificação, a catalogação e a digitalização desse precioso acervo para posteriormente torná-lo disponível à comunidade. A UNESP - Universidade Estadual Paulista foi criada em 1976 e integra, juntamente com a USP - Universidade de São Paulo e a UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas, o sistema estadual paulista de ensino superior. A UNESP é uma instituição mantida com verbas públicas e tem uma característica especial: ser

multicampus, o que a diferencia das demais Universidades Paulistas. São 33 Faculdades e Institutos distribuídos por 23 cidades do Estado de São Paulo, oferece 162 cursos de graduação, 190 na pós-graduação sendo 102 de mestrado e 88 de doutorado. A Rede de Bibliotecas da UNESP é constituída por 33 bibliotecas, está subordinada à Coordenadoria Geral de Bibliotecas e tem como missão: Propiciar uma efetiva interação entre a Rede de Bibliotecas, o meio acadêmico e Instituições congêneres nacionais e internacionais, através de ações conjuntas, facilitando a comunicação entre os vários segmentos da Universidade, visando à democratização da informação em benefício da sociedade. Através de três grupos especializados: GATE (Grupo de Apoio Técnico Especializado); GA (Grupo de Automação) e GFDC (Grupo de Formação e Desenvolvimento de Coleções) a Coordenadoria Geral de Bibliotecas implementa ações integradas para o desenvolvimento de toda a Rede de Bibliotecas da UNESP. Reconhecemos que esta não é uma tarefa fácil, haja vista a distância geográfica entre os campi e pela especificidade de cada biblioteca. Atualmente o acervo da UNESP é disponibilizado através do Banco Bibliográfico Athena que contem mais de um milhão de registros, exceto a coleção de Obras Raras e Coleções Especiais que ainda não fazem parte desse Banco, impossibilitando a sua localização via rede. O acervo de obras raras é um valioso objeto de estudo para pesquisa científica, principalmente na área de humanidades, por ser um registro autêntico da evolução do conhecimento. Estes acervos, ainda não receberam tratamento adequado, uma vez que se encontram dispersos nas diversas bibliotecas da Rede UNESP, indisponíveis no Catálogo Athena, muitas vezes armazenados inadequadamente, prejudicando o acesso à informação e comprometendo a estrutura física do material. Diante da relevância desse acervo bibliográfico e da falta de visibilidade aliada à dificuldade de acesso a esses materiais, constatamos a necessidade veemente de formar um Banco de Dados de Obras Raras para a Rede de Bibliotecas da UNESP, de forma a tratar esse acervo, através de uma política

unificada. Frente a esta realidade, constatamos que, com a elaboração dessa política, a UNESP poderá oferecer aos pesquisadores e comunidade acadêmica, um acervo bibliográfico importantíssimo que, com certeza, poderá contribuir ainda mais com o desenvolvimento das pesquisas. Portanto enfatizamos os objetivos gerais como: manter, preservar e armazenar e digitalizar o acervo histórico de coleções de obras raras da UNESP para torná-lo disponível ao mundo. E como objetivos específicos: Preservar o patrimônio bibliográfico de valor histórico dos acervos das bibliotecas da Unesp; substituir os suportes destas coleções para garantir o acesso em rede destas obras de valor histórico consideradas raras. 2 Revisão de Literatura As obras raras e coleções especiais constituem-se em documentos essenciais para perpetuar o conhecimento da humanidade. Para entender o que seja obra rara primeiramente é necessário entender o significado do que é raro. A palavra raro deriva do latim rarus, rara, rarum, que significa "pouco freqüente, pouco comum, extraordinário", e o dicionário Aurélio define como de que há pouco; que não abunda. Em sendo assim, uma obra rara é um documento pouco comum, que possui alguns aspectos que a diferencia das demais obras. De acordo com Santa Ana (2001, p. 2): O conceito de obra rara está mais ligado ao livro mais pode incluir também os periódicos, mapas, folhas volantes, cartões postais e outros materiais impressos. Fotografias, manuscritos, gravuras e desenhos são obras únicas e originais, e portanto não recebem esta denominação de obra rara; devem receber, no entanto o mesmo cuidado dispensado às obras raras em relação à preservação e a conservação. Por suas características específicas e por registrar a evolução do conhecimento, as obras raras passam a ser valiosas e preciosas, merecendo

atenção especial de preservação. Segundo Ogden (1997, p. 7-8), é importante planejar o programa de preservação e assegurar para o acervo a mais longa vida útil possível, no sentido de proteger os investimentos da Instituição e melhorar os ambientes de armazenamento das coleções. A preservação de todos os registros da memória e do conhecimento da civilização é uma obrigação dos: órgãos públicos, privados, associações, ONGs, etc. As Bibliotecas e Unidades de informação bem como os profissionais que nelas trabalham têm a responsabilidade de preservar, conservar e disponibilizar as coleções culturais. Os conceitos de preservação e conservação muitas vezes causam confusões entre bibliotecários, arquivistas e museólogos. A preservação é uma ação mais geral e abrangente que se destina a recuperar as condições físicas e promover a vida útil dos documentos. Entende-se por conservação um conjunto de procedimentos que têm como objetivo melhorar o estado físico e aumentar a permanência, prolongando a vida útil das coleções. As novas tecnologias de informação apresentam-se como soluções eficientes para que essas coleções sejam ao mesmo tempo preservadas e disseminadas com segurança, através da reformatação para outros suportes, tais como o processo de microfilmagem e de digitalização. A Digitalização é a proposta estabelecida neste projeto, considerando as inúmeras vantagens como por exemplo, a disseminação da informação aos usuários, simultaneamente, de qualquer lugar, em qualquer momento, de forma rápida, econômica e segura. 3 Materiais e Métodos Recentemente a Coordenadoria Geral de Bibliotecas da UNESP deu inicio ao Programa de Preservação de Memória Social, que pretende realizar a digitalização de 2.055 obras raras e especiais, cujas datas são anteriores ao século

XX, pois já são consideradas de domínio público. Inicialmente foi solicitado a cada biblioteca que enviasse para a Coordenadoria Geral de Bibliotecas CGB São Paulo, a quantidade de obras existentes no seu acervo, cujas datas são anteriores ao século XX. Feito este levantamento, obtivemos o resultado de que 2.055 atendem este critério e 1.558 obras estão sem data e deverão passar por uma rigorosa investigação. O número levantado pelas bibliotecas da rede com relação ao acervo de Obras Raras e coleções especiais, nesta etapa inicial, foi de 10.886 obras. A próxima etapa será dar início ao Programa de Preservação da Memória Social, com a digitalização das obras raras e especiais anteriores ao Século XX, criando assim a Biblioteca OpusR@rum da Unesp.. Oito bibliotecas foram listadas para participar desta primeira etapa, cujas obras serão digitalizadas, por se tratar de obras com data anterior ao Século XX, liberadas portanto da questão de direitos autorais. São elas: Bauru 9 obras Rio Claro 32 obras Presidente Prudente 52 obras Araraquara Faculdade de Ciências e Letras - 57 obras Franca 177 obras Marília 479 obras Instituto de Artes de São Paulo 561 obras Assis 1688 obras, sendo que 688 serão digitalizadas neste primeiro momento. Esses livros, que deverão ser catalogados na base Athena, serão enviados para a CGB São Paulo, em pequenos lotes, e o serviço de digitalização será terceirizado, em virtude de não possuirmos equipamentos para a elaboração desta etapa. Após a digitalização, retornarão para as unidades de origem. O próximo passo será dotar as bibliotecas detentoras deste acervo de mobiliário e local que, além de preservar o material, permita sua consulta pela comunidade usuária, seguindo critérios que deverão ser estabelecidos por cada biblioteca. A CGB

também irá providenciar cursos/treinamentos para os bibliotecários e Assistentes, que os capacitem na identificação deste acervo. 4 Resultados Parciais As bibliotecas da Unesp são oriundas de Institutos Isolados, portanto, com a criação da Unesp em 1976, estes acervos foram incorporados. Sabemos que há muita obra na clandestinidade, pois ainda estão processadas somente nas fichas catalográficas, arquivadas em fichários, recuperadas apenas nas bibliotecas detentoras deste material. O resultado que se espera obter é iniciar a identificação e recuperação deste acervo de Obras Raras das bibliotecas da UNESP, restaurar as obras que se encontram comprometidas fisicamente, digitalizar e armazenar em local adequado e climatizado, executando o processamento técnico, dando visibilidade de consulta através da web. 5 Considerações Finais No processo de disponibilização das Obras Raras e Coleções Especiais, o desafio maior do Bibliotecário está na criação de ambientes organizacionais que contribuam com ações que envolvam os critérios de seleção, métodos adequados de restauração, preservação e a digitalização dessas obras. O trabalho deve ser estabelecido dentro de um conjunto coerente de objetivos e metas para a preservação, e não pode ser isolado das outras operações bibliotecárias. A aceitação da divisão de responsabilidades e de investimentos financeiros garantirá a conclusão das atividades. As bibliotecas digitais devem ser estruturadas a partir dos conceitos que orientem a preservação e o acesso das obras raras, os livros em estados de deterioração necessariamente precisam passar por uma ação de restauração e digitalização de forma imediata.

5 Referências MINDLIN, J. Uma vida entre livros: reencontros com o tempo. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. OGDEN, S. Métodos de armazenagem e práticas de manuseio. In: CADERNO técnico: armazenagem e manuseio. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 1997. P. 3-9 (Projeto Conservação Preventiva em Bibliotecas e Arquivos) SANT ANA, M. L. Os desafios da preservação de documentos públicos digitais. IP- Informática Pública, v.3, n.2, p. 123-35, dez. 2001. 6 Obras consultadas BIBLIOTECA NACIONAL (Brasil). Divisão de Obras Raras. PLANOR. Critérios de raridade [e] Catálogo Coletivo do Patrimônio Bibliográfico Nacional CPBN: Séculos XV e XVI. Rio de Janeiro: FBN, [2000]. CHARLE, C.; V. J. História das universidades. Tradução Elcio Fernandes. São Paulo: Ed. da UNESP, 1996. 131 p. FERREIRA, A. B. H. Novo Aurélio século XXI: dicionário da língua portuguesa. 3.ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999. p.2128 OGDEN, S. Planejamento para conservação. In: CADERNO técnico: planejamento e prioridades. Rio de Janeiro: Projeto Conservação Preventiva em Bibliotecas e Arquivos: Arquivo Nacional, 1997.p. 3-10. (Projeto Conservação Preventiva em Bibliotecas e Arquivos). PINHEIRO, A. V. T. P. Que é livro raro? Uma metodologia para o estabelecimento de critérios de raridade bibliográfica. Rio de Janeiro: Presença, 1989. 71p.. A Biblioteconomia de livros raros no Brasil: necessidades, problemas e respostas. Revista de Biblioteconomia & Comunicação. Porto Alegre. v. 5, p. 45-50, jan./dez., 1990. SABES, A. G. Conservação preventiva do setor de obras raras em bibliotecas universitárias: um estudo de caso com a Biblioteca da Faculdade de Filosofia e Ciências / Marília. 2008. 76 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Biblioteconomia) Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista, Marília, 2008.

SANT ANA, R. B. Como definir obras raras: critérios na biblioteca Mário de Andrade. Revista da Biblioteca Mário de Andrade, n. 54, p. 231-252, 1991.